domingo, 25 de novembro de 2012

HUMANIDADE NO TEMPO DE DESUMANIDADE

Centro de investigação do movimento de libertação. Históriadores estabeleceram os nomes das pessoas que socorriam os compatriotas durante o Holodomor.

Capítulo "Benfeitores nos maus tempos do Holodomor" do livro "Humanidade no tempo de desumanidade" (Compiladores Volodymyr Tylishchak e Victoria Yaremenko, no prelo).
Os depoimentos são dados por filhos ou netos das pessoas que foram socorridas.

Seguem relatos de alguns casos.

Danylo Babachenko da aldeia Novahryhorivka, província Mykolaiv
Ajudou sobreviver à família de Oleksandra Lukhosherst, de quem retiraram tudo da casa. Levava-lhes cevada nos punhos.

Ivan Balakshei, aldeia Shcherban, província Mykolaiv.
Ivan trabalhava como auxiliar da despensa do Kholkhoz (fazenda coletiva). Ajudava seus vizinhos, especialmente a Feofania Shcherbets e seu pai (a mãe, irmãos e irmãs morreram de fome). Ivan, dissimuladamente, trazia aos vizinhos grãos grosseiramente moídos que era alimento para gado, bolo de sementes de papoula e sobras de sementes oleaginosas depois da extração do óleo.

Fedor Burlachenko, aldeia Suvorivka, província Mykolaiv.
Fedor era presidente do Kholkhoz "Em frente, ao trabalho". No outono de 1932 tomou medidas para salvar os aldeões da fome. Conseguiu separar 86 hectares do cultivo de cevada, do plano da entrega de grãos. Colheita desta área e mais 70 quintais de restos da peneiragem distribuiu aos trabalhadores do kholkhoz. Também na hora da debulha permitiu a passagem de grãos à palha, mantendo-os para aldeia.
Por isto foi aprisionado em 02.01.1933 e condenado a dez anos de prisão em campo de concentração.

Vynokur (nome completo desconhecido), aldeia Bazalia, província Khmelnytskyi.
Ajudou na sobrevivência às crianças Hanna, Lidia, Maria e Vasyl Pisaruk cujo pai foi preso. As quatro crianças viviam no estábulo/chiqueiro da avó. Vynokur ajudou com comida e roupas. As crianças sobreviveram.

Mykhailo Herasymchuk, aldeia Shpykiv, província Vinnytsia.
Era vice-presidente do kholkhoz local. No início do verão de 1933, quando amadurecia a nova safra, a direção da fazenda decidiu moer 130 "pud" (medida equivalente a 16,36 kg - OK) de trigo para apoio aos agricultores famintos. A farinha foi distribuída. Foram considerados culpados pelo "roubo do pão" M. Herasymchuk, o presidente da comissão revisional M. Shkurim e o membro da comissão I. Kozii, e foram condenados à morte. Após apelação o fuzilamento foi alterado para 10 anos de prisão.

Ivan Dudnek, província Zaporizhzhia.
Em 1932 Ivan era presidente do kholkhoz "Komunarovets". Para salvar da fome autorizou avanços naturais maiores do que os esperados, regulamentados pelo governo. Afirmava frequentemente, que era necessário atender primeiro as necessidades dos agricultores. Dizia: "Se nós executarmos o plano de grãos, os agricultores ficarão sem alimento". No final de 1932 foi destituído do cargo.

Zapliusvichka Vasyl, aldeia Shumylo, província Sumy.
Nos anos do Holodomor trabalhava como moleiro do moinho da fazenda. Cumprindo a ordem da direção do kholkhoz, à noite moeu os grãos, e pela manhã os trabalhadores receberam 1 (um) quilo de trigo para cada membro da família. Após algumas horas o NKVD prendeu todos os envolvidos e, sem julgamento, mandou-os para os compos de concentração de Murmansk e Sakhalin, de onde Vasyl nunca retornou.

Vasyl Ivchak, aldeia Dudarkiv, região de Kyiv.
Ivchak era diretor da escola. Quando na aldeia iniciou a fome, ele organizou a alimentação para todas as classes. Para isso acordou com a gestão do vizinho matadouro, para que os alunos, após as aulas, limpassem as culturas das ervas daninhas, pelo que receberiam uma concha de sopa. Deste modo, o diretor salvou todas as crianças da escola.
Ivchak foi preso e acusado de ser agente diversionista da organização contra-revolucionária polonesa e, em 28.09.1938 foi condenado pela "troika" (órgão regional, constituído pelo presidente da NKVD, secretário do Partido e do procurador. Funcionou em 1937-1938, na chamada época do "Grande Terror", com poderes além dos tribunais. Entrou em vigor pelo decreto da NKVD Nº 00447, assinado por Mykola Yejov e tinha por finalidade exterminar "elementos antissoviéticos, antigos "kurkuli" (qualquer aldeão que tivessee sido proprietário de área de terra que a própria família lavrava, 2-3 vacas, uma parelha de cavalos, um arado, ou ate menos). As penas estabeleciam-se sob duas modalidades: fuzilamento ou degredo em campos de concentração para 8 - 10 anos. Os governos locais recebiam quotas de extermínio. Então eles procuravam qualquer passagem na vida da pessoa que favorecesse sua acusação - OK).
Vasyl Ivchak foi condenado à morte por ter salvo da morte muitos estudantes.
Em 2007 o presidente Yushchenko, pelo heroísmo e abnegação, revelados durante o resgate da vida dos estudantes em 1932-1933 Ivchak foi agraciado com o título de Herói da Ukraina (título póstumo).

Kartava Ivan, aldeia Bereznehuvate, província Mykolaiv.
Médico do hospital local. Internou Kylyna Hrinchenko para alimentá-la. Prolongava a permanência das pessoas no hospital onde havia um pouco de alimento, e também dividia a sua porção.

Pavlo Klymenko, aldeia Radevonivka, província Poltava.
Em 19333 Pavlo tirou do buraco onde jogavam os mortos pela fome, ainda vivo um homem desconhecido. Levou-o para sua casa e dividia com ele seus poucoos alimentos. O quase sepultado vivo sobreviveu.

I. Kozoriz, aldeia Velykyi Khutir, província Cherkasy.
Kozoriz trabalhava como chefe de brigada. Tinha seis filhos mas recolheu mais onze crianças e salvou-as da fome. Também procurava salvar outras crianças da aldeia.

Mykyta Morozovskyi, aldeia Borsuk, província Odessa.
Era padre da aldeia. Durante o Holodomor tudo o que entrava para igreja, distribuía entre pessoas que tinham fome. Em 1933 ele, sua esposa e filha também morreram de fome.

Samyilo Nepomnhashchyi, aldeia Budylka, província Sumy.
Era diretor da fábrica de bebidas alcoólicas. Ajudava como podia. Muitas vezes classificavam a batata como refugo e jogavam-na além da aldeia para que as pessoas a recolhessem.

Natália Ochyrednik, aldeia Veleka Lepetekha, província Kherson.
Natália tinha 12 anos quando seus pais morreram de fome. Ela e sua vovozinha resolveram procurar um lugar melhor e foram para estação. Lá, estranhos lhes abandonaram um nenê. Vovó queria entregá-lo à milícia, porém Natália não deixou. As três foram parar em Cazaquistão. Vovó morreu. Natália trabalhou pesado mas conseguiu cuidar do nenê. Mais tarde as duas voltaram para Ukraina.

Herasym Patlatyi e Palanka Pypa, aldeia Salomna, Província Khmylnytskyi.
Herasym e Palanka trabalhavam na fazenda coletiva com a criação de porcos. Diariamente, parte da alimentação dos porcos eles separavam e entregavam à família de Nadia Rak. Graças a essa ajuda a família sobreviveu.

Flipchuk Hryhorii, aldeia Yukhumivtsi, província Khmylnytskyi.
Em 1932 Hryhorii salvou a vida da esposa e três filhos de Mukhailo Ruzhytskyi, de quem levaram tudo o que possuía. Sua esposa e 3 crianças pequenas foram tocadas da casa porque eram famíliia do "inimigo da nação". Flipchuk recolheu-os e dividia com eles a última migalha de pão.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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