sábado, 30 de abril de 2011

MARGINALIZAÇÃO DO PAÍS

Tyzhden (Semana)
Oleksandr Kramar
Fracassa o programa decenal de luta contra a pobreza. A marginalização ameaça várias regiões da Ukraina.
De acordo com dados oficiais, comparando com a situação do ano 2000, o nível de pobreza aumentou em 11 províncias ukrainianas.
As "preocupações" governamentais não minoram a situação, pelo contrário, os problemas crescem.
O principal problema das regiões depressivas é o evidente e especialmente dissimulado desemprego.
Apesar dos recentes e otimistas prognósticos do diretor do Serviço governamental de Ocupação, Volodymyr Haletskyi, quanto à diminuição do desemprego em 2011, de acordo com os registros o desemprego vem aumentando em 0,1% ao mês, e já ultrapassou 0,62 milhões de pessoas (17% a mais que em 2010). Também aumenta o tempo em que a pessoa fica desempregada.
Além disso, agrava-se a estrutura. Se em 2010 os dispensados do trabalho, devido a dificuldades econômicas, de 48,6% em 2009, diminuíram para 43% em 2010, entre os concluintes de estudos, de 11,5% passaram para 13,7% os que não conseguiram colocação.
Algumas regiões apresentam elevado número de candidatos para preenchimento de 10 vagas laborais:
Khmelnytska - 293, Cherkasy - 259, Vinnytsia - 139.
Nas regiões depressivas, mesmo com a saída da crise não houve reação positiva. Houve casos em que o problema continua se agravando. Os governantes tentam apelar, afirmando que o nível de desemprego na Ukraina é menor que em outros países da União Européia. Então por que os nossos desempregados partem para os países da União Européia e lá conseguem trabalho e remuneração satisfatória, até mesmo na ilegalidade?
O desemprego é bem maior que o metodologicamente apurado pelo MOP (Órgão Internacional do Trabalho). É mais crucial nas aldeias, onde as pessoas procuram sobreviver através de trabalhos informais. São pessoas que não possuem recursos, nem conhecimentos para desenvolver atividades de maior porte na criação de animais ou mesmo na agricultura.
A parte leonina da informalidade, em 2010, que era de 4,5 milhões de pessoas, cabe aos aldeões, 2,3 milhões, e aos distritos 700 mil. O restante procura ocupar-se com "trabalhos que aparecem". O trágico da situação é que a maioria do "setor informal" é constituído de jovens de 15 a 24 anos (58,7%).
Outro grupo são pessoas que não conseguiram arranjar emprego e, depois de certo tempo desanimam e param de procurar. São 320 mil indivíduos que não são somados aos desempregados que constituem um grupo de 280 mil.
Assim, os ukrainianos, que apenas com imenso desejo são considerados "empregados", para minimizar o desemprego, contam-se 5,1 milhões. Desta forma são 8,3 milhões de desempregados e não 1,9 milhões como aponta o Órgão Internacional do Trabalho. E, ainda temos 1,32 milhões de pessoas que trabalham apenas parte do dia ou da semana.
Então é um terço da população ukrainiana que não encontra emprego e procura serviço em outros países.
Ukrainianos - mão de obra barata?
Algum tempo atrás, o ministro da política social, Serhiy Tihipko, encaminhou estudos para empregabilidade. Na verdade, estes estudos estão direcionados para auxílio aos empresários que encontram dificuldades em encontrar trabalhadores especializados, já que os salários pagos não são concorrentes em suas regiões.
A possibilidade prevista pelo governo é de transferência de trabalhadores de algumas regiões mais desenvolvidas, o que acarretará novos problemas: elevação nos preços das moradias, congelamento dos salários por haver mão-de-obra em quantidade, custo de vida em geral. E, ainda sugere o ministro, contratos de trabalho temporários, para o caso da necessidade de dispensar o trabalhador (Grande amigo dos trabalhadores este ministro! - O.K.). Por sua própria conta os trabalhadores, ou já procuram serviço no exterior, ou irão procurar.
O que falta nas regiões mais afetadas é investimento que, nestas regiões foi menor em 2010, entre duas a cinco vezes. É preciso despertar o interesse dos investidores estrangeiros para estas regiões, ou desenvolver os pequenos negócios. No entanto, o governo protege os interesses de algumas regiões e grupos orientados para exportação desenvolvendo, ao mesmo tempo, uma verdadeira guerra com pequenos empresários, ignorando o desenvolvimento do comércio interno.
Os investimentos estrangeiros diretos aprofundam as diferenças sendo que 75% deles são direcionados somente a 8 das 27 regiões. (Os investimentos beneficiam a região do Presidente e seus diletos amigos. Vários estão entre os ricos do mundo - O.K.).
Ao invés da preocupação real com o desemprego, o governo prefere não enxergá-lo. E ainda, o Partido das Regiões (amigos do rei - O.K.) propõe importar para Ukraina força trabalhadora do estrangeiro (será da Rússia? - O.K.). "Até o final do ano nós convidaremos de além fronteira pessoas, porque os nossos... não teremos mãos trabalhadoras suficientes. Nem todos hoje querem trabalhar porque acostumaram-se receber boa ajuda estando desempregados. Eles trabalham com pequenos negócios, fazem trabalhos temporários" - declarou o antigo presidente da federação dos sindicatos, hoje deputado pelo Partido das Regiões (partido do presidente) Oleksandr Stoian. Tal "política social" parece completamente direcionada na transformação da maior parte da população na mão-de-obra barata.
Complementando, Ivan Farion, escreve no jornal "Vysokyi Zamok", do dia 12.04.2011, e com base na reportagem da revista Forbes, constata que os 100 (cem) ukrainianos mais ricos possuem bens no total de 50 bilhões de dólares, enquanto o orçamento do Estado ukrainiano constitui apenas um pouco mais de 40 bilhões de dólares.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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