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30 Jul 2017 01:30 AM PDT
Separatistas
pró-russos no leste da Ucrânia proclamaram um novo Estado denominado Malorossía,
que significa “Rússia Menor”, mas que de fato é o primeiro passo de um processo
que visa engolir quase todo o território da Ucrânia e até parte da
Moldávia!
O líder pró-russo Alexander Zajarchenko explicou que o
novo Estado se aglutinará em volta das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e
Lugansk. Sua Constituição será votada em referendo e a capital será a cidade de
Donetsk, informou “El Mundo” de Madri.
Esses dois
territórios sublevados pelo influxo de Moscou já tinham aprovado a secessão num
referendo em que os eleitores votavam mirados por fuzis e cujos resultados foram
contestados. No dia seguinte os “vencedores” pediram a integração na Federação
Russa.
Mas Vladimir Putin não ousou sequer reconhecer a independência
desses secessionistas. Seu plano era mais sibilino.
Ele pretendia usar
os revoltosos que já estavam sob seu controle para exigir imediatas concessões
do governo ucraniano legítimo de Kiev.
Mais na frente, ele esperava
usá-los como alavanca para engolir a Ucrânia inteira. Mas a intriga não
conseguiu quebrar o patriotismo ucraniano e ficou paralisada.
Agora
renova a tentativa com a proposta desta atreira Malorossía. “Será um Estado
sucessor da Ucrânia”, confessou Alexander Timofeev, membro do governo da
autoproclamada República Popular de Donetsk.
Os separatistas controlam só
uma parte das regiões de Lugansk e Donetsk, mas pretendem ser os donos absolutos
desses Oblasts (Estados).
Alegam que “o governo da Ucrânia
demonstrou ser um Estado falido”, sem se preocupar que nas regiões usurpadas os
separatistas nem fornecem os serviços básicos à população.
O mapa da
Malorossía vem mudando, mas inclui territórios nunca alcançados pelos
separatistas. Chegam até a Moldávia, engolindo a grande cidade ucraniana de
Odessa e todo a costa do mar Negro.
O presidente ucraniano, Petro
Poroshenko, relembrou que os separatistas são meras “marionetes da Rússia”.
Balazs Jarabik, investigador do Centro Carnegie, afirma ser
evidente que “os separatistas não poderiam sobreviver sem ajuda russa”.
Durante o conflito, os separatistas apelaram à Rússia para que essa os salvasse
anexando seus territórios.
É bem o que Putin gostaria como início
de conversa. Mas a astúcia lhe sugeriu cuidar-se. Inventou a “Novorrosía” e
tentou forjar uma guerra civil que não foi acompanhada pela população.
Foi então obrigado a engajar pesadamente tropas russas e invadir os
territórios “separatistas”, sofrendo graves perdas e desprestigiando a causa da
guerra aos olhos da opinião pública russa.
A conhecida escritora Anne
Applebaum, que está publicando o livro A fome vermelha, sobre a
história da Ucrânia, acredita que a “Rússia está por trás”.
Ela
mostra que desde os tempos da URSS, Moscou costuma “criar estados 'fake'
(falsos) baseados em territórios ocupados pela própria Rússia para
desestabilizar outros países” que ela quer engolir.
O Kremlin tomou distâncias, mas
“para inglês ver”. Pois Leonid Kalashnikov, criatura do regime e presidente do
Comitê da Duma para a Comunidade de Estados Independentes, defende que a criação
da Malorossía é “inevitável”.
Simultaneamente, o Kremlin intensificou as violações das linhas de fogo acertadas nos acordos de Minsk, estimulando ataques militares dos separatistas armados por ele.
Kurt Volker, ex-embaixador
dos EUA perante a OTAN e encarregado das negociações de paz na Ucrânia,
responsabilizou a Rússia pela retomada das violências no leste ucraniano.
Segundo ele, atualmente as partes estão se matando numa “verdadeira
guerra” que nada tem de um “conflito congelado”, como a Rússia e seus
companheiros de viagem fazem crer, noticiou a agência Reuters.
Na cidade de Kramatorsk, 700 km ao sudeste de Kiev, Kurt Volker anunciou que recomendará a Washington um maior engajamento no processo de paz. Os recentes combates na região do Donbass deixaram 12 mortos numa semana. Berlim e Paris exigiram respeito dos acordos de cessar-fogo de Minsk de 2015.
Esses estão sendo regularmente violados e
é patente que a Rússia e seus acólitos não pretendem cumpri-los. No máximo,
explorá-los para tirar vantagens.
A tensão se
estendeu até a Geórgia, no Cáucaso, onde o presidente Giorgi Margvelashvili e
seu homólogo da Ucrânia, Petro Poroshenko, criaram um Alto Conselho
Bilateral.
Esse visa “a liberdade dos territórios ocupados” pela Rússia
em ambos os países e promover “a integração total na OTAN e na União Europeia”,
noticiou a UOL.
Poroshenko qualificou os povos
ucraniano e georgiano de “vítimas da agressão da Rússia”. E agradeceu aos
voluntários georgianos que combatem contra os separatistas pró-Rússia no leste
da Ucrânia “pelo convencimento que dessa forma também lutam pela
Geórgia”.
“Apesar de termos duas regiões ocupadas (pela Rússia), estamos
orientados para a cooperação e a amizade”, acrescentou o presidente georgiano
Margvelashvili.
Ele se referia às autoproclamadas repúblicas de Abecásia
e Ossétia do Sul, que o Kremlin considera Estados independentes após engoli-los
pela força das armas na guerra russo-georgiana de 2008.
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Seja bem-vindo! Este blog defende uma Ucrânia livre do comunismo e do jugo moscovita.
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
KREMLIN TENTA SE APOSSAR DA UCRÂNIA
UCRÂNIA COLOCA LÊNIN NO LIXO
Estátuas de Lênin vão parar em lixões e depósitos
Por Luis Dufaur
O
fotógrafo suíço Niels Ackermann palmeou a Ucrânia durante três anos juntamente
com o jornalista francês Sébastien Gobert de “Libération”.
Eles foram
registrar que fim tiveram as inumeráveis estátuas de Lenine hoje desaparecidas
dos locais públicos.
A cabeça do monumento Dinipropetrovsk foi doada ao Museu Histórico Nacional, mas acabou posta de lado.
Sabia-se que elas
haviam sido derrubadas durante o reerguimento do povo ucraniano contra o
domínio russo representado pelo regime de Yanukovych (2010-2014).
Mas essa atitude em
face das estátuas do tirano acentuou-se ainda mais após aplicação da lei de
“desovietização”, de maio de 2015.
Pareceu uma viagem
aos porões artísticos do inferno. Os resultados ficaram compilados no álbum “Procurando
Lenine” (Looking for Lenin, ed. Noir sur
Blanc, Montricher, Suíça, 2017, 176 p.).
Mas o álbum acabou
mexendo em algo que ia além do registro fotográfico.
Ele permitiu narrar de modo diferente a
história recente da Ucrânia, as relações de força ditatorial contra o povo, as
decepções dos iludidos com o comunismo e as nostalgias da era soviética que
ainda subsistem como fantasmas de uma casa assombrada.
O fotógrafo ficou pasmo ao constatar
que cada ucraniano tem alguma coisa a contar sobre Lenine e a ação comunista
com que ele tentou esmagar o país, massacrando milhões, expropriando as
propriedades particulares, fechando a Igreja Católica e tentando fazer desaparecer
por completo a alma, a cultura e a identidade nacional ucraniana.
Mães
de família, professores, policiais, políticos, operários, camponeses, todos têm
uma história de dor para contar, até o momento em que não mais havia na sua
aldeia uma estátua do assassino de massa russo.
Os ucranianos
deixaram bem claro o que pensavam da emblemática estátua do ditador em Kiev
Niels
conta que as derrubadas de imagens de Lenine começaram antes mesmo da queda de
Yanukovich. Uma delas chegou a ser jogada por terra na Ucrânia ocidental antes
da extinção da URSS.
A
primeira onda de desmantelamentos do odiado líder comunista se deu na década de
1990.
Após
a Declaração de Independência da Ucrânia – em 24 de agosto de 1991, a qual foi
ratificada em plebiscito por 90% da população –, em quatro ou cinco anos foi
suprimida a metade das 5.500 estátuas que a URSS havia espalhado por tudo
quanto é canto.
Em
8 de dezembro de 2013 começou em Kiev a leninopad [“queda dos Lenines”],
quando uma estátua principal do tirano comunista, no centro da capital, foi
desatarraxada e estraçalhada, caracterizando o início da revolução libertadora.
O
povo se jogou encima dela e a estilhaçou com golpes de marreta, picas e paus,
com uma ferocidade que fez lembrar os alemães derrubando o Muro de Berlim.
Não
era uma revanche contra o homem Lenine, mas contra o regime que ele fundou e a
estátua encarnou, contra o passado soviético e a política atual de Putin,
explicou o fotógrafo.
Um
site anunciava uma a uma as localidades em que “os Lenines” iam sendo
arrancados, e a onda crescia em velocidade.
Das
aldeias e regiões rurais até as grandes cidades, todos corriam para se livrarem
daqueles demônios de pedra ou aço, enquanto as forças policiais mudavam de
posição e acompanhavam o movimento patriótico.
A
terceira fase foi a da descomunistização oficial, iniciada em maio de 2015.
Além dos “Lenines”, todos os símbolos comunistas – nomes de cidades e de ruas,
estátuas de outros líderes comunistas – foram sendo suprimidos e, sempre que
possível, recuperados os antigos nomes.
Pichada e abandonada
em Slovyansk
O
mapa dos “Lenines” execrados recobre todo o território ucraniano.
Um
jovem de Kharkiv, segunda maior cidade do país, descreve o que sentiam inúmeros
corações: “Eu me tornei homem naquela tarde, fazendo cair a Lenine”.
Nas
cidades do Leste, os separatistas pagos por Moscou ainda se reúnem ao pé de sua
estátua.
Para
os habitantes de Kharkiv, derrubar o símbolo do mal foi uma questão de guerra
ou de paz. Para os jovens, foi como arrancar as próprias raízes do mal,
destruindo seu insolente monumento como condição para uma ordem pacífica.
Os
restos das estátuas – recobertos de grafites, com as cores ucranianas e
increpações a Putin, com quem eles são identificados – acabaram em barracões,
lixões públicos, galpões abandonados, ou com algum nostálgico marxista.
No
momento da revolução libertadora, os ucranianos se regozijaram liquidando o
símbolo de todos os horrores, a encarnação da política estrangeira putinista.
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