Acampamento em defesa da Tymoshenko persiste
Tyzhden (Semana), 21.10.2011
Roman Malko
Na rua Khreshchatek próximo ao Pecherskyi Tribunal (Kyiv) está tudo tranquilo. Continuam em pé as barracas e nelas vivem as pessoas que esperam até Yulia Tymoshenko sair para liberdade. Dizem que ficarão na rua Khreshchatek até o final, até, até... Enfim, até quando, não conseguem precisar, mas assim mesmo é compreensível.
Tyzhden (Semana), 21.10.2011
Roman Malko
Na rua Khreshchatek próximo ao Pecherskyi Tribunal (Kyiv) está tudo tranquilo. Continuam em pé as barracas e nelas vivem as pessoas que esperam até Yulia Tymoshenko sair para liberdade. Dizem que ficarão na rua Khreshchatek até o final, até, até... Enfim, até quando, não conseguem precisar, mas assim mesmo é compreensível.
Acampamento na principal rua da capital já esá mais de 70 dias e ainda não se sabe quantos dias vai permanecer |
O acampamento na principal rua da capital já passa de 70 dias e ficará ali não se sabe até quando. No centro, entre as barracas organizaram uma apresentação da Sociedade "Memorial" em nome de Vasyl Stus [1], que conta sobre a guerra de libertação, contra os bolcheviques após a Revolução de Outubro. Nas paredes das tendas foram coladas diversas caricaturas de personagens do poder e anti-heróis. As charges em parte são cópias da Internet, em parte criatividade própria.
Exposição sobre a Guerra da Insurreição contra os bolcheviques após o golpe de Outubro |
Os moradores do acampamento já se adaptaram às novas moradias e passam o tempo lendo jornais, realizando campanhas, estudando a história da luta do povo ukrainiano contra os ururpadores bolcheviques e ainda muitos outros assuntos úteis. Aqueles que vivem aqui permanentemente são poucos. As pessoas mudam de acordo com o método de deslocamento. Permanecem por alguns dias, agitam, e retornam para casa. Os permanentes são apenas as equipes de Kyiv que fornecem o alimento e tudo o que for necessário. Também constantemente permanecem os deputados, para não surgirem problemas.
Museu sob o céu |
Os moradores de Kyiv, com muita simpatia tratam os moradores da cidade-acampamento. Frequentemente trazem alimentos ou roupas. Apesar de também aparecerem provocadores que são, imediatamente mandados para longe pelos serviços de segurança. Em geral chegam muitas pessoas ao acampamento durante o dia. A maioria vem de todos os recantos da Ukraina. Eles recebem jornais, folhetos, e ouvem as últimas notícias.
Caricaturas das personagens do governo e anti-heróis populares |
Conflitos com a milícia e moradores do acampamento não há. Os policiais são tratados paternalmente, lhes dão comida, esquentam chá e relacionam-se como se fossem próprios filhos. "Mas eles são como meus netos" - diz um dos piqueteiros.
As visitas são recebidas com alegria |
Outro morador da cidade das tendas, Sr. Anatoly de Sumshchyna, diz que outro dia deu entrevista a um jornalista japonês. O jornalista queria saber sobre a sua vida, o dia-a-dia no acampamento, atitude perante o governo, e quanto as pessoas estão dispostas a lutar pela libertação da Yulia Tymoshenko. Tudo lhe interessava, até os pormenores.
A maioria das pessoas não está no acampamento particularmente pela Yulia, mas, principalmente, pelo que acontece no país |
O nosso interlocutor revela que nem todos manifestantes lutam fielmente pela Tymoshenko, ou consideram-na sem erro. A maior parte das pessoas está aqui não tanto pela Yulia, mas contra Yanukovych e seus comparsas, porque as pessoas tem certeza que, se o rolo da repressão não for interrompido hoje, amanhã já será impossível interrompê-lo.
Se não interrompermos o rolo da repressão hoje, amanhã será impossivel |
[1] Vasyl Stus - poeta ukrainiano, romancista, crítico literário, ativista pelos direitos humanos. Um dos representantes mais ativos do movimento cultural da Ukraina dos anos sessenta.
Por suas atividades em defesa dos direitos da pessoa, que pela (in)justiça foram consideradas "agitação e propaganda antissoviética" foi preso em 1972 e condenado a 5 anos em cárcere privado, mais 3 anos de degredo.
Da prisão fez uma declaração ao Soviete Supremo renunciando à cidadania: "...ter cidadania soviética é coisa impossível para mim. Ser um cidadão soviético - significa ser escravo..."
Com o término da prisão (nos acampamentos de trabalhos forçados na Rússia), voltou para Kyiv e juntou-se ao Grupo Helsinki de proteção aos direitos humanos.
Em 1980 foi novamente preso, considerado perigoso recidivista, para 10 anos de trabalhos forçados e 5 anos de desterro.
Cerca de 300 poesias suas, escritas na prisão foram destruídas. Em 1983, pela tentativa de enviar, para fora da prisão um caderno de versos, foi jogado numa solitária por um ano.
Morreu em 1985, na noite de 3 para 4 de setembro.
Os parentes não obtiveram licença para transladar seu corpo para casa, sob alegação de que não concluiu o tempo de condenação. Foi enterrado em Perm - Rússia onde esteve preso.
Em 1989 seus restos mortais foram trazidos para Kyiv.
Stus traduziu Goethe, Rilke, Paul Celan, Albert Ehrenshtein, Erich Kastner, Hans Magnus Enzensberger, Kipling, Giuseppe Ungaretti, Frederico Garcia Lorca, Guy de Maupassant, Arthur Rimbaud, e também de outras línguas eslavas.
(E, com todo esse sofrimento que a União Soviética causou ao povo ukrainiano, ainda temos os yanukovych e seus acólitos que aproveitam as riquezas ukrainianas em proveito próprio, deixando o povo à mingua, e ainda querem voltar à dependência da Rússia, porque na União Soviética, para homens com deficiência de caráter, a vida não era ruím. - O.K.)
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
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