sábado, 29 de outubro de 2011

NOVO CASO CONTRA YULIA

O novo caso contra Yulia Tymoshenko: "Grupo Firtash contra "United Energy Systems da Ukraina"

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana) 18.10.2011
Mustafa Naem, Serhii Leshchenko

Aos olhos do mundo a reputação dos governistas ukrainianos tem duas manchas. É "United Energy Systems da Ukraina" e "RosUkrEnergo". Graças à primeira a comunidade mundial ficou sabendo sobre o ex-primeiro-ministro Paulo Lazarenko. Devido a segunda - sobre o envolvimento de quase todas as primeiras pessoas da Ukraina independente, às maquinações de negócios do gás sob orientação de Dmytro Firtash (A União Soviética foi uma excelente universidade - O.K.)

Agora, durante a presidência de Viktor Yanukovych o mundo é testemunha da forma como o sistema administrativo e do direito à proteção na Ukraina torna-se instrumento de vingança. E o novo caso contra Tymoshenko, pela natureza de sua essência, tem chance de bater todos os recordes do absurdo.

A questão vai custar ao governo de Mykola Azarov o preço concreto de 405,5 milhões de dólares de dívida, que deverá ser reconhecida perante o Ministério da Defesa russo. Se somarmos a isso a aproximação do isolamento internacional, aos gestores do topo ukrainiano pode-se facilmente atribuir o prêmio político de Darwin. (Prêmio Darwin é concedido às pessoas que de maneira mais absurda morreram ou perderam sua capacidade de ter filhos. Também pode ser atribuído a pessoas que perderam sua capacidade reprodutiva como resultado de acidente sem sentido causado por sua própria estupidez - O.K.)

Fábula da questão dos investigadores do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina)
Acontecimentos da nova questão contra Tymoshenko tem início no longínquo 1995, quando pelos esforços do primeiro-vice-ministro Paulo Lazarenko, para o mercado de gás da Rússia foi introduzida a corporação "United Energy Sistems da Ukraina" (UESU).

Ao mesmo tempo, no esquema foi registrada em Londres a empresa "United Energy International". A empresa britânica tinha o estatuto de membro corporativo da UESU, mas na verdade era um mediador. O gás era exportado através do esquema: "Gazprom" - "United Energy International" - UESU - consumidores. Este circuito permitia a Y. Tymoshenko direcionar para as contas da "United Energy International" os fundos, recebidos pelo gás. Posteriormente uma grande parte desse dinheiro ia parar nas empresas de "ofshore" (livre comércio) de Paulo Lazarenko.

No final de 1996, os comerciantes (empresas especializadas nas mediações com bolsas de valores) e, em particular, a UESU acumularam uma considerável dívida para com o "Gazprom". A empresa russa se recusou assinar contratos para 1997.

Em agosto de 1996 Paulo Lazarenko, já como primeiro-ministro escreveu ao seu homólogo russo, Viktor Chernomyrdin, garantindo o cumprimento das obrigações da UESU concernentes ao fornecimento de recursos materiais e técnicos ao Ministério da Defesa da Rússia.

Um pouco depois, em dezembro de 1996, o Ministro de Estado da Ukraina Anatoli Minchenko assinou uma carta, que em caso de aparecer uma dívida da UESU para com a Rússia, será coberta pelo Estado.

Novas garantias permitiram a UESU assinar novos contratos com "Gazprom" e continuar o trabalho sob o antigo esquema. Como resultado, a UESU acumulou uma dívida não paga, junto com juros, no montante de 405,5 milhões de dólares, que em junho de 2011, o Ministério da Defesa do governo da Rússia apresentou ao governo de Mykola Azarov na forma de "dívida do Estado da Ukraina".

"A Verdade Ukrainiana" tem em sua posse um pacote suficiente de documentos, que são uma prova clara da fragilidade dos alicerces, sobre os quais "RosUkrEnergo", chefiada pelo general Valeri Khoroskhovskyi tenta construir uma nova guerra contra a sucessora da UESU.

Estranhas cartas do Ministério da Defesa da Rússia
Os investigadores do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) afirmam, que a razão para abertura do processo criminal contra Tymoshenko é uma carta do Ministério da Defesa da Rússia quanto a extinção da dívida da UESU. Como é sabido, existem duas cartas parecidas. Primeira - foi dirigida a Inna Bohoslovska. Segunda - recebeu o primeiro-ministro Mykola Azarov.

Ambos os documentos são datados de 10 de junho de 2011 e assinados pelo ministro da defesa da Rússia, Anatoli Serdiukov. No entanto, nestas cartas há uma estranha discrepância. Em ambas as cartas consta o mesmo valor da dívida - 405,5 milhões de dólares, mas os contratos, pelos quais esta dívida surgiu indicam diferenças.

Primeiramente na mídia apareceu a carta dirigida a Inna Bohoslovska, na qual afirmava-se que o motivo da dívida são dois contratos Nº148/1697-1 e Nº1697-2, datados, respectivamente 11 e 30 de junho de 1997.

Mas, pelos indícios formais, Tymoshenko não tinha nenhuma relação com as dívidas que surgiram durante este período. Pois em dezembro de 1996, a líder da "Batkivshchyna" foi eleita deputado nacional e formalizou seu registro no Parlamento, embora, naturalmente, continuou a gerir UESU em regime oculto.

Na segunda carta - dirigida em nome de Mykola Azarov - esta desagradável imprecisão foi corrigida. No documento apareceu a menção de mais dois contratos: Nº 1957-1-96 e Nº148/1697 de 29 de maio e 25 de julho de 1996 respectivamente. Isto quer dizer que agora já são quatro contratos. A dívida continua a mesma.

Mas o mais surpreendente nesta situação permanece o fato da criação desta carta. Do ponto de vista da elementar subordinação, semelhante carta ao primeiro-ministro Azarov deveria escrever uma pessoa de status igual ao seu. Neste caso - o chefe do governo Volodymyr Putin. O absurdo se torna mais visível, se imaginar, que amanhã Mykhailo Yezhel escreverá carta para Volodymyr Putin com exigência de pagamento de dívidas pelo aluguel dos faróis ukrainianos em Savastopol em 1996-1997.

Garantias míticas da Paulo Lazarenko
A pedra angular da nova questão criminal relacionada a Yulia Tymoshenko tem garantias governamentais, as quais, de acordo com investigação foram fornecidas ao Ministério da Defesa da Rússia para garantir dívidas da corporação "United Energy Sistems da Ukraina"
(UESU). No entanto, a legitimidade de tal afirmação é mais que duvidosa.

O fato é que em 1996 o processo de concessão de garantias estatais claramente regulamentava-se por decreto do presidente Leonid Kuchma, de 20 de setembro de 1995 com "Posição sobre conselho de valores - créditos do Gabinete de Ministros da Ukraina". No quarto artigo dessa Posição foi determinado que as garantias do governo da Ukraina para garantir a extinção do endividamento de pessoas jurídicas ukrainianas, concedem-se apenas pela decisão do Gabinete de Ministros da Ukraina. O projeto de tal divisão devia apresentar o presidente do Conselho de Valores-créditos Roman Shpek, o qual, em 2010 foi designado conselheiro do presidente Yanukovych. No entanto, na questão criminal pleiteada pelo Serviço de Segurança, indica-se que a questão sobre concessão de garantias estatais foi aceita por Paulo Lazarenko individualmente. Pela lógica da investigação, este fato é comprovado por dois documentos: carta de Paulo Lazarenko dirigida ao então primeiro-ministro da Rússia Viktor Chornomyrdin e o documento sobre as mesmas garantias, assinado pelo ministro de Estado Anatoly Minchenko.
Em carta a Chornomyrdin, de 26.08.1996 Lazarenko escreve uma frase, a qual pode indicar o fato da emissão de garantias do governo a United Energy Sistems da Ukraina - as palavras dizem que: "O governo da Ukraina emite garantias na execução da organização encarregada sob contratos para o fornecimento de recursos materiais e técnicos".
Mas, juridicamente esta afirmação implica consequências na forma de garantias somente, se o governo da Ukraina realmente examinou esta questão e aprovou uma decisão positiva. Mas então segue outra contradição - se tal decisão do Gabinete de ministros existe, então a questão se desintegra. Realmente, a posição coletiva do governo contradiz a afirmação dos investigadores sobre existência da uma conspiração pessoal entre Yulia Tymoshenko e Paulo Lazarenko.
Outra prova da investigação - carta do Ministro de Estado Anatoli Minchenko. Este é o único documento que pode reivindicar ser a garantia formal do governo.
Especificamente, em 31.12.1996, o ministro assinou uma carta do governo "Garantia da Ukraina para pagamento pelo gás natural fornecido pelo "Gazprom".
A garantia foi fornecida por força do contrato, também assinado em 31.12.1996 entre "Gazprom" e United Energy Systems da Ukraina",
e também pelo membro corporativo da UESU "United Energy International". Tratava-se do fornecimento em 1997 de 15,5 bilhões de metros cúbicos de gás.
A carta de Minchenko significava que o governo da Ukraina garantia ao "Gazprom" o pagamento pelo gás fornecido pelo monopólio russo à corporação Tymoshenko.
Interrogatório Minchenko
As circunstâncias da assinatura desta garantia, este jornal encontrou em... São Francisco no Tribunal da Califórnia, USA. Entre os materiais da questão "Interrogatório Lazarenko" lá encontrava-se o protocolo do interrogatório Minchenko pelos investigadores americanos, realizado na recolha de provas para a questão Lazarenko, em 29.05.2003 nas dependências da Procuradoria ucrainiana.
Este documento tem mais de 150 páginas. No interrogatório estavam presentes assistentes da Procuradoria USA Martha Bersh e Peter Axelrod, Helly Mitchel - ministro da Justiça dos USA, Harold Rosenthal, advogado de Lazarenko, Lazarenko ao telefone, agente do FBI Brian Earl e Oleg Ukrainets da Procuradoria Geral da Ukraina.
Minchenko relatou que assinou esta carta-garantia em 31.12.1996 em Moscou, onde nas negociações com "Gazprom" chefiava a delegação ukrainiana, da qual também fazia parte Yulia Tymoshenko da UESU e Oleksandr Abdulin da "Intergas".
"Esta era uma delegação oficial do governo da Ukraina e na ordem do dia estava a discussão com o "Gazprom" quanto ao fornecimento de gás para 1997" - declarou Minchenko.
Segundo o ministro, ele assinou a garantia por causa das circunstâncias tradicionais - crise nas relações entre os dois países vizinhos.
"Durante 1995 - 1996, houve grande tensão entre "Gazprom" e governo ukrainiano, entre Rússia e Ukraina. O governo da Ukraina pensava sobre as perspectivas para 1997, porque a situação indicava que, em 01.01.1997 Rússia poderia simplesmente desligar a tubulação de gás a Ukraina. Assim formamos uma delegação para as negociações".
O ministro descreve em detalhes a complexidade nas negociações que Ukraina teve que enfrentar na véspera de 1997 - o que lembra muito a situação analógica à segunda metade dos anos 2000.
"... Voltemos à situação dos anos 1995 - 1996. As dívidas se avolumavam, ninguém se responsabilizava. O governo resolveu intervir. Rússia estabeleceu condição prévia - não entregaria gás sem garantias. No início eles pediram garantias bancárias, mas isso significaria um grande acréscimo.
Em 31.12.1996 nossas negociações duraram 10 horas. Finalmente eles aceitaram a garantia de recursos financeiros da Reserva do Estado da Ukraina. Eu não tinha nenhum impresso, nem selos, apenas a minha presença e minha assinatura".
Ele assinou a carta, a qual chamou "Garantia do Governo da Ukraina".
Antes disso, segundo o ministro, ele recebeu um fax de Kyiv, uma procuração em nome de Lazarenko, como segue: Esta procuração autoriza o Ministro de Estado da Ukraina Anatoli Minchenko assinar, em nome do Governo da Ukraina, sobre as garantias comerciais para fornecer a Ukraina gás natural da "Gazprom" no ano de 1997.
"Nossa tarefa era evitar a desconexão do gás". Minchenko ainda lembrou a Lazarenko que as garantias do governo deveriam ser autorizadas pela decisão do Gabinete Ministerial.
"A garantia agiria deste modoo: Se algum atacadista tivesse dívidas, e o montante da dívida seria de 40% ou mais, o governo cobriria a dívida de acordo com a nomenclatura de bens, acordados com "Gazprom". Devido ao nosso controle rigoroso, em 1997 não houve extraordinárias situações. E essas garantias não foram cumpridas em 1997" - acrescentou Minchenko.
Durante o interrogatório, Minchenko negou Lazarenko tê-lo influenciado para dar quaisquer preferências a Tymoshenko ou a UESU (United Energy Sistems da Ukraina).
Este episódio é um completo "déjà vu" da questão contra Tymoshenko. Na verdade Minchenko assinou uma carta de garantias do Estado, sem estar convencido da decisão correspondente do Gabinete de Ministros.
A natureza do excesso de seus poderes oficiais é idêntica à situação da Y. Tymoshenko, que assinou as directivas sobre contratos referentes ao gás, em 2009. Com uma exceção, que a ex-primeira-ministra, poderia se dar ao luxo de dizer que é seu compromisso pessoal, e A. Minchenko tem poucas chances de assumir garantias de retorno da dívida de várias centenas de milhões de dólares.
Oleksandr Laurenovych: Garantias não havia.
Existem muitas evidências indiretas que, no Estado da Ukraina não há obrigações para com o Ministério da Defesa da Rússia. Uma delas é a fábula recente da questão do gás contra Yulia Tymoshenko, pela qual ela foi condenada a 7 anos.
Durante o julgamento os promotores têm repetidamente informado que no início de 2009 Tymoshenko ainda tinha um conflito de interesses devido a dívida da UESU perante o Ministério da Defesa russo. Se essa dívida tinha garantias do governo, como agora afirma SBU (Serviço de Segurança da Ukraina), verifica-se que Rússia não tinha motivos para pressionar Tymoshenko.
Outra menção sobre a dívida da UESU soou de Yuriy Boiko durante o interrogatório no caso do gás. "Quando eu vim ao "Naftogaz" Ukraina", o primeiro documento que estava diante de mim sobre a mesa era uma exigência do governo russo para retornar 403 milhões de dólares da corporação UESU ao Ministério de Defesa da Rússia". Então, as dívidas não eram do Estado. Caso contrário, por que Rússia cobrou da chefia do "Naftogaz" se o lado russo tinha garantias do governo ukrainiano. E, se havia, por que elas não haviam sido apresentadas?
Em suma, durante 15 anos da existência da dívida da UESU, nem nos tempos da presidência de Leonid Kuchma, nem durante o pouco amigável governo Yushchenko, e nem agora no governo V. Yanukovych os governantes russos em nenhuma declaração oficial não mencionaram a existência de garantias do governo ukrainiano.
Pelo contrário, se acreditarmos em Inna Bohoslovska (deputada pelo partido majoritário, governista extremada - O.K.) o chefe do Ministério da Justiça destaca dois pontos importantes:
Primeiro: de 1990 a 2001, nenhuma norma legal do governo da Ukraina previa fornecimento de garantias estatais para as obrigações de entidades empresariais.
Segundo: Atualmente, no Ministério das Finanças não há nenhuma informação que certificaria a prestação de garantias estatais para as obrigações da UESU.
A situação esta se tornando absurda. Por um lado, o governo insiste, que Tymoshenko como primeiro-ministro excedeu os seus poderes e não tinha o direito de emitir directivas sobre os acordos do gás em 2009. Pelo que recebeu 7 anos de prisão.
Mas, ao mesmo tempo o governo Azarov está pronto para reconhecer voluntariamente suas garantias pelas dívidas da UESU, fechando os olhos para o fato, que eles também foram assinados com excesso de poder e contrários à lei existente. E, o mais cômico, neste caso, é de que maneira Ukraina vai obrigar o Ministro da Defesa da Federação Russa, pegar este dinheiro.
Prazos finais
Não está totalmente clara a situação com a prescrição do tempo.
À Yulia Tymoshenko inculpam-se crimes previstos no parágrafo 5 do artigo 191 do Código Penal - "apropriação ou desvio indevido da propriedade alheia, que foi confiada a pessoa ou estava em sua posse e perpetrado em larga escala ou por grupo organizado.
Por lei, esses crimes são puníveis com prisão por um período de 7 a 12 anos, e o término de antiguidade é de 10 anos.
As cartas de garantias estatais de Paulo Lazarenko e Anatoli Minchenko foram assinadas em agosto e dezembro de 1996.Então, o término de antiguidade começou em dezembro de 1996 e expirou em dezembro de 2006.
No entanto, se de acordo com outra norma da legislação, antes de expirar o término de antiguidade a pessoa cometeu um outro crime, então a contagem é interrompida e começa novamente.
Agrade isso a alguém ou não, mas após a condenação da Tymoshenko, o juiz Kireyev considerou, que ela cometeu um outro crime. Mas - em 2009, três anos após o término de antiguidade dos acontecimentos de 1996.
No entanto isto não impedirá que o Serviço de Segurança da Ukraina entregue novamente a questão à justiça, onde poderão fechá-la pelo término de antiguidade. Mas, antes haverá interrogatórios, testemunhas, sessões no tribunal com o fã clube do Partido das Regiões liderado por Oleg Kalashnikov (aquele que estabeleceu um acampamento nas proximidades do Tribunal e que pagava às pessoas para que agitassem contra Tymoshenko - O.K.).
O público principal aqui será o Ocidente, o qual vão tentar convencer que Tymoshenko está sendo julgada não apenas por motivos políticos, mas também por abuso de poder para enriquecimento pessoal.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik


CARTAS ENTRE GOVERNOS
(Anexos dos Artigo)



Carta 1 - Escrita em russo: do Ministério da Defesa russo à Inna Bohoslovska, deputada.



Carta 2 - Escrita em russo: do Ministério da Defesa russa ao ministro ukrainiano Azarov.


Carta 3 - Escrita em russo: do primeiro-ministro ukrainiano Paulo Lazarenko dirigida ao primeiro-ministro russo Viktor Chornomyrdin.




Carta 4 - Escrita em russo: carta-documento que dá as garantias de pagamento.



Carta 5 - Escrita em russo: de Putin a Leonid Kuchma. Diz o seginte: "Pelo contrário, se acreditarmos em Inna Bohoslovska (Presidente da Comissão de Investigação), no ano de 2000 V. Putin enviou uma carta oficial com pedido de reformar a dívida da UESU para dívida estatal da Ukraina". Reparem que esta carta nem assinatura tem, somente o nome.



Carta 6 - Única carta escrita em ucraniano: do Ministério da Justiça ao Gabinete de Ministros ukrainianos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MOVIMENTO EURASIANO MOSTRA SUAS GARRAS

Ukraina está se tornando Rússia
Ekonomichna Pravda (Verdade Econômica), 21.10.2011
Andryi Chernikov
 
Yanukovych (E) Medvedev (D)
Agora o mais importante é Kyiv não ir em frente - não entrar em União Aduaneira. No entanto, a União Eurasiana é apenas um trampolin para ela, e o Único Espaço Econômico. Existe o risco de que, ao assinar o acordo de livre comércio com os países da CEI (Comunidade de Estados Independentes) Ukraina vá em frente? Sim.

Na terça-feira (18.10.2011) Em São Petersburgo oito países da CEI assinaram acordo sobre zona de livre comércio. Assinaram os primeiros-ministros da Rússia, Ukraina, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Armênia, Moldávia e Tajiquistão.

O acordo entrará em vigor a partir de 01.01.2012, se for ratificado pelos parlamentos.

O que este acordo dará a Ukraina? A idéia de tal acordo é fazer o comércio sem taxas aduaneiras. No entanto todos os produtos ainda não conseguirão exportar ou importar, sem qualquer taxa. Tudo depende das exclusões previstas no acordo.

Ao assinar o acordo, o primeiro-ministro da Ukraina Mykola Azarov chamou-o de imperfeito. Então por que assinou? Obviamente, ele encontrou no documento mais pontos positivos que negativos.

Tal opinião também era do ex-presidente Viktor Yushchenko, o qual também queria assinar este contrato, mas por causa de conflitos com Moscou não o fez.

Yushchenko via neste documento a simplificação do comércio com a Rússia e estabelecimento de relações calorosas com ela. A União Eurasiana ainda não empurrava Ukraina para os abraços da Rússia, não colocava cruz na eurointegração e a criação de uma zona de livre comércio com UE. Como ficaria o acordo com Yushchenko - não sabemos. Com Viktor Yanukovych ele será assim.

Começando do fato de que para Ukraina não será confortável.

Muitos analíticos dizem que Moscou passou a concessões sem precedentes para criar a União Euroasiática. Mas ninguém revelou essas concessões. E é necessário considerar que após a assinatura do acordo o trabalho de montagem e relação de produtos e serviços apenas inicia.

Yushchenko era categoricamente contra as exclusões. Agora elas existirão. Mais precisamente - já existem: não haverá livre comércio com petróleo, gás, açúcar e álcool. Por enquanto são quatro produtos já conhecidos. Provavelmente haverá muito mais. Podemos supor que a lista de isenções incluirá armas e tubulações. (A Rússia não vai abolir as taxas dos produtos que ela possui e que são importantes e muito necessários aos outros países. Ela vai impor as suas necessidades, mas não permitirá que os outros o façam. Bielorrússia já vive esta situação, mas parece que ainda não aprendeu - O.K.).

Desta maneira, denominar o comércio como livre é complicado. Se o gás e o petróleo não forem incluídos no livre comércio, então falar sobre a liberdade, definitivamente, não vale a pena.

As empresas ukrainianas que consomem o gás russo, mesmo com o imposto de exportação zero, não se beneficiarão com a União Euroasiática. Os produtos russos serão mais baratos porque lá as fábricas consomem o seu gás mais barato.

O primeiro-ministro Vladimir Putin explicando a existência de tais exclusões, disse que elas são interessantes para os orçamentos dos nossos países em termos de política fiscal. "É a energética, metalurgia. Para elas são previstas medidas de regulação e proteção aduaneira." - disse Putin e prometeu que com o tempo as exclusões serão menores.

Em geral a União Eurasiana não será limitada às questões de regulação de exportação e importação. De acordo com Putin, o acordo em breve incluíra uma ampla gama de questões: de política sobre tarifas alfandegárias à política migratória e de vistos. Podemos supor que ao assinar este acordo, Ukraina triunfante partiu em direção a influência russa. (Observe, caro leitor, apenas Putin dá as coordenadas, os demais aceitam. Afinal Putin já esquematizou tudo. Que união é esta? Ou será simplesmente subordinação? - O.K.).
É o que queria Rússia. E o que quer UE, com a qual Ukraina conduz difíceis negociações sobre o mesmo assunto - uma área de livre comércio?

Surpreendentemente, a relação da UE foi mais do que calma. A delegação da UE na Ukraina afirmou que uma área de livre comércio não entra em conflito com outra: "Zona de livre comércio com países da CEI não afeta diretamente as nossas relações bilaterais".

Tal indiferença explica-se com o fato de que Área de Livre Comércio, em contraste com a União Aduaneira, para onde Rússia persistentemente chama Ukraina, não prevê uma política aduaneira única. Em outras palavras, Ukraina ainda não se comprometeu na regulação de suas tarifas alfandegarias conjuntamente com a Rússia, Belarus e Cazaquistão - isto é exatamente o que UE não necessita.

Agora o mais importante para Kyiv é não ir mais longe - não entrar na União Aduaneira. No entanto, a União da Eurásia é apenas um trampolin à União Aduaneira e ao Único Espaço Econômico. Existe o risco que, assinando o acordo de Área de Livre Comércio com os países da CEI, Ukraina vai mais longe? Sim. Existe.

Tudo pode começar com um simples comércio livre. Então pode transformar-se em um conglomerado de países, que acordam sua política aduaneira em relação a outros países.

Consequentemente, os membros da União Aduaneira não podem, independentemente, definir tarifas nas negociações com UE. Se, depois disso os países da CEI fundirem-se em um Único Espaço Econômico, então sobre a eurointegração pode ser colocada uma cruzinha.

Tudo conduz a isso. Putin já sonha não apenas pela regulação de tarifas e regime de vistos. Se isso não é uma próxima tentativa para criar uma nova unidade política, então é o quê?

No entanto, em 20 de outubro vieram boas notícias a partir de Bruxelas: Ukraina e UE acordaram sobre os parâmetros básicos da parte comercial do acordo sobre associação. Agora está aberto o caminho para criação de área de livre comércio. De acordo com os prognósticos de funcionários europeus, é provável isto acontecer antes do final de 2011.

Em Kyiv acreditam que o acordo sobre a área de livre comércio pode acontecer antes que o acordo sobre a associação. Pelo menos na administração presidencial esta opção é vista como mais desejável porque associação é um processo muito mais complicado.

Além disso, Yanukovych disse que primeiro Ukraina precisa "sentir" a União Aduaneira, fazer parte dela ele não se apressa. Afinal, o que mais ele poderia dizer - se juntar à UA colocará fim às negociações com UE.

O mais surpreendente, é que não há nenhum cálculo dos benefícios econômicos da área de livre comércio na abrangência dos oito países da CEI. Na esperança de incrementar o comércio, nada. Na Rússia, entretanto, acreditam que o aumento das importações baratas reduz a inflação, mas como isto afetará a balança comercial externa? Enigma.

A complexidade das negociações com UE se explicam, porque as partes calculam os benefícios. Particularmente, pelos dados da "Ekonomichna Pravda" (Verdade Econômica), nas conversações da Ukraina e UE os funcionários europeus declararam, que estão prontos para aceitar no seu mercado 80% da produção agrícola ukrainiana - sem taxas, mas, possivelmente, com quotas.

Portanto, não se deve superestimar o acordo sobre a zona de livre comércio com a CEI. A existência de exclusões e juramentos que eles serão minoria, não obriga ninguém a nada. Simplificando diremos, se agora há reuniões sobre taxas alfandegárias, digamos, da vodka, não é ruím, mas se dentro de alguns anos elas não existirão mais - é melhor. Ao todo, ninguém deve nada a ninguém.

Simplesmente - assinar sobre "zona de oito" não foi complicado para Azarov.


Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MOVIMENTO EM DEFESA DE YULIA TYMOSHENKO

Acampamento em defesa da Tymoshenko persiste
Tyzhden (Semana), 21.10.2011
Roman Malko

Na rua Khreshchatek próximo ao Pecherskyi Tribunal (Kyiv) está tudo tranquilo. Continuam em pé as barracas e nelas vivem as pessoas que esperam até Yulia Tymoshenko sair para liberdade. Dizem que ficarão na rua Khreshchatek até o final, até, até... Enfim, até quando, não conseguem precisar, mas assim mesmo é compreensível.  

Acampamento na principal rua da capital já esá mais de 70 dias e ainda não se sabe quantos dias vai permanecer
O acampamento na principal rua da capital já passa de 70 dias e ficará ali não se sabe até quando. No centro, entre as barracas organizaram uma apresentação da Sociedade "Memorial" em nome de Vasyl Stus [1], que conta sobre a guerra de libertação, contra os bolcheviques após a Revolução de Outubro. Nas paredes das tendas foram coladas diversas caricaturas de personagens do poder e anti-heróis. As charges em parte são cópias da Internet, em parte criatividade própria.
 
Exposição sobre a Guerra da Insurreição contra os bolcheviques após o golpe de Outubro
Os moradores do acampamento já se adaptaram às novas moradias e passam o tempo lendo jornais, realizando campanhas, estudando a história da luta do povo ukrainiano contra os ururpadores bolcheviques e ainda muitos outros assuntos úteis. Aqueles que vivem aqui permanentemente são poucos. As pessoas mudam de acordo com o método de deslocamento. Permanecem por alguns dias, agitam, e retornam para casa. Os permanentes são apenas as equipes de Kyiv que fornecem o alimento e tudo o que for necessário. Também constantemente permanecem os deputados, para não surgirem problemas.
Museu sob o céu
Os moradores de Kyiv, com muita simpatia tratam os moradores da cidade-acampamento. Frequentemente trazem alimentos ou roupas. Apesar de também aparecerem provocadores que são, imediatamente mandados para longe pelos serviços de segurança. Em geral chegam muitas pessoas ao acampamento durante o dia. A maioria vem de todos os recantos da Ukraina. Eles recebem jornais, folhetos, e ouvem as últimas notícias.
Caricaturas das personagens do governo e anti-heróis populares
Conflitos com a milícia e moradores do acampamento não há. Os policiais são tratados paternalmente, lhes dão comida, esquentam chá e relacionam-se como se fossem próprios filhos. "Mas eles são como meus netos" - diz um dos piqueteiros.

 
As visitas são recebidas com alegria
Outro morador da cidade das tendas, Sr. Anatoly de Sumshchyna, diz que outro dia deu entrevista a um jornalista japonês. O jornalista queria saber sobre a sua vida, o dia-a-dia no acampamento, atitude perante o governo, e quanto as pessoas estão dispostas a lutar pela libertação da Yulia Tymoshenko. Tudo lhe interessava, até os pormenores.
A maioria das pessoas não está no acampamento particularmente pela Yulia, mas, principalmente, pelo que acontece no país
O nosso interlocutor revela que nem todos manifestantes lutam fielmente pela Tymoshenko, ou consideram-na sem erro. A maior parte das pessoas está aqui não tanto pela Yulia, mas contra Yanukovych e seus comparsas, porque as pessoas tem certeza que, se o rolo da repressão não for interrompido hoje, amanhã já será impossível interrompê-lo.
                                                                                     
Se não interrompermos o rolo da repressão hoje, amanhã será impossivel

[1] Vasyl Stus - poeta ukrainiano, romancista, crítico literário, ativista pelos direitos humanos. Um dos representantes mais ativos do movimento cultural da Ukraina dos anos sessenta.

Por suas atividades em defesa dos direitos da pessoa, que pela (in)justiça foram consideradas "agitação e propaganda antissoviética" foi preso em 1972 e condenado a 5 anos em cárcere privado, mais 3 anos de degredo.

Da prisão fez uma declaração ao Soviete Supremo renunciando à cidadania: "...ter cidadania soviética é coisa impossível para mim. Ser um cidadão soviético - significa ser escravo..."

Com o término da prisão (nos acampamentos de trabalhos forçados na Rússia), voltou para Kyiv e juntou-se ao Grupo Helsinki de proteção aos direitos humanos.

Em 1980 foi novamente preso, considerado perigoso recidivista, para 10 anos de trabalhos forçados e 5 anos de desterro.

Cerca de 300 poesias suas, escritas na prisão foram destruídas. Em 1983, pela tentativa de enviar, para fora da prisão um caderno de versos, foi jogado numa solitária por um ano.

Morreu em 1985, na noite de 3 para 4 de setembro.

Os parentes não obtiveram licença para transladar seu corpo para casa, sob alegação de que não concluiu o tempo de condenação. Foi enterrado em Perm - Rússia onde esteve preso.

Em 1989 seus restos mortais foram trazidos para Kyiv.

Stus traduziu Goethe, Rilke, Paul Celan, Albert Ehrenshtein, Erich Kastner, Hans Magnus Enzensberger, Kipling, Giuseppe Ungaretti, Frederico Garcia Lorca, Guy de Maupassant, Arthur Rimbaud, e também de outras línguas eslavas.

(E, com todo esse sofrimento que a União Soviética causou ao povo ukrainiano, ainda temos os yanukovych e seus acólitos que aproveitam as riquezas ukrainianas em proveito próprio, deixando o povo à mingua, e ainda querem voltar à dependência da Rússia, porque na União Soviética, para homens com deficiência de caráter, a vida não era ruím. - O.K.)

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ÚLTIMO REI DE DONBASS


Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 20.10.2011
Serhyi Leshchenko

Um momento muito significativo na viragem da nau ukrainiana do curso de Bruxelas foi a entrevista de Yanukovych a Vitalyi Korotych, que aconteceu na noite de quarta-feira (19.10).





"Eu disse: se vocês ainda não estão prontos para assinar hoje - vamos esperar para amanhã, ou depois de amanhã. Vamos encher-nos de paciência. Se vocês não tem certeza quanto a Ukraina - vamos observar, como vão se realizar as reformas na Ukraina" - Atrás destas palavras esconde-se a rejeição da chance, que ocorreu no período histórico da atual liderança do Estado ukrainiano.

Mas, parece que Viktor Yanukovych entendeu - a integração européia vai destruí-lo como presidente. A eurointegração simplesmente impossibilitará sua permanência no cargo, porque destruírá todas as instituições, nas quais apoia-se seu governo. Eurointegração o obrigará despedir-se da censura, da perseguição política de oponentes e falsificação de eleições. Porque a privação desses hábitos é a natureza da eurointegração. No entanto, a renúncia a estes componentes da política de Yanukovych significa a destruição da própria essência do atual governo.

Portanto, Viktor Yanukovych fez a sua escolha. E nós acordamos em outro país. Ele realmente não é "primo pobre", para pagar um preço tão elevado pela eurointegração - ouvir os conselhos europeus em todas as ocasiões, começando desde a lei sobre as eleições e terminando com o estatuto dos juízes, para não mencionar suas importunas exigências para libertar Tymoshenko.

Yanukovych não construiu por dois anos sua Bastilha, não sofreu por cinco anos sua humilhação na oposição, não para isso ele negociava, à noite, em apartamentos secretos com Tymoshenko, e não para um final desses ele mendigava um cargo no governo Yushchenko, para agora entregar o poder e tomar a Europa como regra.

O argumento do Yanukovych é cínico. Ele tenta culpar Bruxelas pelo fracasso na integração européia. Porque, segundo ele, o Acordo sobre associação não contém uma perspectiva de adesão como membro. Mas ele também não continha essa cláusula, quando Yanukovych anunciou sua assinatura no Acordo desde o início até o final do ano passado, e depois - neste ano. O Acordo não continha esta perspectiva nem um único dia!

Assim como, não continha entre UE e Polônia nos anos 1990. O que, afinal, não impediu a entrada da Polônia.

Porque os europeus, ao contrário dos ukrainianos, costumam responder por suas palavras. Se eles escreverem que Ukraina tem perspectiva de aderir como membro, desde esse mesmo dia esta diretriz torna-se inalienável à política comum de 27 países.

Mas as autoridades de Bruxelas não receberam mandato dos governos da UE para garantir as perspectivas de adesão a membro para Ukraina. E 27 países da Europa não receberam permissão para isso de seus cidadãos. O círculo fechado, o qual romper não pode nem Barroso, nem Merkel, nem Komorowski, só pode desintegrar-se ao longo do tempo. E única maneira preparatória da Ukraina de adesão à UE é o Acordo de Associação.

De fato a exigência declarada por Yanukovych "perspectiva de adesão como membro" - é exigência de estender diante do namorado um tapete de rosas vermelhas e convidar uma orquestra em condições, quando os anfitriões guardam cada centavo e têm medo até de um gaguejo sobre acréscimo na família, porque a metade de nossos parentes é seriamente doente.

Na verdade, o Acordo de Associação independentemente da existência de uma perspectiva de adesãoo - é integração através de porta imperceptível, é integração "de fato", a qual não irrita, nem assusta os funcionários europeus, mas pela sua essência é uma etapa obrigatória para adquirir status de membro na UE.

- Mas "nós não somos parentes pobres", respondeu Yanukovych a Bruxelas. Esta frase dita na entrevista, demonstra toda dor da elite atual. Eles realmente não são parentes pobres, para postar-se de joelhos diante da Europa e implorar pela adesão.

Ou será possui Angela Merkel tal "Myzhyhirya" (aqueles palácios que Yanukovych está construindo próximo de Kyiv. Veja fotos em artigo anterior neste blog - O.K.) qual Yanukovych? Claro que não! E possui Nick Clegg propriedade igual a Andryi Kliuyev? Não possui, o que você pensa? Ou se comparar o séquito do primeiro-ministro da Ukraina e República Checa, é possível imaginar Azarov num Skoda? Realmente, não. Não somos nós os parentes pobres, são eles os miseráveis.

A negativa da Ukraina a uma união empurra-a para os braços de outra. Parece que Kyiv lançou uma campanha de informação em massa para preparar a opinião pública à integração com a União Aduaneira com Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão. Isto - não é apenas declarações de deputados ou palavras de Yanukovych que Ukraina precisa "apalpar" a União Aduaneira para fazer uma conclusão final.

Os jornnalistas da região de Volyn, que faz fronteira com UE, informam que, ao mesmo tempo em quatro jornais começaram sair os mesmos artigos com iguais ilustrações, fazendo propaganda em favor da União Eurasiana de Vladimir Putin. Estas páginas foram lançadas verticalmente da capital.

Yanukovitch e o cetro do poder

Em 2003, o estudioso britânico Timothy Garton Ash prognosticou que em 2021 Ukraina já estaria na UE. Em distante 2003, ele não poderia imaginar, que após 10 anos Ukraina seria gerida por um autocrata com hábitos de Lukashenko (Bielorrússia).

Então, o que perde um simples cidadão da Ukraina após a rejeição de Yanukovych em aproximar-se da UE?

Como mínimo, a esperança ilusória de que um dia poderá viajar à Europa sem vistos. Apesar de ainda não haver uma regulamentação direta, mas já agora é subentendido - nem os funcionários europeus em Bruxelas, nem os dirigentes de governos europeus em suas capitais concordarão com a supressão de vistos para o país onde oficialmente é reconhecido o fato da existência de presos políticos.

A visão de Yanukovych de relações da Ukraina e UE lembra a situação, em que cada vez encontra-se o trem Nº 29 Kyiv-Berlin.

Como na Ukraina e Europa a largura entre os trilhos é diversa, cada vez na fronteira, durante várias horas, mudam os pares de rodas. Preparam para que se ajustem às normas européias.

A declaração de Yanukovych é analógica a isso, se a partir de hoje a Estrada de Ferro Ukrainiana anunciasse a exigência: se Europa quer que o nosso trem"Kashtan" continue percorrer suas ferrovias, ela deve alterar a distância entre os trilhos à largura ukrainiana. E se a Europa não está pronta - podemos esperar. Pela ferrovia da reserva. Ou, enquanto isso iremos na rota Kyiv-Moscou.

Na verdade, esqueceram de perguntar se os passageiros desse trem consentem com essas mudanças - rota e desdobramentos.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
 
Video e foto formatação: AOliynik

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

QUEDA DE BRAÇO: YANUKOVYCH x UE

José Manoel Pinto Teixeira
José Manoel Pinto Teixeira: Agora não é o momento adequado para que a reunião com Yanukovych em Bruxelas possa acontecer.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana) 18.10.2011
Serhyi Lyshchenko, Mustafa Nayem

Outono frio de 2011 lembrando cada vez mais o mesmo frio do outono de 2002.

Escâncalo após escândalo perseguiam o presidente Kuchma.

O assassinato do jornalista Gongadze, registros de Mylnychenko, planos para vender "Kolchyhu" (instalações de radar) para Iraque com envolvimento de sanções da ONU - tudo isso transformou Kuchma no objeto de diligências por parte do mundo ocidental.

Na véspera da Cimeira da OTAN em Praga, os "donos da casa" não queriam convidar Kuchma, mas ele foi. Para esta decisão, Kuchma reuniu o Conselho Nacional de Segurança e decidiu agir para não entrar em um isolamento internacional sólido.

Mas o Ocidente revelou-se irredutível - uma ducha fria para Kuchma foi a disposição dos dirigentes de nomear os países na língua francesa. Desta forma, o presidente ukrainiano foi colocado longe dos líderes de USA e Grâ-Bretanha.

Hoje as relações entre Ukraina e UE, também se deslocam em direção a um beco sem saída. No entanto, nenhuma reunião do Conselho Nacional de Segurança para encontrar uma solução Yanukovych não precisa. Ele declarou sua vontade em uma entrevista à mídia ocidental. Tymoshenko ficará aprisionada, descriminalização também não haverá.

A reação surgiu em Bruxelas em poucas horas - a visita de Yanukovych, convidado para 20 de outubro, à Comissão Européia foi cancelada. Esperava-se que ele passaria um dia em Bruxelas, a caminho da América Latina. Agora o presidente da Ukraina, para conversar, espera apenas Raul Castro. Eles facilmente encontrarão um diálogo comum no que diz respeito ao reconhecimento oficial do mundo quanto a existência, nesses países, de prisioneiros políticos.

Como afirmam os europeus, seus líderes ficaram irritados não apenas devido à questão criminal contra os oposicionistas, mas também como se comportou com eles o presidente ukrainiano. Yanukovych deu três vezes sinais claros aos representantes da UE quanto a reabilitação de Tymoshenko, mas após cada promessa sua seguia-se um novo desenvolvimento de processo penal.

Os diplomatas estrangeiros temem que a máquina burocrática da UE será difícil de parar. Este é um "navio" que não pode dar uma volta em um segundo. E agora, em relação a Ukraina produziu-se tal inércia, que mudar a percepção em relação a este país, aos burocratas europeus - é tarefa complexa.

O dirigente da representação da UE na Ukraina José Manuel Pinto Teixeira  deu esta entrevista algumas horas depois que Bruxelas, oficialmente, recusou-se receber Yanukovych.

De suas respostas cautelosas percebe-se - fechando a porta, UE quer deixar a Yanukovych uma janela aberta. Mas Bruxelas não aceitará nenhum compromisso na questão de perseguição aos oposicionistas. Mesmo que seja rubricado o Acordo para Associação, ele não entrará em ação mas vai esperar tempos melhores. Assim como, até hoje não começou agir o Acordo de Cooperação, rubricado com Lukashenko Bielorrússia) mais de dez anos atrás.

- Traduza, por favor, da linguagem diplomática, o que significa o cancelamento da reunião de chefes da UE com Viktor Yanukovych em Bruxelas?

- Em primeiro lugar, isto não é cancelamento da visita. Isto é transferência da visita. Ambas as partes mantêm o desejo de continuar o diálogo no mais alto nível. Mas a ocasião para tal reunião, no momento, não atende às nossas expectativas e à atmosfera, que deve haver.

- E, no entanto, é uma recusa ao encontro.

- Não. Isto não significa recusa. Minha resposta é clara: agora não é o momento, quando tal reunião neste nível poderia ocorrer.

- Ontem o senhor reuniu-se com o chefe da administração presidencial...

- Sim, nós nos encontramos com o Sr. Liovochkin. Quando surgem questões, que preocupam os presidentes do Conselho Europeu, Comissão Européia e o presidente Viktor Yanukovych, então o Sr. Liovochkin é o interlocutor adequado.

- Que sinal o senhor recebeu do chefe da administração presidencial e, pode-se dizer que Ukraina retorna ao lado russo?

- Eu não gostaria de recorrer à especulação sobre estes temas. Nós discutimos com o Sr. Liovochkin os tópicos de interesse comum. Mas eu não faço previsões nem tiro conclusões que o senhor mencionou. Do Sr. Liovochkin ouvimos a opinião que coincide com a opinião da UE, que queremos continuar nossa cooperação e nosso diálogo. E nós esperamos que esta reunião será realizada no futuro.

- Sabe-se quando isso pode acontecer?

- Não. Até agora não temos data. Trocamos pontos de vista. Precisaremos verificar os gráficos. No entanto, para tal reunião deve haver condições adequadas.

- E a libertação de Yulia Tymoshenko é uma das tais condições?

- Premissas para tal encontro não há. Existem certas questões que preocupam UE e nós, sobre isso, repetidamente, afirmamos. Não se trata apenas de Yulia Tymoshenko. - O senhor sabe sobre a existência de muitos outros casos criminais. Estamos falando sobre o Estado de direito, e da forma como trabalha o judiciário na Ukraina. Apenas a questão da Yulia Tymoshenko é mais visível neste contexto. Sobre isso já falamos há algum tempo, e nós não comunicamos nada de novo.

- O senhor já leu as declarações de Viktor Yanukovych no Wall Street Journall sobre que ele "não se prepara pedir obséquio" e se UE vê necessidade, ele virá, mas se não vê, ele voará adiante. Como o senhor percebeu esta declaração?

- Nós recebemos esta declaração com atenção. O processo da integração da Ukraina com Europa, o processo de Associação da Ukraina com UE, começou cerca de cinco anos atrás e é baseado na suposição de que Ukraina vai conseguir progressos nos valores fundamentais da UE. Esses termos se aplicam a qualquer país que quer entrar na UE. É a única maneira deste processo poder ser concluído.

- Se houveram, por parte da Bankova ou Ministério do Exterior, sinais ou promessas de desenvolvimento em torno da questão de Yulia Tymoshenko?

- Ecoam propostas sobre um possível desenvolvimento nesta situaçãoo. Trata-se da revisão do Código Criminal, pelo qual foi condenada Yulia Tymoshenko e que é aplicado a outros cidadãos. Trata-se da regulamentação ainda do tempo de Stalin, que foi retomada nos tempos de Khrushchov. Falou-se que o lado ukrainiano estava pronto para a reforma deste código, e isto foi anunciado oficialmente. Além dessas proposições, não tenho outras informações ou sugestões para futuros desenvolvimentos.

- Na segunda-feira Yanukovych disse que não tinha nenhuma obrigação e ele nada prometeu...

_ Tudo depende do que o senhor chama de compromissos e promessas. Quando o presidente Yanukovych foi eleito, o processo de associação já existia. Ele apoiava-se em expectativas mínimas da UE, nós esperávamos que os valores da UE serão respeitados pela Ukraina. Quando o presidente Yanukovych assumiu, ele afirmou, que queria continuar este curso, e será com base nestes princípios.
Na continuidade tudo depende se esses princípios serão respeitados na Ukraina.

Os processos de integração européia, às regras que seguiam os países no caminho à UE, isto não é menu "a la carte", onde você pode escolher livremente pratos ao seu gosto. Ele é o menu bem definido, e ou lhe agrada, ou não lhe agrada. Aqui não há livre escolha - estes princípios nós respeitamos, e estes - ignoramos.

E por isso, para Ukraina usa-se a mesma abordagem. Se isso não ficou bem entendido até hoje, então agora isso deve ser muito bem entendido.

- Se ainda restam algumas chances de que o Acordo de associação será rubricado na Cimeira Ukraina - UE em dezembro?

- Nós esperamos por isso. O primeiro vice-ministro Kliuyev planeja ir a Bruxelas. Na quarta-feira lá planejaram encontros. A assinatura de Acordos sobre associação em dezembro permanece em nossas expectativas, mas deve ficar claro, que os valores da UE devem ser cumpridos pela Ukraina.

- Para ser franco, a oposição espera, se haverão sanções da UE para funcionários ukrainianos que desconsideram os direitos humanos. Se as sanções houverem, então do que começam, qual será o primeiro passo?

- O senhor coloca a carroça na frente dos bois. Eu já lhe expliquei qual a situação hoje. No momento não são válidas as suposições e criação de cenários.

- O que significa para o cidadão comum ukrainiano perder a chance de rubricar o Acordo de Associação em dezembro de 2011?

- Em primeiro lugar esta oportunidade não está perdida. Nós esperamos, que esta oportunidade permaneça, mas com base nos princípios que mencionei. O que é importante entender a simples cidadãos: para eles não terá qualquer significado, se nós assinarmos papéis que não terão influência em suas vidas.

Além disso, é importante aos cidadãos  comuns saber, que a UE protege os principais acordos. Os próprios cidadãos querem o mesmo: viver em país livre e democrático, onde asseguram-se os direitos humanos, direitos da pessoa, onde há economia de mercado e existem maiores possibilidades de emprego e melhores normas sociais e econômicas. Isto é o que preocupa as pessoas em qualquer Estado, inclusive na Ukraina.

Tradução: Oksana Kowaltschuk 
Foto formatação: AOliynik                    

sábado, 22 de outubro de 2011

YANUKÓVITCH em CUBA


Yanukóvich (E) Raúl Castro (D)
O General de Exército Raúl Castro, Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, recebeu nesta tarde Viktor Feódorovich Yanukóvich, Presidente da Ucrânia, que realiza uma visita a Cuba. Após a cerimônia oficial, ambos os mandatários em seus respectivos países, dialogaram a acerca das “excelentes” relações bilaterais entre os dois países, além de outros temas da atualidade internacional. (22-10-2011).

Tradução: AOliynik




Yanukovych voou para o Brasil

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana) 23.10.2011

O presidente Viktor Yanukovych concluiu sua visita de Estado a Cuba e voou para o Brasil. Durante a visita, ele se reunirá com a presidente do Brasil, presidente do Senado e do Congresso Nacional e chefes de órgãos locais. Está prevista assinatura de vários documentos bilaterais. O presidente também se reunirá com representantes da comunidade empresarial brasileira. Além disso, a visita inclui um encontro de Yanukovych com representantes da comunidade ukrainiana do Brasil.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

UM POVO POBRE, MAS UM PRESIDENTE RICO !

Yanukovych tem mais residências que o presidente da Rússia
Tyzhden (Semana), 07.10.2011

O presidente da República Tcheca tem uma residência, o presidente da França tem seis, enquanto a Rússia mantém 10 residências para seu presidente. O presidente ukrainiano tem 13, segundo declarou na tribuna parlamentar o deputado do Partido Batkivshchyna Volodymyr Yavorivskyi no dia de hoje.

Apesar da pobreza absoluta do país, o governo continua a gastar grandes somas criando para si ambientes confortáveis.

"Parece que ninguém duvida de que vivemos em um país pobre. E quando eu digo - "um país pobre" eu quero dizer a maior parte do povo ucrainiano. Mesmo o governo não esconde isso e declara oficialmente que na Ukraina o número de pessoas pobres só irá crescer, e ninguém duvida disto.


"Em 2008 o ex-presidente Yushchenko fez repararos na residência de "Seniohora", que fica na região dos Cárpatos, em 2010, Viktor Yanukovych novamente investiu na sua reparação 33 milhões de UAH (USD 4.250.000) mas em 2011 ela novamente precisou investimentos em dinheiro no valor de 21 milhões. de UAH (USD 2.625.000) Enfatizo - trata-se de fundos públicos. A pergunta é: "o que é essa 'Syniohora' que 'devora' o dinheiro público o tempo todo?", - enfatizou o político.

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"Myzhyhiria" do Yanukovych. Novas impressionantes fotos

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 06.10.2011.

A revista "Korrespondent" publica fotos do objeto mais protegido e mítico da Ukraina - Residência Myzhyhiria.
 
Lembramos, em agosto, para reparação de residências na Criméia e nos Cárpatos Yanukovych , sem concurso adequado alocou 146 milhões de UAH (USD 18.250.000). Foi alegado que havia necessidade urgente de reparos devido a deterioração do outono.
Conforme relatado, na residência "Syniohora" Yanukovych também construiu uma residência para convidados no valor de 17.300.000 milhões UAH (USD 2.162.500).
 
Além disso, disse Yavorivsky que o governo destinou 180 milhões de UAH (USD 22.500.000) para a construção de um terminal para empresários de "Donetsk", para a elite de Donetsk.
Este ano nas residências de Victor Yanukovytch será gasto cerca de 500 milhões de UAH (USD 62.500.000) Em consciência aqui,
simplesmente não se pode falar "- acrescentou o deputado.
Ele acrescentou que a residência do estado "Syniohora" (Montanha Azul) foi construído há apenas 10 anos, mas já algumas vezes, lá fizeram reparos caros.


De acordo com a resposta oficial, em 2010, para reparar as residências presidenciais, do orçamento do Estado gastou-se 83 milhões de UAH (aproximadamente USD 10.375.000).

"Nosso presidente tem - 13. Para efeito de comparação, o presidente checo tem uma residência, o presidente da França tem seis, e a Rússia - com o seu petróleo e gás - tem 10 residências, "- disse Yavorivskyi.
"Então, eu tenho uma pergunta: quantas residências tem o presidente ucraniano, e quanto custa sua manutenção? Como deputado, eu perguntei ao chefe da Administração do Estado e recebi uma resposta que não me serve "- ele disse.
Fotos tiradas do ar. A primeira foto mostra uma enorme propriedade chamada "club house", ou "Honka" - a partir do nome da empresa finlandesa de construções de elite. Aqui, após o término de todos os trabalhos, deve realmente residir Yanukovych.


Esta imagem - apenas cerca de 7 hectares "Myzhyhiria" com 136 hectares de área total.


"Club House" ou "Honka". Quem poderá viver aqui, exceto Yanukovych?


Lagos com cascatas artificiais.


De acordo com os documentos é chamado de "banho e complexo recreativo". No fundo - futuro campo de golfe.


Junto ao "Honka" cascata de lagos artificiais com complexos de banho e recreação. Complexo desportivo, campo de tênis, pista de bowling, uma galeria subterrânea.

Essa modesta casa, que Yanukovych mostrou aos jornalistas como sua, agora constroem um clube equestre.

"Korrespondent" pergunta: Se formalmente a Yanukovych pertence apenas a pequena casa que ele mostrou aos jornalistas, de quem é então, todo o restante? Além disso, se no meio de tudo isso não há muros ou cercas, apenas decorativas.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik