segunda-feira, 12 de novembro de 2012

FRAUDES NAS ELEIÇÕES UCRANIANAS PREOCUPAM ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Leitores:
 
Ao que tudo indica, o mundo está se especializando em fraudes eleitorais. Como um governo que durante vários anos sofre as mais pesadas críticas, conduz ações anti-patrióticas, promove o assalto ao erário, forma quadrilhas, cria verdadeiras máfias, pode vencer as eleições?
Não estou falando somente da Ucrânia, mas da maioria dos países ao redor do mundo! Temos exemplos recentíssimos nas duas Américas!
 
O Cossaco.
 
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Mídia Internacional sobre Ukraina: regressão da democracia, radicalização do eleitorado e possíveis sanções.
Tyzhden (Semana), 09.11.2012
Maryna Mishchenko

Os meios de comunicação internacionais analisaram as eleições ukrainianas na Ukraina - falsificações em grande escala e suas consequências, mas também esforçaram-se para prever as próximas ações da UE em relação a Ukraina.

THE NEW EUROPE, Jean Claude Mignon - Presidente da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa: "Apoio totalmente a visão de observadores, eles constataram a democracia em declínio. Isso não é estagnação, é regressão", - disse ele.
"É claro que temos o poder para condenar os países que não respeitam as regras. Nós consideramos, que se eles voluntariamente aderiram ao Conselho da Europa, devem seguir os prncípios do Conselho da Europa", - enfatizou Mignon.

Este parecer também é da deputada alemã Erika Steinbach, do Partido Democrata Cristão: "Embora Yanukovych rejeita qualquer crítica, ele e seu governo são responsáveis pelas eleições, que foram uma farsa óbvia. Esta eleição é a continuação da série de fracassos no desenvolvimento da Ukraina. Desde o início do governo Yanukovych a independência do sistema judicial, que evoluía lentamente, começou voltar atrás".

Comentário do eurodeputado do Partido Verde Werner Schulz: "A escala de fraudes após as eleições superou todas as preocupações, idéias e imaginações. Até que ponto esta fraude será incorporada à vida, ainda precisa investigar. Muito mais difícil é calcular os danos destes abusos que o poder causa a seus eleitores. Essas falsificações aumentarão e, perigosamente aprofundarão o fosso entre o governo e a nação. Ainda antes das eleições a passividade e o desencanto das pessoas já eram visíveis. E, mesmo assim, muitos ukrainianos decidiram não dar seu voto ao governo no poder. Mas eles não foram considerados. Novamente. Qual é a conclusão? "Ukraina precisa de uma segunda revolução", - dizem alguns. Pode ser. Se depois dessas eleições Ukraina afastar-se ainda mais do Estado de direito e dos valores democráticos da Europa, temos de separar cuidadosamente, que isto vai na conta do governo, não da nação".

De acordo com o embaixador canadense para Ukraina Andrew Robinson, na publicação de OTTAWA CITIZEN: "No dia das eleições, 28 de outubro, os observadores relataram graves violações. Durante a contagem e recontagem dos votos também observaram-se violações flagrantes e atrasos suspeitos em vários circuitos, onde a oposição liderava.
Parece que Yanukovych pensou que ninguém perceberia, uma vez que ele se concentrou na falsificação anterior e posterior ao dia das eleições. Por sorte, os observadores internacionais vieram a Ukraina já no mês de julho. Eles descreveram em detalhes uma série de violações durante a campanha. O fato de que as forças da oposição obtiveram tão bons resultados na campanha eleitoral em que todos os fatores foram dirigidos contra eles, demonstra a eficaz ilegalidade das declarações de Yanukovych, que ganhou as eleições. E, num sentido mais amplo, a nova "maioria" do Parlamento também é ilegítima".

THE WASHINGTON POST: É triste ver que o sistema político da Ukraina retrocede. As eleições foram falsificadas em favor do presidente Yanukovych e seu partido. Não houve revolução, apenas um protesto pequeno porém decidido, ignorado pelo primeiro-ministro Mykola Azarov que disse: "Estas foram as eleições melhor organizadas na Ukraina em toda história de sua independência." Na verdade elas foram "melhor organizadas" em seu especial estilo pós-soviético. As características desse sistema são mais suaves que algumas batalhas pelo poder nos anos 1990, mas não menos projetadas para dar ao poder vantagem insuperável através de truques e subversão. Embora o dia da eleição foi, em grande parte, pacífico, houve denúncias de fraude no processo de votação e durante a contagem de votos.
Os EUA investiram pesadamente após o colapso da União Soviética para que Ukraina, com 45 milhões de população pudesse tornar-se um membro da OTAN e olhar para o Ocidente. Rússia também atrai e parece que Ukraina escorrega para o modelo russo de pseudo-democracia, onde aparentemente há eleições, partidos e candidatos, mas na verdade cada vez, menos e menos, concorrência real".

EUobserver. As fontes declaram que a assinatura sobre associação UE-Ukraina numa data tão próxima é pouco provável. O atraso da cimeira do próximo ano é devido ao agravamento do nome de Yanukovych. Ninguém quer apertar a mão do Yanukovych tão perto das eleições. Isto poderia parecer como aprovação da UE ao seu governo não se importando com tão má realização das eleições parlamentares.

FINANCIAL TIMES: "A idéia de que eleições limpas permitiriam a Bruxelas dar luz verde para acordo de associação com Kyiv, que está congelada desde dezembro de 2011, era pouco esperançosa e excessivamente otimista.
A UE deve definir claramente as condições para melhorar as relações com Ukraina. São três os critérios principais: eleições, ações de justiça seletiva e progresso na agenda de reformas para o acordo de associação. Sem empenho nessas áreas e sem indícios de compromisso em relação ao líder da oposição Yulia Tymoshenko, não parecia provável que o acordo poderia ser ratificado em países-chave da UE, que são céticos em relação a Ukraina.
Há outras maneiras para manter linha dura em relação à Ukraina, além de bloquear o acordo. Um rastreamento estreito do como a elite transfere seu dinheiro entre Áustria, Reino Unido e Chipre, seria um bom começo. Poderia favorecer as empresas de pequeno e médio porte e à sociedade civil, inclusive aumentar o número de vistos.
Ainda há a preocupação de que a fusão de três partidos principais pode ser dificultada com desconfiança de um para outro. (Pelo que li nos jornais, percebi esta preocupação apenas em relação ao partido UDAR, do pugilista Klychko. Sobre isto o próprio Klychko ja declarou no "Canal 1+1" que está pronto para trabalhar com "Pátria" e "Liberdade" no Parlamento, e que ele não vai trabalhar nem com o Partido das Regiões, nem com o Partido Comunista - OK).


WORLD AFFAIRS: Professor de Ciências Políticas da Universidade Rutgers Oleksandr Motyl, analisando as forças que entraram no Parlamento disse que Regionais, Comunistas e Svoboda (Liberdade) são partidos radicais, com diferentes inclinações. "Partido das Regiões - radicais nas ações, não nas palavras, mas em menos de dois anos desmantelaram a democracia, atacaram a identidade ukrainiana e tornaram as pessoas mais pobres. Comunistas - radicais no passado e com palavras atuais ajudaram construir o "Socialismo maduro". Agora os stalinistas grisalhos falam sobre a "ditadura do proletariado", mas preferem andar em limousines de luxo. Svoboda - radicais nas palavras. Dizem que querem colocar os ukrainianos étnicos no trono de um país multinacional, mas não são radicais nas ações. Em algumas regiões da Ukraina Ocidental onde trabalham nos Conselhos locais, provaram serem "falastrões" incompetentes com propensão para corrupção".
Considerando o número de votos dados a estes partidos, o eleitorado ukrainiano também radicalizou-se: 30% para regionais, 13% para comunistas e 10% para Liberdade. Os comunistas cresceram graças ao radicalismo dos regionalistas, e não foram para o "lixo da história" como parecia acontecer. Liberdade conseguiu atravessar o limiar de 5% e deixou de ser um partido puramente regional.
O radicalismo real ou imaginário não fará o Parlamento mais estável, comedido e razoável. Pelo contrário, devemos esperar um choque de retórica radical que e a instituição tornar-se menos funcional. Isso significa que o resultado da má gestão dos regimes cairá sobre os ombros do pobre Viktor Yanukovych.
A boa notícia é que 40% dos eleitores votaram a favor dos Partidos Democráticos (Pátria e UDAR). Isto é mais que qualquer um dos partidos radicais. Isto é importante porque pode dar a possibilidade dos democratas levar a melhor. Por exemplo, os regionais e comunistas poderão votar juntos a favor da discriminação do idioma ukrainiano, cultura, identidade, mas... lhes será difícil concordar sobre os programas sócio-econômicos. Se os democratas jogarem adequadamente (é muito grande este "se") eles poderão indispor os regionaiis contra os comunistas.


Tradução: Oksana Kowaltschuk

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