domingo, 27 de fevereiro de 2011

UM POUCO DE HISTÓRIA DA UCRÂNIA

Como a Ucrânia caiu nas garras de Moscou há 356 anos, e nunca mais conseguiu completa liberdade!

SOB A BANDEIRA DE BOHDAN KHMELNYTSKYI
Bohdan Khmelnytskyi (1595-1657)
Os cossacos, enrijecidos em muitas lutas, força militar muitas vezes solicitada pelo rei polonês, desejavam para si igualdade de direitos.
Porém, o rei polonês desejava diminuir seu número e designava o território que poderiam ocupar para sua sobrevivência. Diversas restrições na vida religiosa, processual, ensino e idioma ampliavam-se sobre toda a nação ucraniana. Igrejas ortodoxas transformavam-se em igrejas católicas; não aceitavam as queixas se os requerimentos endereçados à justiça estivessem em língua ucraniana. Surgiram revoltas, protestos. Nos anos 30 do séc. XVII pipocavam insurreições contra os poloneses que, apesar de sua amplitude e apoio popular, não alcançaram êxito. Os ucranianos continuavam escravizados na própria terra.
Em 1648 rebelaram-se os aldeões, a pobreza citadina, o clero, a classe abastada das cidades, a pequena nobreza. Essa rebelião transformou-se em guerra nacional, que durou 10 anos. Sua meta era libertar-se do domínio estrangeiro.
Encabeçou está guerra de libertação nacional Bohdan Khmelnytskyi. Ele nasceu em 1595, numa  família pequena burguesa. Teve boa educação: dominava o idioma ucraniano, polonês, latim, turco e tártaro. Em 1620 lutou contra os turcos. Desde meados dos anos 40 ativamente preparava a insurreição contra Polônia.
A primeira luta aconteceu em "Zhovti Vody" (Águas amarelas) e foi vitoriosa. Seguiram-se "Korsunska" e "Pylavetska", também vitoriosas. No início de novembro de 1648 quase todas as terras foram libertadas do jugo polonês. Afirmava-se o país ucraniano-cossaco. O governo pertencia ao "Hetman", Bohdan Khmelnytskyi, mas as decisões de maior importância surgiam do conselho cossaco. Nos assuntos referentes à governabilidade do país, o "hetman" era auxiliado pela "starshyna" geral (termo usado na Ucrânia , nos séc. 16-18 e designava os cossacos de maior destaque).
A capital do país cossaco era Chyhyryn (y = ê).
Política inteligente, talento militar e grande autoridade de Bohdan Khmelnytskyi favoreceu o reconhecimento do país ucraniano por vários países.
Em 1651, entre os dias 18 a 30 de junho, aconteceu a batalha de Berestetshko, uma das maiores batalhas da guerra da Libertação Nacional. Os tártaros lutavam ao lado dos cossacos, mas, como freqüentemente acontecia, debandaram em 20/06, passaram para o lado polaco. Bohdan Khmelnytskyi ao tentar alcançá-los foi aprisionado. Por 10 dias os cossacos resistiram mas o recuo tornou-se inevitável.
Extenuado pela longa guerra contra Polônia, Bohdan Khmelnytskyi viu-se obrigado a procurar novos aliados. Em tártaros não podia mais confiar porque, em várias batalhas, nos momentos próximos da decisão, eles traíam.
Então "hetman" procurou ajuda com o "czar" moscovita. O encontro com os enviados do "czar" aconteceu em "Pereiaslav", em janeiro de 1654 e depois em Moscou. Já em março, em Moscou, foi assinado o acordo ucraniano-moscovita. Este documento previa direitos iguais, bem como total independência ucraniana. No entanto o "czar" não pensava respeitar o acertado. E, em 1659, novo acordo foi estabelecido, no qual a independência da Ucrânia teve fim.
UCRÂNIA DOS 'HETMAN"
Com o acordo de Bohdan Khmelnytskyi os cossacos se fortaleceram - formando o Exército do Zaporizhzha (zh pronuncie j), o que começou a inquietar os vizinhos. Ofensivas contra a independência da Ucrânia aumentaram depois da morte de Bohdan Khmelnytskyi. Com subornos, revoltas e conspirações, os estrangeiros trouxeram desavenças entre os líderes cossacos e aguçaram a disputa pela "bulava", símbolo do "hetman".
Tais fatos criaram condições favoráveis para uma guerra fratricida cruel, a qual dividiu a Ucrânia cossaca em Ucrânia Livoberezhna (esquerda) e Pravoberezhna (direita), cada qual com seu "hetman" (É claro que a ambição pessoal também contribuiu).
Essa divisão foi confirmada em 1667 entre Polônia e Moscou. A da esquerda, com Kiev, pertenceria a Moscou; a da direita à Polônia. A terra cossaca, Zaporizhzha, aos dois países, mais tarde - só a Moscou.
Desde 1659 com cada "hetman" recém-eleito, o "czar" estabelecia acordos que, cada vez mais limitavam os direitos da Ucrânia: aumentava-se o percentual do exército russo nas terras cossacas e que devia ser mantido pelos ucranianos; os "hetmans" não podiam manter contato com outros países, e exigia-se que os cossacos participassem com os militares russos nas diversas guerras promovidas por Moscou, e também que executassem  serviços pesados nas construções.
Havia escravidão na Ucrânia, como na Rússia.
Assim a maior parte da Ucrânia ficou mais de trezentos anos sob o domínio russo, não só os setenta anos da União Soviética!
Oksana Kowaltschuk

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA COM O PATRIARCA FILARET DA UCRÂNIA

Patriarca Filaret de Kiyv (Ucrânia)


Tyzhden, 11.02.2011

Quando o mal se transforma em bem.

Patriarca de Kyiv e toda Rus-Ukraina (Rus - primeiro nome da Ukraina, ver artigo anterior) Filaret sobre a ocupação dos templos do Patriarcado de Kyiv e o embuste do “Mundo Russo”.

Com métodos de Stalin o Patriarca Cirilo considera que o cisma só pode ser superado com ajuda do governo, isto é, com violência, como foi destruída por ordem de Stalin, a Igreja Autocéfala na Ukraina nos anos 1930 e 1944.

Em Ukraina espalham-se notícias de que a Igreja Ortodoxa Russa pretende destruir o Patriarcado de Kyiv. Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana) reuniu-se com o Patriarca Filaret para confirmar ou desmentir essa informação.

U.T.: Sua Santidade, isto é verdade?

- A verdade é que a ROC-MP (Russian Ortodox Church - Igreja Ortodoxa Russa - Patriarcado de Moscou) quer superar o cisma na ortodoxia ucrainiana. Naturalmente, nós também queremos que a ortodoxia na Ukraina seja única. Mas, enquanto nós queremos unir todos os ortodoxos e criar uma igreja ortodoxa independente de Moscou, com sua própria organização e estrutura, a ROC-MP quer união, mas com subordinação ao seu Patriarca. Este é o problema com Moscou. E, esse plano se encaixa na política da FR (Federação Russa) e na política geral do Patriarca Cirilo. O Patriarca de Moscou julga que o cisma só pode ser superado com ajuda do governo, isto é, com violência.

Ele reafirma o seu parecer com exemplos como a destruição, por ordem de Stalin, da Igreja Autocéfala Ukraina nos anos 1930 e 1944. Ele também cita exemplos de situações que surgiram na Rússia com outros cismos da igreja, chamando a atenção para o empenho do governo para a resolução dos mesmos. Para o Patriarca Cirilo a interferência do governo nos assuntos da Igreja - é normal. Em sua opinião, a cúpula superior do país deve intervir nos assuntos religiosos e resolver esse problema, é claro, a favor de Moscou.

U.T.: É possível na Ukraina, a chamada versão búlgara de 2004?

- Na Bulgária, a divisão na igreja aconteceu somente após o colapso da União Soviética. As forças democráticas chegaram ao poder e descobriu-se que o Patriarca Maxim foi nomeado pelos comunistas com violação de leis canônicas. Alguns bispos e clero colocaram-se contra ele - e houve a divisão da igreja. O ex-rei Simeão assumindo o cargo de Primeiro-Ministro da Bulgária, resolveu privar os oponentes de seus templos e devolvê-los ao Patriarca Maxim. Ou seja, a separação das igrejas foi interrompida pela ação da autoridade. Em resposta, alguns sacerdotes recorreram ao Tribunal de Estrasburgo. A sentença deste Tribunal é que Bulgária transgrediu a lei e ordenou ao governo devolver as igrejas e pagar indenização em dinheiro.

Esta “opção doce” gostariam de aplicar aqui, isto é, liquidar a UOC-PK (Igreja Ortodoxa Ukrainiana - Patriarcado de Kyiv), através do auxílio do poder. Mas esse é somente o desejo dos adversários do Patriarcado de Kyiv, visto que o atual Presidente da Ukraina é pró-Rússia, então ele deve satisfazer a vontade de Moscou.

Executar a tarefa de Moscou assumiram em todos os cantos da Ukraina, desde o ano passado até agora. No entanto, em localidades onde o poder atua de forma mais sensata, ele não interfere nesses assuntos. E, onde o governo local quer demonstrar que apóia somente a Igreja frequentada pelo Presidente, exercem forte pressão e até pelo caminho da apropriação forçada apossam-se de nossos templos. Por exemplo, na aldeia Kamianka, distrito Telmanivskyi, em Donetsk, apareceram empresários que ofereceram dinheiro para reconstrução do templo aos sacerdotes e à comunidade, pelo que a Igreja deveria passar para o Patriarcado de Moscou. Além disso advertiram-se os paroquianos que, se eles, voluntariamente não o fizessem, seria aplicada a força. Mas o bispo de lá, apesar de ser russo, defende firmemente a posição da UOC-PK e diz que ele mesmo está pronto para morrer, mas o templo não entregará. Então a pressão acalmou-se por algum tempo.

Na província de Vinnytsiia alguns funcionários administrativos escolhiam o clero da UOC-PK e deram como proposta final passar para UOC-PM. Da mesma forma em Donbass. Dizem que vão ajudar, facilitar e oferecer assistência financeira, mas o nosso clero recusa.

Em Makarov, província de Kyiv, através de imposturas conduziram os cidadãos para UOC-PM. Falsificaram os documentos sem conhecimento dos paroquianos. Aqui estão todas as evidências de ato criminal. Alguns deputados locais encaminharam pedido de explicações à Procuradoria Geral. Os órgãos que devem averiguar este assunto (milícia, procuradoria) recusam-se e propõem aos crentes apelar à justiça, primeiro ministro, presidente. Recusam-se porque os paroquianos forneceram testemunhos escritos de que sua vontade foi falsificada, que o padre, o qual se desligou da UOC-PK falsificou os documentos e registrou as alterações nos estatutos paroquiais, juridicamente transferindo-os para o Patriarcado de Moscou.

U.T.: Foi registrado no Parlamento um projeto de lei para conceder às igrejas o estatuto jurídico. Os especialistas independentes acreditam que a finalidade deste projeto é para faclitar a captura das igrejas do Patriarcado de Kiev.

- No geral, seria bom se a Igreja recebesse o status de pessoa jurídica. Mas agora, quando a Igreja na Ukraina está dividida, somos contra a adoção de tal lei, pois ela dará ao Patriarcado de Moscou o direito, através da justiça, à reivindicação de propriedade que eles acreditam sua, mas que atualmente, de acordo com os fiéis, está nas mãos do Patriarcado de Kyiv.

Todo mundo sabe que a justiça pode ser pressionada, e comprada. E então, entre os arroubos pela propriedade desencader-se-á a hostilidade religiosa. Todos nós lembramos o que aconteceu no oeste da Ukraina no início dos anos de 1990, quando o sangue foi derramado. Com forcados e machados ia um contra outro. Nós não queremos que isso aconteça de novo e pior, se espalhe por toda Ukraina. Portanto, nós nos dirigimos ao Presidente, Primeiro-Ministro, Parlamento, para que pensem nas conseqüências que este ato poderá trazer. Encrespar o mar é fácil, como acalmá-lo?

U.T.: Ocorreram quantos casos de transição de sacerdotes da UOC-PK para UOC-PM?

- Por enquanto dois. Revelou-se que eles, os padres Bohdan Lisychenko e Valery Zhyhuts foram atraídos pelo dinheiro. Mas, seus paroquianos não querem. Em geral, os crentes do Patriarcado de Kyiv não apóiam a transição para o Patriarcado de Moscou. Tomemos, por exemplo, o ex-arcebispo George, de Donetsk (uma das regiões mais russificadas da Ukraina), que em 2008 declarou sua transição para o Patriarcado de Moscou, mas, suas paróquias não o acompanharam. Sem elas o Patriarcado de Moscou não o aceitou. E ele foi forçado a passar para a Igreja Grego-Católica.

Nós não nos afligimos muito com estes casos de pessoas não moralmente ilibadas se afastarem de nós. Mesmo entre os apóstolos escolhidos pelo Salvador havia um traidor - Judas. A Igreja assim purifica-se.
Ao Patriarcado de Kyiv pertencem os ukrainianos patriotas convencidos que desejam ter sua igreja, que amam sua pátria, sua terra e desejam ter sua igreja independente. Eles nunca irão para Moscou.

Se considerarmos esse problema no geral, é surpreendente. Ele trabalha a favor da UOC-PK. Pode parecer que todos estes fatos ilegais, pressões, deveriam destruir o Patriarcado de Kyiv, mas é o oposto. Devido a grande publicidade alcançada, os cidadãos sentem-se ultrajados, não só na Ukraina, mas também na Europa e Estados Unidos, porque lá também temos nossas igrejas. Os fiéis pedem aos seus governos que ajudem. Assim acontece a consolidação, a união da comunidade e organizações comunitárias em torno do Patriarcado de Kyiv. E eu vejo nisso a providência de Deus. Deus transforma o mal no bem. Assim como foi em 1995, quando morreu o Patriarca Volodymyr. Todos lembram aquela “Terça Sangrenta”. São aqueles terríveis acontecimentos que unificaram a comunidade em torno da UOC-PK. E desde então o Patriarcado de Kyiv cresceu rapidamente. Desde então o presidente Kuchma, que era contra o Patriarcado de Kiev teve que nos aceitar nas mesmas condições da UOC-PM. Assim esperamos que Viktor Yanukovych, que declarou ser presidente de toda Ukraina, decida esta questão. Isto é, tenha a mesma consideração a todas as igrejas, de fato, não somente em discurso.

U.T.: E há casos de transição do Patriarcado de Moscou para o Patriarcado de Kyiv?

- Na Província de Poltava, numa aldeia, toda comunidade decidiu mover-se do PM para o PK, mas o governo impede. Fabricaram uma decisão judicial e selaram o templo. Então no Natal as pessoas oraram na rua, próximo a igreja. Tem outro exemplo na Província de Chernihov. É sempre a iniciativa dos fiéis.

U.T.: Pode o Patriarca de Kyiv contar com o apoio do Patriarca Ecumênico?

- Nós não temos grandes esperanças porque ele não pode nos ajudar. Não que não queira, ele não tem esse poder. Aqui devem agir as leis da Ukraina. As paróquias, como pessoas jurídicas, têm direito de escolher livremente sua subordinação a esta ou aquela igreja. O Estado deve apenas assegurar a execução das leis, e não como agora, quando o Patriarcado de Moscou nos tira uma paróquia, o governo registra isso até com falsos documentos e em poucos dias. Já quando a paróquia quer sair do Patriarcado de Moscou - o governo lhe causa vários obstáculos.

O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla ajudará se admitir a Igreja do Patriarcado de Kyiv como Igreja Autocéfala. Porque, quando isto acontecer, para Igreja Ukraina Independente convergirão todos, até Patriarcado de Moscou.

U.T.: Como Sua Santidade avalia o relatório do Primaz da UOC-PM Metropolita Volodymyr no Conselho Episcopal que recentemente realizou-se em Moscou. Parece que ele não quer ser fantoche do Patriarca Cirilo, e que nisto é apoiado pela maioria dos bispos ukrainianos.

- O objetivo estratégico do Patriarca Cirilo - é tirar da igreja ukrainiana o direito à independência e autonomia. Ele assumiria o título de Patriarca de Kyiv, teria sua residência em Kyiv - Pecherska Lavra, se tornaria um cidadão da Ukraina, obteria a dupla cidadania. E apesar do fato de que isto é proibido na Ukraina, ele espera que o governo ukrainiano satisfaça seu pedido, do qual ele necessita para exercer maior influência no país. Quando a Igreja é independente e autonoma, ele não pode, através da pessoa do Metropolita Volodymyr imiscuir-se nos assuntos da UOC-PM. Suas frequentes visitas à Ucraina devem demonstrar que o verdadeiro lider da UOC-PM não é o Metropolita Volodymyr, e sim ele, Patriarca de Moscou, Cirilo.

Cirilo encontrou-se com Viktor Yanukovych, sem o Metropolita Volodymyr, contra a permissão da etiqueta, e abençoou o recém-eleito presidente da Ukraina. A bênção deveria ter sido do Metropolita Volodymyr.

No verão do ano passado o Patriarca Cirilo voou para Criméia, ao encontro do Presidente, sozinho, sem o Metropolita Volodymyr. Então, quando Cirilo veio a Dnipropetrovsk, Volodymyr retirou-se de lá e voltou a Kyiv - com ele a maioria dos bispos. Por isso, posteriormente, quando Cirilo oficiava na Catedral de Santa Sofia, teve de declarar publicamente que ninguém quer arrebatar a independência e a autonomia da UOC-PM.

É a luta interna entre o Metropolita Volodymyr e o Patriarca Cirilo. É por isso que no Conselho Episcopal o Metropolita Volodymyr afirmava que a independência e autonomia da igreja ukrainiana não é algo novo para Ukraina, apenas a devolução do que ela possuía e lhe tomaram.

Então podemos concluir que Volodymyr continuará defendendo a independência e a autonomia da igreja e Cirilo terá que ser mais moderado. Caso Cirilo não alivie a pressão, Volodymyr tem uma saída: união com a UOC-PK, o que Moscou teme.

U.T.: Em sua opinião, qual é o perigo para Ukraina e nossa ortodoxia que traz a pregação da “Paz Russa”? E, se a expansão global da ROC (Russian Ortodox Church - Igreja Ortodoxa Russa) está relacionada ao fato de que ela está perdendo a Rússia?

- “Rusky Mir” (Paz Russa) é um invólucro atraente como outrora “comunismo - futuro luminoso”. Sob a “Paz Russa” oculta-se o novo império russo, domínio russo e a igreja imperial russa. O Patriarca Cirilo inventou “Russky Mir” para primeiramente haver a união espiritual em torno de Moscou, em seguida - união política, e finalmente - territorial. Ou seja, para restaurar o império russo. Mas estes seus desejos são irrealizáveis, porque não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Agora temos novos tempos.

Quanto a expansão da Igreja Ortodoxa na Ukraina, agora o número de paróquias da ortodoxia ukrainiana dos dois patriarcados, de Kyiv e Moscou, supera o número da Rússia. Rússia 12 mil - Ukraina 15; na Rússia temos próximo de 100 bispos - Ukraina mais de 100; na Rússia há 67 dioceses - Ukraina 85. Segundo o Ministério do Interior na última Páscoa ukrainiana vieram à igreja 11 milhões de cristãos de 47 milhões de habitantes. Na Rússia, de 142 milhões de pessoas visitaram os templos 8 milhões. Na Ukraina celebraram a Páscoa quase 25% da população, já na Rússia - 5%.

De acordo com os prognósticos dos analistas políticos, dentro de 30 anos Rússia não será mais um estado cristão. Mesmo hoje em Moscou, com 9 milhões de habitantes, os russos são apenas 31%. Contando com os ukrainianos, georgianos, bielorrússos, armênios e outros cristãos - 49%; muçulmanos - 34%.

Enquanto o nascimento dos muçulmanos é muito maior, então dentro de poucos anos o seu número será muito maior que o número de cristãos em Moscou. No Natal, em Moscou, vieram às igrejas próximo de 100 mil crentes, já no dia santo dos muçulmanos “Kurban Bayram” (Eid al Adha - Festa do Sacrifício) havia 70 mil.

A administração, tanto da FR como da ROC está preocupada. Por isso eles aferraram-se tanto à Ukraina, esperando que ela seja sua salvação.

U.T.: O porta-voz do Patriarcado da Igreja Grego Católica ukrainiana, padre Ihor Yatsiv recentemente declarou que, embora não tenha havido casos de sacerdotes deslocarem-se para Igreja do Patriarcado de Moscou mas, quando o governo ukrainiano dá preferência absoluta a uma das confissões, então, consciente ou inconsciente, causa tensões inter-religiosas, e isto significa “hoje - eles (PK), amanhã - nós. Ihor Yatsiv, entre outros assuntos, lembrou que o presidente Yanukovych esqueceu de felicitar os ucrainianos grego-católicos por ocasião do Natal.

- Prognosticar não podemos. Isto não poderá realizar-se, mas tais intenções podem acontecer. Já que até agora entre o PM e o Vaticano prosseguem debates por causa da Igreja Grego-Católica ukrainiana. E é por isso que o Patriarcado de Moscou não participa de encontros com o Papa. Assim comportava-se o Patriarca Alexy, e comporta-se o Patriarca Cirilo.

Para que a reunião possa acontecer, colocam duas condições ao Papa: resolver o problema com os grego-católicos ukrainianos. Em outras palavras, fazer como se eles não existissem, para que voltem a ortodoxia russa. Somente após isso haverá reunião. Então o PM tem dois problemas: Patriarcado de Kyiv e ukrainianos grego-católicos.

U.T.: A Comissão religiosa governamental deixou de existir. Como o Estado coordena suas relações com as igrejas. Continua “de fato” um diálogo oficial do governo com as organizações religiosas além da UOC-PM?

- A Comissão religiosa governamental realmente ajudava resolver equívocos interconfessionais. Agora que esta Comissão foi extinta, para ocupar-se com intrigas que surgem, de tempo em tempo, não há ninguém.
A inscrição das paróquias agora é feita pelo órgão que lida com todo e qualquer tipo de estatuto. Os assuntos religiosos passaram para o Ministério da Cultura. Tal determinação rebaixa a condição da igreja, e a igreja é a alma da nação. Igreja não valorizada o mal, primeiramente, é para o Estado.

U.T.:Este ano Sofia Kyivska vai comemorar seu milênio…

- Esta é uma celebração global de todos os cristãos. Nós todos celebramos: a UOC-KP, a UOC-PM e os católicos gregos. A UOC-PM pediu ao governo que lhe dessem a Igreja Sofia em definitivo. Quando soubemos, também entramos com pedido de serviço alternativo, porque pela lei é possível. O presidente e o primeiro-ministro ao receberem os dois pedidos, negaram a eles e a nós. Nós celebramos na Santa Sofia muitas vezes. Também celebramos junto com outras confissões. Lá houve a entronização do Patriarca Msteslav e Patriarca Volodymyr.

Desejo aos crentes na Ukraina, como Sofia que é a sabedoria, serem inteligentes, tolerantes e sobreviver até que una-se toda a ortodoxia ukrainiana em uma única igreja ortodoxa. E Sofia não será apenas um museu, mas um ativo templo ortodoxo. Desejo que todos vivam em paz e amor ao próximo, porque nossos adversários querem que briguemos, é vantajoso para eles. Nossa força - na união. UOC-PK existe, não pelo Patriarca Filaret. Muitos pensam que enquanto Filaret vive, também vive o Patriarcado de Kyiv, e quando ele morrer o Patriarcado desmoronará. O Patriarcado de Kyiv existe devido a vontade de Deus. Desejo à nação ukrainiana a independência de seu país.

O site http://cerkva.info, do dia 21.02.2011 informa que a Justiça da Província de Donetsk decidiu entregar o templo do Patriarcado de Kyiv a UOC-PM.

Em 15.02.2011 a justiça de Donetsk decidiu que a igreja ortodoxa na aldeia Kamianka, (citada no início da entrevista) distrito Telmanivskyi, que pertencia ao Patriarcado de Kyiv desde 1996, deve passar para o Patriarcado de Moscou.

O Patriarcado de Kyiv vai recorrer à instância superior.

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Entrevistadora: Olena Chekan
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Fotoformatação: A. Oliynik
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

GÊNESE DA UCRÂNIA

24/02/2011 - GÊNESE DA UCRÂNIA

Mapa da Ukraina

RUS – UKRAINA
A história do povo ukrainiano começa há muitos séculos.
Na margem direita do rio Desna, em Chernihov, foram encontrados em cavernas de pedra e ossos, diversos objetos: buris, facas, pontas, artefatos de ossos e chifres, estatuetas femininas e de animais, braceletes de osso e outros. Nestas cavernas havia buracos cheios de carvão de osso e cinzas, que remetem a 20 mil anos atrás.

Em épocas menos remotas o território ukrainiano foi habitado por citas, godos, hunos e outros povos. No entanto, o ponto de partida para a formação do Estado e da cultura ukrainiana considera-se a Idade Média.
Foi a partir de 980 que Keiv, fundada no final do século V teve grande desenvolvimento e influência na região. Era sede de seus monarcas. Em 988 toda Nação denominava-se “Kyivska Rus”¹. Foi batizada na fé cristã pelo monarca Volodymyr. O batismo foi nas águas do rio Dnipró.

No século XI tornou-se uma das principais cidades do mundo civilizado e uma das cidades mais prósperas da Europa. Contava com cerca de 400 igrejas e a primeira biblioteca. Possuía cerca de 50 mil habitantes.
Kamil Delamarr, membro da Câmara do II Império², em seu memorial intitulado “Un peuple evropeen… diz aos franceses que os Moscovitas e “Rusyny” ou “Ruski” - são dois povos completamente diversos.

“Rusyny” ou “”Rutyny”, anteriormente tinham o nome de “Rusyny” e “Ruski” (Russiens et Russes) foram dominados e, no século XVIII os Moscovitas (assim conhecidos até então) apropriaram-se de seu nome, para legitimar, “evidente direito” de dominar esta nação. Desta maneira “Ruski” e “Moscovitas” hoje parecem sinônimos, quando, na verdade estes nomes e estas nações são radicalmente diversos.

Essa mistura deu a possibilidade aos moscovitas atribuir a si a história dos “Rusynos”. Mas a história não deve esquecer, que até Pedro I (1672-1725) que reinou de 1682 até 1725, diz Delamarr, aquela nação, que hoje chamamos Russa, chamava-se Moscovita, e sua terra Moscovia.

No final do século XVII, todos na França e Europa sabiam bem dessa distinção. A mudança aconteceu exclusivamente por motivo de que o governo de Petersburgo (ex-capital da Rússia) trabalha mais de século para, confundindo o verdadeiro significado destes nomes, conseguir completa dominação.

G. Pivtorak, membro da Academia Nacional de Ciências da Ukraina, doutor de Filologia, professor, e historiador, escreve: Na maior parte do território da Moscóvia, as pessoas comuns não se identificavam com nenhum grupo étnico e não possuíam um etnônimo, denominavam-se apenas como “cristãos”. O nome dos camponeses na língua russa não vem do local de sua vivência como na Ukraina e Bielorrússia. Moscou, primeiramente como uma pequena aldeia, é mencionada somente em 1147 e este nome foi atribuído a todo o país. Seus governantes chamavam-se príncipes, depois - grão-duques, mais tarde - reis. “Tzar” em russo. O povo em geral, pessoas de Moscou.

A denominação “Moscou”, Moskovyya” “Moskovskeie Governo” eram nomes oficiais. Assim eram chamados em toda Europa, países do Leste, Turquia, Arábia e outras nações. E os habitantes de Moscou denominavam-se “Moscovitas”.

Os ukrainianos, desde o século XV chamam seus vizinhos do leste e nordeste de moscovitas, e seu país Moscovia. Como vemos o processo de formação da nação russa concebia-se longe de Kyiv e toda sociedade primitiva original da Rus - Médio Dnipró, não tem nenhuma relação com ela.

O nome “Ukraina” aparece pela primeira vez em 1187, em histórias dos anos passados. Provavelmente a origem da palavra “Ukraina” vem da antiga palavra eslava “krai” que significa parte, segmento ou território, que pertence a tribo ou raça.

O nome “Ukraina” foi oficialmente reconhecido em 09/02/1918 pela Rússia Soviética, Alemanha, Austro-Hungria, Bulgária, Turquia. E o nome “ukrainets” (ukcrainiano) reconhecido como único e nacional, ao invés dos antigos: “ruskói”, “rusenskói”, “poludnevo-ruskói”, “rusko-ukrainskói”, “ukrainsko-ruskói, “maloruskói”, “malorosiyskói”, em 18/03/1921.

Depois da independência, 24/08/1921, o termo “Rus-Ukraina” é reconhecido tanto no meio científico como pela cultura em geral. Muitos intelectuais ukrainianos acalentam a esperança de que, quando não mais existir mais nenhuma ameaça de dominação por parte da Rússia, o nome histórico e imortal será novamente adotado.

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1) Kyivska, de Kyiv; Rus - Русь, em ukrainiano. O sinal “ь” depois da letra “c” é um sinal de abrandamento. A pronúncia é, digamos assim, mais macia.
A letra “y”, no alfabeto cirílico (ucrainiano) tem o som do nosso “u”. Não confundir com a letra cirílica “и” que é pronunciada com o som igual a “ê”. Ex: Володимир = Volodymyr (Volodêmêr).
O nome “Ukraina” lemos com hiato: U-kra-i-na.
2) … 22/05/1868 enviou aos Membros do Parlamento uma petição para introduzir na França os estudos das línguas eslavas, inclusive a ucrainiana. Ele sublinhou a unidade da Nação ukrainiana de Kuban até Hungria, e publicou o mapa das nações eslavas, o qual o governo de Petersburgo procurava localizar e destruía.
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Pesquisa: Internet
Autora: Oksana Kowaltschuk
Fotoformatação: A. Oliynik