quarta-feira, 30 de novembro de 2011

REVOLUÇÃO LARANJA

Caro Leitor:
Devido às homenagens aos mortos na tragédia do HOLODOMOR, algumas notícias sofreram um atraso. Todavia, este blog não poderia jamais se omitir diante do que aconteceu em 1932-33. Nada neste mundo reparará as atrocidades cometidas pelo comunismo russo contra 7 milhões de ucranianos. Razão pela qual pedimos que considere esse descompasso de datas na postagem das notícias e aceite as nossas humildes desculpas.

O Editor



"No dia de 22.11.2011 em Kyiv, na Ukraina, o povo faz manifestação pelo sétimo aniversário da Revolução Laranja que aconteceu após a tentativa de fraude nas eleições de 2004. No segundo turno das eleições foi dado como vencedor Viktor Yanukovych em prejuizo do candidato Viktor Yushchenko. Devido a inúmeras violações cometidas durante as eleições a nação se revoltou e saiu às ruas e praças em pleno inverno, sob a neve. Os protestos continuaram por vários dias, até que foi acordado o terceiro turno das eleições. O vencedor foi Viktor Yushchenko.
As manifestações, deste ano, foram proibidas pelo governo autoritário do agora presidente Viktor Yanukovych. Assim mesmo o povo saiu à rua para comemorar o aniversário da Revolução Laranja, ou o Dia da Liberdade, como ficou chamado".


Comemoração ao Dia da Liberdade - 22-11-2011


terça-feira, 29 de novembro de 2011

HOLODOMOR: AS HOMENAGENS OFICIAIS e UM DEPOIMENTO ESTARRECEDOR

AS HOMENAGENS OFICIAIS

Os quatro presidentes da Ucrânia: da esquerda para a direita: Viktor Yanukovych, Viktor Yushchenko (2005-2010), Leonid Kravchuk (1992-1994) e Leonid Kuchma (1994-2005)

Viktor Yushchenko: ex-presidente da Ucrânia

A Igreja oficia o Ato Litúrgico

Ex-presidentes acompanham o Presidente

Encosta do Memorial Holodomor

O DEPOIMENTO
"Sabíamos: se os porcos comem bolotas, a pessoa pode..."

Vysokui Zamok (Castelo Alto) 25.11.2011
Ivan Farian


Entre aqueles, que na noite de sábado, 26 de novembro, acenderão uma vela e a colocarão na janela, em memória pelos mortos pelo Holodomor (morte pela fome) estará Rosália Pavlychak, 87 anos, da aldeia Zaklad, da região de Mykolaivka da Província de Lviv. Hoje ela é da Halychyna, mas na longínqua infância vivia em Vinnytsia, na pitoresca aldeia de Podil, Pavlivtsi, próximo do centro da região de Kalynivka. Lá ela sofreu todos os medos de homicídios intencionais, organizados pelo regime bolchevique. Passou muito tempo, mas os acontecimentos até agora continuam perante seus olhos...

Antes da coletivização senti-me como no seio de Deus...

- No início vivíamos normalmente, seria pecado lamentar-se, - lembra Rosália Petrivna. - Mantínhamos uma vaca, porcos, galinhas, uma parelha de cavalos. Tínhamos na propriedade um grande cachorro, Sharyk. À noite nós o liberávamos, e ele obrigatoriamente, pela manhã trazia algo - ou um coelho, ou um pedaço de veado. Parte de seu troféu cabia a nós. Quando começou a grande fome, Sharyk com seu "ofício" muitas vezes nos socorreu...

Meu avô tinha uma pequena olaria, cinco "desiatynas" [1] de campo. Semeávamos centeio, trigo, aveia, painço e trigo sarraceno. Do campo nós nos alimentávamos, e também o gado e as aves. Além disso, tínhamos um capão de mato onde colhíamos muitos morangos e cogumelos. No quintal havia um grande celeiro - lembro quando traziam ali os feixes e com mangual os batiam. Sempre havia em nossa mesa pão, carne, ovos...

Mesmo que o grão apodreça, vocês não tem direito de levá-lo!"

Em 1928 começou a coletivização na aldeia. Quem possuía duas vacas, dois cavalos - metade devia entregar à fazenda coletiva. Assim aconteceu conosco. Ainda levaram toda terra. Quem possuía mais de 60 ar [2], era considerado "kurkul" (rico), arruinavam o aldeão completamente, desmontavam sua propriedade e levam-no à Sibéria. Seus filhos eram jogados para fora de casa. Alguns, os parentes recolhiam, outros morriam de fome na rua.

Nosso vizinho Oliynyk tinha uma fabriqueta de óleo, graças a qual alimentava cinco pessoas. Devido ser considerado "kurkul" foi levado não soubemos para onde, para casa nunca mais voltou. A fabriqueta levaram para fazenda coletiva, as crianças tocaram de casa. Pessoas estranhas as recolheram. Em seguida, lembro, o filho mais velho dos Oliynyk, Teren, foi levado para o "front". Voltou ele da guerra cheio de medalhas. Encontrou a casa da família trancada à chave. Abriu-a, mas, de Kalenivksa veio a milícia e culpou-o de agir de acordo com sua própria vontade, contra o governo.

Em 1931 o inverno foi muito forte. Não havia alimento para o gado. As pessoas soltaram os cavalos dos celeiros - deixaram ir, talvez encontrem algo em algum lugar. Os pobres animais beliscavam de noite as barragens de folhas e ervas daninhas que as pessoas colocavam ao redor das casas para segurar o calor. As pessoas diziam: agora é o gado que anda faminto, em um ou dois anos nós também ficaremos... E assim aconteceu. Quando já não havia forças para suportar a fome, nosso pai pegou um cavalo extenuado, matou-o, arrancou a pele - e tínhamos o que comer.

Das pessoas começaram recolher tudo o que elas ainda possuíam. Os "ativistas" entravam nas casas com longos raios de ferro e com eles percorriam todo o chão - para ver se havia algo guardado. Em nosso sótão estavam guardados saquinhos com sementes de feijão, papoula e linho. - foram levados. Eles colocavam em sacos, que eram colocados em carrinhos e transportados para fazendas coletivas. Lembro, à casa da Yuhyna Oliynyk entrou uma "komsomolka" [3] – trazia no peito uma flor vermelha artificial, na cabeça um lencinho. Mamãe disse: "Mulherzinha (sentido carinhoso), o que você procura -as crianças estão com fome..." As pessoas caíam de joelhos, para evitar problemas. Em resposta ouviam: "O diabo não vós levará!".

Começava a fome de 1932-1933. A colheita foi maravilhosa! Lembro, como hoje, eu com minha irmã fomos ao campo depois da colheita, recolher as espiguinhas. Veio, a galope, um guarda que brandiu o chicote gritando: "Molecas! Isto é - propriedade do governo! Mesmo que apodreça, vocês não têm o direito de levá-lo!" Eu e minha irmã jogamos fora os saquinhos e saímos correndo. Corremos quatro quilômetros até chegar a nossa casa, mamãe ficou assustada quando nos viu...

Salvamo-nos com espinafre e azeda...[4]

Nosso pai trabalhava na estrada de ferro. Com uma vassourinha improvisada, varria entre as rachaduras nos vagões de sementes, que permaneciam lá após as descargas. Colocava as sementinhas nos bolsos, e em casa os esvaziava sobre a mesa. Nós, pequenos, de grão em grão escolhíamos, mamãe lavava, secava e moía na pedra - depois comíamos. Certa vez pegaram papai com aquelas sementes nos bolsos, misturadas com sujeira, e o levaram para a milícia. Pesaram a "propriedade do governo" - e condenaram meu pai a um ano de trabalhos forçados. Cumpria a pena nos campos, na província de Kyiv. Lá inchou de fome e resolveu fugir. Conseguiu chegar em casa, mas vieram buscá-lo e lhe deram um ano de prisão.

Sem o pai em casa a adversidade tornou-se negra. A primavera chegou, e assim que conseguiu subir a partir do solo o espinafre e a azeda nós arrancávamos e comíamos cru e cozido. Escaldávamos a urtiga. E, quando floresceu a acácia branca, eu, na ausência da mãe colhi, piquei e fiz bolinhos. Comemos, e nossas barrigas doeram tanto que pensamos não agüentar. Mamãe nos salvou com decocto de absinto e chás de camomila e orégano...

Em 1932-1933 pão nós não comemos. Vivemos principalmente comendo mato e ervas medicinais. Muito raramente uma batatinha.

Certa vez, com a irmã colhemos morangos e levamos à estação de Kalenivka para vender. Do nosso lado uma mulher negociava pequenos pedacinhos de pão. Quando o trem deu sinal de partida, os passageiros movimentaram-se, e, nesse momento um menino da aldeia vizinha, oito ou nove anos, aproximou-se, pegou um pedaço de pão e saiu correndo. A mulher pediu que eu cuidasse de sua banquinha e correu atrás do menino. Ele corria e colocava pão na boca para que não lhe tomassem. Conseguiu encher a boca - mas, de repente caiu. A mulher ainda arrancou de sua mão o pedacinho que restava, mas o menino morreu. As pessoas gritavam: "Especulante do diabo! Se ele não quisesse comer - não iria até você para roubar!"

Muito nos ajudavam as frutas silvestres, cogumelos. Colhíamos bolotas (também chamadas lande ou glande É o fruto do carvalho, do sobreiro, etc.) assávamos no forno, macerávamos no pilão. Sabíamos: se os porcos podiam comê-los e nada lhes acontecia - significava, que a pessoa também podia...

O pior era no início da primavera, quando o salgueiro renascia - dentro de casa não havia mais nenhum suprimento.

Vovó morreu de fome em 1932. E o vovô, depois que os bolcheviques levaram tudo da nossa casa, foi mendigar. A barba quase pela cintura, saco por cima do ombro - andava pelas aldeias, pedindo esmola. Alguém dava um pedaço de bolo, alguém jogava uma batatinha e alguém uma torradinha. Trazia as esmolas para nós. Quando não podia mais andar, ficava deitado no alto do forno, inchado como um cepo, e (como se eu estivesse vendo-o agora) pedia, por trás da chaminé à minha mãe: "Filha, me dê pelo menos uma vez, algo para eu colocar na boca. Eu já não vou atormentá-la por muito tempo..." E nós, sentadas na frente olhávamos o que mamãe poderia levar ao avô, se nada tínhamos em casa. Ela apenas enxugava as lágrimas. Vovô passou mais uma noite ou duas e morreu.

Lançavam ao túmulo semivivos.

Hoje, os comunistas dizem que a fome foi causada pela quebra da safra. Não é verdade! Eles destruíam as pessoas conscientemente. Eu sou testemunha ocular, eu não inventei nada. A desgraça era terrível. O governo bolchevique a ninguém ajudava, com nada. Pelo contrário...

Às vezes, você vinha andando - na rua jazia uma pessoa, estava nas últimas devido a fome. Os mortos eram recolhidos numa carroça, levavam ao cemitério. Nosso vizinho Kotsubytskyi levaram-no ainda vivo. Mamãe saiu na rua e gritou: "Aonde vocês o levam? - ele ainda respira!" E a ela respondem: Não faz mal - até chegarmos - morre!"[5].

No cemitério já estavam preparados grandes túmulos. Eram largos e fundos e recebiam 10-15 pessoas. Jogavam dois ou três cadáveres, um pouco de terra, e partiam em busca de outros. Às vezes acontecia que a terra sobre os cadáveres se movimentava. Ninguém fazia nada, nem os parentes porque não tinham forças para puxar os semimortos daquele buraco, e tinham medo. Se os bolcheviques aparecessem, dariam com um cabo na cabeça, jogariam no buraco e enterrariam.

E mesmo um pedaço de casca seca de pão eu acho delicioso

Pela primeira vez comi até saciar minha fome no início de julho de 1933. Quando no campo começaram formar-se as espiguinhas, tornaram-se durinhas - eu com a irmã íamos atrás deles no campo da fazenda coletiva. Voltávamos para casa com um feixe deles e os assávamos no fogo. As sementes ficavam castanhas. É uma delícia! - melhor não podia haver! Comíamos as sementinhas, bebíamos água - e já estávamos almoçadas!

Atualmente eu gosto de tudo. Mas gosto mais comer o pão. Como qualquer tipo - não menosprezo nada. Às vezes, quando começa criar bolor, recorto e, agradecida, como. Cada vez que pego em minhas mãos o pão, eu me lembro que houve um tempo, em que eu não tinha nem uma só migalha na minha boca.


[1] "dyciatyna" - antiga medida, corresponde a 1,09 hectare.
[2] Ar ou Arriv = 100m²
[3] Komsomol, nome da organização da juventude comunista; komsomolka é a moça que pertence ao Komsomol.
[4] Planta apreciada pelos eqüinos.
[5] Em ukrainiano há dois verbos, que significam "morrer". O dominador russo sempre usou o mesmo que é usado aos animais indicando assim o seu menosprezo pelo dominado. Pessoas educadas, pelo contrário, preferem usar, com referência aos animais, o mesmo que é usado com as pessoas.



A AÇÃO: Confisco de Alimento

O RESULTADO: Morte pela fome

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TYMOSHENKO: 51º aniversário

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)

26.11.2011:

Homenagem pelo 51º aniversário de Tymoshenko junto a prisão onde se encontra encarcerada


Segundo uma funcionária do Hospital da Província de Kyiv, que pediu anonimato, Tymoshenko foi trazida para realização de exames, no dia 23, quarta-feira, pela manhã.

A funcionária diz que Tymoshenko estava com aparência forçada, quase irreconhecível. Não conseguia andar mas não lhe ofereceram uma cadeira de rodas. Dois acompanhantes a pegaram do carro e, praticamente a arrastaram. E, ainda a cobriram para não ser vista. "Já trouxeram para cá mendigos e usuários de drogas - e eles eram colocados nas cadeiras de roda, mas, simplesmente arrastaram-na", - disse a funcionária do hospital. Ela ainda acrescentou que a direção do hospital não queria funcionários no corredor e ameaçou com demissão e perseguição extensiva aos parentes. (Parece que o regime soviético voltou com toda sua força - OK).

O problema de saúde da Tymoshenko parece ser uma hérnia.

25.11.2011:

A Ex-primeiro-ministro Yulia Tymoshenko recebe tratamento na prisão. Ela recebeu os resultados de todos os exames realizados, segundo o serviço de imprensa da prisão.

Os exames que foram realizados, por recomendação do Ministério da Saúde da Ukraina na Clínica Hospitalar de Kyiv, no dia 23 são: ressonância magnética, raios-X e ultra-sonografia. (Precisou Tymoshenko ficar sem condições de levantar-se da cama por mais de duas semanas para que os exames fossem realizados? - OK).

27.11.2011:

As pessoas manifestam seu carinho pela Tymoshenko em seu 51º aniversário

Tymoshenko, em data de hoje, comemora na prisão 51º aniversário. Aproximadamente 5.000 pessoas compareceram sob as paredes da prisão.

Companheiros de seu partido e líderes de partidos oposicionistas fizeram uso da palavra.

Sua filha Yevhenia agradeceu a todos pela presença. Ela revelou que, como sua mãe foi transferida de cela (reformas no prédio), talvez  não pudesse ouvir as pessoas, mas sabia que elas viriam.

Tymoshenko continua acamada. Sua filha tentará visitá-la na segunda, no domingo não é permitido visitas.

As pessoas trouxeram flores e mimos de pelúcia.

Durante a realização do concerto, sob as paredes da prisão serviam chá quente aos que desejavam (o frio já está presente).

A planejada soltura de um grande balão inflável não pôde ser realizada devido às condições do tempo.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

sábado, 26 de novembro de 2011

VENHA, ACENDA UMA VELA !

Dia 26 de novembro

Os ucranianos PRANTEIAM neste dia os 7 milhões de conterrâneos que morreram de fome (HOLODOMOR)


Memorial HOLODOMOR em Kiyv, Ukraina




"Iniciam as ações públicas em memória do Holodomor.

Há muito tempo não podíamos nos lembrar sobre Holodomor na Ukraina.

Pergunte a seus pais o que eles ouviram falar sobre a terrível fome de 1932-1933 durante sua juventude.

Pergunte a seus pais, se podiam eles, abertamente, relembrar as vítimas inocentes? Se podiam eles, sem medo, acender uma vela em memória dos mortos?

A nós proibiram lembrar. Porque, lembrando, nós começamos fazer perguntas e procurar respostas. E a resposta encontrada - requer ação.


Apesar de todos os perigos e riscos da opressão, mantivemos a memória: primeiro secretamente, em sussurros, mas cada vez mais alto e com mais coragem.

Graças a isso hoje relembrar é mais fácil . E agir - também.

Se você não se importa, se tiver preguiça vir e acender uma vela em memória ou pelo menos colocá-la em sua janela, isto será a aprovação tácita com aqueles que, primeiramente organizaram o genocídio, depois fizeram o máximo possível para limpá-lo da memória, e assim - excluir da história toda uma nação.

Outrora o pão poderia nos salvar. Agora nos salvará a memória."

LEMBRE-SE. VENHA. COLOQUE UMA VELA!
           

             

Os Editores

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O PREÇO DA VIDA

 
Em Kyiv lembram o preço da vida em 1933

Tyzhden (Semana), 22.11.2011
Valeria Burlakova

Muitas vezes você pode ver, como próximo das essencialmente trágicas lembranças brincam crianças. Adolescentes brincam próximo ao monumento-memorial dos heróis de "Kruty"[1] em Chernihov, mulheres passeiam com carrinhos de bebê em Babi Yar...[2] Houve-se o riso infantil perto do Memorial Nacional às vítimas do Holodomor (morte pela fome) nas margens do rio Dnipró.

É como se as mulheres trouxessem a lugares importantes seus pequenos, para cumprir mais uma responsabilidade materna - mostrar, que a vida não termina. Que ela é eterna.

Àqueles que visitam o memorial às vítimas do Holodomor se defrontam com a estátua de uma menina de bronze, com enormes olhos e descalça. Mas não recebe pão e sal (costume ukrainiano de receber visitas - OK) - em suas mãos ela segura apenas cinco espigas de trigo - Em 1932-1933 por tão ínfima quantia de trigo... fuzilavam.

Preço da vida

Em 22 de novembro um grupo de ativistas e personalidades artísticas moeram, num autêntico moinho de pedra 5 espigas de trigo. Para mostrar, por qual quantidade de farinha os ukrainianos arriscavam a vida em tempos do Holodomor. A quantidade de farinha dessas espigas corresponde à quantidade de pó que cabe no cartucho da arma mais comumente usada na época - fuzil Moasin. Com ela fuzilavam aqueles que se atreviam roubar comida.

Este é um grande lembrete de qualquer regime totalitário. Qualquer regime que, em nome de uma idéia sacrifica milhões de pessoas, como acontecia na União Soviética, diz o lider do grupo vocal "Haidamaky" Oleksandr Yarmola. - A vida perdida de uma criança cancela todas as grandes metas".

"Imaginem, como é - viver, quando você não é dono de sua própria terra. Quando tiram a comida de sua família. Quando você morre, simplesmente porque você é ukrainiano, - diz a escritora Irena Karpa. Portanto, no seu parecer, sobre Holodomor é necessário lembrar sempre. Especialmente, quando novamente trata-se sobre "restauração do império" e o "mundo russo".

"Alguém perguntará: quanto se pode falar sobre o mesmo acontecimento? - prevê Irena Karpa. - Há coisas que antigamente foram ditas, mas elas precisam ser constantemente repetidas. Assim como se repete: Não matarás, não furtarás".

"E começa o silêncio - oportunamente inesperado".

Despejar a farinha no cartucho, preparativos da memória às vítimas do Holodomor apenas começam. Em 23 de novembro em Kyiv inicia a apresentação "Tragédia de Uma Aldeia: "Colheita Negra de "Masibechchyny" - tentativa de reconstruir a tragédia no exemplo concreto dos acontecimentos históricos. Em 25 de novembro inicia a ação Guarda da Memória - missas de réquiem pelas pessoas mortas pela fome, cujos nomes puderam ser estabelecidos no transcorrer dos dois anos de trabalhos do museu. São aproximadamente três mil pessoas. Representantes de cada confissão realizarão ações em memória. No Museu Ivan Honchar abre a exposição-ritual de pães "Asso, asso um pãozinho..." E no dia 26 de novembro em Kyiv teremos uma caminhada dolorosa em memória das crianças, mortas e não nascidas dos anos 1932-1933.

As medidas oficiais para comemoração das vítimas da fome realizar-se-ão também na maioria dos centros regionais. Além disso, o Congresso Mundial dos Ukrainianos organiza eventos nas capitais de 32 países.

Nas escolas e Universidades da Ukraina haverá aulas sobre o tema, desde que os professores concordem em desenvolvê-las, porque o governo atual, pró-Rússia, na pessoa do ministro Tabachnyk excluiu a palavra "genocídio" dos manuais escolares, segundo Ivan Vasiunek, co-coordenador da comissão.

Por causa de tudo

Os principais objetos do Museu do Holodomor - não são objetos materiais. São memórias, nomes das vítimas. Páginas terríveis do Livro Nacional de Memória.

O destino humano cabe numa linha. Nome, sobrenome, idade, causa da morte: "Plakhtii Adam, 14 anos, fome; Plakhtii Valyntyna, 8 anos, fome; Plakhtii Zina, 10 anos, fome; Plakhtii Hanna, 6 anos - fome" - eis a história de toda família.

Em outro livro no registro dos cadáveres a causa da morte é outra: "BBO". Traduzindo do russo é: Inchaço por falta de albumina.

Em alguns lugares pode-se obter mais conhecimento sobre os mortos. Sobre a cidadania - "ukr.", e nacionalidade - "ukr.", e local de falecimento - "em casa". Em seguida, com anotação "indicações detalhadas, coluna "causa da morte". E algumas linhas em branco, porque na primeira está escrito simplesmente "pela fome". Para saber, o que está por trás do "pela fome", deve-se folhear o livro até o final. Nas últimas páginas dos livros de memória de cada região estão coletadas as memórias das testemunhas oculares.

"Eles tiveram doze filhos, - lembra a vizinha da aldeia Yevhenia Kondratenko. - Em 1932 ela tinha 16 anos. - Mais sofreu o menino de 2 -3 anos, porque o tempo todo pedia comida e não entendia, por que sua mãe não o alimentava. Outras crianças já compreendiam tudo e silenciavam.

Há também documentos. Impressos, com o grifo "Secretos", dísticos que o professor cantava para crianças. "Em 1932 nós já comíamos espinafre. Não tem pão, não tem gordura - komsomol levou".

Ou um bilhete escrito em linóleo ao conselho da aldeia: "Peço à administração, para ajudar com algum alimento, ou soja, ou algum cereal, ou farinha. Porque as pernas já incharam e eu não tenho forças para trabalhar".

Outro documento - Resolução CEC (Comitê Executivo Central) da URSS datada de 7 de agosto de 1932 "Sobre a proteção da propriedade de empresas, fazendas coletivas, cooperativas e fortalecimento da propriedade socialista. De acordo com a resolução, a propriedade social foi levada à propriedade das fazendas coletivas, com o que se confirma que todo tipo de propriedade particular era reconhecida não como associações de agricultores de aldeões, mas como elementos da economia estatal.

Pelo roubo de propriedade socialista a resolução previa fuzilamento. Se haviam circunstâncias atenuantes, condenavam a não menos de 10 anos de prisão. Anistia para esta resolução não se aplicava.

As sanções não determinavam nem a proporção nem o modo do "roubo". Assim a aplicação da lei era possível para os insignificantes furtos, como espigas de trigo cortadas nas fazendas coletivas ou até recolhidas das máquinas as últimas sementes. A prática de condenar os aldeões por algumas espigas de trigo em meados dos anos trinta reconheceu publicamente o promotor Vyshynskyi: "condenavam-se os funcionários das fazendas coletivass e trabalhadores particulares pelo miolo do repolho... A resolução entre o povo recebeu o nome "Lei de 5 espigas".

No início de 1933, após 5 meses do início da resolução, de acordo com ela, foram condenadas 54.645 pessoas, 2110 delas - ao fuzilamento.

Assustador

Na saída do museu há um álbum, no qual os visitantes podem registrar suas impressões. Escrevem aqui ukrainianoss, russos, poloneses, georgianos...

"O museu é bom, bonito - escreve em língua russa a estudante de Mykolaiev. - Mas eu fiquei muito assustada, tive muito medo. Como podem pensar - ficar sabendo sobre pessoas com sobrenomes conhecidos... Eu olhava o livro das vítimas de Mykolaiev. Mesmo agora escrevo e tremo".

É muito triste... Pena... escreve o polonês em inglês. É terrível!!! Fome..." , - admite o seu compatriota.

Alguém cita Skovoroda: (Filósofo, poeta e pedagogo ukrainiano do século XVIII - O.K.) "Com coração a pessoa é eterna". Outro alguém propõe a proibição do Partido Comunista em nosso país.

Os russos lembram os mortos na região do Volga e pedem para não sentir raiva deles, porque "tivemos muita coisa boa juntos".

Algumas pessoas dizem que os dados no livro não estão completos, indicando os nomes de seus parentes vitimados durante o genocídio de 1932-1933.

... Na rua as crianças brincam do mesmo modo, as pessoas se apressam, brilham como ouro as catedrais no horizonte. Durante o tempo que passamos no museu alguém colocou aos pés da menina de bronze uma vela e pão. Naquele tempo, nos anos trinta este pedaço de pão poderia ter salvo uma vida. Hoje, para que tais crimes não se repitam, os ukrainianoss devem ser salvos pela memória.

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[1] Kruty - luta heróica travada por 300 estudantes ukrainianos contra 4.000 soldados bolcheviques na estação de trem, na aldeia chamada Kruty. Os estudantes protegiam o caminho para Kyiv. Todos morreram após 5 horas de luta. Em 29.01.1918.

[2] Babyn (Babi) Yar. Durante a II Guerra Mundial, em Kyiv, os nazistas atraíam grande quantidade de judeus aos barrancos do chamado Babyn Yar e os fuzilavam lá. Fala-se em até 200.000 mil pessoas. Leia detalhadamente em artigo anterior neste blog.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

domingo, 20 de novembro de 2011

HOLODOMOR [MORTE PELA FOME] 79 ANOS !!!

Dia 26/11/2011 completa-se 79 anos da maior tragédia que se abateu sobre o povo ucraniano: O HOLODOMOR [MORTE PELA FOME]. Morreram de FOME INDUZIDA, pelo menos, 7 milhões de ucranianos.
Este blog, embora seja uma data de triste memória, não poderia deixar de prestar esta homenagem póstuma aos 7 milhões de conterrâneos, vitimas de uma ideologia satânica, psicótica e cruel - o comunismo - e da sanha de seu psicopata-mor: STALIN.

Os editores.



Ucrânia 1932-1933

Sete milhões de mortos no Holocausto "esquecido"
por Eric Margolis


Eric Margolis
Em 1999, quando escrevi sobre o esquecido Holocausto na Ucrânia. Fiquei surpreso ao receber várias mensagens de jovens americanos e canadenses de origem ucraniana me revelando que, até lerem minha coluna, nada conheciam sobre o genocídio de 1932-33 no qual o regime de Josef Stalin matou sete milhões de ucranianos e enviou outros dois milhões para campos de concentração.
Como, perguntava eu, poderia tal amnésia histórica afligir a tantos?
Para judeus e armênios, os genocídios que seus povos sofreram são lembranças vivas que ainda influenciam seus cotidianos. Mesmo hoje, no 79º. aniversário da destruição de um quarto da população ucraniana, aquele crime gigantesco quase desapareceu no buraco negro da história.
O mesmo ocorre com o extermínio dos cossacos do Don, pelos comunistas, na década de 1920, dos alemães do Volga em 1941 e as execuções em massa e deportações para campos de concentração de lituanos, letões, estonianos e poloneses. Ao final da Segunda Guerra, os "gulag" de Stalin mantinham 5,5 milhões de prisioneiros, 23% deles ucranianos e 6% bálticos.
Quase desconhecido é o genocídio de dois milhões de muçulmanos de povos da ex-URSS: chechenos, inguchétios, tadjiques, tártaros da Criméia, basquires e casaques. Os guerrilheiros que lutam pela independência da Chechênia e que hoje são rotulados de "terroristas" por Estados Unidos e Rússia são netos dos sobreviventes dos campos de concentração soviéticos.
Adicione-se a esta lista de atrocidades esquecidas o assassinato, na Europa Oriental, entre 1945 e 1947, de pelo menos dois milhões de alemães étnicos, a maioria deles mulheres e crianças, e a violenta expulsão de mais 15 milhões de alemães, quando dois milhões de meninas e mulheres alemãs foram estupradas.
Dentre estes crimes monstruosos, a Ucrânia aparece como a maior vítima em termos de números. Stalin declarou guerra ao seu próprio povo em 1932 [O articulista comete um equivoco histórico. Stalin não era ucraniano. A Ucrânia estava sob o domínio da URSS. Anatoli Oliynik], ao enviar os comissários V. Molotov e Lazar Kaganovitch e o chefe da NKVD (polícia secreta) Genrikh Yagoda para esmagar a resistência de fazendeiros ucranianos à coletivização forçada. [Não havia "fazendeiros" na Ucrânia. Havia aldeões. O modelo agrícola naquela época era o da pequena propriedade, a maioria de subsistência, razão pela qual a população rural na Ucrânia era altíssima. AO e OK].
A Ucrânia estava isolada. Todas as reservas de alimentos e animais foram confiscadas. Os esquadrões da morte da NKVD assassinavam "elementos antipartido". Furioso porque poucos ucranianos estavam sendo executados, Kaganovitch - em tese o Adolf Eichmann da União Soviética - estabeleceu uma cota de 10.000 execuções por semana. Oitenta por cento dos intelectuais ucranianos foram assassinados. Durante o áspero inverno de 1932-33, 25.000 ucranianos eram executados, por dia, ou morriam de inanição e frio.Tornou-se comum o canibalismo.
A Ucrânia, diz o historiador Robert Conquest, parecia uma versão gigante do futuro campo da morte de Bergen-Belsen. A execução em massa de sete milhões de ucranianos, três milhões deles crianças, e a deportação para o "gulag" de mais dois milhões (onde a maioria morreu) foi oculta pela ropaganda soviética. Os ocidentais pró-comunismo, como Walter Duranty, do "New York Times", os escritores britânicos Sidney e Beatrice Webb e o primeiro-ministro francês Edouard Herriot viajaram pela Ucrânia, mas negaram denúncias de genocídio e aplaudiram o que eles chamaram de "reforma agrária" soviética. Aqueles que se levantaram contra o genocídio foram rotulados de "agentes do fascismo".
Os governos dos EUA, Reino Unido e Canadá, contudo, estavam bem informados sobre o genocídio, mas fecharam os olhos, inclusive bloquearam grupos de ajuda que iriam para a Ucrânia.
Os únicos líderes europeus que gritaram contra os assassinatos cometidos pelos soviéticos foram, ironicamente e por razões cínicas e de autopromoção, Hitler e o ditador italiano Benito Mussolini.
Como Kaganovitch, Yagoda e outros veteranos e oficiais do Partido Comunista e da NKVD eram judeus, segundo Hitler, o comunismo seria uma conspiração judaica para destruir a civilização cristã. Versão que se tornou amplamente aceita por toda uma amedrontada Europa.
Quando veio a guerra, o presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill se tornaram aliados de Stalin,embora eles soubessem que seu regime já tinha matado pelo menos 30 milhões de pessoas muito antes que o extermínio de judeus e ciganos por Hitler tivesse sequer começado. No estranho cálculo moral de extermínios em massa, apenas os alemães foram culpados. Mesmo Stalin tendo assassinado três vezes mais gente do que Hitler, para Roosevelt ele ainda era o "Uncle Joe" ("Tio Joe"). A aliança EUA-Reino Unido com Stalin fez deles parceiros no crime. Roosevelt e Churchill ajudaram a preservar o regime mais assassino da história, para o qual eles entregaram metade da Europa em 1945.
Após a guerra, as esquerdas tentaram encobrir o genocídio soviético.
Jean-Paul Sartre chegou a negar que o "gulag" tenha existido. Para os aliados ocidentais, o Nazismo era o único mal; eles não poderiam admitir serem aliados de assassinos em massa. Para os soviéticos, promover o holocausto judeu perpetuava o antifascismo e mascarava seus próprios crimes.
Os judeus, inexplicavelmente, viram seu holocausto como o único. Foi a "raison d'etre" de Israel. Eles temiam que se divulgassem outros genocídios ocorridos naquele tempo pudesse reduzir a importância do deles. É da natureza humana!
Enquanto hoje, a academia, a imprensa e Hollywood concentram a atenção no holocausto judeu, ignoram a Ucrânia. Nós ainda caçamos assassinos nazistas, mas não caçamos assassinos comunistas. Há poucas fotos do genocídio ucraniano e do "gulag" stalinista, e muito poucos sobreviventes. Homens mortos não contam histórias.



Mapa do Declínio da Taxa de População 1932-1933
  Legenda:
Do vermelho mais forte para o mais pálido:
- 25%
- 24,9
- 19,9
- 14,9
A Rússia nunca perseguiu nenhum de seus assassinos em massa, como se fez na Alemanha.
Mas todos nós conhecemos os crimes de Adolf Eichmann e Heinrich Himmler, e sabemos o que foi Babi Yar e Auschwitz. Mas quem lembra os assassinos em massa soviéticos Dzerzhinsky, Kaganovitch, Yagoda, Yezhov e Beria? Não fosse o escritor Alexander Solzhenitsyn, nós poderíamos nunca ter sabido dos campos da morte soviéticos como Magadan, Kolyma e Vorkuta. A todo tempo aparecem filmes sobre o terror nazista, enquanto o mal soviético some da visão ou se dissolve na nostalgia.
As almas das milhões de vítimas de Stalin ainda clamam por justiça !!!




Tradução: Daniel Freixieiro Sampaio

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

COMUNISTAS ESTÃO RESSUSCITANDO A URSS

Putin aposta na reanimação da URSS


Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana) 05.10.2011
Oleksandr Kramar


Putin
Sua futura cadência Vladimir Putin planeja dedicar à restauração do Estado "perdido devido a maior catástrofe geopolítica do século XX" e tentar estabelecer sua hegemonia no continente.

No publicado, em 03 de outubro deste ano, artigo no jornal "Izvestia" "Novo projeto de integração para Eurásia - futuro que nasce hoje", esta meta, supostamente, contradiz-se, dizendo "não estamos falando que de um ou outro modo devemos restaurar a URSS", no entanto, que o seu conteúdo é pensado no contexto da nostalgia amplamente conhecida de Putin por esta formação do Estado, não deixa dúvidas. [É o velho adágio comunista: O lobo perde o pelo, mas não perde o vício, em outras palavras: nós não estamos fazendo o que estamos fazendo. AO]

O motivo formal da publicação deste artigo é a previsão planejada da promulgação do acordo da EEE (Espaço Econômico Europeu), que inicialmente irá se basear em ações acordadas na política macroeconômica, garantia de regras comuns em relação aos negócios e concorrências, regulamentação técnica e subsídios agrícolas, transporte, tarifas de monopólios naturais, e mais tarde será difundido com um único visto e política de migração, que deve assegurar aos países a possibilidade de suprimir os controles nas fronteiras internas. É pouco provável que isso realmente tornar-se-á "um estímulo sério para as burocracias nacionais aperfeiçoarem as instituições do mercado, os procedimentos administrativos e melhorarem o clima de negócios e investimentos", como tenta convencer Putin. Afinal, ao contrário dos antigos países do campo socialista e as repúblicas bálticas da URSS, que foram capazes de trabalhar em condições de cultura empresarial que prevaleceu nos antigos membros da UE, todos os três membros da União Aduaneira continuam portadores de tradições muito diferentes. Mas abrir o caminho para a monopolização dos mercados com capital russo (especialmente no caso da Bielorrússia) e a migração dos escritórios centrais das empresas para Moscou - é completamente possível.

Delineando planos para seu futuro mandato, Putin indica que o desenvolvimento da UA (União Aduaneira) e do EEE colocam os alicerces à perspectiva da União Eurasiana contando com outros adeptos da integração com a Rússia - Quirguistão e Tajiquistão. Portanto, esta estrutura é um protótipo que no aspecto do efêmero foi criado ainda em 2000, possivelmente será preenchido com um conteúdo real. Concomitantemente Vladimir Vladimirovich defende ulterior reforço do papel dos organismos supranacionais dessas associações em que a Rússia tem a maioria absoluta de votos. Em particular, no âmbito de competências da Comissão da União Aduaneira, a qual conta com aproximadamente 40 posições, no EEE deverá ter mais de 100. E uma vez que "para resolver problemas tão complexos será possível, somente criando estrutura de pleno valor e em constante funcionamento".

Tecnologia pré-eleitoral?

Obviamente, que tecnologia e claramente articulada a idéia da restauração pode tornar-se motivo dominante da campanha eleitoral, dentro da propaganda imperialista, especialmente durante a última década. Para sociedade russa terá suficiente efeito para livrar Putin da responsabilidade em relação aos males sociais e econômicos. Principalmente, às promessas públicas a todo o país "1000 dólares de pagamento médio mensal" nas circunstâncias de deterioração da conjuntura econômica mundial, queda de preços dos produtos energéticos e desvalorização do rublo (moeda russa).

No entanto, é duvidoso se a questão se limitará com este fato, pois o partido do governo, que cada vez mais perde o apoio da sociedade, necessita uma meta ambiciosa e de longo prazo, que possa distrair a atenção da pouco atraente "estabilidade" de estagnação. Na "Rússia Unida" (Partido principal) já estão prevendo a possibilidade de deterioração dos resultados nas próximas eleições parlamentares. Concorda com isso até o representante do secretariado da presidência do Partido Andrei Isayev, o qual responde pela propaganda, mas fontes não oficiais do partido, informa a mídia russa, que o resultado será de 50% contra os 64% nas eleições anteriores.

Desagregando não se amplia

A existência de qualquer império com formação completamente artificial depende de expansão dinâmica. Em caso contrário começa o processo de decadência interna, que pode até ser congelada por algum tempo, mas não pode parar. A idéia de fortalecer o governo, superar as tendências centrífugas, características dos anos 1990, duplicar o PIB, etc, ao abrigo do que passaram os "doze anos de Putin", que se esgotaram por si próprios.

Precisa-se de uma nova idéia. E, para o papel sucedâneo substituto dos planos de "construção do comunismo no mundo todo" através da expansão gradual do bloco comunista pode muito bem convir a União Eurasiana. É possível, que exatamente sob a sua realização Vladimir Putin, como símbolo de nostalgia atrás da "forte e influente URSS", recebeu o mandato da corporação dominante russa, como muito mais apropriado que Dmitry Medvedev.

Plano máximo - transformar a estrutura integracional concentrada russa num elo de relacionamento alternativo ao globalismo americano de integração inter-regional: "Em nossa opinião, - escreve Putin, - a saída pode ser o desenvolvimento de aproximações comuns, que se denomina "de baixo". Primeiro, dentro das estruturas regionais, que se formaram - UE, NAFTA, APEC, ASEAN e outros, e depois - por meio de diálogo entre eles. É a partir de tais tijolinhos de integração pode acontecer um caráter mais sustentável de economia global.

Com um plano "mediano", avança a idéia com base na integração da UE, União Eurasiana e região Asiática-Oceano Pacífico, pelo menos China, com a meta de desalojar da policentralizada continental Eurásia a influência americana e o enfraquecimento das instituições transatlânticas.

Por esta razão, ainda em 25 de novembro de 2010 num artigo para o alemão Suddeutsche Zeitung Vladimir Putin propôs a UE retroceder à iniciativa apresentada ainda em 2003 do "Único espaço econômico de Lisboa a Vladivostok". No último artigo ao "Izvestia" ele explica, "o sistema economicamente lógico e equilibrado de parceria da União Eurasiana e UE é capaz de criar condições para alterar a configuração geopolítica e geoeconômica de todo o continente. E somente quando este espaço se tornar "harmonioso segundo sua natureza econômica, mas policentralizado do ponto de vista de mecanismos concretos e decisões administrativas", que Moscou poderá tocar o primeiro violino no desenvolvimento de uma posição comum, "será lógico iniciar diálogo quanto aos princípios de cooperação com os países ATR (Asiáticos e regiões do Oceano Pacífico), América do Norte , outras regiões.

Entre ilusão e realidade

No entanto, visto que realmente contar com o papel da integração supranacional, capaz de se tornar um dos polos do mundo moderno, a União Eurasiana objetivamente não conseguirá, então, um plano mínimo real. Será a efetiva cobertura para coleção de Moscou, de pelo menos parte do espaço pós-imperial.

Em primeiro lugar, o seu potencial humano e econômico mesmo em perspectiva, permanecerá abaixo dos principais centros do mundo - o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio - NAFTA, a União Européia - UE, ou mesmo China individual. Como pode ser visto na tabela abaixo, a menos que comparável com as associações locais como o sul-americano Mercosul ou outras organizações similares na América do Sul e África.

1° gráfico
Legenda:
azul - Quantidade de moradores
verm.-PIB (bilhões USD) 2010
verde - PIB (bilhões USD) por habitante
Da esquerda para a direita: América do Norte - zona de livre comércio - Alfândega da UE - Mercosul (América do Sul) - União Alfandegária da EEE.

Segundo, ao contrário dos outros, a criação da concentração da união econômica russa acontece sob a mal disfarçada e brutal pressão. Isto não lhe acrescenta seduções nem mesmo aos países leais a Moscou, nem força potencial. Na verdade, até chamar de "união" a estrutura, em que um país - tem mais de 80% da população e do potencial econômico, e outros participantes não estão muito interessados em cooperação uns com os outros, não é bem apropriado. É compreensível que seu verdadeiro propósito será a privação banal da soberania dos periféricos. Mas os forçados à integração países, em qualquer desfavorável para tal união momento, sozinhos minarão sua solidez.

De frente para Asia?

Sérios desafios para a própria Rússia constitui uma esperança muito otimista na possibilidade de aproveitar seus parceiros asiáticos da SCO (China, Rússia, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão - cujo objetivo é a luta contra o terrorismo, tráfico de drogas, extremismo e separatismo, cooperação econômica, parceria energética, cooperação científica e cultural), para reforçar o papel global da FR e o projetado EurAsEc - Comunidade Econômica da Eurásia (Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão).

A tentativa de impor as suas regras no jogo como "laços efetivos entre a Europa e a dinâmica da região Asiático-Oceano Pacífico" realmente pode apoiar-se, talvez, no sucesso do projeto energético do império, que na realidade esconde inúmeros riscos por causa da diversificação de fontes energéticas na China. Em troca pode abrir inteiramente o caminho, para no futuro aumentar a dependência dos países da União Eurasiana em relação a China, com ameaça definitiva de se tornarem fontes de matérias primas e produtos alimentares e mercado de saída para a dinâmica economia chinesa e também cabeça-de-ponte para a expansão celestial na direção oeste.

Com a criação do único espaço para o movimento da população deve-se esperar a aceleração da migração à FR dos habitantes das repúblicas da Ásia Central. Afinal de contas, de acordo com as palavras do próprio Putin, um dos mais importantes resultados da criação do EEE é o desaparecimento da necessidade de manutenção técnica de sete mil quilômetros da divisa da Rússia com Cazaquistão, e a remoção de barreiras de migração, de fronteiras, e outros, as chamadas quotas de trabalho significará a oportunidade sem quaisquer restrições escolher onde viver, receber educação e trabalho.

É superfluo lembrar que, no contexto das tendências atuais da vida sócio-política russa tudo isso levará a uma maior radicalização, com base no crescimento da popularidade do nazismo e xenofobia russa. Até nos comentários ao artigo de Vladimir Putin no "Izvestia" uma leitora escreveu: "Geralmente a integração - é bom. Contra Bielorrússia e Cazaquistão, não tenho nada. Mas Quirguistão e Tajiquistão causam medo fundamentado. A população desses países, desconfio, habitará Rússia ao máximo... O que faremos com eles? Criaremos campos de concentração?"

Desafios para Ukraina

É entendido que a principal vítima potencial do alargamento da União Eurasiana não deve ser o Quirguistão ou o Tajiquistão, e nem o rebelde Uzbequistão, o qual em 2008 suspendeu sua participação no EurAsEc, mas Ukraina. Parte da Ukraina no comércio exterior com a Rússia equivale ao comércio russo com os países da União Aduaneira. Bielorrússia e Cazaquistão tem com o nosso país muito maior alcance comercial que entre si. Em geral, o ano de 2010 para o comércio entre os países da UA constituiu-se de USD 88,4 bilhões, e o mesmo índice de seu comércio com Ukraina superou USD 42,2 bilhões. Então, o envolvimento do nosso país na UA automaticamente aumentará seu volume de negócios domésticos em 150%, e principalmente - irá aumentar dramaticamente a posição da UA nos processos de negociação com UE!


Segundo Quadro

Legenda:
azul - Exportação de mercadorias para os países da UA em bilhões de dólares.
verm - Particularmente para Rússia
verde - para comparação a Ukraina
Da esquerda para a direita: Rússia - Bielorrússia - Cazaquistão - Países da UA  - Ukraina


Provavelmente por isso, apesar dos ataques categóricos deste ano às autoridades ukrainianas com exigências de decisão do vetor de integração devido a incompatibilidade com FTA (Zona de Comércio Livre) com UE e UA, em seu artigo "integracional" Putin continua argumentar, que a integração a UE e União Eurasiana, ao que parece, não interfere uma com a outra: "Certos vizinhos nossos explicam a relutância em participar de projetos promissores da ex-União Soviética, alegando que isto impossibilitará a sua opção européia... Considero, que isto é um falso dilema... Ainda em 2003 Rússia e UE concordaram com a formação de um espaço econômico comum.. Agora, o participante no diálogo com UE será UA, e futuramente - também a União Eurasiana. Então, a entrada à União Eurasiana, além dos benefícios econômicos diretos, dará a cada um dos participantes mais rapidamente e em posições mais vantajosas integrar-se à Europa".



Terceiro quadro
Legenda:
azul - Importação de mercadorias, bilhões de dólares de países da UA.
verm. - Particularmente de Rússia
verde – Para comparação da Ukraina
Da esquerda para a direita: Rússia - Bielorrússia - Cazaquistão - Países da UA - Ukraina



Isto quer dizer que a mensagem permanece idêntica: nós não somos contra a sua escolha européia, mas ela deve acontecer através de sua obsessão a Ukraina ainda dos tempos do Conselho de Pereiaslav [1] sob a fórmula de: "À Europa via Moscou e em benefício de Moscou".

Mas em qualquer caso, desde que a criação e funcionamento de qualquer união russo-centralizadora, como "pólo mundial" e ainda os elos entre Europa e Região Ásia-Pacífico (países situados ao longo do perímetro do Oceano Pacífico e muitas nações insulares), sem Ukraina é praticamente impossível. Nós devemos esperar um novo, mais potente e provavelmente mais complexo ataque do lado do Kremlin depois que novamente o encabeçará Vladimir Putin. Sendo que desta vez ele poderá incluir os métodos de chantagem não apenas provocativos, mas mais agressivos, como integridade territorial e/ou desestabilização geral da situação política na Ukraina. E o mais importante, que tal ameaça ficará permanente por um longo tempo porque ao planejado segundo turno "Putin doze anos" em condições de "democracia soberana" só pode colocar um fim a derrubada revolucionária do regime.

[1] Ukraina em longa e extenuante guerra de defesa contra Polônia, que desejava apoderar-se de seu território, pediu ajuda à Moscou. O primeiro acordo de 1654, em Pereiaslav, estabelecia acordos de direitos iguais e relações mutuamente vantajosas. Porém o czar russo não planejava cumpri-los e, em 1659 novos acordos colocaram limites à independência da Ukraina


Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik