quarta-feira, 31 de julho de 2013

OPERAÇÃO "WISLA"

História - Era Soviética - Operação "Wisla"
 
A. G. Lipkan, professor de História da Ukraina, Universidade Técnica Nacional "Instituto Politécnico de Kyiv".
 
Atualmente, ao serem disponibilizados os materiais secretos dos arquivos, abriram-se oportunidades para um profundo estudo e análise do problema da deportação e repatriamento da população da Ukraina e Polônia, identificando as reais causas e conseqüências destes trágicos processos.
 
A deportação de ukrainianos de suas terras étnicas na Polônia não encontraram reflexo adequado na ciência histórica soviética. Somente nos anos da independência ukrainiana começaram as publicações das coleções de documentos, materiais e memórias das transferências dos ukrainianos da região denominada "Zakerzonnia" (Regiões da Lemkivshchyna, Nadsiannia, Kholmshchyna, Pidliashia) - Estado ukrainiano da Idade Média, desde o final do século IX a meados do século XIII e que na época do maior poderio expandia-se, do Mar Báltico no norte ao Mar Negro no sul, e das cabeceiras da Wisla (Vístula) no oeste à península Tamansk no leste.
Tal "questionamento inconveniente", como reassentamento de pessoas no período pós ocupacional do território das regiões ocidentais da Ukraina para Polônia e da Polônia para o território da URSS por longo tempo foi silenciado.
 
Na composição da Polônia encontravam-se terras ancestrais ukrainianas: Lemkivshchyna, Nadsiannia, Kholmshchyna, Pidliashshia, nas quais ainda viviam mais de 700.000 ukrainianos.
 
Durante a Segunda Guerra Mundial no centro de atenção dos políticos poloneses houve problemas em relação a  Ukraina Ocidental, que no período entre guerras fez parte da "Rzezpospolita" (Commonwealth polonês). Praticamente todos os partidos e agrupamentos poloneses pronunciavam-se para que estas terras continuassem na composição da Polônia após o final da Segunda Guerra Mundial.
 
O território da Galícia (Halychyna) era vista por eles como parte inalienável da Polônia. Afirmava-se, que foram os poloneses que salvaguardaram as terras do leste da Galícia dos conquistadores tártaros e turcos, do perigo da conquista da Rússia e total russificação. A terra da Galícia apresentava-se como panteão da flor da nobreza polonesa, e então - era o santuário místico, cuja perda igualava-se a catástrofe nacional.
 
Deve-se observar, que os ukrainianos eram deportados de suas terras, os poloneses  - não. Durante as deportações, tanto dos soviéticos, como da parte polonesa empregavam-se inúmeros abusos e ultrajes sobre os migrantes.
 
Como observou I. Pelho: Desde os tempos dos ataques tártaros na Ukraina não conheciam tal violência e escarnio, tal saqueamento como após a Segunda Guerra Mundial, das autoridades comunistas.
 
A revisão das fronteiras na Europa durante a Segunda Guerra Mundial acompanhava-se por uma grande limpeza étnica. Hitler escolheu-a como instrumento de destruição física dos povos eslavos a fim de tornar suas terras "espaço vital para os alemães". Stalin realizava a "limpeza" pelo caminho da deportação. Neste sistema de deportações encontrou-se Ukraina.
 
Imediatamente após o retorno do governo soviético à Ukraina Ocidental inicia-se o repatriamento político. Na notificação do secretário regional de Ternopil I. Kompantsya ao secretário do Partido Comunista da Ukraina D. Korotchenko sobre ativação do movimento da OUN (Organização dos Nacionalistas Ukrainianos) no território da Província de Ternopil pede-se o direito para realizar o repatriamento das famílias dos "participantes da formação de bandos para além dos limites de Ternopil".
No interesse da repatriação da Polônia das minorias nacionais pronunciavam-se os comunistas poloneses, os quais queriam ver a futura Polônia como país de uma única nacionalidade. Isto verificava-se também como método de solução dos amadurecidos problemas nacionais, particularmente a questão ukrainiana que tornou-se importante principalmente durante a guerra. Os pontos de vista dos grupos políticos poloneses não-comunistas do leste da Galícia coincidiam com as intenções dos comunistas poloneses. Eles também estavam a favor do repatriamento dos ukrainianos após a guerra, para União Soviética, ou a sua pulverização nas regiões central e ocidental da Polônia.
 
Princípios jurídicos da realização de deportação - repatriamento absolutamente não havia. Em setembro de 1944, a então URSS não era sujeito de relações jurídicas internacionais e não tinha nenhum direito ou autoridade para assinar este acordo sendo um representante de poder temporário. Como país e como aparelho estatal ainda não tinha sido formado. O governo real e legítimo do Estado polonês não encontrava-se nos territórios da Polônia, libertos dos nazistas, mas ocupados por tropas soviéticas. O governo legítimo do Estado polonês encontrava-se em exílio na Inglaterra.
 
Concebido pelo sistema totalitário stalinista e polonês regime "democrático-nacional", a ação genocida visava uma série de propósitos. Cessaria o funcionamento do indesejável ao regime totalitário foco do movimento nacional ukrainiano que era representado pela população dos "extremos orientais" do antigo estado polonês. Os líderes pró-comunistas da então Polônia demonstravam submissão a Stalin e seu consentimento para escolher o caminho socialista de desenvolvimento. Eles também flertavam com os elementos chauvinistas de seu país que queriam ver a Polônia do pós-guerra sem quaisquer minorias nacionais, incluindo mais de um milhão de ukrainianos.
 
Em agosto de 1945 Moscou assinou e publicou o acordo formal com a Polônia reconhecendo a linha Curzon como fronteira ukraino-polonesa, e sobre o repatriamento "voluntário" de cerca de um milhão de ukrainianos do Zakerzonnia. Esse acordo foi concebido na base de decisões das conferências de Teerã (1943) e Yalta (1945), cujos participantes, líderes da URSS, Inglaterra e USA nem pensaram pedir consentimento a Ukraina para apartar de suas terras Pidliashshia, Kholmshchyna, Lemkivschyna, Nadsiannia, parte da Boikivshchyna e Lemkivshchyna. Para membros da coalizão anti-Hitler esta pergunta não era essencial, mas para ukrainianos que encontravam-se no "Zakerzonnia" - tragédia. As destruições em massa dos ukrainianos, que começaram ativamente em junho de 1945 continuaram até maio de 1947.
 
No dia 24 de julho de 1944 o Exército Vermelho entrou pela segunda vez em Lviv.
 
Assim que o Exército Vermelho entrou nas terras de pré-guerra, que até 1939 estavam na composição da Polônia.  As autoridades da URSS e da Polônia, em Moscou, aprovaram a decisão que para as grandes massas de ukrainianos e poloneses foi inesperada: transferência mútua. Em 09 de setembro de 1944, em Lublin, foi assinado o "Acordo entre o governo da República Socialista da Ukraina e da Comissão Polonesa de Libertação Nacional sobre a evacuação da população ukrainiana da Polônia e cidadãos polacos do território da URSS". Com um golpe de caneta, segundo modelo tradicional bolchevique, aconteceu o que os nacionalistas poloneses sonharam durante anos. Ainda seguia a guerra, ainda não foram estabelecidos os limites, mas Polônia, com base neste documento imediatamente desembaraçou-se de cerca de 600 mil ukrainianos. Com promessas de uma vida feliz numa Ukraina livre, liberdade para desenvolvimento nacional, métodos de intimidação e engano, e em muitas ocasiões a provocação, conseguiram em pouco tempo realocar dezenas de milhares de ukrainianos para URSS e saquear a terra florida além do Sian (vizinhança militar do UPA - Exército Insurgente Ukrainiano).
 
Em 3 de setembro de 1945 para o território do sudeste da Polônia foram enviados três divisões do exército polonês, cuja principal tarefa foi a realização do repatriamento dos ukrainianos. Comprovação disso foi a decisão do Comitê de Segurança regional em Rzeszów, que ordenou para alocar 2/3 dos regimentos de composição de pessoas para ação de repatriação. Para transferências de ukrainianos foram envolvidas todas as estruturas de força da Polônia Comunista - Exército polonês, "Polícia da pequena burguesia", FSM, ORMO, BH. Destacaram-se ativamente a Organização Militar Nacional, Forças Armadas Nacionais, e outras. Iniciou-se propaganda hostil contra os ukrainianos no território polonês.  Em 3 de setembro de 1945, o governo polonês, ao contrário da decisão tomada na conferência de Varsóvia, enviou para terras ukrainianas 3 divisões de infantaria com a finalidade de deportação forçada dos ukrainianos para o território da URSS. Queimaram aldeias inteiras na Lemkivshchyna, Nadsiannia, Kholmshchyna. Na aldeia Piskovychi morreram 720 pessoas, em Pavlokoma - 365, Malkovychi - 140, Vilshany - 18. Queimaram completamente a aldeia Zavadka, onde foram assassinadas 32 pessoas e a aldeia Kalnytsia, onde morreram 20 pessoas. Aprisionaram os delegados da conferência de Varsóvia, comitês ukrainianos liquidaram. De 03.09.1945 a julho de 1946 deportaram 280.000 ukrainianos. Posteriormente deportaram 482.880 ukrainianos. A Secretaria de Segurança Pública em Rzeszow recomendou deportar até famílias mistas , se o pai não fosse polonês. Tal abordagem contribuiu para que a realocação adquirisse semelhança com deportação. Com a participação de unidades militares foram expulsos acima de 260.000 pessoas. No total, de 1944-1946, à URSS foram deportados quase 500 mil ukrainianos. E a deportação  não poupou nem mesmo os ukrainianos ocidentais que serviam no Exército Vermelho.
 
O momento culminante do conflito foi a operação "Wisla", dirigida contra os ukrainianos do "Zakerzonnia" e destacamentos do UPA (Exército Insurgente Ukrainiano) que defendia a população ukrainiana da deportação forçada das terras de seus avós autóctones. Como observado na reunião do Conselho Mundial de Coordenação Ukrainiana em Kyiv em 22.08.1996, até setembro de 1946, da Polônia para Ukraina foram deportadas 488.662 pessoas. Ficaram nas suas terras ainda, aproximadamente 200 mil pessoas, justamente pelas quais esperava a ação sangrenta "Wisla".
 
A política das autoridades comunistas polonesas quanto aos ukrainianos realizava-se de acordo com o conceito geral de criação na Polônia de um estado de nacionalidade única. Planejava-se alcançar isto, antes de tudo, com o reassentamento dos ukrainianos para USRR, e depois, no transcorrer da ação "Wisla" para as terras do oeste e norte da Polônia, onde eles deveriam "polonizar-se" rapidamente. Em 23.04.1947 o Politburo polonês aprovou a criação de um campo de concentração para população ukrainiana em Yavozhni.
 
Visto que o acordo de transferência entre a República Popular da Polônia e URSS (depois de encompridar sua extensão duas vezes) deixou de funcionar e o governo da URSS já não queria encompridá-lo, precisava procurar outros meios para liquidar as minorias ukrainianas na Polônia. E os primeiros projetos de reassentamento da população restante, nas assim chamadas terras "odzhyskane" (terras abandonadas no Oder e na Prússia Oriental, que faziam parte da Alemanha) foi apresentado ao primeiro secretário do Comitê Central PORP V. Homulka em novembro de 1946. Já em fevereiro de 1947 0 vice-chefe do Estado-Maior Geral do exército polonês S. Mossor expressou-se claramente a este respeito: "Na primavera realizar uma ação enérgica de reassentamento dessas pessoas com famílias unitárias, por todas as terras devolvidas, onde rapidamente serão assimiladas". O Politburo PORP aceitou a decisão: "Rapidamente realocar os ukrainianos e famílias mistas em terras reintegradas (primeiramente no sul da Prússia), não formando grupos e não mais próximo que a 100 km da fronteira. 
 
Em 28 de abril de 1947 o grupo operacional "Wisla", que consistia de cerca de 20 mil soldados, gerenciamento da segurança pública e milícia pública iniciou o reassentamento dos ukrainianos.
 
A ação, que significava a negação de qualquer direito da pessoa, a intenção de destruição das raízes espirituais do povo ukrainiano pelo caminho de seu despejo total, cobriu um território de 19.500 km² - Lemkivshchyna, Nadsiannia, Kholmshchyna, Pidliashshia... Aqui, desde a era da"Kyivska Rus" constantemente habitavam os ukrainianos como comunidade única. Aquele dia seis divisões do exército polonês cercaram as aldeias ukrainianas, divisões da NKVD e guardas de fronteira da Checoslováquia bloquearam as fronteiras norte e leste. Às 4 horas da manhã o grupo operacional "Wisla", sob o comando do general Mossor começou a evacuação dos ukrainianos aos "województvo" do norte e leste polonês. (Województwo é parte territorial-política do território polonês, algo como estado para nós. Um dos menores, o Województwo Malopolske tem um território de 15.182 km² - OK)
 
O citado montante do exército calculava-se na base de que os órgãos militares não levavam em conta a quantidade de divisões do UPA (Exército Insurgente Ukrainiano - pessoal que lutava pela independência da Ukraina, vivia na clandestinidade, geralmente nas matas - OK), mas apenas a quantidade de aldeias de cada região, planejadas para evacuação. Determinaram 20-50 soldados para uma aldeia, mais de 30-150 soldados da divisão especial para cada 28 sub-distritos, aos quais correspondiam de 6 a 21 aldeias. Tal cálculo de forças sugere que o principal objetivo da ação "Wisla", foi realocação dos ukrainianos, não luta com UPA.
 
Portanto, não é surpreendente que a ação direta contra o UPA passou ao segundo plano. O ministro da Defesa Nacional da Polônia M. R. Zhymyersky chamou a atenção para este fato do comandante da "Wisla" general Mossor.
 
A realização da ação militar "Wisla" adquiriu características de deportação. A população recebeu aproximadamente duas horas para recolhimento de objetos essenciais e abandono da aldeia. Métodos brutais na saída, e posteriormente viagem de longo prazo em terríveis condições anti-sanitárias contribuíram para o fato de que nas estações finais os deportados se encontrassem em estado assustador. Ao todo foram deportados aproximadamente 150 mil ukrainianos, que foram fixados em Olshtynsk, Szczecin, Wroclaw, Poznan, Gdansk e Bialystok. A ação foi estendida para todas famílias ukrainianas, independentemente do grau de lealdade e filiação política. Foram subjugados à deportação as famílias dos ukrainianos-oficiais e soldados do exército polonês, funcionários dos órgãos de segurança e os desmobilizados.
 
A ação "Wisla" durou de 28 de abril a 12 de setembro de 1947. Neste período, ao todo foram deportadas 140.575 pessoas de nacionalidade ukrainiana ou de famílias polono-ukrainianas. A operação iniciou quando as pessoas semearam seus campos, e nova safra ainda não colheram. Tudo foi preciso deixar e sair com o que foi possível colocar na carroça ou, mais frequentemente, carregar nas mãos. No novo local - nas antigas províncias alemãs - os ukrainianos encontraram tudo destruído pela guerra.
 
Nas aldeias polonesas a população foi dispersada, com apenas 2 -3 famílias ukrainianas em cada. Em Olshtynsk repovoaram segunda vez porque verificou-se que havia ali muitas famílias ukrainianas. As pessoas eram colocadas em casas destruídas porque o que havia de melhor foi capturado pelos locais e pelos que vieram imediatamente após a guerra. Os evacuados ficaram um bom tempo em choque, eles esperavam por rápido regresso. Alguns ex-proprietários e também jovens secretamente voltavam para suas casas para cuidar dos restos da propriedade e da plantação, a fim de estocar pão para inverno. Mas eles logo eram capturados e devolvidos. Freqüentemente eram mandados para Jaworzno. Este acampamento para ukrainianos em Pryshvinsk não diferia de Auschwitz. Apenas não havia crematório. O acampamento tinha doze torres com metralhadoras, três fileiras de cerca de arame farpado, e do lado da estrada - parede de concreto de 5 metros. A guarda desempenhavam 18 oficiais e 300 soldados. Entre os prisioneiros havia mulheres e crianças.Especialmente perseguiam os padres e os intelectuais. Durante 20 meses, no acampamento, foram aprisionados mais de três mil  pessoas pacíficas. Dessas 136 morreram em curto espaço de tempo. Os presos trabalhavam por 12 horas por 1/2 litro de café e um pedaço de pão. Às vezes lhes davam um arenque inteiro, salgado e sem água, ou sopa de cabeças de peixe. Ao banheiro eram acompanhados. Dormiam em bancos de madeira sem colchão. Pela não execução de tarefas eram castigados cruelmente, eram colocados de joelhos por horas, com tijolos nas mãos. Eram fechados nos cárceres e martirizados com interrogatórios. Houve casos de suicídio na cerca que era eletrizada. Somente no início de janeiro de 1949 o acampamento foi transformado em prisão para os combatentes do UPA.
 
Sofreram repressão os sacerdotes das igrejas ortodoxas e grego-católicas. Parte de clérigos foi presa e condenada de 4 a 10 anos. À URSS foram deportados 300 padres grego-católicos, ortodoxos e membros do Consistório da Igreja Ortodoxa Autocefálica de Kholm. Em Lublin reduziram o número de paróquias ortodoxas para sete e um monastério. Parte de objetos sagrados entregaram à Igreja católica romana, outra parte foi destruída ou desviada.
 
Da ação "Wisla" participaram 120.000 homens do exército polonês e diversos grupos armados. Os bolcheviques participaram com tanques e equipes especiais contra os guerrilheiros e bloquearam a fronteira ukraino-polonesa, os tchecos enviaram uma brigada de montanha, algumas divisões de infantaria e uma escola para militares. E tudo isso para 2,5 - 3 mil guerrilheiros do UPA! No contexto da luta contínua contra UPA continuou a evacuação de ukrainianos. Queima de aldeias ukrainianas, matança de ukrainianos que resistiam a evacuação, aprisionamento de 4 mil mulheres ukrainianas, crianças e idosos no campo de concentração em Jaworzno - são as principais características da deportação dos ukrainianos.
Em meados de 1947 a deportação, em princípio, foi finalizada.
 
A deportação da população ukrainiana privou a luta armada do UPA de seu objetivo, tornou-a sem perspectiva. Por isso, o principal comandante do UPA Roman Shukhevych decidiu cessar a luta pelo "Zakerzonnia". Assim, o então governo polonês, com a condescendência de Moscou, realizou realmente brutal deportação da população ukrainiana violando normas humanas de vida.
 
A ação violenta sob o codinome "Wisla" permanece como uma das mais trágicas da história do povo ukrainiano. Em 03.08.1990 o Senado polonês condenou-a, mas uma enorme quantidade de questões legais em conexão com esta questão ainda aguarda apreciação pelo "sejm" polonês.
 



Tradução: Oksana Kowaltschuk
Pesquisa Internet

sábado, 27 de julho de 2013

DRAMA NA UCRÂNIA: PERDA DE CIENTISTAS

Os cientistas que nós perdemos. Como os ukrainianos fazem sucesso no exterior.

Ukrainska Pravda - Zhyttia (Verdade Ukrainiana - Vida), 03.06.2013
Halyna Tytush, Anna Hryhorash

Desde a independência o número de cientistas ukrainianos foi reduzido em três vezes. Os doutores e candidatos a ciências da física, biologia e medicina vão para o exterior.

De acordo com os dados estatísticos, a maioria das "cabeças iluminadas" trabalha nos EUA, Rússia e Alemanha. Sobre o estado em que se encontra a ciência ukrainiana explicou a bióloga Natália Shulga, a qual após 13 anos de sucesso nos EUA voltou para Ukraina e com seus colegas fundou o "Clube de Ciências da Ukraina".

Os que não foram ocupar-se com pesquisa em outros países tentam encontrar financiamento para seus experimentos na Ukraina. Isto não são muitos que conseguem, pois aqui quase não restam laboratórios científicos, e principalmente - não há pedidos para os resultados de suas pesquisas.

"Minha universidade tem poucas possibilidades para ações comerciais, e por isso não há como implementar nosso aprimoramento" - diz o cientista Yurii Khalavka.

Yurii escolheu uma das poucas maneiras disponíveis na Ukraina de ocupar-se realmente com a ciência. Ele leciona química na Universidade Nacional de Chernivtsi, e paralelamente realiza pesquisas recebendo financiamento de instituições internacionais.

"O processo de encomendas de empresas privadas e sua posterior implantação por elas é praticamente nula porque elas não querem gastar com ciências quaisquer quantias. Segundo as estatísticas somente pouquíssimas empresas envolvem-se com aprimoramento, e menos ainda o delega a terceiros", - descreve Yurii a triste realidade.

No entanto Khalavka continua sofrer pela ciência ukrainiana e, para melhor comunicação entre os pesquisadores fundou a comunidade "Cientistas ukrainianos no mundo". Sobre este e projetos análogos, este jornal já escreveu.

Entramos em contato com alguns cientistas, que já a muitos anos vivem e trabalham no exterior. Todos eles fazem suas pesquisas em diferentes países e são bem sucedidos em seus campos.

Na Ukraina estas pessoas teriam que, literalmente, sobreviver em questões de arruinadas instituições investigativas (Research Institute), ausência de indispensáveis laboratórios e reagentes, também elementar compreensão se necessárias suas pesquisas ao país ou às empresas.

Nós perguntamos aos pesquisadores se eles vêem melhor perspectiva na Ukraina e o que precisa mudar, para que eles possam retornar e realizar suas pesquisas aqui.

As respostas vieram emocionais e abertamente pessimistas. Sentia-se sua frustração e ressentimento porque seus talentos e habilidades não foram apreciados em seu próprio país. Contudo os cientistas continuam a acreditar no potencial científico ukrainiano e propõem medidas concretas para seu desenvolvimento.



Desenvolvimento da ciência na Ukraina - 12 anos sem crescimento

Peso específico da realização de trabalhos científicos e científico-técnicos no PIB:

Em 2000 - 1,16% 
Em 2012 - 0,8%

Uso de produção inovadora de produtos:
Em 2000 – 15323
Em 2012 - 3404

Introdução de novos processos tecnológicos:
Em 2000 - 1404
Em 2012 - 2188

Empresas que aprimoram inovações:
Em 2000 - 18%
Em 2012 - 17,4%

Empresas que introduzem inovações:
Em 2000 - 14,8%
Em 2012 - 13,6%

Sem financiamento estatal
- Fontes de financiamento para atividades inovadoras: 25%
- outros: 9%;
- investimentos estrangeiros: 2%;
- orçamento estatal: 64% recursos próprios

Na Europa cada segunda empresa utiliza inovações. Na Ukraina apenas cada décima.

A QUESTÃO DO RETORNO DOS UKRAINIANOS JÁ NÃO É ATUAL. PRECISA PENSAR, SE HAVERÁ CIÊNCIA NA UKRAINA EM GERAL

Ruslana Radchuk, 41 anos, pesquisador do Departamento de Genética Molecular, do Instituto de Genética de cultura de plantas, Hatersleben, Alemanha.

Ocupa-se com mecanismos genéticos que regulam o desenvolvimento de sementes. Mudou-se para Alemanha em 1996, com seu marido, que também é especialista neste campo.


"Quando eu estava na Ukraina, supunha que as dificuldades - isto era falta de financiamento, equipamentos, reagentes. Na verdade, as principais dificuldades eu percebi posteriormente. No ramo que eu trabalhava, o principal problema foi a falta de objetivos científicos e idéias", - assim Ruslana Radchuk caracteriza os problemas da ciência ukrainiana.

A cientista admite que a decisão de ir embora da Ukraina era simples e apresentava-se como solução.

Os anos 90 foram muito difíceis para os pesquisadores, e não somente. Acontecia trabalhar simultaneamente em diferentes estabelecimentos, para apenas alimentar a família. Nós acabamos de ter um filho, e a situação sem habitação e renda tornou-se bastante insuportável. Parecia sem perspectivas. Eu ficava em casa com o bebê, enquanto o marido tentava fazer trabalhos de dissertação", - diz ela.

O pesquisador acrescenta, que não pode gabar-se com conquistas significativas durante o período de trabalho na Ukraina.

Nosso campo de pesquisa requer capacidade de financiamento para reagentes e equipamentos para realização de experimentos. Chances para trabalho científico decente realmente não havia por isso sobre quaisquer conquistas falar não se podia. Na Alemanha nós nos embrenhamos em um ambiente acadêmico normal, onde realizamos nossas investigações fundamentais", - diz Ruslana.

Atualmente ela abandonou o sonho de voltar para Ukraina. "Se houveram tais planos, eles ficaram no passado."

As principais dificuldades entre as comunidades acadêmicas na Ukraina e no exterior.

Na Europa a ciência é consideravelmente mais dinâmica, altamente competitiva, freqüentemente mudam as prioridades, no trabalho envolvem-se especialistas de todo mundo. O trabalho do cientista geralmente é financiado com bolsas de curta duração, pelas quais é necessário lutar e constantemente provar sua competência. A maioria dos cientistas raramente permanece no mesmo lugar por mais de cinco anos.

Em comparação, a ciência ukrainiana parece menos flexível, com estabilidade muito baixa, mas garantido financiamento, o nível geral de formação é baixo. Embora, penso, na Ukraina há oásis de pesquisa de alto nível.

A ciência moderna não conhece limites. Ocorre uma intensa troca de informações, formam-se grandes consórcios internacionais para investigação conjunta. Eu imagino totalmente, que poderei trocar Alemanha por qualquer outro país, se este propuser as condições adequadas.

No caso da ciência ukrainiana, a resposta deve ser dada pela própria ciência. O que a própria ciência espera da volta de cientistas ukrainianos, e se somente ukrainianos. Eu não entendo se hoje há a necessidade do retorno dos cientistas se a situação é aquela que precisa ser movida do lugar. Na minha opinião, este questionamento é de ontem. Hoje a questão é mais relevante - deve haver ciência? Se deve, a questão é, quem vai trabalhar com ela - estudiosos ukrainianos que voltarão, ou russos, indianos, ou chineses, não tem significado. Para ciência a importância não está na nacionalidade, mas na competente obtenção científica e de progresso.

Eu, a muito tempo deixei Ukraina, para julgar objetivamente a dinâmica da mudança. Nos últimos 15 anos não ouvi falar de nenhum avanço científico no campo da biologia ukrainiana. Portanto, se há mudanças, elas não são muito otimistas.

PARA ALGUMA COISA MUDAR NA CIÊNCIA UKRAINIANA, SÃO NECESSÁRIOS OU ENORMES ESFORÇOS OU COINCIDÊNCIAS DE CIRCUNSTÂNCIAS POUCO PROVÁVEIS

SERHII SYLANTYEV, 36 ANOS, PhD em ciências biológicas. Ocupa-se com Neurofisiologia e Neurofarmacologia do Instituto de Neurologia em Londres. Da Ukraina saiu no início de 2003. Primeiro trabalhou em Taiwan, depois Austrália, agora no Reino Unido.


"Imediatamente, após a defesa da dissertação diante de mim surgiu o conhecido para milhares de cientistas da ex-União Soviética problema. Embora, na realidade, ele não ocorre necessariamente após a aquisição do grau do candidato, mas muito antes. E cada um, de um jeito ou outro, deve resolvê-lo", - diz Serhii.
"Então primeiro precisa responder a si próprio: você quer ocupar-se com ciência? Exatamente com ciência, e não jogar poeira nos olhos ou passar o tempo sentado no meio destruído instituto? Se não - então você é uma pessoa de sorte, porque você pode jogar tudo isso fora de sua cabeça e ocupar-se com coisas mais úteis para sua própria vida", - acrescenta ele.

Mas, segundo Serhii, se o cientista ukrainiano decidir, apesar de tudo, continuar na profissão, então ele tem algumas opções. "Primeiro - ocupar-se com ciência como hobby. Mas isso é possível com ciências humanas, mas de modo algum com ciências naturais no atual nível de desenvolvimento. Segundo - entrar em algum grupo de pesquisadores de ciência que têm pelo menos algum dinheiro e fazem ciência, e não simplesmente "chupam" financiamentos estatais. Ironicamente, estes existem em nosso país, mas chegar lá não é fácil, especialmente saindo de universidades provinciais. Eu não consegui, apesar de inúmeras tentativas. E então sobra a terceira opção: ir para o estrangeiro. O que eu através do processo de eliminação escolhi" - diz o cientista. "No entanto, eu tinha um fator facilitador: a principal fonte de minha renda no momento de ir para o estrangeiro era o trabalho de carregador na estação de trem (nesta época Serhii já era PhD) e tal emprego é fácil deixar", acrescenta ele.

"Gostaria de voltar, mas agora não há condições". "Na Europa a ciência funciona assim: dinheiro - pesquisa - descoberta - publicação - dinheiro.”

Na Ukraina os elementos adicionais do ciclo são excluídos, por isso são puramente casuais. Para ser honesto: um dos grandes problemas da nossa comunidade científica - uma visão estreita, e, como resultado, puro exagero de realizações suas e de seus colegas. Mas se você trabalha em laboratórios realmente de nível mundial, a grande maioria de "sucessos", obtidos em casa (na Ukraina), provoca uma risada amarga, e em parte - vergonha.

É preciso mudar radicalmente a estrutura de subordinação e alocação de recursos. Chamo atenção: não é a quantidade de dinheiro, mas a estrutura de sua distribuição. Porque com a presente hierarquia pós-soviética qualquer quantia de dinheiro afunda, como em um buraco negro, sem a mínima conquista científica.

Um bom exemplo neste plano é o projeto russo "Skolkovo". Ou seja no caso da Ukraina, Rússia e outros Estados pós-soviéticos nós temos experiência clássica com controle que comprova: o existente sistema científico não dá, praticamente, nenhum resultado quer na disponibilidade de muito dinheiro quer na disponibilidade de pouco, ou sua completa ausência.

Infelizmente, nós ainda realizamos o cenário inercial do sistema científico da decomposição soviética. O que pode resultar ou com iminente falência (se iniciar a reforma segundo modelo soviético), ou lento (se nada for feito).

Analisando tudo, o governo atual está orientado para cenário lento, ou por raciocínios nostálgicos, ou por preguiça banal.

Pessoalmente, eu não posso dizer qual desses dois cenários é melhor ou pior. Mas é evidente, que no atual e produtivo sistema científico nossa estrutura pelo caminho da evolução não pode ser transformada.

Por isso, quando venho para Ukraina para fazer conferências, desde o início eu digo aos estudantes: se algum de vocês, apesar de tudo, quer dedicar-se à ciência, então isso deverá ser feito além da fronteira ocidental.

Tornando-se um verdadeiro cientista de nível mundial lá fora, vocês poderão trabalhar na Ukraina com quem quiserem (como eu tento fazer), e terão a chance, com a modificação da situação, voltar e totalmente trabalhar aqui. Caso ainda queiram.

Apesar de tudo, pensamento "aqui não vai acontecer nada" eu até agora não tenho. Tudo pode acontecer, apenas para isso é necessário enormes esforços ou pouco provável convergência de circunstâncias. Mas, ao longo do tempo, um e outro acontecem.

Primeiro de tudo é necessário mudar a estrutura organizacional da ciência no país. É aconselhável realizar a reestruturação pelo modelo anglo-saxão, já que, historicamente ele mostrou maior eficiência.

Para começar: sistema de distribuição de fundos segundo classificação das publicações; para distribuição consideram-se apenas as publicações creditadas em inglês (indispensável) em revistas indexadas que compõem o ranking internacional (Thomson Reuters e semelhantes); as comissões de alto nível compõem-se inteiramente por cientistas estrangeiros; a Academia Nacional de Ciências da Ukraina e Ministério de Ciências sobre a alocação de recursos não podem influir.

Isto seria apenas o começo, mas apenas isso pode dar um enorme impulso para aquelas instituições e laboratórios que ainda se apresentam com algo comparados com o nível mundial.

Porque podando os consumidores sem perspectiva, o dinheiro começará ser suficiente para trabalhos sérios: o orçamento da Academia Nacional de Ciências da Ukraina atualmente não é tão pequeno, e é possível financiar em nível europeu decente 2 -3 institutos de pesquisa.

É compreensível, a transição para tal sistema sem uma reestruturação radical do governo é impossível, porque é impossível fazer um ramo limpo de corrupção e nepotismo no país onde tudo trabalha graças a corrupção e nepotismo.

Portanto, ou revolução (verdadeira, não como a Revolução Laranja), ou continuaremos ter acadêmicos com índice 0,0 de citações científicas, como os senhores Lytvyn, Heyets e Danylyshyn.

OS CIENTISTAS PODEM SER ÚTEIS AO PRÓPRIO POVO, MAS PARA ISSO E NECESSÁRIO VONTADE POLÍTICA E MUDANÇAS NAS "REGRAS DO JOGO"

Vyacheslav Khavrus, PhD de ciências químicas, 41 anos. Desde 2008 vive na Alemanha, "trabalhando com satisfação" no Leibniz Institute for Solid State and Materials Leibniz em Dresden.


Khaurus desenvolve métodos para síntese de materiais compostos à base de nanoestruturas de carbono para aplicações futuras no domínio da eficiência energética em biomedicina e novos materiais com propriedades desejadas.

Vyacheslav diz que na Ukraina nada o segurava, por isso ele decidiu emigrar. "A maior parte da minha vida eu vivi numa habitação coletiva com as condições "cama - espaço para 3 pessoas no quarto com banheiro no final do corredor". Isto é algo que ainda poderia aguentar, se houvesse possibilidade de um trabalho científico decente, com instalações modernas e houvessem oportunidades de cooperação com colegas estrangeiros e participação em projetos científicos internacionais".

Segundo Khavrus, o equipamento da Academia Nacional de Ciências da Ukraina - tecnicamente e moralmente é obsoleto, porque trabalha segundo a era soviética. E até ele o acesso é difícil, às vezes é preciso esperar semanas ou meses.

"Trabalhando em um laboratório de química, você precisa preocupar-se, pessoalmente, como conseguir reagentes mais necessários, proibidos devido ao seu aproveitamento no preparo de narcóticos e psicotrópicos, ou como conseguir puxar pela escada, para o segundo andar, porque o elevador está quebrado, um cilindro de gás comprimido, ou pessoalmente consertar a fiação elétrica, porque o eletricista não há meios de encontrar, "seu salário é baixo". Onde está o tempo para a criatividade?" - indigna-se Vyacheslav.

"Reduzia consideravelmente a vontade de permanência no país a burocracia e a papelada da Academia Nacional. Para ingresso ou gasto de cada centavo eram necessárias pilhas de papéis, apesar de que isto não é necessário para ciências, mas para cobertura de funcionários. Tudo isso em vez da pesquisa, à qual ficava pouco tempo". - diz ele.

Na onda da euforia após Revolução Laranja, Khavrus com colegas tentavam mudar algo: escreviam concepções de desenvolvimento na esfera científica e apelos às autoridades. No entanto, eles foram ignorados tanto pela Academia de Ciências, quanto pela então primeira-ministra Yulia Tymoshenko.

"Tornou-se claro, que precisávamos emigrar, se você não quer viver sem alvo até aposentadoria, apenas preenchendo papéis a ninguém necessários e mendigando autorizações para compra de objetos essenciais para o trabalho", - disse Vyacheslav.

"Eu gostaria muito viver no meu país, ao lado de amigos e familiares, mas isso somente seria possível se esquecesse o próprio desejo de ocupar-se com a ciência verdadeira em um nível decente. Se precisar retornar, então será um passo forçado devido a doença ou debilidade de alguém próximo na Ukraina que precisará de minha presença pessoal por um longo tempo. É claro, que depois disso, retornar será quase impossível.

A principal diferença é que na Europa não há tanta burocracia, a atmosfera é amigável, todos trabalham em conjunto para resolver as tarefas em igualdade de condições.

Logo após minha chegada à Alemanha, me era estranho encontrar no refeitório o diretor do Instituto, com o qual simplesmente era possível sentar à mesma mesa e, durante o almoço discutir problemas científicos, e não só.

Ao contrário da Ukraina, não há soberba ou superioridade por parte da administração ou funcionários, porque conflitos ou ineficiências são ameaça real para dissolução da estrutura adequada.

Na Ukraina é necessário o processo de seleção, apoio e promoção dos mais bem sucedidos estudantes, doutorandos e cientistas na base de claramente estabelecidos e transparentes critérios de modo que eles possam, com dignidade, viver e trabalhar na Ukraina.

Qual o benefício da Ukraina, que após o término de meus estudos com medalha de ouro e Universidade Técnica Nacional da Ukraina - "Instituto Politécnico de Kyiv" com diploma vermelho eu trabalho no exterior?
Tenho publicações em revistas internacionais de renome e índice de Hirsch, superior a grande parte de diretores das instituições de ensino e pesquisa na Ukraina. Embora seus, por ninguém limitados salários e benefícios, frequentemente nem sonham meus superiores na Alemanha. Onde está a justiça? Para onde voltar?

O principal que precisa mudar para alterar a posição - é fazer seleção, apoiar e promover os melhores quadros na base de critérios reconhecidos internacionalmente, envolvendo-os na tomada de decisões.

Há muito tempo já se sabe, que na Ukraina ter um diploma universitário, ser candidato/doutor em ciências ou até professor, não é suficiente para ser um especialista de qualidade ou eficiente em ciências. Também é necessário o desenvolvimento de relações "ciência - resolução de necessidades da indústria e necessidades ukrainianas" para adicional financiamento das investigações científicas.

Felizmente já vão longe os tempos em que a ciência existia principalmente para apoio do complexo militar - industrial. Há muito direciona-se a inteligência para assuntos mais úteis à sociedade e benefício mútuo.

Por exemplo, eu não entendo por que na Ukraina aos cientistas não colocaram a tarefa de efetivamente resolver o problema do escaravelho da batata (Colorado potato beetle, praga agrícola perigosa)? E sobre as soluções científicas para a construção de casas energeticamente eficientes e reduções do consumo de energia em casa e no trabalho?

Onde está a contribuição científica no estudo de interessados, incluindo a criação de revistas científicas populares, transmissão e condução de expressivas ações educacionais?

Existem um sem número de questões, onde os cientistas poderiam ser úteis ao próprio povo, mas para isso é necessária vontade política e mudança nas "regras do jogo" tanto na ciência, como na organização do sistema de propriedade da terra e meios de produção a partir da experiência de países bem sucedidos.

Os melhores cientistas deveriam se tornar inteligentes locomotivas de tais mudanças, familiarizando-se com essas experiências e oferecendo soluções para realidades ukrainianas.

Mas, perspectivas eu não vejo, apenas corrosão do criado anteriormente, declínio e degradação do país. Que perspectiva pode haver no país, onde constantemente referem sobre "melhorias já amanhã" (isto era mais no início do governo Yanukovych, agora o governo já "enxerga" as melhorias - OK), sem resultados científicos reconhecidos.

E que perspectivas pode haver se a maioria das Faculdades não repassa conhecimento, apenas fornece diplomas após tempo estipulado e pagamento de determinada mensalidade?

Isso já não mencionando sobre as diversas formas de corrupção para recebimento do diploma. Será que haveria possibilidades num país normal, com instituições normais, para um velhaco como o Slisarchuk que fez bobos dois presidentes da Ukraina e seu numeroso séquito (¹) ?

Este é aquele castigo, que diariamente precisa ser carregado por todos os cidadãos da Ukraina na aparência da desesperança e baixa qualidade de vida.

P.S.: "Verdade Ukrainiana Vida" durante uma semana esforçou-se entrar em contato com funcionários do Ministério de Educação e Ciências para comentários sobre a triste estatística "fuga de cérebros" ao exterior, mas não recebeu resposta.
O pedido de uma entrevista com o presidente da Academia Nacional de Ciências Borys Paton nos negaram.

(1) Sliusarchuk - conhecido caloteiro que graças a inúmeros programas da TV ficou conhecido como pessoa com dotes fenomenais. Na base de documentos falsificados apresentava-se como médico, com especialidade em neurocirurgia. Seu atendimento incompetente levou à morte de pacientes. No mínimo três. Fazia cirurgias. Chegou a receber apoio governamental. Encontrava-se com o ex-presidente Yushchenko que lhe prometeu a criação do Instituto do Cérebro e que seria dirigido pelo falso médico que dizia-se perito em ampliação da memória.
Foi preso em 14.11.2011 pela falsificação de documentos e impostura.

Em 17.06.2010 Dmytro Tabachnyk, então presidente da Comissão de Certificação do Ministério de Educação (atualmente Ministro de Educação - OK), colocou sua assinatura no certificado de Sliusarchuk como "professor de neurocirurgia".
A Comissão de Certificação da Federação Russa confirmou o atestado de professor a Sliusarchuk.
O diploma de pós-graduação da Universidade de Medicina Pirogov foi verificado apenas pelos russos.


Tradução: Oksana Kowaltschuk