Vysokyi Zamok, 24.02.2011
Ivan Farion
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Tentativa de resposta às questões sobre a efetividade do desempenho do atual presidente perante a nação ukrainiana.
Viktor Yanukovych - Presidente da Ukraina |
25 de fevereiro o atual e quarto presidente desde a independência da Ukraina aparecerá nos principais canais da televisão nacional em duas horas de "Conversando com o país". Prestará contas à nação sobre o que conseguiu, em um ano de trabalho, como dirigente do país. Não há dúvida que, de sua boca, ouvir-se-ão, principalmente, relatos vitoriosos, ao lado de "algumas falhas". Prognosticamos que ressoarão no ar encomendados cumprimentos de regiões, como que "agradecemos, apoiamos, aprovamos!". Entretanto, a maioria dos ukrainianos tem uma visão diferente sobre a atuação do atual presidente.
Ataque de Buldôzer
Viktor Yanukovych entrará para os manuais políticos como governante, o qual com "leve movimento da mão", sem pedir o consentimento dos eleitores, concentrou em suas mãos, inteiramente, todo poder. Poucos dias lhe foram suficientes para esmagar toda Reforma Política de 2004 e tornar-se "tzar" plenipotenciário. Pelo caminho de manipulações jurídicas formou "sob seu comando" a maioria parlamentar que o compreende a um olhar severo e, obediente, realiza absurdos comandos. O Parlamento deixou de ser independente, auto-suficiente e prestigioso órgão de Estado.
O Parlamento orienta-se pelo aceno do dirigente dos "regionais" (partido do presidente), Chechetov, que recebe a "partitura" cada manhã do gabinete presidencial.
Os políticos vendáveis tornaram-se respeitáveis. No léxico político estabeleceu-se a palavra "tushka" ("carapaça", assim denominados os políticos que, individualmente abandonam seus partidos e ingressam no partido dominante - O.K.).
Mesmo o aparentemente crítico ao governo "buldôzer", Leonid Kravchuk (primeiro presidente após a independência - O.K.) rebatizou-o de "estável" e iniciou os trabalhos para o aperfeiçoamento da já rasgada em pedaços Constituição (encarregado pelo presidente - O.K.)
Yanukovych transformou o Tribunal Constitucional em órgão auxiliar onde todas as decisões importantes são tomadas com orientação da Administração Presidencial. Muitos antes dos juízes entrarem na sala do júri os "locutores" do Partido das Regiões já sabem qual será o texto da decisão. Subalternos da Administração Presidencial tornaram-se a Procuradoria Geral, o Serviço de Segurança da Ukraina, o Ministério do Interior. Conforme ordem publicada até o brutal espancamento de deputados qualificam como equívoco. . .
Os amigos, naturais de Donetsk (província do presidente) ocuparam todos os postos-chave no país. Sob a égide presidencial a Procuradoria Geral da Ukraina, o Conselho Superior da Justiça, o Banco Nacional e outras instituições. No aparelho do Estado floresce o nepotismo característico de regimes "bananeiros".
O comando do Yanukovych tomou a igreja para seu "patrocínio". Demonstra atitude reverente e dá preferência, exclusivamente, a uma única confissão, cujo requisito é a palavra "moskovita". A Oração da Manhã na TV estatal é transmitida no idioma "compreensível a todos" (russo - O.K.)
Houve a tentativa de apossar-se até do comando superior do futebol. Apenas a advertência ameaçadora das apolíticas FIFA e UEFA paralisaram o pretendido. Pelo menos até julho de 2012, até a realização da Copa Euro.
Ukraina, junto a Yanukovych, segundo exemplo da Rússia, se converterá em país com "democracia dirigida". A brutal pressão é aplicada a todos os opositores do governo. Eles são intimidados com as chamadas para "conversas" repetitórias às promotorias, isolamentos na prisão, pressão sobre parentes e amigos. Aprisionaram, entre outros, o ex-ministro do Interior, o qual assinou um documento profissional discutível e ofereceu flores às viúvas de policiais, mas liberaram, apenas com assinatura de não ausência do país, o filhinho de deputado, o qual afogou uma pessoa amarrando-lhe nas costas uma bateria de aquecimento central . . .
Dos principais canais de TV desapareceu ou se tornou regulada a avaliação das ações do governo. Em contrapartida apareceu mais entretenimento. "Viver ficou melhor, mais divertido!".
Os meios de comunicação que se atrevem a chamar os bois pelos nomes, correm o risco de desaparecer. Temos uma história sem precedentes de cassação das licenças do "Canal 5" e "TVi", processos judiciais contra jornalistas e uso de força física contra eles. Um deles, jornalista de Kharkiv Vasyl Klymentiev, o qual "guiava para águas claras" o governo local, não conseguem localizar a mais de seis meses. O assassinato de G. Gongadze (jornalista assassinado há mais de dez anos e cujo corpo foi encontrado sem cabeça), no interesse de seus aliados políticos, deixou de ser considerado crime encomendado. Na avaliação da liberdade de expressão a Ukraina caiu 42 posições, encontra-se abaixo de Iraque. Denominam-nos país "parcialmente livre".
Com uma só canetada o presidente prolongou em 1/4 de século a permanência de tropas estrangeiras (russas) e, em troca de ilusórios benefícios desfez-se de urânio altamente enriquecido.
O compasso do governo ukrainiano constantemente aponta para o nordeste. Até soam apelos para adotar o horário de Moscou (já não é mais de acordo com o Sol? - O.K.)
Para satisfazer os vizinhos, os zelosos funcionários ukrainianos reescrevem a história, lutam com os heróis. Mas ficam mudos quando Kremlin humilha os ukrainianos, declarando que, mesmo sem eles teriam vencido a II Grande Guerra, (desrespeito aos muitos que faleceram nos campos de batalha -O.K.) quando liquidam as organizações e bibliotecas ukrainianas. Pela destruição do busto do líder totalitário (busto de Stalin, na Ukraina. O governo ukrainiano colocou pessoas atrás das grades e aplicou torturas físicas machucando-as e deixando sem atendimento médico até as feridas tornarem-se purulentas. Pessoas apenas suspeitas - O.K.), mas nunca acha os destruidores dos obeliscos em memória do Holodomor (morte pela fome, em 1932-1933, genocídio contra nação ukrainiana, protagonizado por Stalin e que exterminou, aproximadamente, 7 milhões de ukrainianos - O.K).
O idioma ukrainiano anda desprestigiado. É desrespeitado e insultado mais do que nos tempos da União Soviética. É chamado de língua de "gado".
Palavras vazias sobre o direito dos pobres . . .
Um ano atrás, em seu discurso de posse, Viktor Yanukovych prometeu melhorar a vida de todos. Agora o governo fala sobre o crescimento do PIB em 4,5%, redução de 15% para 5% do déficit orçamentário, aumento de 30% nas exportações, redução da inflação de 13% para 9%.
No entanto, o investimento estrangeiro caiu de 40 bilhões em 2009 para 6 bilhões em 2010 apesar da assinatura do Tratado Naval e anunciado desconto do gás russo que acabamos pagando mais que antes para nação "irmã". Moscou deu desconto no preço do gás . . . para Europa Ocidental, mas para Ukraina "esqueceu". (Por mil m³ Grã Bretanha paga 190 dólares, Alemanha e França 270, Ukraina 264 - O.K.).
Aumentou o preço dos combustíveis, subiram as tarifas comunais, assustam as pessoas com multas e juros - embora a qualidade dos serviços não melhorou.
Ao atraso dos salários adiciona-se o não pagamento das licenças médicas. Já está pronto o projeto para cassação de bonificações de 16 categorias de cidadãos, incluindo os sobreviventes de Chernobyl, os inválidos, os veteranos de guerra, os trabalhadores de profissões perigosas. O governo assustou a nação com uma repentina reforma na aposentadoria e Códigos discriminatórios de Trabalho e Habitação.
Anteriormente Yanukovych acusava seus antecessores por causa da crise do açúcar e da carne, mas sua equipe provocou pânico devido a falta de óleo, trigo (sempre foi uma grande riqueza - O.K.) "hrechka". (Uma espécie de trigo - no Brasil praticamente desconhecido. Minha mãe preparava com leite, tipo mingau. Não sei como fazem na Ukraina, outro dia li que na falta deste produto estão passando para o arroz que é importado, portanto caro. Estão importando "hrechka" também - O.K.). Grande alta de preços nos remédios. . . E isto, apesar das promessas de proteger os alimentos essenciais e remédios das flutuações de mercado. Os peritos concordam que o nível de inflação no atual Gabinete Ministerial deliberadamente escondem.
Viktor Yanukovych prometeu, aos pequenos e médios empresários, moratória em relação aos impostos, mas preparou uma verdadeira "forca". Levados ao desespero eles acamparam nas praças, mas suas principais reivindicações não foram ouvidas. Durante o evento o governo ameaçou os empresários de transporte para que não fornecessem ônibus a Kyiv, evitando assim grandes manifestações na Capital. Ao término iniciou-se o interrogatório nas promotorias aos que mais se destacaram na organização.
Yanukovych prometeu realizar uma reforma administrativa, encurtar o aparelho governamental, mas apenas mudou os funcionários para outras cadeiras - com os mesmos salários e benefícios.
Fecham-se escolas em aldeias, "otimizam-se" os serviços de saúde. Por exemplo, a alguns meses, para os habitantes da aldeia Beresdivtsiv, em Lviv, a ambulância precisava percorrer um quilômetro, agora este caminho tornaram sete vezes mais longo.
"Melhoria de vida hoje" ocorre na esplendorosa vivência de pessoas-vip. Última notícia - na reforma de apenas uma residência presidencial, em Huti, Ivano-Frankivsk, gastaram 33 milhões de "hrevnhakh (moeda local). Mais de 100 mil custou o aluguel do vagão no qual viajou o presidente em sua visita a Tóquio, 16 milhões de dólares pagaram pelo helicóptero para uso presidencial. Milhões foram gastos para preparação de pracinhas para este helicóptero. Dois milhões para estacionamento dos carros oficiais. E, nós ainda lembramos-nos de 135 hectares de área preservada "Mezhyhiria", da qual o presidente apropriou-se e onde, além de diversas construções e marina no rio, cria avestruzes . . .
Para Yanukovych algumas pessoas olham entusiasticamente, outras com medo e desilusão. Para alguns ele agrada quando franze as sobrancelhas, outros enrubescem quando ouvem suas confusões geográficas e suas "pérolas" literárias. Alguém diz que foi Deus quem enviou-o à Ukraina (diretor teatral russo Mykyta Mykhalkov, e alguém acredita que Ukraina não teve sorte com o quarto presidente. Para confirmar ou refutar essas estimativas Viktor Yanukovych tem mais quatro anos.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Fotoformatação: A. Oliynik