Fatos Históricos da Ucrânia
Moderdor: Yuriy Petko
Em 3 de novembro de 1937, ocorreu um dos episódios
mais sombrios da história cultural da Ucrânia - um dia que marcou de forma
indelével a memória de todo um povo.
No desfiladeiro de Sandarmokh, na Carélia, no norte
gelado da antiga união soviética, o regime bolchevique exterminou o coração da
intelectualidade ucraniana - artistas, pensadores, escritores e cientistas que
criavam, sonhavam e respiravam em ucraniano.
Entre os assassinados encontravam-se Les Kurbas, o genial reformador do
teatro ucraniano; Mykola Zerov,
poeta neoclássico e tradutor brilhante; Mykola
Kulish, dramaturgo cujas peças ajudavam a abrir os olhos da sociedade; Valerian Pidmohylnyi, autor de “A Cidade”, o primeiro romance urbano em
língua ucraniana; Pavlo Fylypovych, Myroslav Irchan, Marko Voronyi - e muitos outros nomes que poderiam ter definido o
rosto da cultura ucraniana do século XX.
Essas execuções ocorreram à noite, em grupos de
dezenas de pessoas, entre 27 de outubro e 4 de novembro de 1937. Durante esses
dias, em Sandarmokh, foram mortos 1.111
prisioneiros do campo especial de Solovki. Mais de mil vidas interrompidas
sem julgamento, sem investigação, sem direito à memória.
Ao longo da existência do campo de Solovki e do
sistema prisional do NKVD, cerca de 50 mil pessoas de várias nacionalidades
perderam a vida ali - e uma parte significativa delas eram ucranianas.
Décadas depois, historiadores e escritores
descreveram esse movimento aniquilado como o “Renascimento Fuzilado” - uma
geração que poderia ter transformado a Ucrânia em uma das culturas mais
desenvolvidas e industriais da Europa, mas que foi deliberada, sistemática e
cruelmente destruída.
Sandarmokh não é apenas um local de sepultamento em
massa. É uma ferida aberta da memória ucraniana e uma prova de genocídio contra
o espírito nacional do país. Lá repousam aqueles que deveriam estar nos livros
escolares, nos palcos, nos museus, na memória coletiva da Europa.
Eles não morreram - foram assassinados. Mas as suas
palavras, os seus pensamentos e o seu amor pela Ucrânia continuam vivos.
Sandarmokh permanece como um crime sem prescrição -
e lembrar-se dele é um dever moral. O esquecimento seria o segundo assassinato.
Aqueles que ainda procuram “russos bons” cometem um
erro sistemático. Este crime é apenas um entre milhares semelhantes ao longo
dos últimos séculos - mais um elemento que revela o quadro permanente de ódio
coletivo da maioria absoluta dos russos contra os ucranianos, simplesmente pelo
fato de eles serem ucranianos.
Esta guerra não é pela posse de território, mas
pela destruição total dos ucranianos enquanto nação. O ódio dos russos contra
os ucranianos é profundo e visceral. A única solução possível para este
problema reside na dissolução da Rússia e na restauração da independência e
soberania de todos os povos subjugados por aquele estado imperial.
Só então poderá desaparecer a raiz da tragédia que
hoje ameaça levar o mundo a uma nova catástrofe global.
Fonte: Amigos da Ucrânia.

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