representantes da igreja cismática
russa administrada por agentes da ex-KGB, que eles as reproduziram em seu site
oficial.
O
‘Patriarcado de Moscou’ não é uma instituição eclesiástica canonicamente
constituída. Esse rótulo apareceu sob o Tsar Teodoro I, filho de Ivã IV o
Terrível, em 1589.
Naquele ano, o metropolita de Moscou passou a se
autodenominar “Patriarca da cidade do Tsar, Moscou, a nova Roma, e de toda a
Rússia”. Dessa maneira visou agradar os déspotas temporais que instituíram
Moscou como capital com esses títulos.
Essa ficção foi suprimida pelo
Tsar Pedro I o Grande em 1721 que ansiava europeizar a Rússia. Por isso, o
factício ‘Patriarcado de Moscou’ ficou morto e enterrado durante mais de dois
séculos.
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A submissão ao ditador do
momento explica o 'Patriarcado de Moscou'.
Desde Stalin, funciona como
instrumento de repressão religiosa. |
O ‘Patriarcado’
ressurgiu na pessoa do patriarca Tikon acompanhando a revolução bolchevista de
1917, com a qual partilhava a repulsa da monarquia. Ele foi reconhecido pelo
Soviete dos Comissários do Povo em 5 de fevereiro de 1918, incipiente governo
leninista.
Porém sua existência nadou na confusão. Nas chacinas da
guerra civil que sucedeu à revolução de Lenine o número de sacerdotes diocesanos
cismáticos caiu de 50.960 para 5.665. Por volta de 90.000 monges foram
massacrados pelos comunistas ficando apenas algumas centenas.
Das
40.500 igrejas e 25.000 capelas que possuía o clero cismático sobraram apenas
4.255 devastadas pelo ódio da ditadura dos sovietes contra tudo que falava de
religião.
O ‘Patriarcado’ protestou contra a imensidade dos crimes e
destruições antirreligiosas. Como punição, em 5 de maio de 1922 Tikon foi
encarcerado.
Mas foi liberado logo, em 1923, após prometer que
“a
partir de agora não sou um inimigo do poder soviético”. Tikon morreu em
1925, quiçá envenenado, e do ‘Patriarcado’ ficou uma sombra.
Durante a
Segunda Guerra Mundial, Stalin precisava motivar o povo a combater numa guerra
muito mortífera e impopular. Então, o ditador soviético reinstituiu o espúrio
‘Patriarcado’ em 1943 em troca de sua colaboração com o poder comunista e apoio
a seu engajamento na guerra mundial.
O ‘Patriarcado de Moscou’ serviu a
propaganda do regime fazendo-o aparecer tolerante com a religião diante das
nações estrangeiras, sobre tudo os EUA.
Stalin precisou também do
‘Patriarcado’ para submeter às comunidades cristãs e outros 'patriarcados'
cismáticos nos países e territórios anexados ou ocupados pela União Soviética no
conflito mundial.
Desde então, o ‘Patriarcado’ subsistiu como
instrumento de consolidação do socialismo soviético.
Ele foi o agente da
URSS para a perseguição do rito greco-católico ucraniano, confiscando todos seus
bens com o falso pretexto de que todo o clero católico tinha aderido ao
'Patriarcado'. Cfr.
Wikipedia, verbete Igreja Ortodoxa
Russa
Tendo o ‘Patriarcado de Moscou’
publicado o comprometedor conteúdo da audiência pontifícia acima referida, a
sala de imprensa da Santa Sé no dia 2 de junho tirou do segredo
a transcrição
textual do discurso.
O ocultamento tampouco podia durar porque a pagina
web
Rome Reports já tinha espalhado vídeo com as passagens centrais das
palavras do Papa (vide vídeo embaixo em inglês e espanhol).
A euforia
russa foi compreensível, à luz segundo Magister, “do modo que Francisco abraçou
as teses do patriarcado de Moscou e, pelo contrário, condenou com palavras muito
ásperas
as posições da Igreja greco-católica ucraniana”. Rito que, aliás, vive
sob as ameaças
constantes dos chefes do Patriarcado-FSB (ex-KGB)
moscovita.
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Troca de presentes entre o Papa
Francisco e o representante do Patriarcado putinista |
A
delegação pretensamente religiosa da nova-URSS estava liderada por seu “ministro
de Assuntos Exteriores”, o metropolita Hilarion de Volokolamsk, preferido do
momento pelo Patriarca Kirill, por sua vez preferido do momento de Vladimir
Putin.
Disse Francisco I: “diante dos Senhores, quero confirmar —
de modo especial diante de ti, querido irmão, e diante de todos vocês — que a
Igreja Católica jamais permitirá que desde suas fileiras nasça uma atitude de
divisão. Jamais permitiremos fazer isso, não quero”.
O temor de
os católicos conquistarem o coração dos russos frustrados com a corrupta e
insincera cúpula do Patriarcado moscovita, levou os cismáticos a forjarem a
mentira de que
a Igreja Católica trabalha para dividi-los e lhes arrancar os
fiéis.
O Pontífice prosseguiu: “Em Moscou — na Rússia — só
há um patriarcado: o de vocês. Nós não teremos outro”.
A
posição soa como uma punhalada para os católicos ucranianos de rito grego que
consideram com legítimas razões que seu pastor, Dom Sviatoslav Shevchuk,
arcebispo-mor
de Kiev, é a cabeça desse rito em toda a Rússia.
“Quando algum fiel católico, continuou Francisco I, seja
leigo, sacerdote ou bispo, assume a bandeira dos uniatas [termo depreciativo
para designar os fiéis ucranianos que retornaram à Igreja Católica], que já não
tem vigência, porque se acabou, para mim é uma dor”.
“Deve-se respeitar
as Igrejas que estão unidas a Roma, mas o uniatismo como caminho de unidade hoje
não vai mais”.
Sublinhando sua mudança de posição em relação aos Papas
anteriores acrescentou: “a Igreja Católica, as Igrejas católicas não devem se
imiscuir nas questões internas da Igreja Ortodoxa Russa, nem nas questões
políticas. Essa é minha atitude e a atitude da Santa Sé hoje. Aqueles que se
imiscuem não obedecem à Santa Sé”.
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Urbano VIII em 1627.
Abriu
com entusiasmo os braços ao 'uniatismo':
“Por meio de vós, meus
ucranianos, eu espero converter o Oriente”
Pietro da Cortona (1596 –
1669) Museo Capitolino |
Já em 1643, o Papa Urbano
VIII tinha deixado clara a posição da Igreja em
favor do “uniatismo” no sermão
da beatificação de São Josafá, grande apóstolo
da
reunificação:
“Por meio de vós, meus ucranianos, eu espero converter o
Oriente”, disse. (Cfr.
Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky,
The
Ukrainian Catholic Church, 1945-1975,
St Sophia Association, Philadelphia,
1976, p.9.)
Para Magister, o discurso de Francisco pode parecer cifrado,
mas se entende perfeitamente olhando os fatos.
Dizendo que não pretende
criar “patriarcado” católico algum por fora do ‘Patriarcado de Moscou’, ele não
pensa na Rússia, mas na Ucrânia, onde a Igreja greco-católica tem
4 milhões de
fiéis e aspira há muito tempo a ser erigida em legítimo Patriarcado.
Esse
Patriarcado foi e continua sendo o desejo de seus mais devotados filhos da
Igreja e heroicos líderes resistentes ao comunismo.
Na Ucrânia sob a
ditadura da União Soviética todas as denominações cristãs foram escravizadas
pela força comunista ao ‘Patriarcado de Moscou’ que oficiou como braço da
perseguição.
Após a queda da União Soviética os católicos saíram das
catacumbas muito diminuídos em número – por volta de 300.000 – mas logo se
recompuseram, hoje totalizam mais de quatro milhões e progridem velozmente. Uma
legião de mártires do comunismo abençoa desde
o Céu.
Em sentido
contrário, os cismáticos se desintegraram. O chefe máximo do ‘Patriarcado de
Moscou’ na Ucrânia, metropolita Filarete, se autoproclamou ‘Patriarca de Kiev’
com uma conotação nacionalista muito anti-russa.
Os agentes da FSB
representantes do ‘Patriarcado de Moscou’ excomungaram e
amaldiçoaram a nova
concorrência que logo ficou maioritária.
Também se definiu por fora do
‘Patriarcado’ moscovita a Igreja Ortodoxa Ucraniana Autocéfala, liderada pelo
metropolita Metódio.
As divisões, excomunhões, maldições e novas alianças
entre líderes cismáticos se
multiplicam todos os anos dando lugar a contínuos
rearranjos e novos cismas dentro dos velhos.
Nessa anarquia, o governo de
Kiev quer unificar pelo menos as maiores denominações cismáticas sob a égide de
Bartolomeu, cismático patriarca ecumênico de Constantinopla reduzido à mínima
expressão.
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Nossa Senhora de Fátima no fim
triunfará
e converterá todo o mundo eslavo, malgrado as insídias
infernais |
Mas, as tentativas, apoiadas também pela
Ostpolitik vaticana, se revelam como que impossíveis. E o ‘Patriarcado de
Moscou’ perderia sua influencia política na Ucrânia, aliás
em contínua
diminuição.
Segundo Magister, o maior inimigo dessa conciliação entre os
turbulentos cismáticos é o próprio Vladimir Putin, que em relação à Ucrânia só
pensa em guerra e quer ver todos os cristãos sob sua bota. E ele quer mandar na
galáxia cismática como já fez Stalin!
A maior cólera dos dirigentes do
patriarcado moscovita putinista provém do medo, aliás fundado nos fatos, de o
povo se converter à Igreja de rito greco-católico, única ordenada e fecunda em
graças e obras de caridade.
Esse grande retorno ao catolicismo que
implicaria em abrir as portas da salvação para
muitos milhões de almas, é o
“uniatismo” que o papa Francisco condenou sem meios termos ante a delegação de
Moscou.
Em síntese, para os ortodoxos-FSB (ex-KGB), o “uniatismo” é
quanto há de mais intolerável: significa que blocos cismáticos voltem a obedecer
ao Vigário de Cristo, sucessor de São Pedro, o Papa de Roma, e fujam do controle
do sistema putinista.
E foi contra o arcebispo-mor dos greco-católicos,
Dom Sviatoslav Shevchuk, de 48 anos,
que o Pontífice dirigiu precisamente, sem
mencionar o nome, as palavras mais duras do discurso de 30 de maio, lhe
ordenando “não se imiscuir nas questões internas” do cisma
russo
sub-repticiamente comunista, observou Magister.
O Papa se distanciou dele
da mesma maneira que abandonou a Ucrânia por ocasião da agressão russa à Crimeia
e ao leste do país.
Com os cismáticos quer ser amigo de todos – escreve
Magister – mas suas preferências vão pelo patriarca russo, funcionário de
Vladimir Putin.
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Túmulo de São Josafá na basílica
de São Pedro, Cidade do Vaticano. |
Mas nada prevalecerá
sobre a proteção maternal de Nossa Senhora que se evidencia ativa e fecunda
sobre o catolicismo ucraniano.
Especialmente, de nada servirão as
manobras diplomáticas, ainda que promovidas por altos órgãos eclesiásticos,
contra a promessa da conversão do mundo eslavo feita por
Nossa Senhora em
Fátima.
Não está longe o dia em que se tornará radiosa realidade a
antevisão do Papa Urbano VIII na beatificação do grande São Josafá: “Por meio de
vós, meus ucranianos, eu espero converter o Oriente”.