CORVETAS CLASSE TAMANDARÉ – A Proposta da Ucrânia
Neste artigo é apresentada a proposta da Ucrânia com o Projeto 58300 da UKRIMASH
Arte do Projeto 58300 da UKRIMASH, apresentado na proposta das Corvetas Classe Tamandaré.
No dia, 18 de junho de 2018, o Comando da Marinha do Brasil (MB) anunciou a conclusão da segunda etapa do processo de licitação para a construção de quatro Corvetas Classe “Tamandaré” (CCT). Das 21 empresas cadastradas na primeira etapa, apenas 9 apresentaram suas propostas(ver matéria link) .
Uma notícia inesperada, mas muito importante para os observadores e especialistas militares foi a participação neste projeto da empresa que representa a indústria de Defesa e construção naval da Ucrânia – empresa estatal “UKRINMASH”. Menos de 3 semanas após a apresentação, a proposta da “UKRINMASH” foi considerada pelos especialistas como uma SUPEROFERTA, pelas razões que são expostas ao longo deste artigo.
Cabe destacar alguns fatos relevantes sobre a indústria da construção naval militar ucraniana.
Mais de 70% de todos os navios da Marinha soviética com deslocamento superior a 3.000 toneladas foram construídos nos estaleiros da cidade Mykolaiv, incluindo todos os cruzadores porta-aviões das classes “Kiev” e “Kuznetzov”, os cruzadores de mísseis da Classe “Slava” (ou “Project 1164 – Atlant”), navios de desembarque de doca, contratorpedeiros, fragatas, corvetas e submarinos. A alta complexidade desses projetos já permite, por si só, dar uma ideia do imenso conhecimento e capacidade tecnológicos acumulados pela Ucrânia na área de construção naval, notadamente no período em que ainda pertencia à então União Soviética.
Somente o complexo de estaleiros de Mykolaiv foi responsável pela construção de 11 cruzadores de mísseis guiados, com porte superior a 11.000 toneladas, em menos de 9 anos, uma marca que possibilita aquilatar o enorme potencial do referido complexo, superior, em termos físicos, a todo o conglomerado de construção naval da Hyundai, localizado em Ulsan, na Coreia do Sul.
Apesar da existência de um conflito territorial com o vizinho do norte, a Ucrânia está expandindo ativamente sua capacidade de produção, sendo um parceiro de confiança para muitos países estrangeiros no que se refere à cooperação técnico-militar. Um exemplo dessa cooperação ativa internacional é a recente divulgação, no início de julho 2018, da intenção de estabelecimento de uma parceria, na modalidade “joint venture”, entre a empresa indiana “Bharat Heavy Electricas Ltd” e a empresa ucraniana “Zorya-Mashproekt” (https://www.ibtimes.co.in/bhel-tie-ukrainian-zorya-refurbishing-warship-turbines-774240), para reparo e manutenção de turbinas a gás produzidas na Ucrânia, instaladas em 22 navios militares da Marinha da Índia.
Além disso, está previsto o início das negociações entre o Comando da Marinha indiana e empresas da indústria de defesa da Ucrânia para o reparo, complexa manutenção e modernização parcial do porta-aviões “Vikramaditya” que, também, foi construído na Ucrânia, em Mykolaiv.
A projeto 58300 Amazônia da “UKRINMASH”.
Para atender à solicitação da MB, a empresa ofereceu seu projeto “Navio de Propriedade Intelectual de Proponente – NAPIP”, denominado Projeto 58300 “Amazonia”, elaborado com base no “Projeto 58250” da Corveta Nacional da Ucrânia, que foi adaptado pela empresa estatal “State Research and Design Shipbuilding Center – SRDSC ” (que é o escritório de projeto do complexo naval de Mykolaiv) de modo a atender aos requisitos estabelecidos na “Request for Proposal – RFP”, da MB.
Em particular, foram parcialmente modificados e adaptados parte do armamento, dos sistemas de navegação, detecção e de Guerra Eletrônica para considerar equipamentos de fabricação das principais empresas europeias. O projeto atende integralmente a todos os requisitos técnicos requeridos pela MB.
Uma notícia inesperada, mas muito importante para os observadores e especialistas militares foi a participação neste projeto da empresa que representa a indústria de Defesa e construção naval da Ucrânia – empresa estatal “UKRINMASH”. Menos de 3 semanas após a apresentação, a proposta da “UKRINMASH” foi considerada pelos especialistas como uma SUPEROFERTA, pelas razões que são expostas ao longo deste artigo.
Cabe destacar alguns fatos relevantes sobre a indústria da construção naval militar ucraniana.
Mais de 70% de todos os navios da Marinha soviética com deslocamento superior a 3.000 toneladas foram construídos nos estaleiros da cidade Mykolaiv, incluindo todos os cruzadores porta-aviões das classes “Kiev” e “Kuznetzov”, os cruzadores de mísseis da Classe “Slava” (ou “Project 1164 – Atlant”), navios de desembarque de doca, contratorpedeiros, fragatas, corvetas e submarinos. A alta complexidade desses projetos já permite, por si só, dar uma ideia do imenso conhecimento e capacidade tecnológicos acumulados pela Ucrânia na área de construção naval, notadamente no período em que ainda pertencia à então União Soviética.
Somente o complexo de estaleiros de Mykolaiv foi responsável pela construção de 11 cruzadores de mísseis guiados, com porte superior a 11.000 toneladas, em menos de 9 anos, uma marca que possibilita aquilatar o enorme potencial do referido complexo, superior, em termos físicos, a todo o conglomerado de construção naval da Hyundai, localizado em Ulsan, na Coreia do Sul.
Apesar da existência de um conflito territorial com o vizinho do norte, a Ucrânia está expandindo ativamente sua capacidade de produção, sendo um parceiro de confiança para muitos países estrangeiros no que se refere à cooperação técnico-militar. Um exemplo dessa cooperação ativa internacional é a recente divulgação, no início de julho 2018, da intenção de estabelecimento de uma parceria, na modalidade “joint venture”, entre a empresa indiana “Bharat Heavy Electricas Ltd” e a empresa ucraniana “Zorya-Mashproekt” (https://www.ibtimes.co.in/bhel-tie-ukrainian-zorya-refurbishing-warship-turbines-774240), para reparo e manutenção de turbinas a gás produzidas na Ucrânia, instaladas em 22 navios militares da Marinha da Índia.
Além disso, está previsto o início das negociações entre o Comando da Marinha indiana e empresas da indústria de defesa da Ucrânia para o reparo, complexa manutenção e modernização parcial do porta-aviões “Vikramaditya” que, também, foi construído na Ucrânia, em Mykolaiv.
A projeto 58300 Amazônia da “UKRINMASH”.
Para atender à solicitação da MB, a empresa ofereceu seu projeto “Navio de Propriedade Intelectual de Proponente – NAPIP”, denominado Projeto 58300 “Amazonia”, elaborado com base no “Projeto 58250” da Corveta Nacional da Ucrânia, que foi adaptado pela empresa estatal “State Research and Design Shipbuilding Center – SRDSC ” (que é o escritório de projeto do complexo naval de Mykolaiv) de modo a atender aos requisitos estabelecidos na “Request for Proposal – RFP”, da MB.
Em particular, foram parcialmente modificados e adaptados parte do armamento, dos sistemas de navegação, detecção e de Guerra Eletrônica para considerar equipamentos de fabricação das principais empresas europeias. O projeto atende integralmente a todos os requisitos técnicos requeridos pela MB.
Arte do Projeto 58300
Características Projeto 58300 Básicas | |
Comprimento | 112,0 m |
Largura | 13,50 m |
Calado | 3,50 m |
Deslocamento Máx | 2650 t |
Resistência(Endurance): | 30 dias |
Complemento: | 110 |
Propulsão / Velocidade: | |
Propulsão: | CODOG |
Velocidade máx: | não menos 30 nós |
Alcance: | não menos 4000 NM a 14 nós |
Sensores e Comunicação: |
3D Radar de vigilância de longo alcance de ar/superfície |
3D Radar de vigilância de alcance médio de ar/superfície |
Targeting radar sobre horizonte de longo alcance |
CMS |
Sistema de controle de fogo por radar óptico |
Sistema de controle de fogo por radar optoeletrónico |
Sonar montado no casco eSonar de arrasto rebocado |
ESM/ECM/OECM |
Radar de navegação |
Intagrated bridge system |
Armamento |
2?4 SSM lançadores |
SAM sistema de medio alcance |
Canhão 76 mm |
Canhões 2?1 35 mm |
2?3 324 mm lançadores de torpedos |
2?12.7 mm metralhadoras |
Chaff decoy lançadores |
Helicóptero multiusoaté 11 t |
A Ucrânia aposta nos componentes associados à Compensação Comercial (“offset”) e à Transferência de Tecnologia que fazem diferença.
Ao contrário de outros participantes, a Ucrânia, em vez de buscar parceria com um estaleiro privado brasileiro com todos os problemas fiscais e trabalhistas inerentes à crise na indústria de construção naval da atualidade, foi a única a propor que a construção da série completa dos quatro navios se desse em um estaleiro militar, utilizando as instalações do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), que serão devidamente adaptadas e modernizadas, dentro do programa de “offset” ? para a construção.
Além de concentrar todas as atividades de construção nas instalações da MB, a “UKRINMASH” oferece o envolvimento de uma ampla gama de fornecedores nacionais em todas as fases de construção, proporcionando às unidades que serão construídas um elevado índice de conteúdo local, fator muito importante para o fomento e desenvolvimento da indústria nacional, com a consequente geração de empregos diretos e indiretos. Adicionalmente, a utilização de parte das instalações do AMRJ pela “UKRINMASH”, por meio de “leasing”, propiciará à MB reduzir seus custos, fazendo com que, indiretamente, o valor final dos navios seja menor, representando, portanto, economia extra de recursos financeiros.
A esses aspectos somam-se, ainda, os inerentes ganhos logísticos e financeiros por conta da facilidade de acompanhamento e fiscalização técnico-gerencial de toda a construção por parte da MB, em instalações de sua própria estrutura organizacional, localizadas no centro do Rio de Janeiro, região que concentra a maior parte do corpo técnico que estará envolvido nesse importante programa.
Ao final do programa, a “UKRINMASH” entregará à MB um conjunto completo de documentos do “Projeto 58300”, de sua propriedade intelectual, possibilitando à MB realizar, autonomamente, em sua própria base industrial, o gerenciamento do ciclo de vida útil desses navios, incluindo reparos, manutenções e modernizações futuras, podendo, inclusive, caso oportunamente decidido, vir a construir unidades adicionais, sem depender do consentimento de terceiros. Independentemente dessa autonomia, a MB poderá, ainda, em casos específicos e sempre que necessário, reforçar suas equipes com consultores especialistas da “UKRINMASH”.
Entretanto, a par do excelente projeto que está sendo ofertado, a Proposta de Plano de Compensação (“Offset”), inclui ? além das compensações priorizadas pela MB na RFP, relativas à modernização de sistemas e equipamentos da Corveta da Classe “Barroso” e do AMRJ, à instalação de treinadores do Sistema de Gerenciamento de Combate (“Combat Management System – CMS”) das novas Corvetas em três Centros da MB, e à instalação de novas facilidades no Centro de Manutenção de Sistemas ?, as seguintes ofertas:
1 - Construção no Brasil de um Centro de serviços para reparo e manutenção de turbinas a gás da empresa “Zorya-Mashproekt” que serão instaladas nas novas corvetas e poderão, futuramente, dotar outras unidades da MB, com a correspondente transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos. Esse novo Centro poderá ser a solução para o problema histórico da MB com as manutenções de suas turbinas, tradicionalmente realizadas fora do país, a elevados custos e com grande imobilização dos meios envolvidos.
2 - Fornecimento de 5 diques flutuantes, a serem construídos na Ucrânia e transportados para o Brasil, com variadas capacidades de docagem (2 até 3.500 toneladas; 2 de até 8.500 toneladas e 1 de até 25.000 toneladas), que representará expressiva contribuição para o aumento da capacidade de reparo e manutenção de navios de porte variado, podendo ser posicionados nas instalações industriais que forem mais convenientes à MB, seja no AMRJ, seja em outras Bases Navais fora do Rio de Janeiro.
3 - Transferência para a MB do cruzador de mísseis de “Projeto 1164” (“Atlant”), que será restaurado e desmilitarizado na Ucrânia para posterior entrega no Rio de Janeiro. De acordo com a decisão da Marinha quanto ao emprego do navio e sua nova configuração, esse importante meio naval será modernizado por especialistas ucranianos, já em solo brasileiro, com a implementação de um novo conjunto de documentos de projeto a ser desenvolvido pelo SRDSC, que incluirá modernos sistemas de combate e armamento, de comunicações, de navegação, dentre outros, a critério da MB. É importante notar que o cruzador permanece em água doce, sendo submetido a um programa contínuo de armazenamento e preservação em acordo com normas e procedimentos específicos.
O cruzador do “Projeto 1164” é único e é improvável que oferta similar seja feita por qualquer outro proponente.
Transferência de Tecnologia
Finalmente, a proposta da “UKRINMASH” oferece ainda Transferências de Tecnologia, nos moldes requeridos pela MB, para o Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS, na sigla em inglês), sendo oferecido o sistema “TACTICOS”, avançado desenvolvimento do grupo francês THALES; e para o Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS, na sigla em inglês), produzido pela gigante industrial “Zorya-Mashproekt”, responsável pelo desenvolvimento de sistemas de turbinas a gás e equipamentos associados, além de outros importantes sistemas do navio.
Assim, a Ucrânia como uma das melhores e mais tradicionais escolas do mundo na construção naval, consagrada projetista de meios navais de alta complexidade, apresenta, em sua singular proposta, a possibilidade de o Brasil combinar sua experiência com as mais avançadas tecnologias de armamento, navegação, comunicações e sistemas de controle, e implementar integralmente o projeto nas instalações industriais do AMRJ.
Finalmente, resta a questão: o Brasil, representado por sua Força Naval, ousaria avançar no nível de qualidade de suas armas sob condições de preço mais favoráveis, selecionando uma proposta de alto nível de complexidade tecnológica e de extraordinária abordagem?
Navio padrão do Projeto 1164 .
Nenhum comentário:
Postar um comentário