domingo, 27 de julho de 2014

PUTIN FORMA UM EXÉRCITO DE ASSASSINOS

Um ‘exército de assassinos’ e ciberguerreiros da contrainformação é a arma secreta de Putin, diz “Foreign Policy”

‘Exército de assassinos’ e ciberguerreiros da contrainformação é arma secreta de Putin
‘Exército de assassinos’ e ciberguerreiros da contrainformação
é arma secreta de Putin
A reputada revista “Foreign Policy” abordou um tema assustador. Segundo ela, a crise da Ucrânia vem revelando que o GRU, o aparelho de inteligência militar da Rússia, formou um ‘exército de assassinos’ que constitui a arma secreta de Putin.
O GRU (Glavnoe Razvedyvatelnoe Upravlenie) já está agindo como “importante instrumento de política externa, dilacerando um país com apenas um punhado de agentes e um monte de armas”, escreveu.
O GRU está mostrando ao mundo como a Rússia pretende combater suas futuras guerras misturando violência cirúrgica, subversão, negação sistemática dos atos praticados e golpes desferidos nas sombras.
O GRU constituiu outrora o maior sistema de serviços secretos baseado em embaixadas, redes de agentes disfarçados e nove brigadas de ‘forças especiais’ conhecidas como Spetsnaz, ou “destacamentos para fins especiais”, frequentemente inconfessáveis.
Porém, desde que o presidente Vladimir Putin assumiu a direção do Serviço Federal de Segurança (FSB), herdeiro da KGB, os objetivos e métodos foram atualizados para a era das ciberguerras e dos conflitos geopolíticos.
A anexação da Crimeia constituiu o primeiro triunfo da nova GRU. Ela estudou a região, mensurou as forças ucranianas no local, espionou suas comunicações e apoiou os “homenzinhos verdes” que velozmente se apossaram dos pontos estratégicos da península até se revelarem soldados da Rússia. Muitos deles vinham da antiga Spetsnaz.
A maioria dos insurgentes do leste ucraniano é ucraniana ou “turistas bélicos” russos. Mas isto é só o contingente de base: os homens chave que encorajam a rebelião, passam os mercenários pela fronteira e fornecem as armas vindas de Moscou são agentes do GRU.


Igor Girkin, ou 'Igor Strelkov'.  Agente do GRU russo comanda a defesa de Donetsk
Igor Girkin, ou 'Igor Strelkov'.
Agente do GRU russo comanda a defesa de Donetsk
O autodenominado Ministro de Defesa da República separatista do Povo de Donetsk, Igor Strelkov, cujo nome real é Igor Girkin, é oficial na ativa ou na reserva do GRU. É ele quem dirige essa “república popular” e mais ninguém.

A União Europeia já identificou Strelkov, ou Girkin, e o incluiu na lista dos nomes objeto de retaliações. Mas ele não parece ter-se incomodado muito com elas.

Segundo “Foreign Policy”, quando o “Batalhão Vostok” apareceu no leste ucraniano, ficou evidente que o GRU tinha completado sua metamorfose.

O “Batalhão Vostok”, na sua versão atual, está composto por combatentes chechenos, armados com equipamentos uniformes e dotados de transportes blindados. Reúne também ex-terroristas, desertores de guerrilhas e de gangues criminosas.

O “Vostok” não externou muito interesse em lutar contra o exército de Kiev. Ele visou garantir a autoridade de Moscou sobre a região e evidenciou a nova estratégia de Moscou: uma guerra “não-linear”, ou “híbrida”, tocada na base da violência, da desinformação, de pressões políticas e econômicas, além de operações bélicas camufladas, em lugar de uma ofensiva regular ou previsível.

Não é apenas uma “guerra híbrida” adaptada à Ucrânia, mas é o plano de Moscou para atingir seus adversários no dia de hoje por toda parte no mundo.


O comandante geral da GRU explicou a um obscuro jornal militar russo que a nova guerra envolve “um largo uso da política, da economia, da informação, do humanitarismo e outras manobras não-militares ... completadas por recursos bélicos com um caráter encoberto”, sem excluir o uso das “forças especiais” dos assassinos da Spetsnaz.
O conflito será combatido por espiões, comandos, hackers, ‘joguetes’ e mercenários. Quer dizer – escreve “Foreign Policy” – o tipo de operações para os quais são treinadas as ‘forças especiais’ inclui o assassinato, a sabotagem, e desnorteamento do adversário.

Passado de Putin nos serviços secretos, pesou na opção
Passado de Putin nos serviços secretos, pesou na opção
A NATO e o Ocidente não têm uma resposta eficaz contra esta estratégia na aparência caótica ou confusionista, mas que se está revelando muito danosa.
A NATO é uma aliança militar construída contra uma agressão aberta ou uma guerra declarada. Mas foi incapaz de responder a ofensivas como o ciberataque contra a Estônia de 2007.



A ideia de uma ofensiva de tanques passando por cima das fronteiras ficou superada por um novo tipo de guerra que combina subterfúgios, aliando-se com grupos dissidentes dentro do adversário visado, além de dissimuladas intervenções letais das Spetsnaz.

A NATO é mais forte em termos estritamente militares, mas se a Rússia consegue abrir fraturas políticas no Ocidente, executar ações usando grupos combatentes locais e atingir indivíduos e instalações, então não interessa saber quem tem mais tanques ou melhores jatos.

Esse é o tipo de guerra que o GRU está preparado para fazer, conclui a revista. E o conflito na Ucrânia parece confirmar essa conclusão.

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