Cerca de 300 mortos nos últimos 15 dias, ataques com rockets contra escolas, paragens de autocarro e blocos de apartamentos. É cada vez mais difícil salvar o que resta do Sudeste ucraniano.
Corpos espalhados pelas ruas,
uns cobertos com lenços a tapar-lhes a face, outros mais expostos, com marcas
visíveis da devastação provocada por uma tempestade de rockets que se abateu sobre um
jardim-de-infância, uma escola e blocos de apartamentos na cidade ucraniana de
Mariupol, na manhã de sábado [24].
As
imagens que circulam pela Internet mostram aquilo a que só alguns discursos
políticos mais desesperados teimam em fugir: se é verdade que o cessar-fogo assinado em Setembro do ano passado entre representantes do Governo de
Kiev e dos rebeldes pró-russos nunca chegou a ser cumprido na totalidade, agora
já não há dúvidas de que a guerra no Leste da Ucrânia voltou a atingir um pico
de violência extrema. Não são ataques, não é um conflito: é uma guerra que já
fez quase cinco mil mortos, cerca de 300 nos últimos 15 dias. [A imprensa continua a desinformar o mundo criminosamente. Não existem "rebledes pró-russos" o que existe são guerrilheiros mercenários russos infiltrados no território ucraniano atuando como se fossem ucranianos pró-Rússia. De onde vem as armas? Como a população civil sabe usá-las tão bem? - O Editor.]
No domingo, os observadores
da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) foram a Mariupol
tentar perceber o que aconteceu, e quem terá sido responsável pela morte de
pelo menos 30 civis, num ataque comrockets Grad e Uragan, que caíram sem parar
durante 35 segundos em tudo menos em alvos militares.
O local mais atingido foi a
rua Olimpiiska e a sua área circundante, a pouco mais de oito quilômetros do
centro da cidade, mas a apenas 400 metros de um posto de controle das Forças
Armadas da Ucrânia.
"A missão observou
múltiplos impactos em edifícios, lojas, habitações e numa escola. Os
observadores [da OSCE] viram automóveis em chamas e janelas estilhaçadas na
parte virada para Nordeste de um edifício de apartamentos com nove andares. Os
observadores contaram 19 ataques com rockets, mas estão certos de
que houve mais", lê-se no relatório.
A linguagem da OSCE é
cuidadosa, mas ainda assim aponta as palavras na direção dos rebeldes
pró-russos: "De acordo com a análise dos impactos, osrockets Grad foram lançados de uma posição a
Nordeste, na área de Oktiabr (19 quilômetros a Nordeste da rua Olimpiiska), e
os rockets Uragan
foram lançados de uma posição a Leste, na área de Zaishenko (15 quilómetros a
Leste da rua Olimpiiska), ambas controladas pela 'República Popular de
Donetsk'" – as aspas estão no original.
Rebeldes acusam Kiev
Alexander Zakharshenko, o líder da autoproclamada República Popular de
Donetsk, garante que não – para o rebelde pró-russo, os rockets que caíram na cidade portuária de
Mariupol foram lançados pelo Exército ucraniano, com o objetivo de atrair para
lá as forças rebeldes, que estão concentradas em defender a conquista do
aeroporto internacional de Donetsk.
"Até agora, não
estávamos a realizar nenhuma operação nas imediações de Mariupol. Estamos a
poupar esforços", disse Zakharshenko, citado pela agência russa RIA-Novosti. Mas
agora a estratégia vai mudar, disse o líder rebelde: "Depois de Kiev ter
decidido culpar-nos pelo seu ataque com rocketsGrad contra áreas
residenciais em Mariupol, dei ordens para que as posições dos militares
ucranianos a Leste de Mariupol sejam suprimidas."
O líder dos rebeldes garantiu
ainda que os habitantes de Mariupol não têm nada a temer – ao contrário do que
tinha sido avançado por várias agências internacionais no sábado, citando o
próprio Alexander Zakharshenko, as forças pró-russas garantem agora que não
têm qualquer intenção de lançar um ataque para conquistar a importante cidade
portuária.
Enquanto dezenas de civis
morrem por estes dias nas ruas de cidades como Mariupol e Donetsk (onde um ataque com rockets matou 13 civis na semana passada),
a União Europeia (UE) marcou uma reunião extraordinária para a próxima
quinta-feira. O anúncio foi feito no Twitter por Federica Mogherini, responsável
pela política externa da UE.
Mogherini disse também que os rockets lançados contra zonas civis em
Mariupol vão fragilizar ainda mais as relações da UE com a Rússia, acusada por
Kiev e pela NATO de alimentar as forças rebeldes com quase 10.000 combatentes,
a que Moscou chama "voluntários". Na mesma declaração, a italiana voltou
a pedir a Moscou que exerça "a sua influência sobre os líderes
separatistas e que ponha fim a qualquer forma de apoio militar, político ou
financeiro".
Neste domingo, foi a vez do
ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, de fazer um pedido
a Federica Mogherini, numa conversa telefônica – para além de reiterar a
posição de Moscovo de que o Presidente Vladimir Putin nunca ordenou o envio de
tropas russas para o Leste da Ucrânia, Lavrov pediu a Mogherini que exerça a
sua influência sobre o Governo de Kiev para que todas as partes se voltem a
sentar à mesa de negociações, culpando o Exército ucraniano pelas dezenas de
mortes entre a população civil nos últimos dias.