Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana), 16.07.2013
Katyryna Snisarenko
O historiador britânico Norman Davis acredita que a compreensão da
tragédia de Volyn
exige uma abordagem histórica mais complexa.
Segundo o professor Davis (Foto), o debate sobre o reconhecimento ou não
dos eventos de Volyn como genocídio é desnecessário.
"Eu considero que está situação é necessário analisar simultaneamente a
partir de múltiplas visões: o extermínio em Volyn e Halychyna (Galícia). Pois os
massacres em massa abarcaram não apenas Volyn e são parte de um problema maior.
Não é verdade, que as vítimas de assassinato e aniquilação foram apenas
poloneses. Precisa também unir o que foi feito em Volyn e Galícia Oriental, com
o que aconteceu depois da guerra, isto é, a operação "Wisla", - limpeza étnica
que o governo polonês realizava contra ukrainianos inocentes", - diz o
historiador. (Brevemente tradução sobre a operação "Wisla" - OK) Ele ainda
acrescentou, que não se pode permitir, para que um lado se considere como única
vítima e seguir em frente para introdução do termo "genocídio".
"Obviamente, os poloneses foram vítimas. Isso é mais do que a destruição, é
a limpeza étnica, cuja meta era ocupar as terras da Ukraina Ocidental pelos
ukrainianos. No início da Segunda Guerra Mundial estas terras eram
multinacionais - havia poloneses, havia ukrainianos, havia judeus. Cada um
desses grupos experimentou horrores. Não se pode destacar um desses grupos e
falar apenas sobre suas ofensas", - explicou Davis.
O professor britânico também observou aos jornalistas poloneses que o
Exército Insurgente Ukrainiano não matava somente poloneses. (Era a tentativa de
reconquistar as terras historicamente ukrainianas para os ukrainianos -
OK).
"UPA (Exército Insurgente Ukrainiano) teve páginas brilhantes em sua
história. Não reconhecia nem Hitler nem Stalin e tentou lutar contra cada uma
das duas frentes. A guerra aguçou a violência em ambos os lados. Como nem todos
os ukrainianos, assim nem todos os soldados do "UPA" são responsáveis pelos
crimes. E, não só os poloneses são vítimas", - considera o historiador
britânico.
Dados históricos sobre o assunto - pesquisa Internet
A ofensiva político-militar às terras ukrainianas começou nos anos 1330 -
1340 quando o grão-duque da Lituânia Liubard conquistou Volyn (parte de
território ukrainiano). A distribuição das terras do principado de Galícia -
Volyn entre os dois estados estrangeiros foi concluída no transcorrer da guerra
lituano-polonesa de 1351 - 1352, quando Galícia passou a ser governada pelo rei
polonês (mais tarde também as terras ocidentais de Volyn, Kholm e Belz.
Não houve resistência ao governo lituano que não quebrou as tradições
sociais, políticas, econômicas e espirituais. Mais ainda, os lituanos
assimilavam as tradições culturais e religiosas ukrainianas.
Devido à necessidade de resistir aos cavaleiros alemães e Golden Horde
Khans (Horda de Ouro) e à oposição interna, os governos lituanos e poloneses
criaram a união. E, não demorou muito ao elemento lituâno-católico começar a
dominar. No final do século XV e início do século XVI, nas terras ukrainianas
houveram várias revoltas.
Nos anos 1500 - 1503 Moscou lançou ofensiva nas terras ukrainianas de
Smolensk e Chernihov-Siver alegando proteger a fé ortodoxa contra a imposição do
catolicismo. Moscou apoderou-se dessas terras, não desistindo, entretanto, de
conquistar mais terras rutenas (assim antigamente eram denominadas as terras
ukrainianas).
Lituânia, exaurida nas guerras contra Moscou e intervenções tártaras pediu
ajuda à Polônia. Os poloneses ajudariam com dinheiro mas, principalmente, que
todas as terras lituanas passassem para Polônia. Lituânia resistiu a
constituição de um único governo porém, a pequena e média nobreza apoiou. Após
muitas discussões, em 01.07.1569 foi estabelecida a União de Lublin e, como
resultado formou-se a "Rzecpospolita" (Commonwealth polonês) com um único rei,
parlamento, dinheiro, impostos e uma política externa comum.
A mais numerosa e agressiva nobreza polonesa eliminou gradualmente os
lituanos da Ukraina. Ela definiu as mais ricas terras ukrainianas como o
objetivo principal de sua expansão. No último plano surgiam outros países que
afetariam Ukraina. Eram o reino de Moscou, que cresceu rapidamente, e o Canato
da Criméia associado com o todo poderoso Império Otomano.
A dominação estrangeira, principalmente a polonesa, levou a um novo
fenômeno - a assimilação cultural da elite ukrainiana com a elite polonesa.
Identificando as suas próprias aspirações com as necessidades do Estado, a
nobreza ukrainiana perdeu a capacidade de proteger os interesses locais.
Terras ukrainianas sob o domínio da "Rzeczpospolita"
O sudoeste e sul de Halychyna, Transcarpathia, Bukovyna, Pokuttia, Volyn,
norte de Podillia e Ukraina Central, todas estas terras após a União de Lublin
passaram a fazer parte da "Rzeczpospolita". Com o transcorrer do tempo mais
regiões foram acrescentadas.
Durante o movimento de libertação nacional, liderado pelo Hetman Bohdan
Khmelnytskyi, nos anos trinta do século XVII, houve várias modificações na posse
das terras ukrainianas.
Depois da terceira e última divisão, em
1793-1975 algumas terras ukrainianas passaram para o domínio Austro-Hungria
e Império Russo.
Na primeira metade do século XX parte das terras ukrainianas pertenceram à
República Popular da Ukraina Ocidental e também a assim chamada Polônia
inter-guerras, Romênia e Eslováquia (Como vemos o rico território ukrainiano
sempre foi cobiçado por todos e dividido tal como colcha de retalhos entre seus
vizinhos. Como é que poderia subsistir? E, pior que a acusação externa é a
acusação de ukrainianos russificados, que não é necessário dizer, a favor de
quem trabalham - OK).
Segundo o Tratado de Paz de Riga, 1921, celebrado entre URSS e Polônia,
Ukraina Ocidental foi anexada à Polônia. O termo "Ukraina Ocidental" foi
firmemente estabelecido no âmbito desta parte da Ukraina.
Domínio polonês - sob a bandeira de Bohdan
Khmelnytskyi
Fortalecidos nas lutas, os cossacos, cuja
ajuda inúmeras vezes servia ao rei polonês, desejavam novos direitos. Mas, ao
invés dos esperados privilégios, os cossacos sentiram uma brutal ofensiva do
governo polonês. O rei aspirava diminuir a quantidade do exército cossaco. E
eles só podiam habitar nos locais determinados pelo governo polonês. As pressões
de todo tipo foram aumentando e, no início dos anos 30 do século XVII
desencadearam-se insurreições mas, apesar do apoio da população, não atingiram
sua meta: os ukrainianos continuaram subjugados e privados de direitos em sua
própria terra.
Causas da guerra de libertação do povo
ukrainiano - 1648:
- Pressão sobre cossacos e citadinos,
desigualdade na situação jurídica e política da nobreza ortodoxa ukrainiana,
limitação de seus interesses pela nobreza e magnatas poloneses;
- introdução do imposto obrigatório para
manutenção das igrejas católicas. Confisco dos bens das igrejas
ortodoxas;
- confisco de terras;
- opressão nacional - limitação dos
ukrainianos ao direito de trabalho nos órgãos governamentais, inclusive nas
cidades do interior;
- aumento de impostos e do trabalho de camponeses em proveito do Estado,
isto é, escravidão;
- dependência crescente do camponês, da
aristocracia polonesa e de grandes magnatas;
- anarquia feudal e desenfreada tirania da
nobreza;
- exploração pelos judeus
arrendatários.
Por isso, quando em 1648 novamente
inflamou-se nova insurgência contra o domínio polonês, todos a apoiaram:
aldeões, pobreza citadina, clero, citadinos abastados, pequena nobreza. Esta
insurreição transformou-se em guerra nacional que durou dez anos. Esta guerra,
denominada "Nacional-libertadora" teve o comando do Hetman Bohdan
Khmelnytskyi.
No início os ukrainianos obtiveram algumas
vitórias, com o tempo os poloneses começaram a se impor. Khmelnytskyi pediu
ajuda a Moscou. O encontro com os representantes do "czar" aconteceu em
Pereiaslav, em 1654. E, ainda neste ano foi assinado o acordo em Moscou. Este
documento previa direitos e relações mutuamente vantajosas para os dois países e
não previa limitação da independência da Ukraina. No entanto o "czar" não
tencionava seguir o acordo. A ofensiva moscovita contra o Estado ukrainiano
visivelmente fortaleceu-se após a morte de Khmelnytskyi (1657). Também surgiram
brigas internas entre cossacos, alimentadas pelos povos vizinhos interessados no
território ukrainiano, levando à cisão da Ukraina cossaca. Cisão definitivamente
firmada em 1667 entre Polônia e Moskóvia (primeiro nome da Rússia - OK). Assim,
as terras do lado esquerdo do rio Dnipró, incluíndo Kyiv, ficaram pertencendo a
Moscóvia que, até então era terra cossaca livre. O domínio foi progressivo.
Grande parte dos cossacos refugiaram-se na região do Don que localizava-se num
território autônomo e que hoje compreende parte das províncias ukrainianas de
Luhansk e Donetsk, e da parte principal de Rostov, Volgograd, Voronezh e da
República Kalmykia da Federação Russa.
As terras do lado direito do Dnipró
continuaram no domínio polonês até a Segunda Guerra Mundial, quando passaram
para União Soviética.
No dia 24.08.1991 Ukraina declarou sua independência da União Soviética mas
muitos de seus cidadãos não almejam um governo democrático para todos. Em tão
pouco tempo conseguiram amealhar grandes riquezas a custa da maioria do povo que
vive com grande dificuldade econômica. Comportam-se em relação aos seus irmãos
do mesmo modo que comportavam-se os governos e a nobreza estrangeira durante os
séculos passados. Mas há um pensamento ukrainiano que diz: Ukraina não
morreu, e não morrerá jamais! E, realmente, povo que sobreviveu a tantos
anos de diversos males: pobreza, escravidão, degredos, perseguições e prisões
políticas, assassinatos, separação de familiares, fome artificial, etc., é um
povo forte.
E um dia este pensamento será vitorioso!
Pesquisa e tradução: Oksana
Kowaltschuk
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