terça-feira, 16 de julho de 2013

VOLYN 43

Cantará o Parlamento polonês com a voz da KGB/FSB?

Tyzhden (Semana), 25.04.2013
Serhii Hrabovskyi



Ofensivamente falando, cinco ukrainianos em Volyn mataram um polonês e cinco poloneses - um ukrainiano. Isto prova mais uma vez que ambos os lados agiam com os mesmos métodos, e muito mais poloneses foram mortos apenas porque eles eram minoria significativa da população de Volyn.

A Assembléia Nacional Francesa não examinava, não examina e nunca vai examinar as ações dos insurretos argelinos nos anos de 1945-1962 contra civis e colonos franceses e muçulmanos leais a Paris como genocídio. Embora houvessem, então, episódios verdadeiramente selvagens ("massacre em Filipvili", explosões de máquinas infernais" em Argel, destruição de famílias dos que colaboravam com os franceses... Em geral os historiadores citam cifras de 30 a 150 mil mortos das mãos dos insurretos civis. E ainda quase 2 milhões de refugiados na metrópole, na véspera da retirada das tropas francesas... Esta situação é considerada como fenômeno natural em consequência dos esforços do governo para manter a colônia, ao custo de uma guerra improdutiva e historicamente reacionária.
Bem como a Câmara dos Comuns da Grã-Bretanha não considera a insurgência "Mau Mau" no Quênia como genocídio da população branca, apesar de que nos anos de 1950 eles matavam os colonos e suas famílias, destruíam a administração dos brancos e, de comum acordo todos os negros "irregulares". A motivação é a mesma: guerra colonial; a propósito, era necessário zelar pela transparência do poder à população local e compreender que suaves e bonitos tais conflitos existem apenas nos romances de escritores comunistas. Certamente, a luta contra a opressão nacional não justifica moralmente o massacre dos moradores e crimes contra as famílias de reais ou imaginários colaboradores, mas em tal confronto o governo do país-colaborador carrega não menor responsabilidade por todos os excessos sangrentos, que seus adversários...

Ou perdão mútuo - ou guerra fria em bases históricas

Mais, eis que no Parlamento da Polônia, em 11 de abril, foi registrado projeto de resolução sobre o reconhecimento de OUN (Organização de Nacionalistas Ukrainianos) e do UPA (Exército Insurreto Ukrainiano) como organizações criminosas, que cometeram genocídio contra os poloneses nos anos 1939-1947. Embora, em geral a situação em Haluchyna (Galícia) e Volyn, fundamentalmente não se diferencia da situação de Argélia e Quênia.

Lembro, no verão de 1919 o exército polonês ocupou o território da República Popular da Ukraina Ocidental (leste de Halychyna), embora no Tratado de Paz de Sevres, em 1920, foi fixado o estatuto de Estado-legal de Halychyna como uma entidade separada. E, somente em 14.03.1923, numa reunião de embaixadores dos países da Entente (¹) foram reconhecidos, de fato, as fronteiras reais da Polônia no leste com a condição de concessão ao país de autonomia nacional-territorial. Isto, como se sabe, Varsóvia, não só não cumpriu, como iniciou uma forçada polonização, o que juridicamente ilegitimava seus direitos nos territórios étnicos ukrainianos, confirmando sua ocupação.

Em 1930 a população de ukrainianos na Volyn constituiu cerca de 70%, e em 1940 (quando, na verdade, inflamou-se o sangrento conflito que na Polônia chamam de genocídio) de quase 80% enquanto de poloneses - apenas 15%. E quase metade deles vieram das terras polonesas nos 20 anos entre as duas guerras, dentro da política do governo polonês de povoamento das terras limítrofes ocidentais da Ukraina e Bielorrússia. Mas a "Segunda Rzeczpospolita" (República Polonesa de 1918-1939) considerava aquelas terras, como a Grã-Bretanha - Quênia e França - Argélia.

Além disso: a guerra colonial contra os ukrainianos o governo polonês no exílio continuou mesmo depois que o território da "Segunda Rzeczpospolita" foi ocupado pelos nazistas. Poucas pessoas sabem, que em 30.07.1941 em Londres, o primeiro-ministro do governo polonês no exílio, General Sikorski e o embaixador do governo soviético Maiskyi assinaram um acordo, em cujo primeiro parágrafo constava: "O governo soviético reconhece os acordos germano-soviéticos de 1939, em relação às mudanças territoriais na Polônia como tais, que perderam a vigência".

Em outras palavras, Stalin entregou a Ukraina Ocidental em troca de apoio britânico à guerra (porque assinar tal acordo insistentemente exigia Churchil). Claro, em perspectiva estratégica Kremlin dificilmente pensava em executá-la (como aconteceu e mais tarde quando o Exército  Vermelho passou à ofensiva), mas toda "ilegal Polônia", e todos politicamente ativos ukrainianos de Volyn e Halychyna sabiam:  estas terras novamente fazem parte do estado polonês, e no caso da derrota da Alemanha restaurar-se-á a situação de pré-guerra. Com os ajustes de que aqui tem grandes chances de repetirem-se as ações sangrentas anti-ukrainianas que em 1941-1942 perpetrou o Exército Nacional Polonês nas regiões ukrainianas de Kholmshchyna e Liublianshchena, e depois em Beresteishchyna (onde então havia poderosas forças políticas ukrainianas). E, se vier o governo polonês - o camponês ukrainiano será obrigado entregar a terra, que lhe deram os "soviéticos" (Ironia - terras que sempre foram ukrainianas! - OK). O que deviam sentir, nesta situação, os ukrainianos?

E, o que chama atenção: a proporção de perdas em consequência de mútuas ações de assassinatos com grande precisão repete as proporções da composição étnica da população.
Figurativamente falando, cinco ukrainianos de Volyn mataram um polonês, e cinco poloneses - um ukrainiano. Isso prova mais uma vez que ambos os lados usaram os mesmos métodos, e muito mais poloneses forma mortos apenas porque eles eram uma minoria significativa em Volyn...

Claro, podemos lembrar também, com que métodos o Exército Nacional polonês , por ordem do governo de Londres "pavimentava o corredor" em 1933 para Lviv através de um território densamente povoado por ukrainianos (território ukrainiano). Que panfletos eram dirigidos contra a inteligência local (não importa se aos simpatizantes de Bandera, Melnyk ou bolcheviques) divulgava a clandestinidade polonesa e com que escrupulosidade "limpavam" a cidade de nossos compatriotas os poloneses-militantes nos dias em que o Exército Vermelho rechaçava-a dos nazistas (tão zelosos que destruíram-invadindo o apartamento do dirigente pró-comunista da "Guarda Nacional Ivan Franko". A guerra colonial travada pelo Exército Nacional polonês, conforme indicação do governo polonês no exílio era absurda: no ocupado primeiramente pelos nazistas, e depois bolchevique território, lutar para posteriormente deixá-lo na composição da "Rzeczpospolita", terras, onde a grande maioria da população não é etnicamente polonesa e não quer viver num estado polonês...

Então será que o lado ukrainiano deve colocar um monumento com inscrição tristemente conhecida do "Monumento à Volyn" em Varsóvia: "Em memória dos ukrainianos assassinados em Volyn e nas terras étnicas ukrainianas limítrofes do Noroeste em 1939-1947 pelos chauvinistas poloneses das organizações nacionalistas e Exército Nacional polonês"? E, às forças da oposição - prometer que depois de chegar ao poder aprovar resolução simétrica pelo Parlamento que condenará o Exército Nacional polonês, Exército Ludowa (organização do Partido dos Trabalhadores poloneses, que operava em 1944-1945 nos territórios ocupados pelo Terceiro Reich) e "Batalhões klopski" (grupos de homens armados, de resistência polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Colaboravam com o Exército Nacional. Presentes em Halychyna e Volyn. Agiram como lado ativo no massacre de Volyn) incluindo a polícia polonesa no serviço alemão.

Há 10 anos atrás os presidentes de ambos os países (apesar de que ambos, em seu tempo,foram de alto escalão da nomenclatura comunista) agiam muito mais sabiamente. Porque neste caso ou perdão mútuo - ou guerra fria com base no passado. Sendo que, na Polônia, parece que o projeto da resolução do "Sejm" (Parlamento) escreveram historiadores e políticos, que passaram - cada um a seu tempo - formação na KGB/FSB na Rússia. Porque nele propõe-se reconhecer a OUN (Organização de Nacionalistas Ukrainianos) e UPA (Exército Insurgente Ukrainiano), Waffen SS Division "Galícia e polícia ukrainiana no serviço alemão, como organizações criminosas. A impressão é que esta lista foi composta, ou na Lubyanka (Moscou), ou seja, com a participação do principal destruidor da Educação e Ciência da Ukraina, ministro Dmytro Tabachnek (ministro da Educação e Ciências da Ukraina)...

No entanto, esta iniciativa encontrou fervorosos apoiantes do Partido das Regiões. O bem conhecido em toda Ukraina deputado Mykhailo Chechetov (aquele que vendeu "Kryvorizhstal" por um quinto do preço, e no ano passado dirigia o Parlamento a votações inconstitucionais) assim se manifestou: "Perante eles nós tiramos o chapéu. Esta decisão mostra que os poloneses são defensores de valores democráticos". O  presidente da Administração Estatal de Kharkiv Mykhailo Dobkin por sua vez tem a intenção de dirigir-se ao "Sejm" com a proposição de compor a lista de apoiadores da OUN e UPA e impedi-los de entrar na União Européia. Os iniciadores da resolução do "SEJM"" encontraram seus amigos na Ukraina - aqueles, para quem Stalin,  Dzyerzhynskii, Brejnev, Andropov e Brejnev são destacados estadistas estatais, e a KGB - não é uma organização criminosa, mas "unidade de combate de partido."

... Triste, que no caso da aprovação da resolução do "Sejm"  Polônia testemunhará: a semi-criminal "elite" ukrainiana lhe é mais próxima que propriamente o povo ukrainiano. E esta resolução (mesmo na forma de projeto) é traição aos aprisionados, nos anos da segunda metade dos anos 1940 no Gulag, soldados poloneses e insurretos ukrainianos, que rapidamente se entenderam e decisivamente colocaram no lugar velhacarias criminosas, que até então encabeçavam com apoio das autoridades, e, em seguida tomavam parte ativa nas revoltas dos acampamentos. Triste...

Tradução: Oksana Kowaltschuk 

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