Posted:
24 Jun 2018 01:30 AM PDT
Palavras
republicadas pelo conceituado vaticanista de Roma Sandro Magister deixaram
católicos consternados porque vindas da Santa Sé! Sem dúvida, um episódio a mais
do misterioso processo de autodemolição da Igreja apontado pelo Papa Paulo
VI.
Magister as recopiou em seu site Settimo Cielo com a manchete “Na Ucrânia, entre ortodoxos e católicos, Francisco tomou partido por Moscou”. As palavras foram pronunciadas pelo Papa Francisco saudando a delegação do Patriarcado de Moscou acolhida em audiência no dia 30 de maio (2018). Elas deviam permanecer no sigilo. Porém de tal maneira encheram de regozijo os
representantes da igreja cismática
russa administrada por agentes da ex-KGB, que eles as reproduziram em seu site
oficial.
O
‘Patriarcado de Moscou’ não é uma instituição eclesiástica canonicamente
constituída. Esse rótulo apareceu sob o Tsar Teodoro I, filho de Ivã IV o
Terrível, em 1589.
Naquele ano, o metropolita de Moscou passou a se autodenominar “Patriarca da cidade do Tsar, Moscou, a nova Roma, e de toda a Rússia”. Dessa maneira visou agradar os déspotas temporais que instituíram Moscou como capital com esses títulos. Essa ficção foi suprimida pelo Tsar Pedro I o Grande em 1721 que ansiava europeizar a Rússia. Por isso, o factício ‘Patriarcado de Moscou’ ficou morto e enterrado durante mais de dois séculos.
Porém sua existência nadou na confusão. Nas chacinas da guerra civil que sucedeu à revolução de Lenine o número de sacerdotes diocesanos cismáticos caiu de 50.960 para 5.665. Por volta de 90.000 monges foram massacrados pelos comunistas ficando apenas algumas centenas. Das 40.500 igrejas e 25.000 capelas que possuía o clero cismático sobraram apenas 4.255 devastadas pelo ódio da ditadura dos sovietes contra tudo que falava de religião. O ‘Patriarcado’ protestou contra a imensidade dos crimes e destruições antirreligiosas. Como punição, em 5 de maio de 1922 Tikon foi encarcerado. Mas foi liberado logo, em 1923, após prometer que “a partir de agora não sou um inimigo do poder soviético”. Tikon morreu em 1925, quiçá envenenado, e do ‘Patriarcado’ ficou uma sombra. Durante a Segunda Guerra Mundial, Stalin precisava motivar o povo a combater numa guerra muito mortífera e impopular. Então, o ditador soviético reinstituiu o espúrio ‘Patriarcado’ em 1943 em troca de sua colaboração com o poder comunista e apoio a seu engajamento na guerra mundial. O ‘Patriarcado de Moscou’ serviu a propaganda do regime fazendo-o aparecer tolerante com a religião diante das nações estrangeiras, sobre tudo os EUA. Stalin precisou também do ‘Patriarcado’ para submeter às comunidades cristãs e outros 'patriarcados' cismáticos nos países e territórios anexados ou ocupados pela União Soviética no conflito mundial. Desde então, o ‘Patriarcado’ subsistiu como instrumento de consolidação do socialismo soviético. Ele foi o agente da URSS para a perseguição do rito greco-católico ucraniano, confiscando todos seus bens com o falso pretexto de que todo o clero católico tinha aderido ao 'Patriarcado'. Cfr. Wikipedia, verbete Igreja Ortodoxa Russa Tendo o ‘Patriarcado de Moscou’ publicado o comprometedor conteúdo da audiência pontifícia acima referida, a sala de imprensa da Santa Sé no dia 2 de junho tirou do segredo a transcrição textual do discurso. O ocultamento tampouco podia durar porque a pagina web Rome Reports já tinha espalhado vídeo com as passagens centrais das palavras do Papa (vide vídeo embaixo em inglês e espanhol). A euforia russa foi compreensível, à luz segundo Magister, “do modo que Francisco abraçou as teses do patriarcado de Moscou e, pelo contrário, condenou com palavras muito ásperas as posições da Igreja greco-católica ucraniana”. Rito que, aliás, vive sob as ameaças constantes dos chefes do Patriarcado-FSB (ex-KGB) moscovita.
A delegação pretensamente religiosa da nova-URSS estava liderada por seu “ministro de Assuntos Exteriores”, o metropolita Hilarion de Volokolamsk, preferido do momento pelo Patriarca Kirill, por sua vez preferido do momento de Vladimir Putin. Disse Francisco I: “diante dos Senhores, quero confirmar — de modo especial diante de ti, querido irmão, e diante de todos vocês — que a Igreja Católica jamais permitirá que desde suas fileiras nasça uma atitude de divisão. Jamais permitiremos fazer isso, não quero”. O temor de os católicos conquistarem o coração dos russos frustrados com a corrupta e insincera cúpula do Patriarcado moscovita, levou os cismáticos a forjarem a mentira de que a Igreja Católica trabalha para dividi-los e lhes arrancar os fiéis. O Pontífice prosseguiu: “Em Moscou — na Rússia — só há um patriarcado: o de vocês. Nós não teremos outro”. A posição soa como uma punhalada para os católicos ucranianos de rito grego que consideram com legítimas razões que seu pastor, Dom Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor de Kiev, é a cabeça desse rito em toda a Rússia. “Quando algum fiel católico, continuou Francisco I, seja leigo, sacerdote ou bispo, assume a bandeira dos uniatas [termo depreciativo para designar os fiéis ucranianos que retornaram à Igreja Católica], que já não tem vigência, porque se acabou, para mim é uma dor”.
favor do “uniatismo” no sermão da beatificação de São Josafá, grande apóstolo da reunificação: “Por meio de vós, meus ucranianos, eu espero converter o Oriente”, disse. (Cfr. Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church, 1945-1975, St Sophia Association, Philadelphia, 1976, p.9.) Para Magister, o discurso de Francisco pode parecer cifrado, mas se entende perfeitamente olhando os fatos. Dizendo que não pretende criar “patriarcado” católico algum por fora do ‘Patriarcado de Moscou’, ele não pensa na Rússia, mas na Ucrânia, onde a Igreja greco-católica tem 4 milhões de fiéis e aspira há muito tempo a ser erigida em legítimo Patriarcado. Esse Patriarcado foi e continua sendo o desejo de seus mais devotados filhos da Igreja e heroicos líderes resistentes ao comunismo. Na Ucrânia sob a ditadura da União Soviética todas as denominações cristãs foram escravizadas pela força comunista ao ‘Patriarcado de Moscou’ que oficiou como braço da perseguição. Após a queda da União Soviética os católicos saíram das catacumbas muito diminuídos em número – por volta de 300.000 – mas logo se recompuseram, hoje totalizam mais de quatro milhões e progridem velozmente. Uma legião de mártires do comunismo abençoa desde o Céu. Em sentido contrário, os cismáticos se desintegraram. O chefe máximo do ‘Patriarcado de Moscou’ na Ucrânia, metropolita Filarete, se autoproclamou ‘Patriarca de Kiev’ com uma conotação nacionalista muito anti-russa. Os agentes da FSB representantes do ‘Patriarcado de Moscou’ excomungaram e amaldiçoaram a nova concorrência que logo ficou maioritária. Também se definiu por fora do ‘Patriarcado’ moscovita a Igreja Ortodoxa Ucraniana Autocéfala, liderada pelo metropolita Metódio. As divisões, excomunhões, maldições e novas alianças entre líderes cismáticos se multiplicam todos os anos dando lugar a contínuos rearranjos e novos cismas dentro dos velhos. Nessa anarquia, o governo de Kiev quer unificar pelo menos as maiores denominações cismáticas sob a égide de Bartolomeu, cismático patriarca ecumênico de Constantinopla reduzido à mínima expressão.
Mas, as tentativas, apoiadas também pela Ostpolitik vaticana, se revelam como que impossíveis. E o ‘Patriarcado de Moscou’ perderia sua influencia política na Ucrânia, aliás em contínua diminuição. Segundo Magister, o maior inimigo dessa conciliação entre os turbulentos cismáticos é o próprio Vladimir Putin, que em relação à Ucrânia só pensa em guerra e quer ver todos os cristãos sob sua bota. E ele quer mandar na galáxia cismática como já fez Stalin! A maior cólera dos dirigentes do patriarcado moscovita putinista provém do medo, aliás fundado nos fatos, de o povo se converter à Igreja de rito greco-católico, única ordenada e fecunda em graças e obras de caridade. Esse grande retorno ao catolicismo que implicaria em abrir as portas da salvação para muitos milhões de almas, é o “uniatismo” que o papa Francisco condenou sem meios termos ante a delegação de Moscou. Em síntese, para os ortodoxos-FSB (ex-KGB), o “uniatismo” é quanto há de mais intolerável: significa que blocos cismáticos voltem a obedecer ao Vigário de Cristo, sucessor de São Pedro, o Papa de Roma, e fujam do controle do sistema putinista. E foi contra o arcebispo-mor dos greco-católicos, Dom Sviatoslav Shevchuk, de 48 anos, que o Pontífice dirigiu precisamente, sem mencionar o nome, as palavras mais duras do discurso de 30 de maio, lhe ordenando “não se imiscuir nas questões internas” do cisma russo sub-repticiamente comunista, observou Magister. O Papa se distanciou dele da mesma maneira que abandonou a Ucrânia por ocasião da agressão russa à Crimeia e ao leste do país. Com os cismáticos quer ser amigo de todos – escreve Magister – mas suas preferências vão pelo patriarca russo, funcionário de Vladimir Putin.
Especialmente, de nada servirão as manobras diplomáticas, ainda que promovidas por altos órgãos eclesiásticos, contra a promessa da conversão do mundo eslavo feita por Nossa Senhora em Fátima. Não está longe o dia em que se tornará radiosa realidade a antevisão do Papa Urbano VIII na beatificação do grande São Josafá: “Por meio de vós, meus ucranianos, eu espero converter o Oriente”. |
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quinta-feira, 16 de agosto de 2018
A VERDADEIRA FACE DO PAPA FRANCISCO
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