Premissas para respressões
Entre os historiadores que investigam este período da União Soviética não existe unanimidade quanto aos motivos do Terror Stalinista na URSS. Foram destacados como principais: insatisfação entre a população, medo do "inimigo interno", medo de um eventual surgimento da "quinta coluna" e, principalmente, o esforço de Stalin e seu meio para desfazer-se de inimigos políticos no país.
Entre os historiadores que investigam este período da União Soviética não existe unanimidade quanto aos motivos do Terror Stalinista na URSS. Foram destacados como principais: insatisfação entre a população, medo do "inimigo interno", medo de um eventual surgimento da "quinta coluna" e, principalmente, o esforço de Stalin e seu meio para desfazer-se de inimigos políticos no país.
A nova onda de repressões nos anos 1930 também coincidiu com o processo de industrialização do país. Alguns malogros no processo de encarnação à vida dos primeiros "Planos quinquenais" foram atribuídos à resistência dos inimigos internos e elementos nacionalistas. Apesar de que o Terror Vermelho era aplicado pelo governo bolchevique contra a própria população, desde o início, nos meados de 1930 as repressões começaram a multiplicar-se não só contra quantidades insignificantes de inimigos reais do regime, mas também contra possíveis inimigos potenciais, que na predominante maiorira revelavam-se inocente população de muitas aldeias e cidades do país.
Outro objetivo do terror era o desejo de criar uma atmosfera de incerteza e completa dependência da vontade do lider do partido e "pai das nações", Stalin. Isto, por sua vez tornava impossível a existência da oposição ao regime, não somente na sociedade, mas também nas fileiras do partido, que sofreu nestes anos considerável "limpeza".
Uma das primeiras vítimas de Stalin e membros auxiliares de seu governo, foram membros do partido que estavam em oposição a Stalin pessoalmente, e às suas políticas. Além de membros do partido, a repressão afetou quase todas as esferas da sociedade e, particularmente, o exército e a NKVS (Comissariado Nacional de Assuntos do Interior - depois NKVD), onde os velhos quadros revolucionários foram substituídos por novos, dedicados a Stalin. Deste modo, como na sociedade em geral, após a eliminação da oposição real, a limpeza nas fileiras do partido, exército e NKVS, foi projetada, principalmente, na liquidação dos potenciais, mas não reais inimigos do regime.
Repressões na Ukraina
Uma nova onda de terror na União Soviética começou com a nomeação de Mykola Yezhov como chefe da NKVS no outono de 1.936. Em 04.10.1.936 o CC RKP(b) - (Comitê Central do Partido Comunista Russo (bolchevique) esclareceu os pedidos sobre repressões coletivas relacionando-os. Para apreciação dos assuntos coletivos foram criados os assim chamados "trios" que, por sua vez, condenavam centenas de pessoas. Um dos veredictos fundamentais foi o aprisionamento por muitos anos nos campos de concentração stalinistas, os "gulags", com trabalhos escravos e fuzilamentos.
Em 31/07/1937 foi aprovado o projeto 00447 - NKVS URSS que determinava reprimir centenas de milhares de pessoas em diferentes regiões da União Soviética. Em Ukraina foi projetado o limite mínimo de 28.100 pessoas, das quais 7.800 deveriam ser condenadas ao fuzilamento. A gestão local do NKVS poderia aumentar os limites. E sempre aumentava.
Para simplificar os trabalhos repressivos, pela iniciativa de Vyshynskyi, em 11/09/1937 foi aceita a decisão sobre a possibilidade da condenação em um dia, antes da apreciação do assunto. As sentenças eram aceitas deste modo e, frequentemente, a pena máxima era executada imediatamente. Para província de Vinnytsia, inicialmente, foi determinado reprimir 4.000 pessoas e destes fuzilar 1.000. Este número foi aumentado para 30.000.
O motivo imediato do aprisionamento do suspeito - e suspeitos, naqueles tempos de opressão stalinista eram dezenas de milhões - podia ser um simples cartão postal de parentes da Polônia ou outro país, às vezes encontrado durante a busca, uma cruzinha ou um missal. Em muitas ocasiões aprisionavam devido à denúncia sem nenhum fundamento
Testemunho de familiares
Ao pavoroso extermínio da nação, ao qual se permitiu o poder dos ocupantes comunistas de Moscou na Província de Vinnytsia, nos anos de 1936-39, e que constitui somente fragmentos do contínuo "holokost" ou extermínio da nação que aquela ocupação, em diversas formas, continuamente, pratica em Ukaina até os dias de hoje, opõem-se os depoimentos claros e coerentes de familiares das vítimas daquele terror: esposos, pais, mães, irmãos e irmãs, e que foram declarados perante a comissão de escavações das sepulturas.
Apresentamos dois desses depoimentos:
Registro do depoimento da ucrainiana OLEKSANDRA PRUSAK, da aldeia Verkhivtsi, região de Barsk: "Meu marido, Ivan Prusak, nascido em 1.898, até 1937 trabalhava na fazenda coletiva de Verkhivtsi. Até 1.929 ele era proprietário de seis hectares de terra e três vacas. Em 1929 foi obrigado a entregar seus bens para a coletivização. Até 1937 nunca foi aprisionado ou suspeito de quaisquer crimes. Em 06/04/1937, durante os trabalhos no campo foi pego pelos milicianos e levado para NKVS em Baru. Não consegui saber os motivos de sua prisão. Perguntava para Kyiv e Moscou, e de lá recebi resposta - procurar informações no NKVS de Vinnytsia. Para minhas indagações em Vinnytsia, em 1938 recebi a informação que meu marido foi exilado por 10 anos, para Sibéria, sem direito a correspondência. Quanto tempo meu marido ficou em Vinnytsia não sei deizer.
Hoje, no antigo local da NKVS (pomar frutífero) eu reconheci o casaco de meu marido. Erro não pode haver - reconhecio-o pelos remendos que eu mesma fiz. Por isso penso que o seu corpo também está enterrado neste local. Simultaneamente com meu marido, em nossa aldeia, foram aprisionadas mais onze pessoas, cuja sorte até agora é desconhecida".
Vinnytsia, 29 de junho de 1943.
Testemunho de SOLOVIOVOI , de Zhetkivka: "Meu esposo, ukrainiano, devido a problemas de saúde foi obrigado a deixar o emprego de professor e trabalhava na filial do banco estatal em Zhetkivka. Estava com 47 anos, quando, em 17.04.1.938 foi levado, de trem, para Vinnytsia e colocado na prisão de NKVS. Quando no terceiro dia cheguei em Vinnytsia, fui informada que meu marido foi transferido para prisão municipal. No entanto lá eu não consegui nenhuma notícia. Ver meu marido ou enviar algo para ele, não consegui. Em 05/05/1938, soube que meu marido foi enviado para o distante Norte, por dez anos, sem direito à correspondência. Nunca mais tive notícias. Imediatamente após a prisão, em nossa habitação fizeram uma busca e levaram uma espingarda de caça do meu marido, um pouco de prata que eu guardava para obturação dos dentes e uma cruz de mesa. Decorridos dois anos da prisão eu recebi ordem da NKVS para entregar toda sua roupa porque ele era - "inimigo da nação".
Meu marido nunca se ocupou de política. Sua prisão surpreendeu a todos na aldeia. Eu penso que sua prisão foi motivada pelo seguinte fato: em nosso prédio veio residir um promotor, de sobrenome Felhd. Ele estava muito interessado em ocupar o prédio inteiro. A cerca de oito dias antes da prisão de meu esposo, este promotor pediu ao banco um empréstimo de 2..000 karbovantsi (moeda local em uso), para que sua esposa pudesse ir à casa de campo. Com base nas normas bancárias meu esposo não pôde conceder. Penso que este fato motivou a prisão.
O jornal "Novidades de Vinnytsia" publicou uma nota sobre um lenço com monograma "A.C". Lendo esta nota eu reconheci o lenço do meu esposo e cogito que ele nunca foi enviado para degredo, mas está aqui - entre os assassinados".
Vinnytsia, 1° de julho de 1943.
(Este é o "um mundo melhor é possível" do socialismo-comunismo. As pessoas, sob falsas denúncias, eram aprisionadas e mortas sem nenhum motivo. O "mundo melhor" era tão melhor que após entregar à administração do governo todos os bens que possuíam, precisavam remendar suas roupas e guardar um pouco de prata para obturação de seus dentes. Este "mundo melhor está em expansão no mundo atual. - O.K.)
Repressões em Vinnytsia
A 68 anos atrás na província de Vinnytsia, na Ukraina, nos anos 1937-39, os representantes do poder soviético na Ukraina, ocupada por Moscou, efetuaram uma inacreditável, em tempos de paz, ação terrorista contra nação ukrainiana.
Vinnytsia, na época limitava-se com Polônia e Romênia (Durante o domínio da União Soviética houve várias mudanças nas fronteiras dos paises membros - O.K.). Nesta província vivia uma parte dos ex-soldados do Exército da República Nacional da Ukraina e do Exército Ukrainiano de Halychyna. Uma parte da população era constituída de poloneses. A proximidade da fronteira e os relacionamentos familiares e de amizade contribuíam para a suspeição da existência de uma rede de "agentes secretos estrangeiros", "diversionistas" e "inimigos da nação".
Execuções
Para lutar contra todos esses "malfeitores" foi designado Ivan Korabliov - um dos mais experientes funcionários da NKVS. Em abril de 1.938 Korabliov pede para aumentar a quota dos sentenciados (Não se prendiam as pessoas por delitos praticados, prendiam-se para alcançar determinadas quotas. Depois "fabricavam-se" os delitos - O.K.). Em Vinnytsia foram executadas em 1937-38 aproximadamente 20.000 pessoas.
Para obrigar os aprisionados ao reconhecimento de seus "crimes" eram aplicadas torturas. Os interrogatórios realizavam-se no prédio da NKVS..
O "trio", órgão local para efetuar os aprisionamentos e as execuções em Vinnytsia constituía-se de: Secretário do Comitê da Província, dirigente da NKVS da Província e o procurador da Província, que agiam sob o comando geral de Mykola Yezhov. Em 1.938 o "trio" ratificava diariamente centenas de condenações à morte. Os aprisionados eram trazidos ao prédio da NKVS ou à prisão local. As execuções ocorriam logo após os veredictos, quase todos os dias, e na maior parte das vezes no pátio do prédio da NKVS, cercado pelas garagens.. Havia ali também um local para lavar os veículos, o que possibilitava lavar imediatamente os sinais de sangue. Durante os fuzilamentos, incessantemente buzinavam os veículos de carga já preparados para o transporte dos cadáveres.
No entanto, não se exclui que alguns fuzilamentos ocorriam dentro das salas da NKVS porque testemunhas descreveram torturas terríveis durante os interrogatórios. Também o fato de que foram resgatados muitos cadáveres de mulheres completamente nuas, ou somente de camisas (As mulheres ukrainianas , as aldeãs, usavam uma espécie de camisa que ía um pouco abaixo do comprimento da saia para aparecer a barra bordada. Bordavam as mangas e o peito, Também bordavam as camisas masculinas no colarinho, na parte central e nos punhos - O.K.) Evidentemente que muitas foram despidas, violentadas, e depois mortas nas salas do prédio da NKVS.
As vítimas eram enterradas no Parque Horskyi, no cemitério ortodoxo e num pomar frutífero abandonado. O pomar foi cercado com tábuas altas e arame farpado no alto. E, como os outros, e na Ukraina inteira, recebeu o nome de "zona proibida". Como testemunharam os que moravam nas proximidades, à noite vinham pessoas em veículos de carga. Os próprios presos cavavam as sepulturas e eram fuziados no final. As covas tinham 2 a 3 m de profundidade. Os corpos eram jogados desordenadamente e cobertos com cal. Nas sepulturas irmãs havia de 33 a 144 cadáveres. Os parentes eram avisados que os condenados foram para degredo em regiões distantes da URSS, por 10 anos, sem direito à correspondência.
Várias pessoas que moravam ou trabalhavam nas proximidades não desconfiavam do que estava acontecendo. Somente alguns perceberam a realidade analisando as pistas como sangue nas proximidades das entradas aos locais de enterro. Mas, com medo das repressões calavam-se. No parque, sobre duas sepulturas construíram um local para danças e sobre uma outra sepultura criaram "uma sala para risos". E também uma balança. Com o tempo o chão começou a afundar nos locais das sepultuas, então plantaram arbustos.
As Escavações
Os sepultamentos em Vinnytsia permaneceram sem atenção por parte da população até 1941. Assim como em inúmeras cidades da Ukraina. Com o recuo das forças soviéticas, NKVS começou liquidar todos os prisioneiros. Já sob o domínio alemão a população afluiu às prisões com pedidos de apurar as notícias que circulavam com crescente insistência. A princípio Alemanha não se interessou porque não via necessidade psicológica ou ideológica na guerra com a URSS, esperava rápida vitória militar. A situação mudou em 1.943 quando começou sofrer as primeiras derrotas na frente oriental. Então resolveu utilizar esta tragédia para seus propósitos. Começaram as escavações.
Comissão e investigações
Com a autorização alemã iniciaram-se as escavações e investigações dos sepultamentos. Em 15.06.1943 foi criada a primeira comissão que compunha-se de professores, anatomopatológicos, médicos alemães e dois médicos locais. Já no início dos trabalhos de exumação foram convidados médicos legistas de 11 países europeus (Bélgica, Bulgária, Finlândia, França, Itália, Croácia, Holanda, Romênia, Suécia, Eslováquia, Hungria). Também veio uma comissão de 13 médicos legistas de 13 diversas universidades alemãs. As duas comissões procederam às investigações em separado mas os resultados obtidos, na maioria dos casos, chegaram às mesmas conclusões quanto aos fatos médicos e condições de execução.
Exumação e reconhecimento dos corpos
Os corpos encontravam-se sob espessas camadas de terra, geralmente entrelaçados, algumas vezes prejudicados com a cal e outros processos químicos. Alguns evidenciavam processos de torturas - ausência de dentes, ossos quebrados. Outros possuíam terra dentro dos pulmões e estômago, o que significa que foram enterrados ainda vivos. A roupa encontrada nas sepulturas foi exposta para que se pudesse proceder à sua identificação. Afluíam pessoas de toda província, principalmente mulheres. Pela roupa, 468 mulheres identificaram seus maridos e 202 vítimas foram identificadas pelos documentos.
Foram exumados 9.439 corpos de 95 sepulturas. A maioria apresentava sinais de arma de fogo, na região da cabeça. Alguns apresentavam vários ferimentos, outros, traumas relevantes no crânio que causaram a morte. Os cadáveres masculinos tinham as mãos amarradas nas costas, alguns também as pernas.
Foram encontrados 169 cadáveres femininos, dos quais 49 estavam despidos. Alguns cadáveres estavam tão danificados que não se pôde estabelecer sua idade, porém a maioria masculina localizava-se entre 30 e 40 anos.
Muitos cadáveres tinham consigo seus objetos pessoais. Encontraram-se documentos, anotações, alguns livros. Das primeiras 500 vítimas - 212 eram aldeões, 62 trabalhadores, 51 funcionários, 26 profissionais, 16 militares e 4 padres. Aos 109 restantes não foi possível estabelecer a atividade profissional.
Propaganda alemã
A propaganda alemã aproveitava ativamente os dados da comissão internacional contra a União Soviética. Fotografias e notícias sobre fuzilamentos apareciam em muitas edições européias. Os dirigentes alemães esperavam culpar os russos e também os judeus pela tragédia, inflamar a inimizade entre os povos da Ukraina e desta maneira aumentar a quantidade de voluntários nas unidades do exército.
Como as repressões em Vinnytsia repercutiram em toda Europa, a reação da União Soviética foi negar sua autoria, atribuindo-a aos alemães. Quando os russos voltaram para Vinnytsia em 1944, mudaram até o nome do monumento às próprias vítimas para "monumento às vítimas do facismo" e represaram todos que participaram nas investigações alemãs, ou apenas difindiam as notícias.
Pesquisa: Internet
Oksana Kowaltschuk
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