sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DÉFICIT NO ORÇAMENTO ESTATAL UCRANIANO

Encerramento do "buraco do offshore" de Chipre não vai resolver os problemas com o orçamento
Tyzhden (Semana), 16.11.2012
Maksym Buhryi

O regime de Yanukovych é forçado buscar frenéticamente caminhos para preencher o orçamento estatal, cujo deficit prognosticado acentuou-se abruptamente após a conclusão das eleições.

Afinal, quanto mais próximo o dia das eleições, mais arrebatadamente esvaziava-se o caixa: o governo tentava convencer o eleitorado na "melhoria e estabilidade" através de benefícios sociais, mas sem considerar a real situação das finanças públicas. É significativo, que no início de novembro o saldo da conta do governo era de apenas 1,76 bilhões de UAH (aproximadamente 21 milhões de dólares, diminuindo no último mês 23,8% (pior resultado nesta data, nos últimos dez anos).

Então não é surpresa que, imediatamente após as eleições aumentou significativamente o número de auditores fiscais de pequenas e médias empresas. Ainda mais são afetadas as grandes corporações que não entram para o império dos oligarcas ukrainianos. Particularmente demonstrativo é o bloqueio real pelas autoridades fiscais da fábrica do maior produtor na Ukraina da água mineral da empresa IDS Group.

Em paralelo, o governo passou ao dessombreamento da economiia, particularmente a atividade econômica no estrangeiro. É neste contexto que pode ser considerada a recente visita de Yanukovych a Chipre, onde ele teve que demonstrar a sua "luta contra offshore", que permite às empresas ukrainianas reduzir os impostos ao orçamento estatal. Em 08.11.2012, entre Kyiv e Nicósia foi assinada a Convenção sobre a eliminação da dupla tributação, e prevenção a evasão fiscal. Com a publicação na véspera, do projeto não oficial do Gabinete Ministerial em relação a este acordo, e declarados comentários de especialistas, ficou claro, que o novo documento aumenta as taxas de imposto para alguns negócios ukrainiano-cipriotas.

Pelo novo acordo que possibilita evitar a dupla tributação entre os países, os dividendos pagos por empresas nacionais em favor de seus fundadores cipriotas (hoje eles não estão sujeitos à tributação na Ukraina), irão pagar 5% se a parte do proprietário acionista da república da ilha for de pelo menos de 20% do capital da sucursal da companhia ukrainiana, ou se o participante cipriota investiu, pelo menos, 100 mil euros na aquisição da parte da empresa nacional. Em outros casos, o imposto sobre dividendos, pagos em favor dos fundadores cipriotas será de 15%. O pagamento de royalties será de 5 - 10% dependendo do tipo de direitos de propriedade intelectual; renda de juros sobre empréstimos dada a companhias ukrainianas pelos cipriotas, - até 2%. De acordo com o especialista em incorporação internacional, diretor da companhia Solano Lana Holyan, tais posições dão certas vantagens especialmentee para grandes negócios.

Bem entendido, com a ajuda do "acordo de Chipre" o governo, com métodos fiscais, aumenta um pouco a receita para o orçamento ukrainiano. Mas, de acordo com as estimativas publicadas no Ministério da Fazenda, em resultado da elevação das taxas de imposto para transações com companhias da ilha e, não menos importante, reforço de poderes de órgãos fiscais, em acréscimo ao tesouro virá, aproximadamente 1 (um) bilhão de UAH (mais ou menos 12 milhões de USD). No entanto, tudo isso parece mais uma demonstração ativa de luta com offshore, que quaisquer ações reais. A taxa de imposto sobre o lucro em Chipre é de 10%, na Ukraina 21% e mesmo considetrando os introduzidos 5% de acréscimo sobre dividendos, o lucro ainda será bem mais rentável em Chipre que na Ukraina, de modo que o esquema para as corporações oligárquicas para recebimento de lucros será mantido.

Até agora, todos os oligarcas ukrainianos tinham em seus grupos de negócios centenas de empresas cipriotas. Por exemplo: SCM Holding Limited (Chipre) em 2011 consolidou todos os ativos do grupo SCM de Rinat Akhmetov, exceto a companhia que realiza a gestão estratégica de seus negócios. Também nas estruturas de Chipre estão os principais ativos de Dmytró Firtash e Vadym Novynskyi. A estrutura insular é ativamente aproveitada no financiamento de empresas que pertencem a oligarcas ukrainianos. Por exemplo, em 2011, DTEK de Rinat Akhmetov recebeu um empréstimo para cinco anos do Banco Comercial russo (Chipre), no valor de 312 milhões de USD. Muitos empréstimos são realizados em intergrupos. Após a entrada em vigor de pagamento de tais empréstimos, que são muito comuns, serão cobrados impostos. Mas, o mais provável é que esses empréstimos serão relacionados com credores de jurisdições mais favoráveis, por exemplo, do Reino Unido, onde a taxa de imposto sobre empréstimo equivale a zero.

Se o "acordo cipriota" entrar em vigor, os oligarcas terão alguns custos para otimizar seus negócios, isto é, encontrar outras jurisdições offshore mais aceitáveis. No entanto os custos não serão significativos, porque além de Chipre, os oligarcas usam muitos outros "paraísos". Podemos supor que a sua otimização será muito mais eficaz do que a "reforma" do governo. Como aponta Lana Holyan, "grandes negócios tem mais possibilidades e é mais fácil a sua reorientação se necessário. Mais difícil será para os negócios médios.

Finalmente, Chipre não é puramente offshore desde 2003. Hoje, seu papel para companhias ukrainianas é associado com condições atrativas de realização de negócios civilizados, integrais, protegidos juridicamente e de regime fiscal liberal. Por muito tempo a ilha foi jurisdição tradicionalmente clássica, que fornecia aos negócios, comparando com outras jurisdições, possibilidades efetivas de estruturaçao internacional.

A esperada receita de 1 (um) bilhão de UAH na base de 500 bilhões de suas receitas no próximo ano e 100 bilhões de UAH, o que de acordo com a Administração Fiscal, a tesouraria perde através de esquemas de offshore, - mostram que, no caso do "acordo de Chipre" temos questão com profanação direcionada para engano e "fechamento da questão", em vez de um passo real para solucionar o problema de sombreamento de economia ukrainiana.

Como restaurar negócios na Ukraina
Em seu temp o fundador americano da geoeconomia Edward Luttvak enfatizou que, se os negócios auferem rendimentos em um determinado país, é um sinal importante de seu poder geoeconômico. A ausência de reformas, multiplicada pela estagnacão econômica e crescente pressão das autoridades fiscais e forças de segurança induz uma parte significativa das grandes e médias empresas buscarem cada vez mais oportunidades de investimentos fora da Ukraina. Nos últimos dois anos, o ritmo da "emigração" de negócios pátrios aumentou significativamente, conforme dados estatísticos. No segundo trimestre de 2012 totalizaram 720 mil de USD, no primeiro 390 USD segundo fontes de informação corporativa. Por isso, o papel principal na prevenção da remoção de capitais do país deve desempenhar a criação de ambiente favorável aos negócios. As medidas fiscais e de controle são importantes, mas deles devem, primeiramente ser eliminada a corrupção e haver separação do governo e grandes negócios. Caso contrário, esta política sempre será seletiva e ilegítima. Também é importante o uso de um fator externo para integração européia e adaptação dos procedimentos às normas da UE.

Por isso, realmente os planos de contínua repressão do governo prejudicam apenas os negócios médios, forçados a recorrer a jurisdições estrangeiras, realmente para proteger sua propriedade. No entanto, as iniciativas legislativas cuja realização poderia impossibilitar os esquemas dos oligarcas, não se realizam. O governo não está pronto para privar de esquemas de otimização de negócios próximos a ele. Por exemplo, o parlamento, já por mais de dois mesess posterga a verificação do projeto de lei (N} 11284 - 11285) que possibilita sonegação fiscal nas operações com títulos valiosos. De acordo com várias estimativas, durante o primeiro semestre de 2012, do país, através desse sistema foram retirados 3,5 bilhões de dólares. Demonstrativo é o destino, tornado público no início do ano pelo Ministro Tihipko, o plano do Gabinete de Ministros, para implementar controle em relação a preços de transferência quando os produtos ukrainianos associados à estrutura dos oligarcas exportam a preços baixos, e depois revendem já pelo preço de mercadoo, e o lucro forma-se além da Ukraina.

O governo, controlado pelo grande capital oligárquico e que serve a seus interesses, nunca se atreverá à completa legalização da economia porque isto prejudica os oligarcas. No máximo, pode levar estas iniciativas para remendar os buracos no orçamento na conta da pressão adicional ao negócio "alheio".

Tradução: Oksana Kowaltschuk

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Em que é perigoso o novo Código de Processo Penal
Thyzhden (Semana), 21.11.2012
Andrii Skumin
 
 

O novo Código de Processo Penal contém uma ameaça para os cidadãos comuns e, ao mesmo tempo pode aliviar significativamente a vida dos corruptores e "majores".

A aprovação há seis meses do novo Código de Processo Penal tornou-se objeto de orgulho do regime Yanukovych. As organizações internacionais também comemoraram com entusiasmo os aspectos positivos do novo documento. No dia 20 de novembro ele entrou em vigor, então logo poderemos observá-lo "em ação!

Como aspectos positivos do novo CPP podem ser consideradas as tentativas de melhorias no processo investigativo, privando os tribunais de re-enviar as questões para aprofundar as investigações (o que atrasava significativamente os processos), as medidas de segurança da humanização que irão reduzir significativamente a pressão sobre suspeitos até o pronunciamento da decisão judicial. No entanto, as vantagens em geral, do novo CPP são muito exageradas.

Por exemplo, os defensores do novo CPP acreditam que ele elimina o problema da não declaração ou relatórios de crimes não registrados pela polícia. Com o novo procedimento, a vítima vem com notificação ou declaração ao Ministério do Interior (ou outro órgão), ela é registrada (Artigo 4, pág 214 e a recusa em aceitar não é permitida). O investigador (ou procurador) no prazo de 24 horas deve trazê-la ao Cadastro Único de investigações pré-julgamento. Mas, se o registro não for automático, pode ocorrer a situação em que o investigador ou o procurador decide pela inserção dos dados? Em nossa opinião, nem o novo CPP, nem o regulamento da Procuradoria Geral em 17.08.2012 sobre a conduçãoo da ordem do Cadastro Único da investigação pré-julgamento não respondem a esta questão. Além disso, os especialistas ressaltam: se o Artigo 303 do CPP prevê a possibilidade de apelação da inatividade do investigador na inserção de informações ao mencionado registro no tribunal, isso significa que este último pode não satisfazer a reclamação.

No entanto, o problema não é somente que muitas histórias não funcionarão. Uma série de inovações do CPP cria condições privilegiadas para os ricos e pessoas proxímas ao governo e, ao mesmo tempo facilita a perseguição de adversários.

Resgatar-se com pagamento de multa

Este jornal já escreveu, que um dos primeiros passos da equipe Yanukovych foi a "humanização" da responsabilidade criminal pela prática de crimes econômicos - agora da responsabilidade por sonegação de impostos, condução à falência de empresas, apropriação de propriedade alheia e até por contrabando é possível resgatar-se pagando multa. Essa mesma tendência "humanitária" quanto aos criminosos continua o CPP. O novo CPP expande a lista de precauções que podem ser aplicadas ao suspeito ou acusado.

Naturalmente, esta idéia de descarregar as delegacias/prisões é certa e nobre mas, parece que os autores do Código superaram-se. Particularmente, sob detenção é possível resgatar-se e depois desaparecer, porque no CPP não se trata apenas de delitos pequenos, mas também de graves e especialmente graves. Por exemplo, ao acusado por um crime grave é suficiente pagar de 20 a 80 salários mínimos - e obtem-se a liberdade. E há riscos das histórias dos acordos de reconciliação entre a vítima e o suspeito (acusado) e o reconhecimento da culpa entre o procurador e o suspeito ou arguido. Nas circunstâncias ukrainianas estas disposições podem provocar ampla chantagem e corrupção generalizada na aplicação da lei.

À oposição - guerra?

Por exemplo, de acordo com o Artigo 97 do CPP o tribunal pode reconhecer admissível o argumento indicador de declarações de estranhos independentemente da possibilidade de interrogar a pessoa que forneceu a explicação inicial. Essa novela já foi batizada de "legalização de boatos", e nas condições de agravamento de luta, ela pode ser usada ativamente contra adversárioos políticos.

O Capítulo 21 do CPP introduziu uma instituição "interessante", como ocultas ações de juízes de instrução. De acordo com o Artigo 246 são ações, cuja informação sobre os fatos e métodos de condução não são objetos de divulgação. Parte realiza-se na base da decisão do juiz de instrução, parte - de acordo com a decisão do juiz de instrução ou procurador. Então não há nenhum consenso do tribunal, não precisa. Sendo que, realizar investigações sigilosas pode uma ampla gama de pessoas: juiz de instrução que realiza pré-julgamento, ou segundo sua incumbência todos , a quem isso for necessário: as autorizadas unidades de operações do Ministério do Interior, do Serviço de Segurança, da Polícia fiscal, do Serviço Plenipotenciário, do Serviço de Fronteiras, da Alfândega. Por decisões do juiz de instrução ou procurador para estas ações pode-se fazer participar também "outras pessoas".

Na verdade, de acordo com a parte 2 do Art. 246, as ações sigilosas conduzem-se apenas no processo penal em relação a crimes graves ou particularmente graves. Em outras palavras, incriminar qualquer oposicionista a qualquer processo penal (suborno ou assassinato) - é apenas uma questão técnica, e pode-se, tranquilamente iniciar as investigações sigilosas. Mas a enumeração de investigações sigilosas pode ser muito extensa. Assim, de acordo com a parte 1 (um) do Artigo 267 o investigador tem o direito de examinar lugares publicamente não disponíveis, casa ou outra propriedade da pessoa que é tida como propriedade de terceiros, através de penetração secreta, usando recursos técnicos (e por que somente observar? Pode-se adicionar algo). A observação é da pessoa ou do lugar. Alem do mais tais ações os policiais podem realizar de acordo com a deliberação do juiz ou procurador, sem esperar a aprovação da justiça.

O novo CPP dá plenos poderes ao juiz de instrução, que lhe possibilitam proteger os direitos da pessoa na investigação pré-julgamento, ou, ao contrário, penetrar muito fundo na privacidade das vítimas, começando por ouvir em câmeras secretas escondidas no quarto de dormir. Sabendo quem hoje tem influência em indicações profissionais, não há dúvida de que estas "pessoas especialmente selecionadas" cumprirão as ordens políticas e não defenderão os direitos das pessoas.

Mais um problema gerado pelo novo Código - alteração na lista de pessoas, que são defensores do réu. Se, de acordo com o velho CPP podiam ser advogados, "outro especialista na área de direito", parentes próximos, agora - somente advogado, isto é, a pessoa que entra para o respectivo registro e tem licença advocatícia. Por um lado, tal estória deve ser vista como resultado da pressão das associações classistas, mas do outro, esta situação restringe as possibilidades de proteção e é contrária a Constituição na parte da escolha do protetor e decisão de conteúdo do Tribunal Constitucional da Ukraina, de 16.11.2000, de acordo com o qual o protetor - é "pessoa, que é profissional no ramo de direito e, pela lei, tem direito a forncecer assistência jurídica". [Nota dos editores: Esta parte está confusa. Há um paradoxo na explicação. Pedimos desculpas, mas é assim que está no original].

Outra história perigosa do novo CPP relacionada com a ordem de perturbação da investigação criminal. Por um lado congratulamo-nos com a inovação do PCC quanto a atualização do registro de todas as denúncias de crimes, mas, por outro lado - têm razão alguns representantes da oposição ao criticar a norma, segundo a qual a pessoa contra a qual iniciam a investigação preliminar, que ela nem imagina estar acontecendo, não é avisada.

Portanto o novo CPP contém armadilhas suficientes, que podem manifestar-se já num futuro próximo, testemunhando que o atual governo não é capaz de fazer substantivas alterações legislativas sem incluir neste processo seus próprios interesses.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

EM MEMÓRIA AOS CONTERRÂNEOS

 
26 DE NOVEMBRO
DIA DE MEMÓRIA ÀS VITIMAS DO HOLODOMOR

 
 
NÃO DEIXAREMOS APAGAR A VELA DA MEMÓRIA
 
 
 
 
"TODO O OCIDENTE SABIA...
E NÃO FEZ NADA... CALOU-SE...
 E AS VÍTIMAS FORAM CALADAS PARA SEMPRE..."
 
"SATÃ SE LEVANTA E RESSURGE MAIS UMA VEZ, AGORA CONTRA O MUNDO... E, OUTRA VEZ MAIS, O OCIDENTE E O MUNDO SE CALAM A ESPERA DE SUAS NOVAS VÍTIMAS"
 
Os editores

domingo, 25 de novembro de 2012

DIA DA MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DO HOLODOMOR

AS SOLENIDADES

Sábado, 24.11.2012, em Kyiv, os participantes da caminhada, por ocasião da lembrança do Holodomor dos anos 1932-1933, o povo em geral, os representantes dos partidos da oposição (sem símbolos ou bandeiras), os embaixadores credenciados de países estrangeiros, os representantes do Congresso Mundial de Ukrainianos (World Congress-EUA) e os representantes de todas as regiões da Ukraina colocaram velas diante do monumento das vítimas do Holodomor.

Os chefes da Ireja Ortodoxa Ukrainiana, o Patriarca Filaret e representantes da Igreja Greco-Católica Ukrainiana realizaram uma oração em memória dos mortos.

Às 16h todos os presentes homenagearam as vítimas do Holodomor com um minuto de silêncio.
 
 
 
 
 
 


 


 
 
 
 

HUMANIDADE NO TEMPO DE DESUMANIDADE

Centro de investigação do movimento de libertação. Históriadores estabeleceram os nomes das pessoas que socorriam os compatriotas durante o Holodomor.

Capítulo "Benfeitores nos maus tempos do Holodomor" do livro "Humanidade no tempo de desumanidade" (Compiladores Volodymyr Tylishchak e Victoria Yaremenko, no prelo).
Os depoimentos são dados por filhos ou netos das pessoas que foram socorridas.

Seguem relatos de alguns casos.

Danylo Babachenko da aldeia Novahryhorivka, província Mykolaiv
Ajudou sobreviver à família de Oleksandra Lukhosherst, de quem retiraram tudo da casa. Levava-lhes cevada nos punhos.

Ivan Balakshei, aldeia Shcherban, província Mykolaiv.
Ivan trabalhava como auxiliar da despensa do Kholkhoz (fazenda coletiva). Ajudava seus vizinhos, especialmente a Feofania Shcherbets e seu pai (a mãe, irmãos e irmãs morreram de fome). Ivan, dissimuladamente, trazia aos vizinhos grãos grosseiramente moídos que era alimento para gado, bolo de sementes de papoula e sobras de sementes oleaginosas depois da extração do óleo.

Fedor Burlachenko, aldeia Suvorivka, província Mykolaiv.
Fedor era presidente do Kholkhoz "Em frente, ao trabalho". No outono de 1932 tomou medidas para salvar os aldeões da fome. Conseguiu separar 86 hectares do cultivo de cevada, do plano da entrega de grãos. Colheita desta área e mais 70 quintais de restos da peneiragem distribuiu aos trabalhadores do kholkhoz. Também na hora da debulha permitiu a passagem de grãos à palha, mantendo-os para aldeia.
Por isto foi aprisionado em 02.01.1933 e condenado a dez anos de prisão em campo de concentração.

Vynokur (nome completo desconhecido), aldeia Bazalia, província Khmelnytskyi.
Ajudou na sobrevivência às crianças Hanna, Lidia, Maria e Vasyl Pisaruk cujo pai foi preso. As quatro crianças viviam no estábulo/chiqueiro da avó. Vynokur ajudou com comida e roupas. As crianças sobreviveram.

Mykhailo Herasymchuk, aldeia Shpykiv, província Vinnytsia.
Era vice-presidente do kholkhoz local. No início do verão de 1933, quando amadurecia a nova safra, a direção da fazenda decidiu moer 130 "pud" (medida equivalente a 16,36 kg - OK) de trigo para apoio aos agricultores famintos. A farinha foi distribuída. Foram considerados culpados pelo "roubo do pão" M. Herasymchuk, o presidente da comissão revisional M. Shkurim e o membro da comissão I. Kozii, e foram condenados à morte. Após apelação o fuzilamento foi alterado para 10 anos de prisão.

Ivan Dudnek, província Zaporizhzhia.
Em 1932 Ivan era presidente do kholkhoz "Komunarovets". Para salvar da fome autorizou avanços naturais maiores do que os esperados, regulamentados pelo governo. Afirmava frequentemente, que era necessário atender primeiro as necessidades dos agricultores. Dizia: "Se nós executarmos o plano de grãos, os agricultores ficarão sem alimento". No final de 1932 foi destituído do cargo.

Zapliusvichka Vasyl, aldeia Shumylo, província Sumy.
Nos anos do Holodomor trabalhava como moleiro do moinho da fazenda. Cumprindo a ordem da direção do kholkhoz, à noite moeu os grãos, e pela manhã os trabalhadores receberam 1 (um) quilo de trigo para cada membro da família. Após algumas horas o NKVD prendeu todos os envolvidos e, sem julgamento, mandou-os para os compos de concentração de Murmansk e Sakhalin, de onde Vasyl nunca retornou.

Vasyl Ivchak, aldeia Dudarkiv, região de Kyiv.
Ivchak era diretor da escola. Quando na aldeia iniciou a fome, ele organizou a alimentação para todas as classes. Para isso acordou com a gestão do vizinho matadouro, para que os alunos, após as aulas, limpassem as culturas das ervas daninhas, pelo que receberiam uma concha de sopa. Deste modo, o diretor salvou todas as crianças da escola.
Ivchak foi preso e acusado de ser agente diversionista da organização contra-revolucionária polonesa e, em 28.09.1938 foi condenado pela "troika" (órgão regional, constituído pelo presidente da NKVD, secretário do Partido e do procurador. Funcionou em 1937-1938, na chamada época do "Grande Terror", com poderes além dos tribunais. Entrou em vigor pelo decreto da NKVD Nº 00447, assinado por Mykola Yejov e tinha por finalidade exterminar "elementos antissoviéticos, antigos "kurkuli" (qualquer aldeão que tivessee sido proprietário de área de terra que a própria família lavrava, 2-3 vacas, uma parelha de cavalos, um arado, ou ate menos). As penas estabeleciam-se sob duas modalidades: fuzilamento ou degredo em campos de concentração para 8 - 10 anos. Os governos locais recebiam quotas de extermínio. Então eles procuravam qualquer passagem na vida da pessoa que favorecesse sua acusação - OK).
Vasyl Ivchak foi condenado à morte por ter salvo da morte muitos estudantes.
Em 2007 o presidente Yushchenko, pelo heroísmo e abnegação, revelados durante o resgate da vida dos estudantes em 1932-1933 Ivchak foi agraciado com o título de Herói da Ukraina (título póstumo).

Kartava Ivan, aldeia Bereznehuvate, província Mykolaiv.
Médico do hospital local. Internou Kylyna Hrinchenko para alimentá-la. Prolongava a permanência das pessoas no hospital onde havia um pouco de alimento, e também dividia a sua porção.

Pavlo Klymenko, aldeia Radevonivka, província Poltava.
Em 19333 Pavlo tirou do buraco onde jogavam os mortos pela fome, ainda vivo um homem desconhecido. Levou-o para sua casa e dividia com ele seus poucoos alimentos. O quase sepultado vivo sobreviveu.

I. Kozoriz, aldeia Velykyi Khutir, província Cherkasy.
Kozoriz trabalhava como chefe de brigada. Tinha seis filhos mas recolheu mais onze crianças e salvou-as da fome. Também procurava salvar outras crianças da aldeia.

Mykyta Morozovskyi, aldeia Borsuk, província Odessa.
Era padre da aldeia. Durante o Holodomor tudo o que entrava para igreja, distribuía entre pessoas que tinham fome. Em 1933 ele, sua esposa e filha também morreram de fome.

Samyilo Nepomnhashchyi, aldeia Budylka, província Sumy.
Era diretor da fábrica de bebidas alcoólicas. Ajudava como podia. Muitas vezes classificavam a batata como refugo e jogavam-na além da aldeia para que as pessoas a recolhessem.

Natália Ochyrednik, aldeia Veleka Lepetekha, província Kherson.
Natália tinha 12 anos quando seus pais morreram de fome. Ela e sua vovozinha resolveram procurar um lugar melhor e foram para estação. Lá, estranhos lhes abandonaram um nenê. Vovó queria entregá-lo à milícia, porém Natália não deixou. As três foram parar em Cazaquistão. Vovó morreu. Natália trabalhou pesado mas conseguiu cuidar do nenê. Mais tarde as duas voltaram para Ukraina.

Herasym Patlatyi e Palanka Pypa, aldeia Salomna, Província Khmylnytskyi.
Herasym e Palanka trabalhavam na fazenda coletiva com a criação de porcos. Diariamente, parte da alimentação dos porcos eles separavam e entregavam à família de Nadia Rak. Graças a essa ajuda a família sobreviveu.

Flipchuk Hryhorii, aldeia Yukhumivtsi, província Khmylnytskyi.
Em 1932 Hryhorii salvou a vida da esposa e três filhos de Mukhailo Ruzhytskyi, de quem levaram tudo o que possuía. Sua esposa e 3 crianças pequenas foram tocadas da casa porque eram famíliia do "inimigo da nação". Flipchuk recolheu-os e dividia com eles a última migalha de pão.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

sábado, 24 de novembro de 2012

HOLODOMOR - Parte IV

"NÃO DEIXAREMOS APAGAR A VELA DA MEMÓRIA"
 
Notícias da Ucrânia
 
Apesar das agruras... o sentimento de solidariedade...
 
Ao irmãozinho, primeiro!


Holodomor dos anos 1932-1933 na Ukraina
O inverno de 1933 estava terrível em Kodyma. Na estação, dos vagões, como pesados troncos lançavam cadáveres humanos, que caíam com estrépito, largados por outros, ainda vivos. A locomotiva parava em Kodyma e outras estações. Da plataforma da estação "pelo gráfico", a fila de carroças arrastava-se pela rua, que desde 1925 já ostentava o nome do chefe da revolução do proletariado. Eu conversei com um dos "transportadores" das pessoas mortas Kostiantyn Maksymishen, adolescente, que nas ruas de Kodyma ajudava o pai levar os cadáveres ao cemitério local.

Usava a rua central mais um "recolhedor" - vovô Myron. Da velha passagem férrea, quase diariamente, vovô dirigia sua carroça de bois. Os bois andavam devagar, nos seus pescoços estavam amarrados sininhoss e seu trágico som lembrava aos moradores que novamente vovô Myron encherá sua carroça com cadáveres.

Vovô conduzia seus bois. Acontecia gritar com alguns desesperados: "Ainda se mexe? Joguem na carroça, porque outra vez não virei!..." Indiferente ao horrível trabalho diário vovô conduzia seus bois ao outro lado de Kodyma, onde nos anos noventa os governantes de Kodyma, ergueram, sobre os túmulos de várias gerações, a torre de retransmissão que, como ave de rapina, vorazmente ilumina a cidade com suas cores vermelhas. Ilumina também o espaço dos mortos pelo Holodomor.

Os coveiros já não tinham força cavar a terra congelada. Acontecia atulharem com cadáveres os túmulos da parte polonesa do cemitério. "Sacudiam" os ataúdes de zinco dos defuntos dos antigos ricos da nobreza. E deles esvaziavam, com estrépito, os ossos dos alarmados fidalgos.
- Eu via isto, pessoalmente, todos os dias, - testemunha Oleksii Cherniychuk, que residia próximo do cemitério.
- Não olhe, criança, - dizia-lhe os mais velhos, quando novamente os túmulos enchiam-se de mortos... Enchiam-se em Bashtankova, Budei, Pysarivtsi.
Em Petrivtsi sobre uma cova semelhante aconteceu um diálogo assustador:
- E aquela mulher parece ainda viva. Levaremos de volta?
- E para quê, respondeu o outro, - depois o quê, traremos novamente?...
Mas a vovozinha, aquela da cova, conseguiu sair e até viveu ainda alguns anos. Ela era da família Pastukhiv... A morte tornou-se um acontecimento comum que já não assustava ninguém nem em Kodyma, nem nas aldeias do distrito. E, como testemunhado no exemplo, dos mortos pela fome na aldeia Pysarivtsia, particularmente morriam muitas crianças.

As crianças nada entendiam, não acreditando em Deus, ou em bobas crendices, - e como poderiam saber, se incha de fome todo o planeta, se somente sua aldeia. Eles comeram tudo o que puderam: "E todas as palhas, todas as cascas, e até no telhado caçaram uma cegonha..." Sim, crianças nada compreendiam, mas elas viram muito e acabaram adivinhando algo.

Certamente os professores sabiam mais que as crianças. Por isso "furavam" os lhos dos líderes. Faziam isso, a seu modo, também as crianças. Teve muita gritaria, quando o aluno de sobrenome Tuz, furou os olhos de Stalin no retrato (Pelo jeito furar os olhos de Stalin, no retrato, era mais grave que provocar a morte pela fome de milhões de cidadãos ukrainianos - OK).

Stalin procurava seus inimigos, as pessoas achavam os seus entre os líderes dirigentes locais como o presidente do Conselho da aldeia Kodyma, Malamud e seu companheiro de armas Chornyi, os quais temiam, dos quais se escondiam. Dos quais escondiam objetos caros que pertenciam à família e transmitiam-se através de gerações.

Terminou o inverno de 1933. Veio a primavera. Com dificuldade executavam-se os trabalhos de campo do "Kholkhoz" Komunar. Com dificuldade arrastavam-se os arados também em Pyrizhany, Ivashkiv, e outras aldeias do distrito, sobre os quais um avião jogava panfletos que diziam: "Tovaryshi (Companheiros) dos Kholkhozes! Não se afastem dos trabalhadores com assinatura para empréstimos!" os famintos aldeões ainda precisavam encontrar dinheiro para construção do socialismo. Deles exigiam dinheiroo que "era procurado até entre as tranças das moças", como lembra Pylyp Ohinskyi, de 95 anos.

Faminta e maltrapilha foi a infância no tempo do Holodomor. Transcorrendo 8-9 anos, os meninos (que sobreviveram) irão aos destacamentos do Exército Insurgentee Ukrainiano (UPA) e as meninas tornaram-se trabalhadoras dos "Kholkhozes" e depois viúvas ou não casadas durante a II Guerra Mundial.

Revivido nos anos 20 o mercado de Kodyma amortecia. Não havia encontros de amigos, nem ofertas de mercadorias. Não havia vendas de produtos agrícolas ou de animais domésticos, não havia ceramistas oferecendo seus produtos... No local do mercado atual, por décadas chamado "Mercado do Kholkhoz", havia uma convidativa igreja de tijolos, e próximo a ela perambulavam farrapos humanos, pedindo auxílio a outros, a si parecidos. Nunca houve comemorações de Natal e Páscoa tão pobres. E sonho pareciam as lembranças sobre páscoa doce (pão especial de Páscoa), linguiças caseiras e "pyssanky" (ovos de Páscoa pintados) que eram bentos sob o som dos sinos. Agora eles ouviam o apito dos trens que levavam os produtos de locais, conforme o jornal de Lviv "Dilo" (ação), de 06.06.1933, escrevia: "...o navio de carga soviético "Dzerzhynskyi" descarregou na semana passada nas docas de Londres 750 toneladas de manteiga, 40 toneladas de toicinho defumado e 25 toneladas de prata pura. A manteiga soviética vendem bem mais barato da australiana e nova zelandense. A União Soviética exporta produtos alimentícios apesar de que, sua população incha de fome..."

Nas cidades e aldeias de Halychyna (Ukraina Ocidental que estava sob o domínio polonês - OK) juntaram produtos alimentícios e mandaram em comboios para Ukraina do leste, sob o regime soviético. Mas os produtoos não foram aceitos e foi declarado que não havia fome.

E tudo isto aconteceu com a nossa nação, no século XX. A colheita de 1932 na Ukraina não foi pior que nos anos anteriores. Mas o sinistro fantasma da fome pairava sobre ela, sobre a sua nação, a qual caiu em desgraça do seguidor da questão de Lenin. Ele e seus companheiros, e não a seca, tornaram-se o motivo da fome na Ukraina. As lembranças sobre o acontecido rompem o coração, afligem o pensamento. Às vezes parece que você vive naqueles anos, escuta a falação das reuniões do Kholkhoz, gritos dos membros bêbados das brigadas rondistas das casas dos trabalhadores dos Kholkhozes, veem-se suas varas-sonda de ferro, as quais, parecee, furam não apenas a terra (à procura de alimento guardado), mas o seu coração, e então você sente a desmedida tragédia nacional, e até hoje o crime não punido, nem ao menos reconhecido, de todo elogiado governo comuno-soviético, o qual guerreava com toda sua nação em toda Ukraina. Eu vejo centenas de túmulos sem nomes nos distritos. Diante dos olhos repassam pessoas sonâmbulas, às quais, na maioria cruzes não colocaram, velas não acenderam, sinos não tocaram. Choram diante de mim os velhos vovôzinhos e vovózinhas. Mas nos anos 1932-1933 eles eram jovens e entre seus coetâneos, centenas que então sofreram, o mundo de Deus amaldiçoavam.

À aqueles que sempre negaram o Holodomor, o próprio Stalin o confirmou a Churchil: "Oh sim! Aquilo foi um horror! Mas era absolutamente necessário para que as nossas fábricas obtivessem novas máquinas, e nos campos - novos tratores" (V.Churchil, "Segunda Guerra Mundial", Volume IV, Capítulo 25).


Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik


EIS O QUE O COMUNISMO E OS COMUNISTAS PRODUZEM !!!
 
A história se repete e eles estão aí novamente. O discurso pode ser encantador para os estúpidos e ignorantes, mas o resultado será trágico.
Quem viver, verá !
 
O Cossaco








 
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

HOLODOMOR - Parte III

"Não deixaremos apagar a vela da memória"
 
Notícias da Ucrânia

 
 
Holodomor dos anos 1932-1933

Continuação

Mafra Savchuk teve onze filhos. Dois morreram de fome, e não ficou nem túmulo, nem cruz. As pessoas desesperadas, comiam qualquer coisa. Nos campos catavam espigas de trigo após colheita, sementes de ervas daninhas, folhas, raízes, que misturavam com resíduo ou farelo de trigo e assavam biscoitos.

Hanna Serhiivna Babichenko estava com 13 anos. Era caçula de oito filhos. O pai e um irmão morreram no início da fome. Naquele ano a colheita foi boa, tanto de cereais como de verduras. Todos se alegraram, mas por pouco tempo. Pela aldeia andava uma comissão de ativistas locais e levava os grãos, a batata, a beterraba e até a roupa. Era preciso esconder tudo no sótão ou enterrar. Mas, até o inverno os "ativistas" desenterraram tudo. Não havia o que comer, as crianças íam ao campo juntar as apodrecidas beterrabas, batata congelada, ervas. Devido a fome as pessoas enlouqueciam, aconteciam casos de canibalismo. Quando numa jovem família o marido ficou completamente debilitado, a esposa matou-o com machado, e sua carne cozinhava e alimentava o filho. O menino reviveu, animou-see e, casualmente, contou aos vizinhos sobre o acontecido. Vieram os milicianos e levaram a infeliz mulher, e ela nunca mais foi vista. Uma família vizinha deu abrigo ao menino e em seguida eles viajaram para Odessa. Quando adulto, ele vinha a aldeia e lembrava o horror vivido.

E, numa outra família, inicialmentee morreram os pais e a filha menor. A filha maior escondeu o corpo de sua irmã menor no sótão e comia aos poucos. Certa vez os representantes do governo local sentiram o cheiro da carne e encontraram uma mão na panela. Não fizeram nada à jovem, mas os restos do cadáver levaram ao cemitério.


 
Ela trazia da escola uma pequena caneca de "balanda" (sopa rala com pouquíssimos ingredientes, sem gordura - OK), para dividi-la com a mãe doente. A mãe ficava mais na cama porque as forças lhe faltavam. Graças a Deus, já chegava a primavera. Hania colhia ervas verdes. A mãe arrastava-se até o fogão e preparava bolinhos dessas ervas. A sopa rala da escola e o capim da primavera salvaram a mãe e a filha caçula. Mas os três mais velhos morreram. Hania tinha doze anos e lembra bem como enterraram os irmãos e a irmã, e como para não desampará-la, a mãe esforçava-se pela vida. À noite, Hania sentia muita sede e pedia à mãe para alcançar-lhe água. A mãe apenas cochichava que não tinha forças para levantar. Então Hania andava de quatro aré o balde, para matar a sede e a fomem.

Vasyl Artymovych Burian, nascido em 1918 conta: À nossa casa veio um grupo de pessoas com o responsável pelo armazenamento de produtos comestíveis. Levaram tudo: todos os produtos, vacas, ferramentas de trabalho, e até os restos da polenta sobre a mesa.

No outono de 1932 não havia folhas nas árvores na aldeia, nem gatos, nem cães - tudo comeram os famintos. Algumas pessoas ainda tinham alguns haveres e íam a feira para vender mas, pelo caminho, frequentemente eram atacadas e mortas.

Minhas irmãs morreram. Eu me salvei porque comia bolinhos de azeda e outras ervas. Akulyna Marchuk tinha 15 anos em 1933. Ela lembra bem como, de casa em casa, andavam brigadas especiais. Eram pessoas da localidade, membros do conselho da aldeia e alguns membros do "Komsomol" (União de Jovens Comunistas). Procuravam grãos na casa, no sótão, na dispensa, no paiol, até na rua, no chiqueiro e até dentro do colchão. Examinavam o assoalho, o quintal e o pomar, se não havia terra recentemente revolvida. Não tendo o que comer, as pessoas faziam pão com os resíduos do trigo e capim, faziam um caldo de plantas do mato. Comiam brotos de árvores. Na aldeia desapareceram os cavalos, as ovelhas, vacas, galinhas e marrecos, pegavam gralhas e pardais. Sob a neve cavavam bolotas e assavam algo parecido com o pão, acrescentando resíduos de trigo ou batata podre. Acontecia até canibalismo.

Hanna Terentiivna Popova diz que os irmãos e irmãs maiores morreram de fome. Ela e a irmã menor, por serem crianças ganhavam mais comida e sobreviveram. Comiam tudo o que era possível, faziam bolinhos de espinafre e outras folhas, no inverno ralavam o sabugo de milho (sem grãos) e comiam esta farinha.

A aldeia que conservava as antigas tradições, transformou-se em vazio decadente. As pessoas se animalizavam, sentiam o peso do medo, os bons costumes foram substituídos pela crueldade e ódio. Uma família sobreviveu apenas porque convidava pessoas para comer em sua casa e, não as deixava sair, matava e comia...

Maria Mykolaivna Shlikar diz: - Na aldeia vizinha vivia uma família numa casinha pequenina, e como todos , passava fome. Logo as pessoas perceberam que suas crianças sumiam próximo a esta casa. E, então, tornou-se claro que ali praticavam canibalismoo.

Varvara Ivanivna Shtyrba conta como era difícil a vida para uma grande família. Pão o Kholkhoz (fazenda coletiva) não dava nos dias de trabalho. No campo alimentavam os trabalhadores com uma sopa rala de "makukha" (feita com sementes oleaginosas depois de extraído o óleo - OK) ou "derti" (trigo moido grosseiramente para animais - OK), e no lugar do pão davam pequenos bolinhos de soja. No outono as pessoas ainda se aguentavam enquanto havia batatinha e beterrabas. Já no início da primavera todos inchavam, andavam pelo campo oscilando. Quem caía, frequentemente já não levantava. Os campos eram supervisionados pelo guarda. A ele as crianças imploravam algumas espigas de trigo, e quando ele não dava, alguns homens o afastavam, e os outros pegavam as espigas.

As aldeias que não conseguiram entregar todos os produtos requisitados constavam das "listas negras" e contra seus habitantes aplicavam-se medidas excepcionais. Maria Shvets foi levada aos escritórios centrais e perante todos obrigada a dizer: "Eu sou inimiga da nação, deixei apodrecer o pão, mas não entreguei ao estado". Mas ela disse: "Eu não sou inimiga da nação, eu não deixei apodrecer o pão, se eu o tivesse, eu o entregaria ao Estado". Por isso ela apanhou e foi jogada para fora.

Afanasii Herasymenko e sua esposa trabalhavam na terra, como todos os lavradores. Eles tinham 6 filhos. Levaram tudo e ainda exigiram mais produtos. Como não havia, eles foram tachados "Korkuli" (ricos) que frustram a execução do plano estatal. E enviaram uma brigada de 8 pessoas que queimou a casa e toda a família ficou sob o céu. Todos morreram de fome.

Quem ajudava os funcionários do governo na retirada dos bens dos aldeões? Geralmente eram os preguiçosos que não queriam trabalhar, andavam maltrapilhos e famintoss, viviam numas casas cinzas que pareciam estrebarias. Quando os funcionários retiravam os bens das pessoas (rozkyrkuliúvale) os "auxiliares" arrancavam sua roupas e botas e vestiam as roupas melhores dos aldeões.

E os exemplos de desespero não acabam.
... Natália Melnyk não consegue comer linguiça desde 1933. Porque neste ano conseguiu um pedacinho e nele encontrou dedinhos de criança.
... o aldeão Maksym mata e come a mãe e a filha e depois uma meninha de três anos.
... outra mãe matou seu filhinho e obrigava a filha Mariika, de catorze anos, comer o coração. Posteriormente também quis matar Mariika. A vizinha acudiu. Mariika falava sobre isso a seus professores Kostiantyn Bask e Viktoria Sidletskyi. Contava e chorava.

Algumas pessoas foram presas, outras fuziladas, e as demais caminhavam para a construção do propagado, pelo Estado Soviético, socialismo. Quantas delas, devido ao estado da permanente fome, ainda possuíam o domínio pleno da própria consciência?

Continua...

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

HOLODOMOR - Parte II

"NÃO DEIXAREMOS APAGAR A VELA DA MEMÓRIA"
Notícias da Ucrânia
 
 
 
Holodomor dos anos 1932-1933 na Ukraina
Uma das mais trágicas páginas na história do nosso país. Quando os pesquisadores falam sobre Holodomor dos anos 1932-1933, então eles têm em mente desde abril de 1932 até novembro de 1933. Durante esses dezoito meses morreram milhões de pessoas. O pico da tragédia foi a primavera de 1933. Nestes dias morriam de fome, na Ukraina, a cada minuto 17 pessoas, 1000 por hora e quase 25.000 a cada dia. Nos últimos tempos muito se fez para honrar a memória sobre aquele tempo terrível. Em maio de 2003 o Parlamento ukrainiano, em apelo oficial à Nação reconheceu Holodomor como genocídio. Semelhantes ações aprovaram os países da Comunidade de Estados Independentes. Com o decreto do Presidente da Ukraina Viktor Yushchenko foi estabelecido o Dia da Memória das vítimas do Holodomor em 26 de novembro. Durante dezenas de anos sobre Holodomor não se podia, não é que escrever, mas nem falar abertamente. No período da independência esta mancha branca no ensino começou a ser progressivamente preenchida (Infelizmente, a partir do governo de 2010, pelo presidente pró-russo Viktor Yanukovych, Holodomor já não está sendo visto como genocídio da nação ukrainiana, apesar de que, cada vez mais historiadores europeus e americanos o reconhecem como tal - OK).

Dmytro Badera descreve brevemente o que vivenciou naqueles anos terríveis, em sua aldeia Yasenov-2, distrito Lobashivskyi, província de Odessa, sua vovozinha Maria Lazarenko. Eis o que ela contava:

"Em 1932 a colheita foi fraca. As pessoas ainda conseguiam se manter. Mas o governo de então recolheu as provisões dos aldeões até o último grãozinho. Em 1932 o Partido Comunista aprovou uma resolução extraordinária sobre reforço no recolhimento do pão (produtos alimentícios em geral). As aldeias ukrainianas estavam condenadas para fome e canibalismo. A recusa em entregar o pão era considerada como sabotagem. Aplicaram-se repressões aos aldeões individualmente. Entregavam-se até sementes e fundos de reserva de comestíveis. Molotov e Kahanovych vieram especialmente a Ukraina para controlar a colheita e a exportação de grãos. Nas aldeias organizavam-se brigadas especiais de pessoas jovens, as quais com ajuda de ferros com ponteiras procuravam grãos escondidos nas casas, ate revolviam a terra se suspeitavam que algo podia ser ali escondido. Ukraina foi transformada em cemitério.

 

Então eu estava com oito anos. Eu via tudo o que acontecia com meus próprioos olhos e o pavor se apoderava de mim. Frequentava o segundo ano. Na escola havia duas turmas de segundo ano, A e B. Cada classe tinha, aproximadamente, dez alunos. Lembro, no almoço um prato de sopa ou nhoque. Um dia nos deram um prato de nhoques. Do meu lado esquerdo sentava-se um menino chamado Pedro. Eu prestei atenção porque ele apenas ingeria a água e os nhoquezinhos colocava na caixinha de fósforos. Os noquezinhos eram pequenos, como as sementes da cereja. Ele conseguiu apenas a metade da caixinha. Eu perguntei: "Pedro por que você não come os nhoques, mas coloca-os na caixinha?" "Isto eu levarei para mamãe", - respondeu o menino. Mas os seus cuidados foram em vão. Morreu Pedro, morreu sua mãe.

Em nossa adega ainda tínhamos um barril com maças azedas. Certa vez eu peguei maçãs azedas e levei-as para escola. Entrei na sala do jovem professor Ivan Lysak. Ele pegou-as rapidamente e começou a comer com avidez.
No outono de 1933, quando eu fui para terceira série, de duas classes fizeram uma. Sobraram 12 alunos, os outros morreram de fome.

Na aldeia vivia um homem chamado Yuda Koval. Eu lembro a casa onde ele morava. Certo dia ele pegou um saco e foi no cemitério, aonde levavam os mortos. Yuda, entre os mortos escolheu uma criança, colocou-a no saco e levou para casa. As pessoas viram. Em casa ele cortou a carne e cozeu. A cabeça, os ossos e os pés deixou na dispensa. Os vizinhos chamaram a milícia e levaram Koval. Ninguém mais o viu na aldeia.

As pessoas andavam com as pernas inchadas, como cepos, devido a fome. Ao pisar ficava a marca molhada no chão. Quando começou a primavera, as pessoas "foram pastar". Comiam espinafre, urtiga, tília, tudo o que podiam comer. Sekleta, da nossa aldeia, disse que os ratos são azedos e os sapos doces. Ela também comeu gatos e cães. E graças a isso sobreviveu. Mas sua mãe, Malanka, morreu. Ao semen Lysak, que recolhia os mortos e levava ao cemitério, disseram que Malanka havia morrido. Então ele veio para levá-la, mas ela ainda estava viva e lhe disse: "Semen desatrele os cavalos para que pastem um pouco de grama, e você descanse. Eu morro logo. Por que você deverá vir outra vez?" Ele assim fez. Esperou até ela morrer, depois levou-a ao cemitérioo.

Minha tia Likeria tinha sete crianças. Eles viviam a 18km de distância e passavam uma fome atroz. Ela veio até nós no início da primavera e disse" : Irmãzinha, ajude, estamos morrendo!" Mamãe deu-lhe sementes, batatinha e beterrabas. Mas ela disse: "Eu ajudarei você revolver a terra no quintal." Enquanto revolvia a terra, tia juntou um balde de batata congelada e apodrecida. Resolveu levá-la para casa, mas mamãe pegou aquela batata e jogou-a num monte de esterco. Então titia ficou muito ofendida, chorando disse: "Você é assim, irmã? Meus filhos estão morrendo de fome, e você ficou com pena de nos dar batata podre!" Mas mamãe ofereceu-lhe outro balde de batata e titia parou de chorar. Tia Likeriai perdeu, devido a fome, o marido, cinco filhos e velho sogro. Sobraram vivos dois filhos maiores: Petró e Vasyl. Petró morreu no front. Vasyl, devido a uma lasca de projétil perdeu o maxilar inferior. Assim ele viveu.

As pessoas comiam cavalos mortos. Eu vi quando a vizinha carregava nas costas um pedaçoo de cavalo. Ela sobreviveu. Do outro lado da rua vivia Nastia com filha Catarina. Morreram ambas.

Em 1932 morreu nosso avôzinho Demyd, de fome. Ele vivia na aldeia Iasenovy-1. O avô Demyd nasceu ainda no tempo da escravidão, teve cinco filhos. Viveu 85 anos de muito trabalho e privações.

No inverno de 1932 os ladrões roubaram nossa vaca. Ela foi encontrada esfaqueada em outra aldeia e o bezerro foi entregue na escola para "quentes desjejuns".

Em nossa aldeia havia uma clínica. Apenas lá poucos ficavam vivos - não havia nada para alimentar os famintos.

Os mortos da aldeia eram trazidos ao cemitério. Cavavam grandes buracos e nestas sepulturas irmãs, enterravam 20-30 pessoas por dia. Com o mau tempo juntavam-se muitos cadáveres. Na aldeia Hvozdavka-2 vivia um rapaz de 17 anos, que pastava os bezerros do Kholkhoz (fazenda coletiva). Enfraquecido e morituro, mas ainda vivo, foi colocado na carroça e levado ao cemitério. Foi baixado ainda vivo na sepultura. Ele pedia aos que o enterravam: "Irmão, dê-me uma tragada". Mas cigarro não lhe deram. Enterraram-no vivo. Havia aldeias onde não havia ninguém para fazer os enterros. As pessoas iam ao campo, às pilhas de feno, faziam ali buracos, deitavam-se neles e morriam.

Na minhah aldeia Iasenove-2, em 1932 havia 945 casas. Meu pai Ivan Onufriyevich conhecia bem a aldeia e contou, que devido a fome aí morreram aproximadamente 100 pessoas.

Continua...

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

terça-feira, 20 de novembro de 2012

HOLODOMOR - Parte I

"NÃO DEIXAREMOS APAGAR A VELA DA MEMÓRIA"
 
Notícias da Ucrânia
 
Destino: "Não haverá futuro para nós..."
 
 
Holodomor dos anos 1932-1933 na Ukraina
Excertos do resultado de pesquisa da memória e documentos, realizados pelo trabalho estatal, constante do arquivo da Província de Odessa, Ukraina, e dedicados às vítimas da morte pela fome nos anos 1932-1933, em comemoração aos 75 anos da tragédia, no ano de 2007.

 
Nação de agricultores crucificados pela fome.
Holodomor dos anos 1932-1933 ocupa, na história de nossa nação um lugar de destaque. Sobre isso testemunha a quantidade de vítimas e o fato de que este acontecimento não podia ser lembrado, nem sequer mencionado durante os anos da União Soviética.
O triste aniversário desta tragédia da nação ukrainiana, ainda hoje provoca dor nos corações e mentes das pessoas que conseguiram sobreviver àqueles tempos terríveis. Milhões de aldeões, adultos e crianças, cidadãos da Ukraina, morreram naqueles anos de terror daquela criação artificial de fome.

A história mundial conheceu muitos crimes horrendos mas, nem todos, podem ser comparados com o que aconteceu nas aldeias ukrainianas no início dos anos trinta.

De acordo com diversas pesquisas científicas, as perdas da população da Ukraina constituem de 3 a 10 milhões de pessoas, e acima de um terço, crianças, o futuro da nação. Simultaneamente foi estabelecido que o motivo da grande desgraça não ocorreu por uma catástrofe natural, mas ocorreu um fato planejado de destruição física dos aldeões ukrainianos através de uma fome articifial.

Stalin retirou dos aldeões suas terras e seus bens, ("rozkurkuliuvav") e obrigava-os a trabalhar para o Estado nas fazendas coletivas ("kolkhozes"), aplicando o terror.

No início, a organização dos aldeões-proprietários foi pensada como comunas. No início de 1930, os membros das comunas conseguiram uma pequena área junto a casa, e uma vaca. Depois o "kolkhoz" passou a funcionar como uma associação. Mas, para compensar essa concessão, Stalin expropriou essas associações dos cidadãos em 1930-1932 e toda a produção dos "kolkhozes" simplesmente foi, diretamente dos campos para os silos, dotados de aparelhamento para carga, sem nenhuma compensação ao trabalho dos aldeões. Então, espontaneamente, os trabalhadores dos "kholkozes concentraram-se no trabalho nos seus quintais. A parte da Ukraina na participação geral dos recursos da União caiu significativamente.
Todo programa da forçada industrialização balançou. Para vencer a sabotagem Stalin aplicou contra os trabalhadores de "kholkhozes ukrainianos e de Kuban (parte norte do Cáucaso, ao lado do rio Kuban. Atualmente compreende Krasnodar, República Adygea, República de Karachay - Cherkessia e a parte sul de Rostov - OK) o terror da fome, devido a qual morriam milhares de pessoas. Os aldeões tentavam entrar nas cidades mas, os que conseguiam, sem emprego e sem dinheiro morriam também.
Nas cidades como Kyiv, Kharkiv, Dnipropetrovsk, Odessa e outras, a principal atividade diária dos órgãos municipais era recolher cadáveres nas ruas. O principal índice de mortes ocorreu nas províncias que se especializaram no cultivo dos componentes do pão: Poltava, Dnipropetrovsk, Kirovohrad e Odessa. Os mortos constituiram de 1/5 a 1/7 do total da população.
A fome propiciou nefastos sintomas psíquicos que alguns são conseguiam vencer. As pessoas escreviam cartas anônimas sobre seus vizinhos dizendo que estes escondiam os grãos (às vezes não sem razão). Existem numerosos avisos sobre suicídios, quase sempre pelo enforcamento. Mas o fato mais monstruoso foi o canibalismo. Lei contra o canibalismo de fato não havia. Mas existem dados que no final dos anos 30 houve 325 pessoas que ainda cumpriam pena vitalícia nos campos de concentração. São conhecidas diversas histórias relacionadas com canibalismo. Alguns comiam os próprios membros de sua família, outros pegavam os filhos de outras pessoas, e alguns criavam emboscadas para os caminhantes.
Esse assombroso aspecto da psicopatia do stalinismo pode-se ver no fato de que nenhuma palavra sobre a fome era permitido nos jornais, ou outros locais. Aqueles que transgrediam esta lei não aprovada eram aprisionados pela "propaganda antissoviética" recebendo cinco ou mais anos nos campos.
O tribunal internacional "A fome de 1933 na Ukraina" foi realizado nos anos 60, de iniciativa do Tribunal Internacional em Haia. Bem entendido, sem a participação da USSR. De acordo, com o veredicto (de 200 pag.), o culpado pelo Holodomor - sistema comunista. É esse sistema que trouxe para a generosa colheita na Ukraina as inchadas barriguinhas das crianças, aldeias despovoadas, selvagens noites de mães-canibais. É o sistema que crucificou pela fome a nação de lavradores...
"A lágrima é amarga como flores de absinto, e liberdade nossa - um pouco além da soleira... Será que algum dia recuperaremos a visão, compreenderemos a terrível lição de nossa época? - perguntou nossa contemporânea e poetisa Natalia Poklad. Perguntou a si mesma, a todos nós. Nós finalmente assimilaremos a essência amarga do veredicto profissional do tribunal? Devido à lembrança do passado? Devido à fé em nosso futuro?
Lembremos as vítimas conhecidas e sem nome do Holodomor. Lembremos - foi aqui, na nossa terra, "a morte andava silenciosa - não ressoavam as ferraduras.

Continua.

 

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SEMANA EM MEMÓRIA ÀS VÍTIMAS DO HOLODOMOR

De 19 a 24/11/2012 - Semana da Memória pelas vítimas do Holodomor.
O povo ucraniano, em todo o mundo, estará pranteando seus conterrâneos, vítimas da insanidade de um psicopata: STÁLIN.
Este blog se une aos conterrâneos para, também, prestar a sua homenagem com publicações históricas daquele nefasto acontecimento sob o lema

"NÃO DEIXAREMOS APAGAR A VELA DA MEMÓRIA"
 
1932-1933
 

Memorial do Holodomor em Kiev - Ucrânia
 
 
Holodomor como genocídio
Tyzhden (Semana)
Myroslava Antonovych
 
Olhares mortificados que interrogam: "O que fizemos nós? O que está acontecendo?
Perguntamos nós: Onde estava o resto do mundo enquanto isso acontecia?
 

Enquanto no Olimpo dos políticos pátrios propõem alterações à Lei "Sobre Holodomor de 1932 - 1933 na Ukraina" e apagá-lo da memória da nação, cancelando do programa escolar as lembranças desta tragédia, cada vez mais cientistas ocidentais aderem à idéia, de que isso foi genocídio.

 
Armênios, judeus, ukrainianos... Na recém publicada "Crestomatia investigativa do genocídio" o jurista americano Samuel Totten e o historiador australiano Paul Bartrop observaram que na Ukraina no transcorrer dos anos 1932 - 1933 morreram de fome de 5 a 7 milhões de agricultores, maioria dos quais eram etnicamentee ukrainianos. A fome artificaial soviética ocorreu porque o governo de Stalin retirou toda a safra e até os meios de produção de alimentos. Neste caso, o grande número de mortes foi resultado do extermínio social, ideologicamente planejado. O objetivo era destruir os "kulaks" (assim chamados os camponeses mais prósperos que relutavam em aderir à coletivização) mas, na verdade, tornaram-se alvo todos que apoiavam a ukrainização (nacionalismo ukrainiano, a liberdade de expressar sua cultura), incluindo os mais pobres. Acompanhava este comportamento a integração violenta de vários grupos religiosos e étnicos da presente estrutura soviética na condição da russificação forçada. Genocídio, produto da manifestação extrema de tecnologia social, transformava as formas tradicionais de posse e uso da terra e, literalmente, varreu das aldeias até a última migalha de tudo o que podiam consumir os moradores.

Os professores Totten e Bartrop chegaram à conclusão que o assassinato em massa de pessoas se encaixa até com a mais severa definição de genocídio, e incluem o Holodomor dos anos 1932 - 1933 na Ukraina a três atos fundamentais de tais ações contra a humanidade na primeira metade do século XX (junto com o genocídio armênio e Holocausto).

Entre os ítens listados na Convenção das Nações Unidas sobre a prevenção do crime de genocídio e castigo por ele (1948) e do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional pelos atos de genocídio (1998), quanto ao Holodomor, mais comumente utilizam o terceiro - "criação intencional a um grupo qualquer, de tais condições de vida, que são projetadas para sua completa ou parcial destruição física."

No texto "Elementos de crimes", que também é usado pelo Tribunal Penal Internacional como uma fonte de direito, nesta ação são destacados tais componentes:


1: O criminoso criou (causou, impôs) para uma ou mais pessoas determinadas condições de vida.


2: Essa pessoa ou pessoas pertencem a um determinado grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

3: O criminoso tinha a intenção de destruir, no todo ou em parte, o grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal.

4: As condições de vida estavam calculadas para destruição física deste grupo, no todo ou em parte.

5: Esta ação acontecia no contexto de uma série de ações analógicas, direcionadas contra esse grupo ou era uma ação que sozinha poderia causar tal destruição.

Com a intenção de matar Cada um destes elementos de genocídio pode ser encontrado no Holodomor dos anos 1932 - 1933 na Ukraina. Criação para pessoas de certas condições de vida: a situação ocorreu artificialmente através da fixação de quotas de grãos e exclusão primeiramente de todos os grãos, e depois o restante dos alimentos.
Isto foi dirigido contra os camponeses, massa fundamental dos quais - ukrainianos, que é indício do segundo elemento do crime de genocídio: pessoa ou pessoas pertencem a um determinado grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Tratava-se de uma parte específica da nação, porquanto a ukrainização no começo dos anos trinta chegou a tal nível, o qual os líderes bolcheviques consideraram perigoso, e eles decidiram destruir ou comprometer o espírito deste componente da nação. Como indicou o Tribunal Penal Internacional em relação a ex-Iugoslávia, "se uma parte específica do grupo é simbólica para esse grupo, ou a mais importantee para sua sobrevivência, isto pode significar que esta parte pode ser determinada como essencial.

A resolução do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (bolchevique) e do Conselho dos Comissários do Povo da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) "Sobre armazenamento de grãos na Ukraina, Cáucaso do Norte e da Região Oeste", de 14.12.1932 claramente investigava-se o medo do governo diante do resultado da ukrainização, que alcançou além do "permitido" pela lei, e comunicação direta de seus resultados com a política de retirada de grãos. E tinha como método a repressão a resistência social e nacional.

O terceiro elemento do genocídio - é uma intenção criminosa de destruição, no todo ou em parte, do grupo nacional, étnico, racial ou étnico como tal - também é visto claramente na fome dos anos 1932 - 1933. Obviamente, que tal poder anti-humano como o soviético, em nenhum documento não anunciava os planos de matar pela fome milhões de camponeses ukrainianos. No entanto, como observa o Tribunal Penal Internacional, a conclusão sobre a existência da intenção e consciência pode-se fazer dos fatos e circunstâncias. Isto quer dizer que o mal-intencionado não necessariamente deve ser fixado claramente nos documentos ou manifestado em discursos públicos.

Exatamente os fatos e as circunstâncias indicam a existência de tais elementos de crime de Holodomor, como intenção e consciência. Há uma grande quantidade de documentos, os quais confirmam, que o governo sabia sobre a terrível situação dos camponeses ukrainianos. Foram publicadas cartas não só de cônsules estrangeiros, mas também os relatórios secretos dos funcionários do GPU USSR (Administração Política do Estado - República Socialista Soviética Ukrainiana) sobre a fome em diversas regiões da Ukraina. Por exemplo, em um relatório informativo da Divisão da Província de Odessa, de 9 de junho de 1932 falava-se sobre a fome entre os agricultores, os quais já não tinham víveres. Testemunho de conhecimento do governo da morte pela fome mais que suficiente.

Na "lista negra" O quarto elemento do crime de genocídio: as condições de vida foram calculadas na destruição do grupo, total ou parcial. Particularmente, Stanislau Kosior e Vlas Chubar receberam o direito de suspender a entrega de mercadorias para as aldeias ukrainianas até o final do plano de armazenamento de grãos. E que ele foi absolutamente exagerado, a interrupção na entrega de mercadorias significava fome. Esta resolução referia-se apenas para aldeias ukrainianas. Entre as medidas que visavam a destruição física de seus habitantes pode-se, particularmente, distinguir o regime de "listas negras", introduzido também, exatamente, nas regiões habitadas por ukrainianos. Em geral para estas "listas" foram inscritas as fazendas coletivas de 82 distritos da Ukraina, isto é, quase a quarta parte de seu território, com 5 milhões de habitantes. Estas aldeias os bolcheviques cercavam por tropas armadas, todos os estoques de alimentos e sementes dali foram retirados, proibiam qualquer tipo de comércio e importação de quaisquer mercadorias. Isto é, a entrada na "lista negra" automaticamente significava a morte.

Quinto elemento: os fatos ocorriam no contexto de uma série de ações analógicas direcionadas contra determinado grupo. Holodomor foi organizado como um crime, entre um rosário de outros, direcionados à morte total ou parcial, da nação ukrainiana. Em seu artigo "O genocídio soviético na Ukraina" o autor do termo "gernocídio" Rafael Lemkin apresenta as ações dos bolcheviques na URSS como a destruição da nação ukrainiana em quatro etapas: 1) primeiramente a elite nacional; 2) igrejas nacionais; 3) uma parte significativa dos camponeses ukrainianos; 4) mistura de ukrainianos com outras nacionalidades, na forma de deslocamento (famílias ukrainianas eram deportadas para Sibéria, Primorskyi Krai e ao Extremo Oriente russo e no seu lugar traziam famílias russas).

Em todas as quatro fases a destruição do caráter nacional dessa operação, como escreveu Lemkin, era determinativo, porque mesmo até as principais vítimas do genocídio - esfomeados camponeses ukrainianos - são representados como portadores do espírito nacional e aqueles traços que os tornam "cultura e nação".

Portanto, em Holodomor dos anos 1932 - 1933 na Ukraina estão presentes todos os cinco elementos do crime de genocídio.

Enfim, os fatos de objeção ao genocídio do Holodomor, como genocídio, podem desempenhar um papel positivo, porque favorecem a construção de argumentos em proveito de sua qualificação como genocídio. E isto, por sua vez, ajudará o reconhecimento internacional como genocídio. Como escreveu James Earnest Mace, uma das organizações que apoiava a criação da Comissão Americana em relação ao Holodomor ukrainiano foi o Comitê Judaico da América. "Uma das maiores contribuições, que este Comitê fez para proteção dos judeus e os povos do mundo todo, foi patrocinar a literatura sobre negação do Holocausto - escreveu Mace, - os ukrainianos devem aprender esta lição.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik


sábado, 17 de novembro de 2012

O QUE HAVERÁ APÓS AS ELEIÇÕES

Maioria ukrainiana contra governo de ocupação.
O que haverá após as eleições
Estereótipos que manipulam a maioria dos ukrainianos e os conduzem ao espaço Eurasiano
 
foto 1: Vote pelo idioma russo como estatal. Vote pelo futuro.
 
foto 2: da esq. p/direita: Firtash, Akhmetov, Hubskyi e outros - são empresários ukrainianos.
 
foto3: A oligarquia pátria protege contra negócios russos.
 
foto 4: Comemorações de 1991 - Ukraina desliga-se da URSS.
 
foto 5: A maioria dos ukrainianos não tem sentimentos nacionalistas.
 
 

Tyzhden (Semana), 05.11.2012
Oles Oleksienko

No término da contagem de votos das eleições parlamentares ordinárias Mykola Azarov (primeiro-ministro), declarou que a iminência da crise está se aproximando (o que o governo negava até o último momento), e por isso o governo (que foi derrotado na eleição) está pronto para estender a mão à oposição, mas preveniu, para o caso de, em resposta encontrar populismo destrutivo e demagogia "estaremos prontos para, de forma independente, resolver os problemas de nosso país". Esta declaração foi a ilustração da vez sobre as relações entre o atual regime e a sociedade.

Há um governo que nunca vencencia as eleições e não recebia plenos poderes dos cidadãos para formar o governo e a maioria parlamentar, portanto usurpou este direito. E há a maioria da sociedade ukrainiana, que durante a Revolução Laranja e das últimas três eleições parlamentares (2006, 2007, 2012) expressa desconfiança ao Partido das Regiões, posicionando-se deste modo contra a rasteira usurpação do poder e política antiukrainiana, que então teve lugar em 2006 e 2007, e também agora.
Então, na essência, estamos lidando com um governo estranho, imposto, que de acordo com estes critérios é semelhante à ocupação e que não pretende coordenar suas ações com a vontade da maioria dos cidadãos, mas impõe a sua.

Tornar o país perigoso
O objetivo de Yanukovych e Kº praticamente já não escondem: a autocracia com censuras públicas ao Ocidente, para que ele não indique, "como viver em casa própria". Exatamente esta retórica começou a soar do governo na véspera das eleições, e a derrota real é improvável que mude esta abordagem.
Dado o comportamento, Yanukovych e Kº consideram Ukraina como sua possessão e esperam permanecer aqui por muito tempo. A queda de apoio na sociedade somente forçará o presidente e seu meio recorrer à procura de métodos mais exóticos para manter o poder.

Se isto é assim, logo podemos esperar ofensivas contra as não controladas organizações cidadãs e Mídia. Para isso, provavelmente, podemos esperar leis escandalosas (como a lei da injúria, como restrição ou proibição de financiá-las pelos não residentes). Intensificar-se-á a pressão sobre a oplosição, primeiramentee com o objetivo de privá-la de ativos da mídia, de grandes e médios patrocinadores. Será de grande risco a extensão da reforma constitucional (em particular, a transição para a forma de governo parlamentar ou a eleição do presidente pelo parlamento). Existe a possibilidade de que as decisões importantes para o governo serão tomadas com a ajuda de "corretos" referendos.

No campo econômico, obviamente, intensificar-se- á o ataque aos negócios independentes do governo, pequenas e médias empresas - nas condições da crise econômica iminente, o governo será forçado procurar compensações para as perdas do orçamento. Os problemas para as finanças estatais já estão definidas: a produçãoo industrial já em queda por vários meses seguidos, o PIB diminuiu nos últimos três meses em 1,3%, a dívida do governo da Ukraina chegou a 49,345 bilhões de USD, o salário real dos ukrainianos, em setembro, registrou uma queda de 0,4% em comparação com agosto.

Mas, dificilmente perderão algo os oligarcas próximos da "família", que continuarão realizar a estratégia definida em 2012, ou seja, minar os representantes mais fracos de seu campo de atividade, apoderar-se-ão de ainda não distribuídos recursos: terras, monopólios naturais, grandes objetos estatais (grande empresa "Turboatom" de Odessa, Naftogaz, etc). A correspondente base jurídica foi preparada para isso antes das eleições.

Nesta situação, inveitavelmente, diminuirá a proporção da classe média, a qual sob condições próximas da fome não terá recursos para desenvolvimento, e em consequência degenerar-se-á cada vez maior parte de cidadãos. Enfim, acontecerá o que já iniciou em 2010. Em seguida, haverá estreitamento do mercado interno (o qual vai aprofundar-se com a necessidade da economia orçamentária após nenhum reforço da melhoria pré-eleitoreira), e, portanto, o potencial para o desenvolvimento de ramos econômicos orientados internamente. Os investidores estrangeiros continuarão a ser incentivados com alta taxa de retorno (a qual é realmente disponível apenas para os negócios próximos ao governo), mas não com condições confortáveis para atividades empresariais. O conforto será proposto como serviço adicional pago às pessoas próximas do poder.

O regime de Yanukovych novamente recomeçou o jogo de "bom e mau" policial e tenta novamente "costurar" os representantes políticos europeus de acordo com o velho cenário, mudando a decoração - composição do governo. No caso do Ocidentee não "comprar" a proposição do nosso presidente e não aceitar a sua redecoração cosmética, pode-se esperar aprofundamento de confrontações. Se o Ocidente apenas abanar com a mão, continuará a política de dupla moral: demonstrações externas com sinais de democracia e liberdades, e crescimento de autoritarismo no interior do país.

Em troca, Rússia não esconde inquietude com os resultados das eleições parlamentares em nosso país, que testemunharam a vitória da maioria ukrainiana. Portanto, ela tem razões para se apressar, o que pode significar aumento da pressão sobre Yanukovych e, ao mesmo tempo, oferecer esquemas lucrativos para "família" e próximas ao governo oligarcas. O governo conseguiu mobilizar seu eleitorado com slogans antirrevolução "Laranja", mas a desilusão não desapareceu depois das eleições. Portanto, nas condições de ausência de alternativa na Ukraina ao desiludido eleitorado do Partido das Regiões, poderá ser a Rússia. Já agora, aos nossos conterrâneos se impõe a idéia que todos os males ukrainianos vem dos altos preços do gás e dificuldades de acesso ao mercado da União Aduaneira. E não de causas reais como a corrupção, a ausência de ambiente normal de negócios, estado de direito, bem como reformas na esfera social, distorções estruturais na economia.

Maçã da macieira
No momento, a luta de grupo de influência no conglomerado governamental carcomer-se-á pelo aumento de seu prestígio e possibilidades de acesso de recursos por conta da influência sobre Yanukovych. Como ativo utilizar-se-ão os deputados levados ao parlamento sob diferentes bandeiras.
A provável mudança de governo - velhos (Azarov e Kº) para jovens (Arbuzou e Kº) não se altera significativamente, será apenas uma forma de aliviar o stress e pleitear ao Ocidente novo crédito de confiança e dinheiro suficiente para manter a estabilidade pelo menos até 2015. Qualitativamente, a nova política não pode amadurecer no meio de velhos. Crescendo no mesmo ambiente, pelos mesmos padrões e algoritmos, irão reproduzir o estilo de gestão da velha "elite".


Superar a matriz
Por quê a maioria ukrainiana sempre vota contra o Partido das Regiões, mas ele sempre encontra uma possibilidade de voltar ou manter o poder?
Os métodos puramente tecnológicos de deturpação da vontade dos cidadãos ukrainianos, que ocorriam em maior ou menor proporção, em maior ou menor número de regiões, é evidente. E, mesmo na presente eleição, votando pela aprovação da nova lei, a oposição concordou com este processo. A campanha eleitoral foi acompanhada por maciço suborno nos circuitos majoritários, onde os representantes do govetrno compravam a consciência das pessoas, de fato, pelo dinheiro deles mesmos. Parte dos recursos foi gasto para obtenção de uma maioria absoluta nas comissões eleitorais, onde frequentemente decidiam-se os questionamentos. Esta lista pode-se continuar.
No entanto, há razões fundamentais, que durante todos esses anos criavam uma tal situação, quando o país era governado pelo Partido das Regiões, o qual conduz luta com a maioria ukrainiana.

Fragmentos do "Mundo russo"
A isso contribui a herança ukrainiana, problema do período soviético, de uma parte dos cidadãos, descendentes de reassentadas aqui pessoas de outras regiões de URSS, que não aceitaram o direito titular étnico do próprio Estado e continuam orientar-se por Moscou. Para eles, qualquer força política ukrainiana é hóstil, e, portanto, eles constituem base social para o Partido das Regiões como partido não ukrainiano clássico. Um exemplo claro é Criméia e Sebastopol, porque é ali a maior porção de cidadãos que não percebem o nosso estado, mas em 1991 receberam a cidadania ukrainiana.

No entanto, em outras regiões da Ukraina, leste e sudeste, que são mais russificadas e empobrecidas, pseudocoletivo russo-soviético (na verdade gregário) visão de mundo imposta à maioria absoluta de moradores. A genética social que realizava-se na totalitária URSS, multiplicada pela lealdade tradicional ao despotismo do czar e fidalgo, na mentalidade russa impediu e impede a iniciativa e a individualidade. Ela fazia da população local uma massa amorfa no plano social e político, curvar-se sem pensar diante do mais forte, especialmente do proprietário ou gerente de empresa, ou dirigente da administração pública de qualquer nível.
 
Negócio estrangeiro
Outro problema consiste no grande negócio, que não é ukrainiano (aqui não se trata de pertinência étnica, mas da concepção do mundo) e sobre a atitude ao país e seus cidadãos de fato, em nada difere dos grandes oligarcas. A absoluta maioria de seus representantes (exceções individuaais apenas confirmam a regra) já há muito tempo têm vários passaportes estrangeiros, conduzem negócios através de empresas offshore, possuem propriedades no ezxterior, onde costumeiramente estudam seus filhos (e muitas vezes não é só no Ocidente, mas também na Rússia) e consideram a Ukraina e ukrainianos apenas como um território e a população como fonte produtora para recebimento da margem de lucro mais elevado (deles, dos oligarcas), comparando com países desenvolvidos economicamente.
 
No entanto, este negócio não está pronto para participar de transformações na Ukraina para modificar a situação segundo o exemplo de países avançados. Este é um exemplo típico da russo-soviética fidalguia, que foi herdado na pós-colonial Ukraina. Da mesma forma a nobreza do século XIX ou a liderança soviética do século XX frequentemente tentavam imitar estas ou aquelas influências ocidentais, mas nunca queriam mudar radicalmente a situação no interior do país, sentindo-se bastante confortáveis numa sociedadee estagnada e semi- feudal. No entanto, as empresas de grande porte eram uma parte significativa de diferentes comandos políticos da oposição ukrainiana.
 
Chegando ao Parlamento "sob disfarce", Feldman, Hubskyi, irmãos Buriaky, Zhvania e outros representantes das grandes empresas sempre passavam para o Partido das Regiões apoiando suas políticas com generosos tributos financeiros, em vez de promover a criação de forças políticas alternativas na Ukraina. Em troca eles recebiam o direito à participação na pilhagem do país ou pelo menos a garantia (nas situações domésticas é suficiente a convencional) de inviolabilidade de seus negócios. As eleições de 2012 deram a possibilidade aos negócios do capital chegar ao governo (para ficar) por conta da passagem ao Parlamento como candidato independente, e ele aproveitou-se através da compra de distritos. Mas, não se tornou independente do Partido das Regiões, pelo contrário, deixou-os vencer lá, onde sob a sua própria marca, nunca chegariam a ter sucesso.
 
Necessidade de alternativas
Não obstante, é problema também o fato de que os partidos alternativos ao Partido das Regiões não refletem os sentimentos da maioria ukrainiana. Isso é evidenciado pela mudança frequente das forças oposicionistas e seus líderes, e consideráveis reinvidicações dos ukrainianos por uma nova força política de qualidade que foi desejada nas eleições presidenciais de 2010 e deste ano. As pessoas têm de escolher entre o que está disponível. E o que lhes é oferecido vem das velhas elites e das mãos da oligarquia, cujos interesses não têm nada em comum com os interesses da maioria ukrainiana. Os atuais líderes da oposição são fracos, do que se aproveita o governo.
Portanto precisamos de organizações da maioria de ukrainianos do povo, financiada na base de contribuições dos próprios membros e doações das pequenas empresas. De acordo com os dados sociológicos do Fundo "Iniciativas Democráticas", publicado no início de outubro, 6% de cidadãos estão dispostos financiar o partido que defender os seus interesses.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik