segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A BRIGA DO GÁS: GAZPROM russa x NAFTOGAZ ucraniana

A guisa de sinopse:
 
O contrato entre a Gazprom russa e a Naftogaz ucraniana prevê uma determinada quota de compra do gás. A Naftogaz ucraniana comprou - na verdade consumiu - menos gás que a quota contratual. A Gazprom russa apresentou uma fatura de cobrança no valor de 7 bilhões de USD pelo gás não consumido.
 
O Cossaco.
 
Pague, compadre, você é estúpido ou, 7 políticos bilhões
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 04.02.2013
Andrii Pyshnyi

 
 
Nos últimos dias especialistas e políticos discutem mais uma manifestação do "amor fraterno" na execução do "Gazprom" russo . O "patrimônio nacional" russo apresentou, será a conta, será pretensões a "Naftogaz" em 7 bilhões de USD.

O diapasão da reação de Kyiv oficial impressiona não menos que a quantia - "Se devo! Reparo, mas em muitas vezes", "Carta? Não vimos! Gazprom? Não tomamos conhecimento! 7 bilhões? Alibi!"

Em suma, intriga ao custo de 7 astronômicos bilhões. A propósito, isto é mais de 10% da dívida total do Estado da Ukraina e 50% do montante que o Estado deve devolver aos credores em 2013, ou 2 bilhões de USD mais do que a renda total do GTS (Sistema de transporte de gás da Ukraina), do transporte externo e interno, por ano.

Então, tal quantia, nem aproximada, não tem nem no orçamento do "Naftogaz", nem no orçamento do Estado, onde "Naftogaz" pasta como um bezerrinho gordo no gramado. Estes 7 bilhões são políticos, e - fatura, emitida pelo regime da Rússia para o regime da Ukraina, de Putin para Yanukovych.

E não se deve pensar que isto é o pagamento pela firmeza de princípios de Yanukovych. De modo algum. Pelo contrário, porque a posição do Estado, e com ela a firmeza de princípios da Bankova (sede do governo), terminam lá onde começa a questão da Tymoshenko e a oportunidade da vez de ganhar dinheiro.

A decidida "melhoria" econômica, colapso das finanças públicas, cisão da nação, delegitimação social do governo, real isolamento político e econômico, loucamente cometido pelo próprio governo em agrado a sua voracidade e "objetivos eleitoreiros", realmente empurram o país aos abraços de Moscou. Aos abraços de urso, onde Ukraina é objeto, e não sujeito geopolítico. "Gazprom" nesta história com a fatura bilionária apresentou-se apenas como pombo-correio, e "Naftogaz" - no papel da caixa do correio.

Exatamente graças a completa compreensão da fraqueza do regime de Yanukovych e consequências de seu governo para o país na sua totalidade, Moscou torna-se tão categórico em suas exigências e apetites, e decisivo em suas ações. Nada parecido em relação ao menor país da União Européia, Moscou nem consegue imaginar.

A propósito, mais um destinatário "ao conhecimento" nesta fatura de 7 bilhões de USD está Bruxelas, porque anteriormente à reunião Ukraina - UE, a Kremlin é impoirtante lembrar de si, não apenas para Yanukovych, mas também aos parceiros europeus, na qualidade de credor que se permite apresentar a Ukraina quaisquer exigências, não se sobrecarregando com quaisquer justificativas. Entretanto, os motivos formais das pretenções russas para o dia de hoje não são atuais.

Verdade, no ano passado Ukraina reduziu a importação de gás para 32,9 bilhões de metros cúbicos. Para o ano seguinte "Naftogaz" encomendou apenas 20 bilhões de m³. No entanto, as normas de contrato de 2009 sob o princípio "pegue ou pague", segundo os quais Ukraina deveria comprar 41,6 bilhões de m³, hoje realmente não funcionam. O governo russo intimida Ukraina com ameaças de sanções de multas pela não compra de gás, sendo que na verdade tais ameaças são consideravelmente aumentadas. Recentemente a subdivisão Tcheka do consórcio de energia RWE ganhou o processo do russo "Gazprom" quanto ao princípio do "pegue ou pague" em contratos de longo prazo. Os tchecos demonstraram que a situação do gás no mercado mudou, o gás no mercado barateou, por isso já é injusto.

O tribunal concordou.
A posição da Ukraina é mais forte. Além de a obrigarem pagar "pelo vento" - o produto não comprado tem os maiores preços na Europa. E o contrato estipula que em caso de qualquer disputa, a decisão pode ser tomada pelo tribunal de Estocolmo. Seria inacreditável a aplicação de um princípio aos tchecos e outro para Ukraina.

Se as partes forem ao tribunal, então como é habitual em Estocolmo, ele demorará anos. No tribunal, ainda por muito tempo os russos esforçar-se-ão para encontrar argumentos, segundo os quais Ukraina deve pagar pelo gás mais que a Alemanha, e além disso, pelo gás não consumido. Além disso, se você colocar de lado a óbvia motivação política da fatura bilionária e procurar resposta para a pergunta por que "Gazprom" vai para o conflito, sabendo com antecedência sobre a provável perda no tribunal, temos várias opções.

Primeiro: "Gazprom" pode contar com o fato de que às autoridades as pernas vão tremer de medo. Pois renunciar ao gás do leste, nas condições em que o oeste faz exigências cada vez mais rígidas na questão da Tymoshenko à Bankova (governo) é muito desfavorável.

Segundo: O pesadelo das autoridades ukrainianas poderá ser efetivo nas condições de extenuação da "otimização" da Ukraina evidente na observaçãoo de seu orçamento.

Terceiro: Talvez, deste modo "Gazprom" fornece informações às autoridades ukrainianas para os futuros compromissos para GTS. Talvez, para que Azarov (1° ministro) possa dizer: vejam de que multas nós "socorremos" Ukraina, preço da rendição da GTS?

Quarto: Não é exclusivo que "Gazprom" calcula contornar Estocolmo com truques jurídicos com aquiescências silenciosas e consciente desamparo das autoridades ukrainianas.

Finalmente, em quinto lugar devemos levar em conta o estado psicológico em que hoje se encontram os gestores da "Gazprom". O ano novo começou com notícias desastrosas para companhia: a produção do gás em 2012 caiu 6,7%, para 478,7 bilhões de m³, contra 513 bilhões em 2011 e 528 bilhões - conforme planos de produção para 2012. O presidente da "Gazprom" Alexei Miller disse que a exportação da companhia para o longínquo além-fronteira, incluindo Europa e Turquia em 2012 foi de 138 milhões de m³ o que é 8% menos que no ano anterior. Não incluindo a Turquia, que neste ano conseguiu um bom desconto, a situação será ainda pior. Embora o monopólio russo tentasse apresentar a questão como se em tudo fossem culpadas as dificuldades econômicas européias e as dificuldades com o declínio geral na demanda de gás na Europa, na verdade a compra do gás na "Gazprom" reduzia-se muito mais que o consumo de todo gás nos países europeus.

Em compensação Qatar aumentou as entregas do gás natural liquefeito à Europa de 5 bilhões de m³ em 2006 para 44 bilhões em 2011 e 60 bilhões em 2012.

Em 2012 Noruega foi capaz de aumentar as vendas na Europa em 16%. Como resultado, o volume de entregas da Rússia e Noruega para o mercado europeu quase igualou-se - na Noruega já são 107,6 bilhões de m³.

Como resultado, em Itália a procura pelo gás em 9 meses de 2012 diminuiu apenas 2,6% e as ofertas da "Gazprom" caíram em até 11%. Na Holanda - 9% em relação a aquisição da "Gazprom" de 42,6%. Na Eslováquia - 1,8% contra 30,5%. Na Eslovenia - 2,2% contra 26,8%. Na França e Polônia o uso do gás natural cresceu em 1,9% e 6,2% enquanto as compras da "Gazprom" diminuíram em 20% e 11,5% respectivamente.

No principal mercado russo na UE - Alemanha - em novembro de 2012 Noruega assinou um contrato para dez anos, para fornecer 45 bilhões m³ de gás.

De fato, Rússia hoje perde rapidamente o mercado exclusivo de petróleo e gás na Europa, o qual iniciou-se com Kosygin a Chernomyrdin
que por décadas foi cultivado em Moscou (Kosygin 1965 - reforma do Presidente do Conselho de Ministros - maior independência empresarial; Chernomyrdin - Ministro da Indústria do gás da URSS, 1985 - 1989 e presidente da "Gazprom" de 1989 a 1992. - OK) Então como não cair na histeria e não procurar culpados?

Entretanto, hoje a situação em si é a favor do Ministério da Indústria de Ga´s da Ukraina. De fato Rússia mudou de lugar com Ukraina - na Europa o mercado de fornecedor de gás mudou para mercado de comprador de gás. Querem que compremos o seu gás - então peguem o valor que lhes damos. Não querem? Barrem o seu sistema de transporte e fiquem com o seu gás.

Para Rússia, com seu orçamento amplamente militarizado e 40% das compras de alimentos no exterior, não vai ser tão fácil. Mas, honestamente, tudo nos acordos do mercado! Exatamente aqueles, nos quais Ukraina no inverno foi forçada a assinar esses contratos.

Se pelo menos o governo (ukrainiano) for capaz de tirar proveito da conjuntura favorável!
"Gazprom" quer dinheiro fácil - dirija-se ao tribunal. No entanto, Kremlin deveria lembrar, a que consequências o levaram as antigas "Vitórias de Pirro". É exatamente devido aos conflitos de gás russo-ukrainiano ganhos por Moscou, na Europa foi lançado o programa de segurança de combustível - assim chamado "Terceiro pacote de energia", renovação energética e construção de terminais de gás natural liquefeito (gás de xisto), que crescem na costa européia como cogumelos.

Ao excesso de gás na Europa, além de tudo isso a revolução do gás de xisto, seriamente acrescentou-se à política de economia energética. Por exemplo, no PIB da Polônia que é 3,1 vezes maior que da Ukraina, o consumo total de gás é três vezes menor. Entretanto, Ukraina, em 2012 reduziu o consumo de gás em 7,6% - a 54,7 bilhões de m³, o que é 4,5 bilhões de m³ menor que em 2011. Tais reduções - melhor que nada. Se não levar em conta, que eles em grande parte são condicionados com o crescimento quase nulo do PIB.

Em resumo, está na hora do governo ukrainiano recorrer ao tribunal de Estocolmo, como fez toda Europa e, como é previsto no contrato. Afinal a simples demanda ao tribunal de Estocolmo permitiu a Polônia obter um desconto no gás russo em 15%, o que resultou em tarifas mais baixas à população, e sem quaisquer tropas do exército russo em Gdansk. No entanto, até agora o governo ukrainiano, não se sabe porque, tem medo de questionar em juízo o "irmão mais velho". Provavelmente, para não ofender com a demanda e não pisar no calo... No entanto, nós bem sabemos, o que dirá o governo em resposta às acusações quanto aos raros e absurdos acordos de Kharkiv e sua inatividade - novamente os "папірєднікі" (antecessores) são os culpados, embora este enredo lembra mais a história, que o presidente Yanukovych cada vez mais menciona na presença de seu governo - drama de vida de "péssimos dançarinos".

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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