quarta-feira, 7 de março de 2012

NOS BASTIDORES DA MÁFIA POLÍTICA

WikiLeaks: Putin e Medvedev negociavam a favor de Yanukovych e  Tymoshenko

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 29.02.2012

Inicialmente o premier Vladimir Putin apoiava a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, mas abandonou esta idéia a pedido do presidente Dmitry Medvedev e alinhou-se com o candidato V. Yanukovych.

Isto é afirmado na correspondência analítica entre agentes de inteligência e análise da Companhia Stratfor, publicado no site WikiLeaks.

A carta foi escrita em 14.09.2011 e assinada por analista sênior em questões da Eurásia Loren Goodrich. No endereço do autor da carta figura Reva Bala, que é diretor de análise de Statfor.

"Vocês já conhecem um pouco desta história. Putin nunca quis Yanukovych no poder sem ninguém contrapor para mantê-lo nos freios. Putin sabia que Yanukovych tinha absoluta maioria (nem tanto, os jornais ukrainianos anunciaram a vitória dele devido a muitas fraudes nas eleições do 2º turno - OK), mas queria reforçar o papel do Kremlin em Kyiv", - escreve o autor.

"Ele queria que fosse Tymoshenko. Não que ela fosse pró Rússia, mas porque, entre todos os candidatos de maior evidência, ela seria mais fácil comprar. Naturalmente, e isto foi o seu problema, quando ela foi presa..." - diz a carta.

"Medvedev nunca gostou de Tymoshenko, principalmente porque ela nunca o respeitou durante os encontros e tratava os assuntos somente com Putin", - escreve o analista.

"Medvedev decidiu que à Tymoshenko não se pode dar o poder. Ele prometeu a Putin que manteria Yanukovych nos freios se Putin deixasse de apoiar Tymoshenko. Putin concordou, mas em troca ele mesmo elaboraria a lista dos novos ukrainianos que deviam assumir o poder em: Serviço de Segurança da Ukraina, Exército, Ministérios", - diz na carta.

"Então, quando Tymoshenko e Yanukovych apareceram em Moscou no final de 2009, paralelamente informaram a Yanukovych que deixariam de apoiar Tymoshenko, se ele, Yanukovych, concordasse com a lista de exigências. Naturalmente, Yanukovych pegou a isca", - escreve o analista.

"Agora, quando Yanukovych comporta-se mal, Putin exige que Medvedev resolva esse problema. É por sso que somente Medvedev critica, (Segundo os jornais ukrainianos, quando Tymoshenko foi presa, Putin, por algum tempo a defendia - Ok) A pergunta é, que alavancas usará Medvedev, para segurar Yanukovych nos freios: ?..." - diz a carta.

Como é de conhecimento, após a publicação da correspondência exploratório-analítica da Companhia Stratfor, seu presidente George Friedman disse que a publicação desses documentos era ilegítima. Que esses documentos podem ser falsos ou incorretos. Mas ele não quis confirmar ou refutar a autenticidade dos fragmentos de correspondência publicados.

Se realmente Putin pretendia colocar suas pessoas no governo ukrainiano, Yanukovych está demonstrando sua independência até do Partido das Regiões.

Vejamos o que diz Oleksandr Kramar sobre a composição do governo Yanukovych, no jornal Tyzhden (Semana) do dia 01.03. 2012.

A mudança de pessoal não está limitada a substituições superficiais - é uma reformatação profunda que levou a uma estrutura vertical, o que é mais claramente visto nas estruturass armadas. Não é uma rotação normal do pessoal cujo objetivo poderia ser redirecionar os indivíduos a postos mais adequadoss com suas habilidades, mas as mudanças óbvias no equilíbrio de poder entre diferentes grupos de influência no governo. Após a abolição da reforma política (que deu a Yanukovych poderes muito maiores dos de seus antecessores) Yanukovych recebeu uma oportunidade real de ignorar a posição dos principais grupos do Partido das Regiões, e então começou um esperado processo de substituição gradual de altos funcionários por pessoas de suas relações ou de seu filho mais velho Oleksandr. As primeiras modificações foram a pedido de seu filho: o Banco Nacional da Ukraina assumiu Serhii Arbuzov, os Serviços Fiscais - Oleksandr Klimenko, o Ministério dos Assuntos do Interior - Vitalii Zakharchenko.

Mas, à reformatação mais ampla do governo, o presidente e sua "Família" encorajaram-se agora. (Família são os parentes de sangue e os amigos próximos).

Em 03 de fevereiro deste ano, foi designado para responder pelo SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) o ex-chefe de segurança pessoal de Yanukovych Ihor Kalinin, e em 8 de fevereiro tornou-se Ministro da Defesa Dmytro Salamatin, que demonstrou suas habilidades de boxeador no Parlamento quando se discutia a ratificação do acordo de Kharkiv (ocasião em que Yanukovych entregou Sebastopol para permanência da frota russa até 2042, com possível prorrogação para mais 5 anos - OK). E, após uma semana foi dispensado Andrii Kliuyev, do cargo de vice-ministro para dar lugar a Valeri Khoroshkovskyi. O Ministro da Saúde Aleksandr Anishchenko deu lugar para Raisa Bohatyriova (que também é Vice-Primeiro-Ministro de Assuntos Comunitários.

O novo Ministro das Finanças - Yuri Kolobov foi indicado, em parte, pelo filho.

A lógica das nomeações acima mostra que o presidente não confia no "ilimitado pessoal da reserva", tradicional orgulho do Partido das Regiões. Ele dá preferência a personalidades pouco conhecidas, despojadas de autoridade no partido, porém afastadas de antigos companheiros e majoritários organizadores/patrocinadores das campanhas eleitorais anteriores. Por exemplo, as mudanças no governo levaram ao isolamento do Primeiro Ministro Azarov, o qual, entre os ministros, não tem mais nenhuma "sua pessoa" e, de fato, transformou-se em uma "rainha da Inglaterra". E, nessa qualidade, por algum tempo ele pode ser benéfico ao governo como pessoa que nada resolve, mas absorve todo o negativo e ainda não aspira a jogo político independente. Yanukovych em sua última entrevista disse que, nesta fase, "Azarov nos convém."

No entanto, a entrada para o Ministério de Valeri Khoroshkovskyi causou um forte impacto não apenas sobre o primeiro-ministro, mas também sobre a influência dos "antigos grupos de Donetsk" Kliuyev e Akhmetov (este é bilionário - maior ricaço da Ukraina). Primeiramente, a perda do cargo do representante do Conselho de Segurança Nacional da Ukraina que sempre serviu ao governo como um lugar para o exílio de certos colaboradores que deixavam de satisfazer. Em compensação Akhmetou recebeu uma parte adicional de influência, de mais uma cadeira - de Boris Kolesnikov - Vice-Primeiro-Ministro Humanitário e Ministro da Saúde. No entanto, a pergunta é: por quanto tempo?

Quem é Rynat Akhmetov?


Rynat Akhmetov nasceu em Donetsk-Ukraina, em 1966, filho de pai nascido na República Autônoma Socialista Soviética de Tartaristão. Em Donetsk, seu pai e seu irmão trabalhavam nas minas de carvão, como mineiros.

Em 2001 Rynat terminou a universidade de economia com especialidade em marketing.

Ele nunca foi claro sobre seus primeiros ganhos. Era somente amizade ou negócios que mantinha com Akhatem Brahim (também conhecido como Alik Hrek), que era um empresério de Donetsk, mais conhecido como presidente do Clube de Futebol "Shakhtar" - e que morreu em 1995, no Estádio "Shakhtar", em resultado de uma explosão planejada.

Os lucros de Akhmetov provêm de mais de 90 empresass, entre as quais: Ferro e Aço Iron & Steel Works, Primeiro Banco Internacional da Ukraina, Companhia de Seguros Aska, Operadora de Telefonia Móvel, Clube de Futebol "Shakhtar", outros. No total são mais de 160 mil empregados.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Imagem de Wikipédia

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