sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

TRUMP E PUTIN LOTEIAM A UCRÂNIA

 COMO TRUMP ESTÁ A VENDER A UCRÂNIA

 — o que ninguém fala

A questão dos territórios nas negociações entre a Ucrânia e os EUA entrou num beco sem saída — Kyiv recusa-se a entregar à Rússia as partes não ocupadas do Donbass, escreve a ABC News.

Segundo o jornal, durante a reunião na Flórida não houve nenhum progresso: a Ucrânia rejeita concessões territoriais e Moscovo recusa-se a discutir sequer um cessar-fogo.

Também foram abordadas as garantias de segurança, os ativos russos congelados e até possíveis eleições — enquanto Putin, segundo a ABC, continua a acreditar na vitória militar.


A Europa não quis ouvir tiros durante quatro anos — agora, a Ucrânia está a ser vendida, escreve.

Trump e Putin dividem o espólio.

Todos conhecem a frase de Trump:

“Vou acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas.”

Isso nunca soou como paz — sobretudo sabendo o que Trump sempre pensou sobre a Ucrânia.

E sobre Putin, nem se fala.

A 23 de fevereiro de 2022, um dia antes da invasão russa, ele comentou sobre o líder do Kremlin, que acabara de declarar parte da Ucrânia “independente” e enviar “forças de paz”:

“Que sabedoria! Isto é genial.”

Nesse mesmo dia nasceu outra frase — aquela que o homem que agora ocupa a Casa Branca repete com insistência quase horária:

“Se eu fosse presidente, isto nunca teria acontecido.”

Biden, segundo Trump, teria falhado em deter a Rússia.

Quase quatro anos passaram.

A Ucrânia continua a lutar pela sobrevivência.

E, ainda assim, muitos mantiveram esperança quando Trump tomou posse pela segunda vez, em janeiro.

Expectativas no limite.

A queda — inevitavelmente — dolorosa.

Porque o que veio depois não foram negociações de paz.

Foi um negócio.

E a Ucrânia?


Agora, no plano de Trump, é mercadoria na vitrine.

O artigo de ontem do Wall Street Journal expôs brutalmente a verdade:

Desde o início da presidência de Trump, nas sombras, preparavam-se acordos gigantescos com a Rússia — projetos económicos em que empresas norte-americanas iriam fazer negócios com Moscovo e até lucrar com os ativos russos congelados na Europa.

No centro desse plano estavam três figuras-chave:


1. Steve Witkoff

Desenvolvedor, parceiro de golfe de Trump, de repente transformado em “enviado especial” para assuntos vitais.

Europeus tentaram contactá-lo durante meses, solicitando até que usasse meios de comunicação seguros.

Witkoff recusava:

“Demasiado complicado.”

Então, eles somente ouviam.

A CIA soube das suas conversas com Putin… por intermédio dos britânicos.


2. Jared Kushner

Genro de Trump, investidor, com interesses próprios.

Em fevereiro de 2024, disse que não ocuparia cargo na nova administração — queria focar-se na sua “empresa de investimentos”.

Um ano depois, estava sentado à mesa de todas as negociações, sem cargo, sem autoridade, sem responsabilidade.


A sua empresa Affinity Partners recebeu 2 mil milhões de dólares do fundo saudita em 2021 — contra as, recomendações internas.

A investigação do Congresso sobre os interesses privados de Kushner na política externa dos EUA morreu quando os republicanos retomaram a maioria.


3. Kirill Dmitriev

Enviado por Putin, formado em Stanford, ex-Goldman Sachs.

O fundo que dirige — conhecido como “a caixa-preta de Putin” — era o terceiro vértice do triângulo Trump-Moscovo.


Durante meses, estes três trabalharam num plano em Miami e Moscovo — um plano para salvar a economia russa, recompensar Moscovo geopoliticamente e, ao mesmo tempo, enriquecer um círculo de empresários ligados a Trump.

A lógica era clara:

Empresas europeias: zero.

Empresas americanas: tudo.

Europa: calar e pagar.

Até o Nord Stream 2 estava destinado a ser vendido a um comprador americano “por trocos”.

Lista das “compras” previstas:

Gás de Sakhalin

Metais raros da Sibéria

Projetos do Ártico

Infraestruturas energéticas russas

Participações de empresas americanas em gigantes russos

Uso dos 300 mil milhões de ativos russos congelados para joint ventures EUA–Rússia

O Wall Street Journal cita vários bilionários e empresas americanas altamente interessadas:

ExxonMobil (quer voltar a Sakhalin)

Elliott Management (interessada em oleodutos)

Todd Boehly (olhando para ativos da Lukoil)

Gentry Beach (amigo de Trump Jr., tentando 9,9% na Novatek)

Steven Lynch (doador a Trump; quer comprar Nord Stream 2)

Todos acreditam que Trump concederá a Putin o que ele quer — e que isso lhes trará lucros gigantes.


O objetivo de Trump

Fechar um acordo com Putin que:

recompense a Rússia,

sacrifique a Ucrânia,

enriqueça empresas americanas,

e lhe dê um triunfo político.

Tudo isto fora:

dos canais diplomáticos oficiais,

das agências de inteligência,

dos acordos internacionais,

de qualquer transparência.

A CIA soube das conversas de Witkoff com Putin… pelos britânicos.

O enviado oficial para assuntos ucranianos, Keith Kellogg,

foi excluído das negociações reais — servia apenas como decoração.

Witkoff era o “operador de câmara”.”


O “plano de 28 pontos”

Para "vender" estes esquemas económicos ao mundo, era preciso “um plano de paz”.

E assim surgiu o famoso documento de 28 pontos — na verdade, era uma fachada, não um acordo.

Aqueles que supostamente morreriam e perderiam as suas casas não redigiram este plano.

Quem ia lucrar — sim.

O plano previa:

O reconhecimento pelos EUA dos territórios ocupados pela Rússia

A recusa da Ucrânia em aderir à NATO;

Reconhecimento da Crimeia como território russo;

Milhares de milhões de investimento dos EUA na Rússia

E a exclusão da Europa do processo.

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, resumiu: O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, resumiu: “Sabemos que isto não tem a ver com paz. Tem a ver com negócios."


Zelensky para Trump: não parceiro — obstáculo

Quando juntamos o que o Wall Street Journal disse explicitamente, a imagem fica cristalina:

Zelensky não era parceiro para Trump.

Era um problema.

Não queria entregar territórios.

Não queria acordos coloniais.

Por isso:

foi humilhado publicamente,

insultado (“ingrato”, “ditador”, “culpado pela guerra”),

alvo de gritos do senador Vance,

punido com a privação de informações de inteligência,

bloqueio do fornecimento de armas,

expulso da Casa Branca,

e difamado pela comunicação social..

Este não foi “pressão pela paz”.

Foi pressão para quebrar a resistência da Ucrânia e forçá-la a assinar um acordo que já existia entre Moscovo e Miami.


Esta pressão não visava a paz, mas sim a quebrar a resistência da Ucrânia e obrigá-la a assinar um acordo que já existia entre Moscovo e Miami — não pela paz, mas pelo acordo.

As sanções contra Lukoil e Rosneft pareciam uma pressão pela paz.

O WSJ mostra outra realidade:

Eram para tornar as empresas russas dóceis e maleáveis para aceitarem os “parceiros” americanos.

Não “pressão pela paz”.

Pressão para fechar o negócio.


Porque excluíram a Europa

A Europa é concorrente geopolítica.

E diria “não” porque:

entregar território é ilegal,

isso destrói a segurança europeia,

e queriam que a Europa pagasse a conta.

Moscovo disse claramente:

empresas europeias não receberão nada,

porque os líderes europeus “falaram demasiado lixo” sobre os “esforços de paz”.

Quem criticar Putin sai do acordo.


As fugas de informação confirmam tudo.

As conversas revelam que a própria Rússia escreveu o plano e queria que os EUA o apresentassem como “americano”.

Para esconder que era, na verdade, um plano conjunto.

Putin diz que o acordo estava fechado no verão — e que Genebra “traiu o espírito do Alasca”.

Ou seja:

a Rússia admite que já havia um acordo verbal.

Os 28 pontos eram apenas a versão polida.

Agora Witkoff e Kushner tiveram de voar para Moscovo para tentar finalizar o contrato.


O objetivo final

Um acordo maximalista russo,

um plano de negócios americano,

e uma “paz” que, na verdade visa

dilacera a Ucrânia

— e fazer a Europa pagar.

Diríamos “bem feito” —

mas nós estamos na Europa.


Durante quatro anos, a Europa não quis ver o que crescia diante dos seus olhos. na Ucrânia

Agora a Ucrânia está à beira do abismo onde países viram objetos — e alianças viram figurantes.

Enquanto dois presidentes —

um autocrata e um empresário que sonha ser ditador —

dividem a Ucrânia como troféu,

a grande imprensa pergunta seriamente:

“Podemos confiar na Ucrânia depois do escândalo de corrupção?”

É irónico — se não fosse tão assustador…


A agência anticorrupção ucraniana detetou prejuízos de cerca de 100 milhões de dólares.

E, por isso, agora a Ucrânia é “punida”.

Pelas mesmas duas potências que planeiam lucrar triliões se este plano avançar.

100 milhões de corrupção — castigam a Ucrânia.

Triliões nos negócios — vendem-na.

Assim funcionam os “valores do Ocidente”.


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