"NÃO DEIXAREMOS APAGAR A VELA DA MEMÓRIA"
Notícias da Ucrânia
Apesar das agruras... o sentimento de solidariedade... |
Ao irmãozinho, primeiro!
Holodomor dos anos 1932-1933 na Ukraina
O inverno de 1933 estava terrível em Kodyma. Na estação, dos vagões, como pesados troncos lançavam cadáveres humanos, que caíam com estrépito, largados por outros, ainda vivos. A locomotiva parava em Kodyma e outras estações. Da plataforma da estação "pelo gráfico", a fila de carroças arrastava-se pela rua, que desde 1925 já ostentava o nome do chefe da revolução do proletariado. Eu conversei com um dos "transportadores" das pessoas mortas Kostiantyn Maksymishen, adolescente, que nas ruas de Kodyma ajudava o pai levar os cadáveres ao cemitério local.
Usava a rua central mais um "recolhedor" - vovô Myron. Da velha passagem férrea, quase diariamente, vovô dirigia sua carroça de bois. Os bois andavam devagar, nos seus pescoços estavam amarrados sininhoss e seu trágico som lembrava aos moradores que novamente vovô Myron encherá sua carroça com cadáveres.
Vovô conduzia seus bois. Acontecia gritar com alguns desesperados: "Ainda se mexe? Joguem na carroça, porque outra vez não virei!..." Indiferente ao horrível trabalho diário vovô conduzia seus bois ao outro lado de Kodyma, onde nos anos noventa os governantes de Kodyma, ergueram, sobre os túmulos de várias gerações, a torre de retransmissão que, como ave de rapina, vorazmente ilumina a cidade com suas cores vermelhas. Ilumina também o espaço dos mortos pelo Holodomor.
Os coveiros já não tinham força cavar a terra congelada. Acontecia atulharem com cadáveres os túmulos da parte polonesa do cemitério. "Sacudiam" os ataúdes de zinco dos defuntos dos antigos ricos da nobreza. E deles esvaziavam, com estrépito, os ossos dos alarmados fidalgos.
- Eu via isto, pessoalmente, todos os dias, - testemunha Oleksii Cherniychuk, que residia próximo do cemitério.
- Não olhe, criança, - dizia-lhe os mais velhos, quando novamente os túmulos enchiam-se de mortos... Enchiam-se em Bashtankova, Budei, Pysarivtsi.
Em Petrivtsi sobre uma cova semelhante aconteceu um diálogo assustador:
- E aquela mulher parece ainda viva. Levaremos de volta?
- E para quê, respondeu o outro, - depois o quê, traremos novamente?...
Mas a vovozinha, aquela da cova, conseguiu sair e até viveu ainda alguns anos. Ela era da família Pastukhiv... A morte tornou-se um acontecimento comum que já não assustava ninguém nem em Kodyma, nem nas aldeias do distrito. E, como testemunhado no exemplo, dos mortos pela fome na aldeia Pysarivtsia, particularmente morriam muitas crianças.
As crianças nada entendiam, não acreditando em Deus, ou em bobas crendices, - e como poderiam saber, se incha de fome todo o planeta, se somente sua aldeia. Eles comeram tudo o que puderam: "E todas as palhas, todas as cascas, e até no telhado caçaram uma cegonha..." Sim, crianças nada compreendiam, mas elas viram muito e acabaram adivinhando algo.
Certamente os professores sabiam mais que as crianças. Por isso "furavam" os lhos dos líderes. Faziam isso, a seu modo, também as crianças. Teve muita gritaria, quando o aluno de sobrenome Tuz, furou os olhos de Stalin no retrato (Pelo jeito furar os olhos de Stalin, no retrato, era mais grave que provocar a morte pela fome de milhões de cidadãos ukrainianos - OK).
Stalin procurava seus inimigos, as pessoas achavam os seus entre os líderes dirigentes locais como o presidente do Conselho da aldeia Kodyma, Malamud e seu companheiro de armas Chornyi, os quais temiam, dos quais se escondiam. Dos quais escondiam objetos caros que pertenciam à família e transmitiam-se através de gerações.
Terminou o inverno de 1933. Veio a primavera. Com dificuldade executavam-se os trabalhos de campo do "Kholkhoz" Komunar. Com dificuldade arrastavam-se os arados também em Pyrizhany, Ivashkiv, e outras aldeias do distrito, sobre os quais um avião jogava panfletos que diziam: "Tovaryshi (Companheiros) dos Kholkhozes! Não se afastem dos trabalhadores com assinatura para empréstimos!" os famintos aldeões ainda precisavam encontrar dinheiro para construção do socialismo. Deles exigiam dinheiroo que "era procurado até entre as tranças das moças", como lembra Pylyp Ohinskyi, de 95 anos.
Faminta e maltrapilha foi a infância no tempo do Holodomor. Transcorrendo 8-9 anos, os meninos (que sobreviveram) irão aos destacamentos do Exército Insurgentee Ukrainiano (UPA) e as meninas tornaram-se trabalhadoras dos "Kholkhozes" e depois viúvas ou não casadas durante a II Guerra Mundial.
Revivido nos anos 20 o mercado de Kodyma amortecia. Não havia encontros de amigos, nem ofertas de mercadorias. Não havia vendas de produtos agrícolas ou de animais domésticos, não havia ceramistas oferecendo seus produtos... No local do mercado atual, por décadas chamado "Mercado do Kholkhoz", havia uma convidativa igreja de tijolos, e próximo a ela perambulavam farrapos humanos, pedindo auxílio a outros, a si parecidos. Nunca houve comemorações de Natal e Páscoa tão pobres. E sonho pareciam as lembranças sobre páscoa doce (pão especial de Páscoa), linguiças caseiras e "pyssanky" (ovos de Páscoa pintados) que eram bentos sob o som dos sinos. Agora eles ouviam o apito dos trens que levavam os produtos de locais, conforme o jornal de Lviv "Dilo" (ação), de 06.06.1933, escrevia: "...o navio de carga soviético "Dzerzhynskyi" descarregou na semana passada nas docas de Londres 750 toneladas de manteiga, 40 toneladas de toicinho defumado e 25 toneladas de prata pura. A manteiga soviética vendem bem mais barato da australiana e nova zelandense. A União Soviética exporta produtos alimentícios apesar de que, sua população incha de fome..."
Nas cidades e aldeias de Halychyna (Ukraina Ocidental que estava sob o domínio polonês - OK) juntaram produtos alimentícios e mandaram em comboios para Ukraina do leste, sob o regime soviético. Mas os produtoos não foram aceitos e foi declarado que não havia fome.
E tudo isto aconteceu com a nossa nação, no século XX. A colheita de 1932 na Ukraina não foi pior que nos anos anteriores. Mas o sinistro fantasma da fome pairava sobre ela, sobre a sua nação, a qual caiu em desgraça do seguidor da questão de Lenin. Ele e seus companheiros, e não a seca, tornaram-se o motivo da fome na Ukraina. As lembranças sobre o acontecido rompem o coração, afligem o pensamento. Às vezes parece que você vive naqueles anos, escuta a falação das reuniões do Kholkhoz, gritos dos membros bêbados das brigadas rondistas das casas dos trabalhadores dos Kholkhozes, veem-se suas varas-sonda de ferro, as quais, parecee, furam não apenas a terra (à procura de alimento guardado), mas o seu coração, e então você sente a desmedida tragédia nacional, e até hoje o crime não punido, nem ao menos reconhecido, de todo elogiado governo comuno-soviético, o qual guerreava com toda sua nação em toda Ukraina. Eu vejo centenas de túmulos sem nomes nos distritos. Diante dos olhos repassam pessoas sonâmbulas, às quais, na maioria cruzes não colocaram, velas não acenderam, sinos não tocaram. Choram diante de mim os velhos vovôzinhos e vovózinhas. Mas nos anos 1932-1933 eles eram jovens e entre seus coetâneos, centenas que então sofreram, o mundo de Deus amaldiçoavam.
À aqueles que sempre negaram o Holodomor, o próprio Stalin o confirmou a Churchil: "Oh sim! Aquilo foi um horror! Mas era absolutamente necessário para que as nossas fábricas obtivessem novas máquinas, e nos campos - novos tratores" (V.Churchil, "Segunda Guerra Mundial", Volume IV, Capítulo 25).
O inverno de 1933 estava terrível em Kodyma. Na estação, dos vagões, como pesados troncos lançavam cadáveres humanos, que caíam com estrépito, largados por outros, ainda vivos. A locomotiva parava em Kodyma e outras estações. Da plataforma da estação "pelo gráfico", a fila de carroças arrastava-se pela rua, que desde 1925 já ostentava o nome do chefe da revolução do proletariado. Eu conversei com um dos "transportadores" das pessoas mortas Kostiantyn Maksymishen, adolescente, que nas ruas de Kodyma ajudava o pai levar os cadáveres ao cemitério local.
Usava a rua central mais um "recolhedor" - vovô Myron. Da velha passagem férrea, quase diariamente, vovô dirigia sua carroça de bois. Os bois andavam devagar, nos seus pescoços estavam amarrados sininhoss e seu trágico som lembrava aos moradores que novamente vovô Myron encherá sua carroça com cadáveres.
Vovô conduzia seus bois. Acontecia gritar com alguns desesperados: "Ainda se mexe? Joguem na carroça, porque outra vez não virei!..." Indiferente ao horrível trabalho diário vovô conduzia seus bois ao outro lado de Kodyma, onde nos anos noventa os governantes de Kodyma, ergueram, sobre os túmulos de várias gerações, a torre de retransmissão que, como ave de rapina, vorazmente ilumina a cidade com suas cores vermelhas. Ilumina também o espaço dos mortos pelo Holodomor.
Os coveiros já não tinham força cavar a terra congelada. Acontecia atulharem com cadáveres os túmulos da parte polonesa do cemitério. "Sacudiam" os ataúdes de zinco dos defuntos dos antigos ricos da nobreza. E deles esvaziavam, com estrépito, os ossos dos alarmados fidalgos.
- Eu via isto, pessoalmente, todos os dias, - testemunha Oleksii Cherniychuk, que residia próximo do cemitério.
- Não olhe, criança, - dizia-lhe os mais velhos, quando novamente os túmulos enchiam-se de mortos... Enchiam-se em Bashtankova, Budei, Pysarivtsi.
Em Petrivtsi sobre uma cova semelhante aconteceu um diálogo assustador:
- E aquela mulher parece ainda viva. Levaremos de volta?
- E para quê, respondeu o outro, - depois o quê, traremos novamente?...
Mas a vovozinha, aquela da cova, conseguiu sair e até viveu ainda alguns anos. Ela era da família Pastukhiv... A morte tornou-se um acontecimento comum que já não assustava ninguém nem em Kodyma, nem nas aldeias do distrito. E, como testemunhado no exemplo, dos mortos pela fome na aldeia Pysarivtsia, particularmente morriam muitas crianças.
As crianças nada entendiam, não acreditando em Deus, ou em bobas crendices, - e como poderiam saber, se incha de fome todo o planeta, se somente sua aldeia. Eles comeram tudo o que puderam: "E todas as palhas, todas as cascas, e até no telhado caçaram uma cegonha..." Sim, crianças nada compreendiam, mas elas viram muito e acabaram adivinhando algo.
Certamente os professores sabiam mais que as crianças. Por isso "furavam" os lhos dos líderes. Faziam isso, a seu modo, também as crianças. Teve muita gritaria, quando o aluno de sobrenome Tuz, furou os olhos de Stalin no retrato (Pelo jeito furar os olhos de Stalin, no retrato, era mais grave que provocar a morte pela fome de milhões de cidadãos ukrainianos - OK).
Stalin procurava seus inimigos, as pessoas achavam os seus entre os líderes dirigentes locais como o presidente do Conselho da aldeia Kodyma, Malamud e seu companheiro de armas Chornyi, os quais temiam, dos quais se escondiam. Dos quais escondiam objetos caros que pertenciam à família e transmitiam-se através de gerações.
Terminou o inverno de 1933. Veio a primavera. Com dificuldade executavam-se os trabalhos de campo do "Kholkhoz" Komunar. Com dificuldade arrastavam-se os arados também em Pyrizhany, Ivashkiv, e outras aldeias do distrito, sobre os quais um avião jogava panfletos que diziam: "Tovaryshi (Companheiros) dos Kholkhozes! Não se afastem dos trabalhadores com assinatura para empréstimos!" os famintos aldeões ainda precisavam encontrar dinheiro para construção do socialismo. Deles exigiam dinheiroo que "era procurado até entre as tranças das moças", como lembra Pylyp Ohinskyi, de 95 anos.
Faminta e maltrapilha foi a infância no tempo do Holodomor. Transcorrendo 8-9 anos, os meninos (que sobreviveram) irão aos destacamentos do Exército Insurgentee Ukrainiano (UPA) e as meninas tornaram-se trabalhadoras dos "Kholkhozes" e depois viúvas ou não casadas durante a II Guerra Mundial.
Revivido nos anos 20 o mercado de Kodyma amortecia. Não havia encontros de amigos, nem ofertas de mercadorias. Não havia vendas de produtos agrícolas ou de animais domésticos, não havia ceramistas oferecendo seus produtos... No local do mercado atual, por décadas chamado "Mercado do Kholkhoz", havia uma convidativa igreja de tijolos, e próximo a ela perambulavam farrapos humanos, pedindo auxílio a outros, a si parecidos. Nunca houve comemorações de Natal e Páscoa tão pobres. E sonho pareciam as lembranças sobre páscoa doce (pão especial de Páscoa), linguiças caseiras e "pyssanky" (ovos de Páscoa pintados) que eram bentos sob o som dos sinos. Agora eles ouviam o apito dos trens que levavam os produtos de locais, conforme o jornal de Lviv "Dilo" (ação), de 06.06.1933, escrevia: "...o navio de carga soviético "Dzerzhynskyi" descarregou na semana passada nas docas de Londres 750 toneladas de manteiga, 40 toneladas de toicinho defumado e 25 toneladas de prata pura. A manteiga soviética vendem bem mais barato da australiana e nova zelandense. A União Soviética exporta produtos alimentícios apesar de que, sua população incha de fome..."
Nas cidades e aldeias de Halychyna (Ukraina Ocidental que estava sob o domínio polonês - OK) juntaram produtos alimentícios e mandaram em comboios para Ukraina do leste, sob o regime soviético. Mas os produtoos não foram aceitos e foi declarado que não havia fome.
E tudo isto aconteceu com a nossa nação, no século XX. A colheita de 1932 na Ukraina não foi pior que nos anos anteriores. Mas o sinistro fantasma da fome pairava sobre ela, sobre a sua nação, a qual caiu em desgraça do seguidor da questão de Lenin. Ele e seus companheiros, e não a seca, tornaram-se o motivo da fome na Ukraina. As lembranças sobre o acontecido rompem o coração, afligem o pensamento. Às vezes parece que você vive naqueles anos, escuta a falação das reuniões do Kholkhoz, gritos dos membros bêbados das brigadas rondistas das casas dos trabalhadores dos Kholkhozes, veem-se suas varas-sonda de ferro, as quais, parecee, furam não apenas a terra (à procura de alimento guardado), mas o seu coração, e então você sente a desmedida tragédia nacional, e até hoje o crime não punido, nem ao menos reconhecido, de todo elogiado governo comuno-soviético, o qual guerreava com toda sua nação em toda Ukraina. Eu vejo centenas de túmulos sem nomes nos distritos. Diante dos olhos repassam pessoas sonâmbulas, às quais, na maioria cruzes não colocaram, velas não acenderam, sinos não tocaram. Choram diante de mim os velhos vovôzinhos e vovózinhas. Mas nos anos 1932-1933 eles eram jovens e entre seus coetâneos, centenas que então sofreram, o mundo de Deus amaldiçoavam.
À aqueles que sempre negaram o Holodomor, o próprio Stalin o confirmou a Churchil: "Oh sim! Aquilo foi um horror! Mas era absolutamente necessário para que as nossas fábricas obtivessem novas máquinas, e nos campos - novos tratores" (V.Churchil, "Segunda Guerra Mundial", Volume IV, Capítulo 25).
Tradução: Oksana
Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
EIS O QUE O COMUNISMO E OS COMUNISTAS PRODUZEM !!!
A história se repete e eles estão aí novamente. O discurso pode ser encantador para os estúpidos e ignorantes, mas o resultado será trágico.
Quem viver, verá !
O Cossaco
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