terça-feira, 10 de maio de 2011

DIA DA VITÓRIA e REFLEXOS DA RUSSIFICAÇÃO NA UKRAINA

No dia 9 de maio comemora-se 0 "Dia da Vitória", referente ao final da Segunda Grande guerra, cujos vencedores foram Rússia e países aliados.
Este dia era amplamente comemorado na ex-União Soviética. Também é, atualmente, na Federação Russa. Igualmente é comemorado na Ukraina, que era uma das repúblicas soviéticas e deu a esta vitória uma significativa contribuição.
Muitos habitantes da Ukraina são russos, fruto dos movimentos migratórios forçados, efetuados pelo Kremlin. Com o intuito de minimizar a oposição ukrainiana, o governo evacuava a população, às vezes quase totalmente, de determinadas regiões ukrainianas, transferindo-a para Sibéria, Kuban, Extremo Oriente . . .
As aldeias esvaziadas eram povoadas por russos. Assim o governo soviético conseguia vantagem em dobro: minimizava a oposição interna e povoava, com conseqüente desenvolvimento, as regiões distantes e de clima hostil.
Além dos processos migratórios a russificação acontecia através de várias modalidades: obrigatoriedade do ensino no idioma russo, casamentos entre russos e ukrainianos, doutrinação política e cultural, convivência (exército, repartições governamentais, empresas, construtoras, etc.), separação do seu grupo nacional, lingüístico e cultural, privação da conscientização étnica e nacional, submissão à língua russa como língua de relacionamentos e entendimentos.
A rápida expansão política da Moscóvia (primeiro nome da Rússia) Imperial era, e é relacionada com a russificação dos autóctones do Leste Europeu, norte e Ásia Central. Neste processo desapareceram tribos e pequenas nações.
Na Ukraina a russificação começou após o Acordo de Pereiaslav, em 1709. Em 1720 foram proibidas as edições de livros na língua ukrainiana. Em 1734, em ordem secreta, foi determinado introduzir a política de casamentos entre ukrainianos e russos. E assim sucessivamente, a política da russificação alcançava todos os setores de vida da população, inicialmente na parte esquerda do rio Dnipró (Livoberezhna Ukraina), em Kyiv e Slobozhanchena. Após a repressão à insurreição polonesa, também na parte direita do rio Dnipró (Pravoberezhna Ukraina).
A total russificação realizava-se através do governo russo durante a ocupação da Halychyna (lado direito do rio Dnipró), no período da I Guerra Mundial. Com a entrada do exército russo em Halychyna foi anunciado um manifesto no qual se considerava Halychyna como "terra russa desde tempos remotos".
Russificação na União Soviética
Com o afastamento do exército soviético da Halychyna em 1919-1920 houve o renascimento do Estado ukrainiano e, por conseguinte, uma pausa na russificação. Mas, já em 1932-1933, os líderes do governo partidário, que realizavam a ukrainização, foram aprisionados, exilados ou fuzilados. Também foi interrompida a ukrainização em Kuban e outros territórios da RSFSR (República Federativa Social Soviética Russa).
A russificação soviética abrange todo o território ucrainiano - administrativo e étnico, todas as camadas, inclusive os camponeses. E realiza-se com ajuda minuciosa de métodos mais refinados, particularmente nas instituições espirituais. Desenvolve-se com a ajuda dos inúmeros aparatos partidários governamentais e milhões de russos que habitam Ukraina, também com a colaboração da Igreja Ortodoxa Russa.
A russificação, especialmente reforçada nos anos 1940-1950 provocou, nos anos iniciais da década de 1960 um movimento de oposição que abrangeu a inteligência e parte de trabalhadores ukrainianos. Exigia-se o uso da língua ukrainiana em todo o ensino médio e superior e em todas as instituições pré-escolares. Em todas as repartições, empresas, meios de transporte, comércio e aumento de edições de livros, edições universitárias, e também dublagem de filmes em língua ukrainiana. No entanto, tudo o que conseguiram foi o agravamento da repressão. O uso do idioma russo fixou-se em todos os assuntos partidários, governamentais e de cidadania, todos os ramos econômicos, todo ensino superior e técnico-médio, profissional. Somente nas grandes cidades permaneceu o ensino através da língua ukrainiana em algumas escolas, para não mais de 20% de alunos. Como principal agente da russificação permaneceu o exército soviético.
De 1950 a 1960 a porcentagem de alunos em escolas de língua ukrainiana diminuiu em 16,9%; em escolas de língua russa aumentou 13,2%, sendo que os ukrainianos constituíam 76,8% da população, e os russos - 16,9%.
A difusão da língua russa é especialmente característica nas grandes cidades. Os russos, que constituíam 30,2% da população, consideravam o idioma pátrio 45,1% de toda população. Já os ukrainianos, que formavam 63,5% da população consideravam como idioma pátrio 53,1%, mas dominavam bem 32,6% a língua russa e a ukrainiana somente - 9,8%. Então, dos citadinos apenas não dominavam o russo 7,4%, o ukrainiano - 30,6%.
Um dos métodos mais eficazes de russificação é o movimento migratório forçado. Por exemplo: em 1970 na Lituânia, Letônia e Estônia viviam 106.700 ukrainianos (não havia ukrainianos antes de 1945 nestes países), e na RSSU (República Socialista Soviética da Ukraina 22.800 cidadãos dessas três repúblicas. E todos eles somente podiam comunicar-se através da língua russa.
Oponentes ou contrários da russificação, e até seus críticos conhecem repressões administrativas e judiciais: perdem empregos, sofrem aprisionamentos em regime severo, exílios.
A principal meta da russificação é a criação de "única nação soviética" com língua e cultura russa. Como iniciadores e propagandistas da russificação na República Social Soviética da Ukraina colocam-se também os dirigentes partidários, sovietizados, de nacionalidade ukrainiana, que, motivados pela ascensão na carreira, alcançam cargos de chefia, nas hierarquias partidárias governamentais, tornando-se inimigos da própria nação.
Situação atual na Ukraina independente
Piora a situação de publicações em língua ukrainiana: em 1995 elas constituíam 70%; em 2004, somente 28%. A tiragem dos jornais caiu de 50 para 32%. Já os jornais russos na Ukraina, em geral, cresceram de 45 para 59%.
Em 2005 o prefeito de Kharkiv introduziu na cidade a língua regional russa. Alguns partidos políticos ainda lhe deram certo apoio.
Em 16.01.2006 o Gabinete Ministerial deliberou sobre a dublagem de filmes, que progressivamente passariam do idioma russo para o idioma ukrainiano. O Tribunal de Primeira Instância de Kyiv caçou esta deliberação em 17 de outubro. O governo de Yanukovych, Primeiro Ministro na época, não apelou da sentença. Em 10.07.2008 o Superior Tribunal de Justiça caçou a deliberação do Tribunal de Primeira Instância.
Novo ataque a língua ukrainiana aconteceu em setembro de 2008, com apoio do Partido das Regiões (no governo a partir de 2010) e do partido B'iut da ex-Primeira Ministra na época, Yulia Tymoshenko. Pretendiam mudar a lei quanto ao ingresso no serviço público: Pessoa que pretende um cargo no serviço público deve dominar, além do idioma oficial, também o idioma russo. O partido B'iut somente mudou sua posição devido a avalanche de críticas.
O canal de TV "Primeiro Nacional" subordinado ao Gabinete Ministerial parou com as traduções do russo para o ukrainiano.
Desde a posse do atual presidente Viktor Yanukovych, no início de 2010, inúmeras resoluções já foram efetivadas em prejuízo do idioma ukrainiano, nas escolas e Universidades, nas transmissões de rádio e televisão, nas diversas instâncias judiciais. Em Odessa o governador já prepara a documentação para declarar o idioma russo como idioma regional. O Partido das Regiões (Partido do Rei) já prepara a lei básica sobre idiomas, segundo o qual o idioma russo receberá o status regional em todo o território ukrainiano.
Dia da Vitória na Ukraina russificada

No dia de ontem, 8 de maio, o Presidente da Ukraina cumprimentou todos os compatriotas pelo Dia da Vitória. Lembrou que mais de 10 milhões de ukrainianos perderam a vida na Segunda Grande Guerra e que o país está aberto para participar de programas de estabilidade e segurança e pronto para aliar-se às novas iniciativas internacionais de paz.

No dia de hoje, 9 de maio, pela manhã, houve um desfile comemorativo aos 66 anos do final da Segunda Grande Guerra, em Kyiv. A bandeira vermelha, com os símbolos da União Soviética, foice e martelo, abriu o desfile. Atrás vinham os estandartes de quatro frentes ukrainianas. E, somente depois dos estandartes, os guardas do Ministério da Defesa levaram a bandeira nacional ukrainiana. As programações para a tarde compreende m apresentação de canções militares do tempo da guerra, executadas por cantores e corais. À noite, queima de fogos. 




Na cidade de Lviv (cidade ukrainiana menos russificada) houve briga durante a manifestação pelo Dia da Vitória. Os manifestantes do grupo "Svoboda" (Liberdade) avistando um outro grupo com fitas de listas pretas e alaranjadas "Heorhiivska Strichka" entraram em confronto. Esta fita já é difundidida (principalmente pela Rússia) em vários países, como França, USA, China, etc. Na Ukraina ela é usada pelos grupos radicais pró-Rússia e propaga os valores da Grande Guerra Patriótica e vitória da União Soviética. Ela também é um dos elementos, no processo de endeusamento do anteriormente destronado "líder de todas as nações" J. Stalin. Assim se amarram num ente único a pessoa de Stalin, o mito pela grandeza da União Soviética e a continuação das tradições gloriosas do Império russo, bem como a própria idéia no intelecto chauvinista dos russos comuns devidamente orientados. Segundo Oleksiy Haran, historiador e politólogo:
"Eu entendo, quando os veteranos (da II Guerra) apresentam-se com as condecorações soviéticas, e nós devemos nos inclinar perante eles, pelo seu heroísmo (como também perante os heróis do UPA (Exército Insurgente ukrainiano). Mas qual aqui é o sentido da ‘Heorhiivska Strichka’? Isto é, justamente, a típica política tecnológica de Putin".
A briga que aconteceu não trouxe conseqüências trágicas, porém os ânimos estão bastante exaltados, e por essa razão as grandes aglomerações já estavam proibidas pela justiça.
Em virtude da proibição judicial a organização da Criméia "Ruskoe edynstvo" (Unidade russa) cancelou sua participação na cidade de Lviv. Eles planejavam desfilar carregando uma bandeira vermelha da União Soviética, de 15m, pela ruas de Lviv.
Os comunistas de Luhansk saíram para passeata carregando retratos de Stalin. Um retrato foi colocado em lugar apropriado para pessoas serem fotografadas. Na parte inferior do retrato escreveram: Não precisa pensar - conosco aquele, que resolverá tudo por nós!"
A citação é de uma canção de Volodymyr Vessotskui e foi dedicada à ocupação da Ukraina pelo exército nazista, e, quem deveria resolver tudo pelos soldados alemães era Adolf Hitler. (Esse povo precisa estudar um pouquinho de história! OK).


Em Donetsk (região do Presidente e grande parte de deputados oligarcas) pisotearam a bandeira do UPA (exército insurgente ukrainiano) e OUN (Organização Nacionalista Ukrainiana) que lutaram pela independência da Ukraina durante a II Grande Guerra e depois.
Em Lviv, na praça em frente ao Conselho Municipal, trouxeram e queimaram bandeiras vermelhas.
Em Ternopil, comunistas e representantes da "Unidade russa" vieram com bandeiras soviéticas, mas após a comemoração oficial e, apesar dos pedidos de deputados locais e algumas interferências do grupo "Svoboda" (Liberdade) conseguiram depositar flores no memorial.
Em Lviv a milícia bateu nos representantes do grupo "Svoboda". Vários foram hospitalizados. Havia uma proibição para exposição de bandeiras soviéticas, não foi respeitada. Segundo Oleh Pankevych, presidente do Conselho da Província de Lviv o "desentendimento" entre o governo e representantes de forças políticas locais foi intencional.
Foram muitos os acontecimentos revanchistas no dia de hoje, na Ukraina, que os jornais publicaram. São todos parecidos. De um lado os comunistas declarados e enrustidos que sentem saudades de um governo ladrão, escravocrata e assassino, mas que fecha os olhos quando seus seguidores enveredam pelo mesmo caminho, o que lhes dá a possibilidade de um certo conforto econômico sem muito esforço. É a podridão da nação, parcela mais numerosa em muitas nações. Do outro lado os nacionalistas, geralmente jovens, cheios de ideal, que trabalham e se esforçam para tornar o seu país melhor para si e seus filhos, mas que não conseguem suportar em silêncio o endeusamento do carrasco que ceifou milhares e milhares de vidas, entre as quais as vidas de seus pais e avós, e condenou a eles e a seus filhos a viver num país que, apesar de muitas riquezas naturais não consegue sair da miséria provocada pelas figuras endeusadas e seus seguidores.

Pesquisa: Internet, em 09.05.2011
Compilação e tradução: Oksana Kowaltschuk
Fotoformatação: A.Oliynik (imagens da Internet)

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