sábado, 22 de setembro de 2018

BATISMO DE KIEV: MIL ANOS APÓS

Posted: 11 Sep 2018 05:11 PM PDT
Papa Francisco e 'Patriarca' Kiril assinam em Havana
acordo que inclui evitar conversões ao catolicismo de rito ucraniano
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
















































Um aspecto lancinante e apocalipticamente trágico da “mudança de paradigma” empreendida pelo Papa Francisco vem sendo dissimulado por alguns de seus admiradores, e por artífices da velha política de aproximação com os governos marxistas ou Ostpolitik. 

Mas é apontado pelos melhores entendidos da política internacional: a virada das costas do Pontífice ao Ocidente e seus braços estendidos ao pior inimigo da ordem ocidental e cristã: a Rússia.

Sim a Rússia que Nossa Senhora em Fátima apontou como o flagelo que se abateria sobre o Ocidente se esse não abandonava a estrada dos maus costumes fazendo penitência. 


Num artigo para a revista Catholic Herald da Grã-Bretanha (27.7.2018), o Pe. Raymond J. de Souza, da arquidiocese de Kingston, Canadá, e editor de convivium.ca, indagou se a diplomacia vaticana seria culpada de uma abjeta capitulação diante de Vladimir Putin,. 



A matéria que deve ser abordada com o maior respeito foi tratada até pelo vaticanista americano John Allen, simpatizante da Ostpolitik vaticana com a Rússia. Allen fez aflorar críticas até agora reprimidas até em setores eclesiásticos próximos do Pontífice. 



Allen apontou que o Papa Francisco se mostra um aliado de Putin na Síria, onde o dono do Kremlin é chefe de guerra pesado em favor do presidente Bashar al-Assad, herdeiro de uma velha aliança com a União Soviética. 



Allen também sublinhou o mutismo do Pontífice diante da criticável – a luz da moral católica e do Direito Internacional – invasão russa do leste da Ucrânia e da anexação da Crimeia. 



O posicionamento do pontífice vem desapontando repetidamente ao Rito Greco-Católico Ucraniano, o maior dos ritos orientais da Igreja que conta com muitos milhões de membros na Ucrânia e no mundo todo, inclusive uma possante comunidade no Brasil e países vizinhos.

Distensiva troca de presentes entre o Papa Francisco e o enviado do Patriarcado putinista
que reclama a extinção dos católicos ucranianos
Porém, recebendo no Vaticano uma delegação da igreja dita ortodoxa russa no dia 30 de maio (2018) o Papa Francisco se afastou com o gesto e com as palavras dos fiéis seguidores do rito greco-católico ucraniano.

Confira: “‘Patriarcado de Moscou’ pede ao Papa Francisco impedir o progresso dos greco-católicos”

“A euforia russa foi compreensível, à luz segundo Magister, “do modo que Francisco abraçou as teses do patriarcado de Moscou e, pelo contrário, condenou com palavras muito ásperas as posições da Igreja greco-católica ucraniana”. Rito que, aliás, vive sob as ameaças constantes dos chefes do Patriarcado-FSB (ex-KGB) moscovita”.

Não muito depois, no dia 3 de julho (2018) o pontífice romano teria recebido em audiência privada ao arcebispo-mor desse rito católico o Arcebispo Sviatoslav Shevchuk, por ocasião do 1.030º aniversário do Batismo de Kiev. 


Esse gaudioso evento aconteceu em 988 e foi o início da conversão do tronco principal do mundo eslavo russo.



O comunicado emitido pelo Rito Greco-Católico Ucraniano após essa reunião “refutou sistematicamente todos os pontos afirmados pelo Papa Francisco em seu encontro com os ortodoxos russos”, escreve o Pe. de Souza.

Para os ortodoxos russos, o mencionado rito católico nem deveria existir. 


A União Soviética ordenou esmaga-lo, confiscar todos os seus bens, condenou os sacerdotes que não aderiam ao cisma, martirizou muitos deles, além de religiosas e leigos.



São Vladimir o Grande se fez batizar no rito católico bizantino num local da Crimeia. Ele governava todo o mundo russo com o título de Príncipe desde Kiev – Moscou não existia. 



O cismático Patriarcado de Moscou, entidade sem legitimidade religiosa, foi fundado pelos czares como uma fachada religiosa que serviria a suas ambições políticas imperialistas. 


A revolução bolchevista reprimiu toda forma de cristianismo não submissa ao Patriarcado de Moscou
A revolução bolchevista reprimiu
toda forma de cristianismo não submissa ao Patriarcado de Moscou

O mesmo capricho dos czares que o criou, o extinguiram poucos séculos depois. Ele voltou à existência em conluio com a Revolução Bolchevista e hoje Putin o usa como instrumento dócil a suas intenções hegemônicas.


Os Papas e com eles a Igreja Católica toda sempre viram os católicos ucranianos – considerados em todos seus ritos – como os únicos autênticos representantes do cristianismo no imenso mundo derivado do Batismo de Kiev. 



Portanto, exercendo uma influencia moral de primogênito até na própria Rússia, onde existe também um rito greco-católico russo aprovado pela Santa Sé.



E o arcebispo-mor do rito greco-católico ucraniano ostenta de antigo o título de Patriarca de todas as Rússias. 



Não cabe esse título ao espúrio Patriarcado de Moscou, que o usurpou sem direito e abusa dele desavergonhadamente.

Essa realidade histórica foi reafirmada o dia 15 de julho (2018) pelo arcebispo-mor ucraniano Mons. Shevchuk:


“O dom da Fé cristã vem nos sendo transmitido como nosso maior tesouro. Hoje agradecemos a Deus que a Igreja Greco-Católica Ucraniana seja privilegiada enquanto sucessora do Príncipe Vladimir e de seu santo batismo”.

Mas essa realidade histórica, e sobre tudo religiosa, é furibundamente contestada pelos cismas e dissidências turbulentas englobadas sob o rótulo de “igrejas ortodoxas” e seus “agentes de influência” ocidentais.


A “mudança de paradigma” posta em ato pelo Papa Francisco produziu também e tal vez em máximo ponto, uma inversão contrária à História e à Fé. 



Todas as benevolências e reconhecimentos da sua diplomacia correm no sentido desejado pelo anticristo de Moscou.


Dezenas de milhares de católicos ucranianos em Kiev na despedida do Cardeal Lubomyr Husar, chefe do rito greco-católico.
Dezenas de milhares de católicos ucranianos em Kiev
na despedida do Cardeal Lubomyr Husar, chefe do rito greco-católico.
Hoje, o flagelo do cristianismo profetizado em Fátima, quer dizer a Rússia – capitaneado por Putin e sua serva a Igreja Ortodoxa Russa, ou Patriarcado de Moscou – são recebidos como profundos amigos na Santa Sé.

Em sentido contrário, os fiéis ucranianos católicos são tidos como um empecilho para a aliança com o instrumento de destruição contra o qual Nossa Senhora alertou o mundo em Fátima.


A Santa Sé em plena “mudança de paradigma” parece ter esquecido a posição assumida até 1988, sob o pontificado de João Paulo II, conclui o conceituado sacerdote.



Acrescentamos que essa inversão diplomática apocalíptica, em verdade, não tem futuro e está fadada ao insucesso.

Em Fátima, Nossa Senhora deixou assentado que após a Igreja padecer dolorosas perseguições, após o Santo Padre ter muito que sofrer, após nações inteiras desaparecer, a Rússia vai se converter.


E para essa conversão, podemos ter certeza que os sofrimentos dos católicos ucranianos, massacrados pela bota soviética, incompreendidos e perseguidos mas sempre fiéis, terão um efeito de uma glória e de um premio incomensurável.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

TEMPESTADE DE ESCÂNDALOS

Posted: 02 Sep 2018 08:17 PM PDT
O ex-Cardeal Theodore McCarrick no fulcro das denúncias do arcebispo Carlo Viganò
O ex-Cardeal Theodore McCarrick
no fulcro das denúncias do arcebispo Carlo Viganò
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs











A jornalista holandesa Jeanne Smits foi durante 14 anos gerente e diretora do jornal “Présent”, diário porta-voz do partido Front National de Jean Marie Le Pen e continuadores.

Nesse longo período privou com os representantes da “extrema direita” francesa que hoje são cortejados e até financiados pela Rússia de Vladimir Putin.

Conhecendo-os de perto, constatou que não eram bem como diziam ser e estavam trabalhados por um servilismo alarmante em relação aos ideólogos do dono do Kremlin.

Agora, diante da tempestade de escândalos no pontificado do Papa Francisco I relativa às uniões maritais ilegítimas e LGBT, Jeanne publicou uma consideração original em seu site Reinformation.tv ligando os referidos escândalos às advertências trágicas de Nossa Senhora em Fátima e à expansão dos “erros da Rússia”.

De início, ela sublinha não ser mera coincidência que  o Testemunho do ex-nuncio em Washington, Mons. Carlo Maria Viganò, fora assinado no dia 22 de agosto, festa tradicional do Coração Imaculado de Maria, cujo triunfo final foi prometido por Nossa Senhora em Fátima.

A data da festa mudou em tempos recentes, mas, diz Smits, a magnitude da tragédia que vive a Igreja dificilmente pode ser avaliada objetivamente sem levar em conta os anúncios da Virgem em Portugal.

A rede homossexual denunciada por Mons. Viganò e o pedido de renúncia do Papa Francisco se esse quiser ser coerente consigo, instalou uma crise de gravidade sem igual.

A extensão e capilaridade da rede de corrupção moral e LGBT denunciada torna difícil pensar numa solução ignorando a mensagem de Fátima.

Como imaginar a purificação da Igreja militante, parte visível do Corpo Místico de Cristo, sem um auxílio especial de Nossa Senhora?

A atual crise da Igreja só pode ser bem aquilatada desde a perspectiva da mensagem de Fátima.
A atual crise da Igreja só pode ser bem aquilatada
desde a perspectiva da mensagem de Fátima.
O inimigo do gênero humano se infiltrou no interior da Igreja, apresentando o mal como sendo bem, e o bem como sendo o mal, estabelecendo o reinado da mentira em tudo, escreve a jornalista.

A estrela que figura no hábito de Nossa Senhora de Fátima, segundo o Pe. Linus Clovis, especialista de mariologia e da mensagem de Fátima – citado por Jeanne Smits – evoca a bíblica reina Ester.

Essa foi a prefigura de Nossa Senhora que salvou o povo eleito da extinção física. A estrela ensina que Nossa Senhora esmagará a crise e seu principal instigador: a serpente infernal.

A Igreja já enfrentou muitas crises e saiu vitoriosa. Mas nunca se viu uma “mudança de paradigma” como vemos hoje justificando perversões da moral natural e católica. E promovida por um poderoso lobby homossexual instalado no Vaticano e no episcopado!

O Papa Paulo VI falou da infiltração da “fumaça de Satanás” na Igreja através de fissuras na casa de Deus. Hoje esse vapor fétido entra torrencialmente vindo de abismos de uma profundidade inimaginável onde reina o diabo, constata a jornalista.

E acrescenta: o Cardeal holandês Willem Jacobus Eijk, arcebispo de Utrecht vendo a dimensão da crise não hesitou em aplicar a nossos dias o artigo 675 do Catecismo da Igreja Católica:

“Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra (640), porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade”. (Catecismo da Igreja Católica -- Primeira parte – A profissão da Fé, nº675)

Segundo a experiente jornalista, essa perspectiva apocalíptica põe no centro dos eventos atuais a advertência de Fátima não levada a sério sobre o papel que teriam os “erros da Rússia”.

Esses estão sendo o flagelo da Igreja que não se penitenciou dos maus costumes que já se desenvolviam em 1917. Hoje não é preciso dizer até onde chegaram. E dentro da Igreja!

Estratagema de Moscou: fingir que a Rússia de Putin é a salvadora do cristianismo
Estratagema de Moscou: fingir que a Rússia de Putin é a salvadora do cristianismo

Para Jeanne Smits, um dos aspectos misteriosos é a difusão entre as direitas de uma imensa mentira que ela denunciou profusamente.

Essa mentira gerada nos laboratórios da guerra psicológica moscovita pretende apresentar a Rússia como não sendo mais o flagelo denunciado por Nossa Senhora.

Pelo contrário, espalha que a Rússia é o “ultimo baluarte do cristianismo e derradeira defensora da moral tradicional diante da agenda LGBT, do relativismo moral e do progressismo teológico que tomou conta de Ocidente”.

A crise eclesiástica que eclodiu serve ao Kremlin para acusar o Papado de ser a “prostituta de Babilônia” de que fala o Apocalipse. Já Lutero explorou o mesmo embuste. E os escândalos atuais servem como pretextos, poderosos mas insinceros.

A sorrateira propaganda putinista acrescenta que a Rússia sob o impulso do homem formado na KGB e admirador de Stalin se teria “convertido” trazendo uma nova fórmula de salvação para o cristianismo.

Katehon, o think tank russso onde se cozinham essas montagens é financiado por Konstantin Malofeev, conselheiro de total confiança de Vladimir Putin. O mesmo Konstantin Malofeev que visita as direitas ocidentais prometendo irriga-las com dinheiro!

E um filósofo gnóstico, Alexander Dugin, é o maior dos pensadores dessa central de falsificações.

Em 2017, Katehon anunciava a próxima “queda da Igreja Católica Romana” e a instalação da Igreja Ortodoxa Russa, ou Patriarcado de Moscou, à testa do cristianismo universal.

O truque propagandístico deturpa as profecias de Fátima e de La Salette, e confunde a Igreja Católica com a rede teológica-homossexual que se infiltrou nela pelo menos desde o Concilio Vaticano II.

Katehon sofisma e inverte os papéis:
a Rússia não é o flagelo anunciado em Fátima,
o cristianismo mundial deve se submeter ao Patriarcado de Moscou
Assim, Moscou visaria enganar os católicos desgostosos com a nauseabunda crise eclesiástica em curso e tentaria atrai-los para a área de influência do Patriarcado de Moscou.

A propaganda de Katehon diz ser ecumênica e pancristã. Mas exige que os católicos renunciem a converter os cismáticos russos que tendem, como na Ucrânia, a abandonar os erros e desordens do Patriarcado de Moscou e aderir aos ritos orientais católicos.

O Papa Francisco e a Ostpolitik vaticana têm aceitado essa pretensão em repetidas ocasiões.

É a mais completa inversão da verdade. Mas a Igreja está construída sobre a rocha de Pedro, e “as portas do inferno não prevalecerão sobre Ela”, ainda quando o poder de Satanás pareça senhor do mundo.

Nossa Senhora em Fátima advertiu que esta provação universal haveria de vir se os homens não se corrigiam e se não abandonavam os costumes perversos.

Para evita-la os homens deviam fazer penitência.

Essa sim seria uma esplêndida “mudança de paradigma” portadora de ubérrimos frutos de paz e ordem social e religioso. Mas Francisco I promove uma “mudança de paradigma” em sentido oposto!

Nossa Senhora acenou com uma perseguicao sem igual contra a Igreja. E hoje a estamos vendo. Não apenas ataques do exterior, como os do Islã e do laicismo. Essas não são as piores formas de perseguição.

Os “erros da Rússia” estão sendo dentro da Igreja o flagelo que Nossa Senhora anunciou em Fátima. Fundo: vulcão Cordon Caulle, Chile.
Os “erros da Rússia” estão sendo dentro da Igreja
o flagelo que Nossa Senhora anunciou em Fátima.
Fundo: vulcão Cordon Caulle, Chile.

O tremendo é quanto o ataque procede do interior da Igreja e é executado por mãos sagradas do mais alto nível.

Realiza-se assim a advertência da mensagem de Fátima de que o Papado teria muito a sofrer. E essa dor está sendo infligida quiçá até pelas iniciativas do Pontífice – quod Deus advertat!

Os erros da Rússia, o imenso flagelo anunciado por Nossa Senhora em Fátima, se abatem dessa forma sobre o corpo da Cristandade desferido por mãos sagradas.

Poucos atentam para essa dimensão religiosa decisiva da hora atual. E o Kremlin se regozija.

Mas nada nem ninguém conseguirá vencer Àquela que é ‘mais poderosa que um exército em ordem de batalha’, como diz bela e ufanamente o Oficio de Nossa Senhora.

Aquela que prometeu na Cova da Iria que “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará”.