Os empresários já sentem a aproximação da crise.
Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana), 2013
Marharyta Ormonadze
O humor dos empresários ukrainianos eloquentemente testemunha sobre as tendências de crise crescente na economia.
"Se
os jornalistas escrevem, que este ativo pertence a mim e que eu
minimizo os impostos, amanhã virá a polícia fiscal e, simplesmente
tirarão de mim o meu negócio. Mas agora todos trabalham assim, todo
país" - disse em conversa com o correspondente da "Semana", o Sr.
Serhii, co-proprietário de uma das maiores empresas comerciais de Kyiv.
Empresários,
com os quais conversou "Semana", admitiram que a máquina estatal
ukrainiana nunca foi leal aos negócios de não oligarcas, mas as
características repressivas e agressivas em favor dos "escolhidos"
especialmente se fizeram sentir depois da chegada ao poder do Partido
das Regiões. Forma-se a impressão, que os negócios não relacionados com
os representantes do governo, agora foram tomados pela posição de
alienação mental que se manifesta, frequentemente, pela estagnação.
"Evoluir? E para quê? Pois amanhã, alguém do governo notará o meu
sucesso e eu o perco. Na melhor das hipóteses receberei um pagamento
simbólico, "compensação" simbólica por anos de dedicação na construção
de uma próspera empresa. Tais exemplos eu posso lhe contar centenas", -
diz o senhor Serhii.
Durante os três anos de
existência de acordo com o princípio "minha casa é ao lado" os
representantes do segmento mais ativo da sociedade ukrainiana, a chamada
classe média, observava como apoderavam-se dos ativos de seus colegas,
concorrentes, parceiros, e aumentava-se a carga tributária. No entanto,
até agora, não se atreveram à união para proteção de interesses comuns. O
propósito em praça pública aconteceu no longínquo 2010... Como
consequência - o declínio da atividade empresarial. Em particular, as
agências de recursos humanos constatam aumento de procura, o que
significa demissões em massa, especialmente nas empresas de fabricação.
Assim, recentemente, sobre os planos de dispensa de 500 trabalhadores
anunciou a direção da empresa de construção de vagões Krukov, um dos
maiores construtores ukrainianos de vagões ferroviários. De acordo com
os dados do portal internacional HeadHunter, em comparação com o
primeiro semestre de 2011, a tendência positiva de vagas caiu quase pela
metade. Segundo Uliana Khodorkovska, chefe do centro de pesquisa do
portal HeadHunter, a tendência principal é a redução de salários: "As
empresas incluídas na fase de otimização - em vez de trabalhadores
altamente qualificados contratam iniciantes, que exigem salários muito
menores". Com isso observa-se o declínio das vagas de trabalho na
indústria, e as novas geralmente referem-se às empresas comerciais.
No
entanto, os especialistas em falência dizem que durante o último ano as
falências aumentaram várias vezes, e as fictícias são poucas.
Ilustrativa é a redução significativa da atividade empresarial em Kyiv,
onde em algumas ruas quase simultaneamente fecharam várias empresas de
diferentes tamanhos. Como na rua Chervonopilska onde, em alguns meses
fecharam as portas um café, um salão de beleza, um centro de fitness e
uma loja.
Administração de compadres
"Semana"
comunicou-se com os representantes de negócios de diferentes escalas e
encontrou tês principais tendências que hoje formam as condições para o
desenvolvimento do empreendedorismo. Primeiro - reforço na camaradagem
em geral, e fortalecimento da centralização através da influência
administrativa. À corrupção e constantes extorsões aos empresários não
se acostumar. Mas a questão que a 4 - 7 anos atrás ainda era possível
resolver com auxílio de presentear o funcionário, a partir de 2010, em
muitos casos, não se resolve apenas com suborno. O aparato fiscal por
muitas vezes reforçou a sua má vontade em executar a sua função primária
- a administração pública eficiente. "Problema da degradação,
negligência sistêmica generalizada e a irresponsabilidade daqueles que
agem em nome do Estado. No país há, cada vez menos senso comum e tudo
isto lembra uma farsa" - constata Valentin Kalashnyk, diretor de
marketing da OS-Direct.
Segundo avaliações dos
especialistas da "Semana", que trabalham com as comunidades e empresas,
as atividades tranquilas têm apenas aqueles que têm relações familiares
ou de compadrio com as autoridades locais. Em troca, são muitos os que
restringiram ou venderam total ou parcialmente seus negócios aos
"reizinhos" locais. Deste modo, o princípio do feudalismo floresceu em
todos os sentidos - do pequeno, no nível do compadrio, ao grande, no
nível da monopolização de setores-chave. Isso se refere à incorporação
de empresas já existentes ao mecanismo familiar-oligárquico construído
pelo governo. "O país chegou ao assim chamado coletivismo burocrático em
que os lucros são distribuídos entre a burocracia partidária, quando é
exatamente ela que gerencia a economia e o estado", - diz o especialista
em consultoria de gestão Margarita Chernenko. Significativo, que de
acordo com o relatório analítico do Banco Nacional da Ukraina quanto a
análise de negócios de empresas ukrainianas "os mais otimistas
permaneceram como representantes de grandes empresas envolvidas nas
operações de exportação e importação, e aqueles onde a participação da
porcentagem no capital estatutário é maior a 25%".
Máquina do medo
Segunda
tendência - o medo constante perante autoridades constituídas. Para se
adaptar ao modelo econômico, que construiu-se no território
pós-soviético, a maioria dos ukrainianos conscientemente assume desvios,
ao contrário não sobrevive: alguns pagam o salário em envelopes*,
outros contabilizam duplamente, etc. Um dos fatores chave de negócios
bem sucedidos manteve a a possibilidade de ter um "teto" com
correspondentes custos para ele. Mas a partir de 2010 (governo
Yanukovych) muitos empresários foram colocados na situação em que, ou se
encaixavam no sistema de relações do poder, ou acabariam entregando
seus bens aos representantes do poder, por uma ninharia. Muitos
daqueles, cuja atividade já sofria devido a crise econômica, aceitaram a
segunda proposição. "Ao empresário é importante a crença otimista no
futuro do seu negócio. Agora isto não existe. Existe uma crença
persistente: no momento em que você criar um recurso valioso, ele poderá
ser subtraído. Independentemente da escala, tamanho. Primeiro é preciso
se preocupar com a proteção e preservação, sobre sua integração ao
modelo, onde as regras formais são ignoradas, e as informais
constantemente mudam", - declara Valentin Kalashnyk.
Para
consolidar a compreensão, de quem no país é o "senhor", durante os
últimos anos em todas as regiões foram organizadas demonstrações de
execuções, quando o negócio tiravam totalmente ou em parte. No entanto,
poucos se atreveram declarar o ataque ou o surgimento de um novo
proprietário ou coproprietário! Publicamente a situação foi apresentada
como inspeção programada ou não programada. Por exemplo, funcionários do
fisco presentes, mas nada mudou. "A empresa opera como de costume" -
tais respostas evasivas recebia "Semana" às suas indagações das
companhias que advertiam sobre a possível apreensão de fiscais ou do
UBEZ (Escritório de Combate ao Crime Econômico). Por exemplo, no final
de 2011 os problemas com a alfândega e impostos surgiram com o
proprietário da rede de lojas infantis "Antoshka" Vladislav Burda. No
entanto, em dezembro daquele ano o empresário declarou que resolver
todos os problemas lhe ajudou o próximo da "Família" ("Família" são os
empresários e políticos que apoiam Yanukovych em todos os seus assuntos,
e com ele enriquecem - OK) Yuri Ivaniushchenko, atual deputado do
Partido das Regiões. Em 2012 - 2013 as forças de segurança tomavam as
principais sedes de muitas empresas conhecidas, com a TMM, internet -
loja "Rozytka" e "Sokil". Muitos empresários, cujos negócios na verdade
não eram irrepreensíveis e não conseguiram encontrar uma linguagem comum
com o governo, foram parar atrás das grades. Em particular , o
proprietário do ERDE BANK, Companhia de Seguros "Bem Estar",
"Business-Rádio", etc. Ruslan Demchak encontrou-se na prisão sob as
acusações de fraudes financeiras. Isto aconteceu na véspera das eleições
parlamentares de 2012, às quais ele concorria como candidato
independente na região onde o seu oponente principal era o comunista
Gregório Kaletnik, que tem laços estreitos com os mais altos escalões do
poder. E, apesar de que o próprio empresário já está em liberdade, o
ERDE BANK atualmente encontra-se em liquidação, e na maioria de suas
empresas, de acordo com a informação da "Semana" mudaram os
proprietários, embora isto não foi notificado oficialmente. Sim, é
ilustrativo o fato que nos meios de comunicação mais propaganda dos
comunistas está sendo transmitida, exatamente na frequência do "Business
Radio".
Muitos empresários foram forçados
deixar o país devido a pressão direta, política ou empresarial:
proprietário da companhia ProstoPrint Denys Oleinykov, concorrente do
candidato governista Tetiana Zasukha na problemática região 94, Viktor
Romaniuk, proprietário da fábrica "Stalkanat-Sylur", Volodymyr
Nemerovskyi e o empresário de Luhansk Ihor Liski, que encabeçavam os
centros regionais do partido "Frente de Mudanças" (oposição) durante a
campanha eleitoral de 2012. Nas empresas que se ocupam com planejamento
offshore argumentam que os empresários ukrainianos tornaram-se mais
propensos em pedir para ajudá-los conseguir a certidão de residência.
"A
máquina do medo", parece que age não somente no nível de ameaças: o
assassinato de empresários e representantes do governo, que de um ou
outro modo têm relações com negócios, pela sua frequência e crueldade
lembra os anos de 1990.
Incerteza
A
terceira tendência, que forma as atuais condições da condução
empresarial na Ukraina é que, mesmo na situação de estabelecimento de
ditadura centralizada os proprietários de ativos não tem certeza, que
dentro de algum tempo, no país, não aconteça divisão do partido do
poder, ou uma nova mudança de governo, a qual arraste consigo
redistribuição da propriedade.
Obviamente,
nessas condições a qualquer empresário surge a interrogação se é
oportuna a criação de ativos eficazes. "O futuro não está em foco. Ir
para um país estrangeiro ou continuar a luta em seu país natal - tais
pensamentos agora estão na cabeça da maioria daqueles, que no mundo todo
são estimados como "motores sociais". Muitos optam por um caminho
alternativo - temporariamente, por alguns anos "ficar no fundo": obter
uma formação adicional, começar a ensinar para não perder-se
mentalmente, preservar e aumentar seu próprio valor", - diz Valyntyn
Kalashnyk.
Os sentimentos industriais
existentes já afetam a sua competitividade - economia no nível macro.
"Na experiência profissional, em primeiro lugar no nível de competência
entre os gestores estão os valores e hábitos comportamentais. Na Ukraina
sobre tais detalhes na avaliação dos governistas nem se cogita, - diz
Margarita Chernenko. Como consequência disso há uma forte queda de
qualidade a longo prazo, dos bens e serviços pátrios, em resultado da
criação de condições favoráveis de negócios para um número de jogadores.
Pode-se esperar medidas protecionistas para pavimentar a importação e
apoio ao produtor doméstico". Aliás, isto já está acontecendo, como o
aumento de impostos e a introdução da taxa de utilização em carros
importados.
No entanto, o apoio artificial aos
fabricantes nacionais, precisamente aos preferidos, em condições atuais
não causará impacto positivo na capacidade de produzir bens e serviços
de qualidade. Acima de tudo, quase certamente levará a uma queda ainda
maior na competitividade das empresas ukrainianas, que passarão ao
controle da "Família", oligarcas e, geralmente àqueles que hoje estão no
poder.
* - "Salários em envelopes", como
parte da economia paralela, estabeleceu-se firmemente em nossas vidas e
hoje cria inúmeros problemas tanto para o indivíduo, como para a
sociedade como um todo.
Salário no envelope significa
que o empregado não foi registrado, ou que seu registro é parcial. Neste
caso nem o empregador nem o empregado pagam seus impostos totais, ou
pagam parcialmente. O empregado perde não somente o direito à segurança
social, por exemplo, no caso de invalidez, como não se habilita à
aposentadoria. Como dos "salários em envelopes" não são pagos os
impostos, ou parte deles, a primeira vista o enganado é o Estado. Na
verdade é a escassez de fundos para a saúde, educação, proteção social,
etc.
Tradução: Oksana Kowaltschuk