Estátuas de Lênin vão parar em lixões e depósitos
Por Luis Dufaur
O
fotógrafo suíço Niels Ackermann palmeou a Ucrânia durante três anos juntamente
com o jornalista francês Sébastien Gobert de “Libération”.
Eles foram
registrar que fim tiveram as inumeráveis estátuas de Lenine hoje desaparecidas
dos locais públicos.
A cabeça do monumento Dinipropetrovsk foi doada ao Museu Histórico Nacional, mas acabou posta de lado.
Sabia-se que elas
haviam sido derrubadas durante o reerguimento do povo ucraniano contra o
domínio russo representado pelo regime de Yanukovych (2010-2014).
Mas essa atitude em
face das estátuas do tirano acentuou-se ainda mais após aplicação da lei de
“desovietização”, de maio de 2015.
Pareceu uma viagem
aos porões artísticos do inferno. Os resultados ficaram compilados no álbum “Procurando
Lenine” (Looking for Lenin, ed. Noir sur
Blanc, Montricher, Suíça, 2017, 176 p.).
Mas o álbum acabou
mexendo em algo que ia além do registro fotográfico.
Ele permitiu narrar de modo diferente a
história recente da Ucrânia, as relações de força ditatorial contra o povo, as
decepções dos iludidos com o comunismo e as nostalgias da era soviética que
ainda subsistem como fantasmas de uma casa assombrada.
O fotógrafo ficou pasmo ao constatar
que cada ucraniano tem alguma coisa a contar sobre Lenine e a ação comunista
com que ele tentou esmagar o país, massacrando milhões, expropriando as
propriedades particulares, fechando a Igreja Católica e tentando fazer desaparecer
por completo a alma, a cultura e a identidade nacional ucraniana.
Mães
de família, professores, policiais, políticos, operários, camponeses, todos têm
uma história de dor para contar, até o momento em que não mais havia na sua
aldeia uma estátua do assassino de massa russo.
Os ucranianos
deixaram bem claro o que pensavam da emblemática estátua do ditador em Kiev
Niels
conta que as derrubadas de imagens de Lenine começaram antes mesmo da queda de
Yanukovich. Uma delas chegou a ser jogada por terra na Ucrânia ocidental antes
da extinção da URSS.
A
primeira onda de desmantelamentos do odiado líder comunista se deu na década de
1990.
Após
a Declaração de Independência da Ucrânia – em 24 de agosto de 1991, a qual foi
ratificada em plebiscito por 90% da população –, em quatro ou cinco anos foi
suprimida a metade das 5.500 estátuas que a URSS havia espalhado por tudo
quanto é canto.
Em
8 de dezembro de 2013 começou em Kiev a leninopad [“queda dos Lenines”],
quando uma estátua principal do tirano comunista, no centro da capital, foi
desatarraxada e estraçalhada, caracterizando o início da revolução libertadora.
O
povo se jogou encima dela e a estilhaçou com golpes de marreta, picas e paus,
com uma ferocidade que fez lembrar os alemães derrubando o Muro de Berlim.
Não
era uma revanche contra o homem Lenine, mas contra o regime que ele fundou e a
estátua encarnou, contra o passado soviético e a política atual de Putin,
explicou o fotógrafo.
Um
site anunciava uma a uma as localidades em que “os Lenines” iam sendo
arrancados, e a onda crescia em velocidade.
Das
aldeias e regiões rurais até as grandes cidades, todos corriam para se livrarem
daqueles demônios de pedra ou aço, enquanto as forças policiais mudavam de
posição e acompanhavam o movimento patriótico.
A
terceira fase foi a da descomunistização oficial, iniciada em maio de 2015.
Além dos “Lenines”, todos os símbolos comunistas – nomes de cidades e de ruas,
estátuas de outros líderes comunistas – foram sendo suprimidos e, sempre que
possível, recuperados os antigos nomes.
Pichada e abandonada
em Slovyansk
O
mapa dos “Lenines” execrados recobre todo o território ucraniano.
Um
jovem de Kharkiv, segunda maior cidade do país, descreve o que sentiam inúmeros
corações: “Eu me tornei homem naquela tarde, fazendo cair a Lenine”.
Nas
cidades do Leste, os separatistas pagos por Moscou ainda se reúnem ao pé de sua
estátua.
Para
os habitantes de Kharkiv, derrubar o símbolo do mal foi uma questão de guerra
ou de paz. Para os jovens, foi como arrancar as próprias raízes do mal,
destruindo seu insolente monumento como condição para uma ordem pacífica.
Os
restos das estátuas – recobertos de grafites, com as cores ucranianas e
increpações a Putin, com quem eles são identificados – acabaram em barracões,
lixões públicos, galpões abandonados, ou com algum nostálgico marxista.
No
momento da revolução libertadora, os ucranianos se regozijaram liquidando o
símbolo de todos os horrores, a encarnação da política estrangeira putinista.
TEM QUE JOGAR TODO O LIXO COMUNISTA NO LIXO! PUTIN É COMUNISTA E CORONEL DA KGB!
ResponderExcluirNão há mais espaço para o comunismo no mundo.
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