Abrindo as cortinas para 2012, defrontamo-nos com duas reportagens: a do jornal "Verdade Ucraniana" onde o troglodita e tirano presidente da Ucrânia se auto-vangloria com suas pseudo-realizações e a reportagem do jornal "Castelo Alto" onde o jornalista Ivan Farion faz uma retrospectiva política na Ucrânia em 2011, sob o governo do presidente mafioso.
Governo, no qual alguns ingênuos acreditavam
Vysokui Zamok (Castelo Alto), 29.12.2011
As visões são paradoxas: enquanto o mafioso presidente da escola russa pinta o cenário com lentes "cor-de-rosa", o povo ucraniano vê esse mesmo mundo com lentes "cinzas", para não dizer "negras", pois não há perspectivas de mudanças ou melhoras e a solução não virá via eleições como muitos ucranianos acreditam. Voto jamais foi sinônimo de democracia, apenas um anestésico para entorpecer mentes ingênuas.
A democracia, se é que ela tenha existido algum dia, foi banida da Ucrânia. O país continua subjugado à tirania, aos comunistas e agora também aos mafiosos que se proliferam como praga sob a batuta de seu líder.
Boa leitura!
O Cossaco.
A democracia, se é que ela tenha existido algum dia, foi banida da Ucrânia. O país continua subjugado à tirania, aos comunistas e agora também aos mafiosos que se proliferam como praga sob a batuta de seu líder.
Boa leitura!
O Cossaco.
Yanukovych se gaba, de que viveu um ano determinativo
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 01.01.2012
"Ukraina viveu 2011 com dignidade". (De que dignidade o presidente está falando? AO)
"Nós construímos pontes e estradas, escolas e hospitais, estádios e aeroportos. Obtivemos colheitas recordes, nós abrimos Ukraina para o mundo".
Nós continuaremos a modernização do nosso país, continuaremos a construção de um Estado economicamente desenvolvido, um Estado democrático". (Destruir toda e qualquer oposição e calar a voz da imprensa é democracia? AO)
"No próximo ano receberemos o Campeonato Europeu de futebol. Nós receberemos os visitantes com dignidade e lhes mostraremos nossa sincera, natural reciprocidade. Eu sei, o espírito da vitória unirá nosso país". (Significa que o país está desunido! AO)
E, ainda, de acordo com Yanukovych, Ukraina, este ano, lançou um novo nível de relações com União Européia. (Depois do fracasso quanto à assinatura do Acordo para associação??? - OK).
É importante observar que após a apresentação do presidente não soou o Hino Nacional da Ukraina.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Governo, no qual alguns ingênuos acreditavam
Vysokui Zamok (Castelo Alto), 29.12.2011
Ivan Farion
O que ganharam-perderam os ukrainianos no segundo ano do governo de Viktor Yanukovych
No final do ano é tempo de fazer um balanço das realizações do governo. Ao contrário do prometido, os ukrainianos não se alegraram com “rica” colheita. Eles perderam mais do que ganharam, apesar de alguns receberem grandes adiantamentos. Ukraina foi sacudida por tempestades sociais, promessas de estabilidade esperadas em vão. O barômetro político continua apontando para a palavra "nublado"...
Lembro, em janeiro de 2010, dias antes do segundo turno para eleições presidenciais, um amigo, pessoa de grande experiência vivencial dizia: "Talvez sejamos preconceituosos contra Yanukovych? Se ele é um gerenciador pragmático, chegará ao poder, veja, finalmente Ukraina viverá uma vida normal. Dê-lhe pelo menos um ano para trabalhar..." As previsões do meu amigo se baseavam no fato de que, após a derrota nas eleições de 2004, Yanukovych teria reavaliado e mudado radicalmente a si mesmo, o seu estilo e os seus métodos de trabalho.
Passaram-se dois anos. Encontrei meu amigo e ele admitiu: "Desculpe, eu era ingênuo..." Sentimentos semelhantes experimentam inúmeros ukrainianos. O último estudo sociológico do Centro Razumkov mostrou que um terço de compatriotas considera sua maior decepção o presidente Yanukovych. Os analistas observam: Yanukovych perde sua credibilidade muito mais rápido que seu antecessor, o presidente Yushchenko.
O maior fiasco do ano - fiasco com a assinatura do Acordo sobre Associação com UE, embora ele já estivesse, como se costuma dizer, em seu bolso. Com essa sua derrota Yanukovych, por um longo tempo complicou a vida de muitos ukrainianos - laços mais estreitos com Europa permitiriam aos nossos compatriotas conduzir com maiores êxitos suas pequenas e grandes empresas, com significativamente menores obstáculos burocráticos e menores custos financeiros para viajar a Europa, trabalhar lá, estudar. "Engagement" com a Europa teria acelerado o fluxo de investimentos ocidentais, e isto melhoraria significativamente a nossa débil economia. Não estava escrito. Com sua inconseqüência o pseudo-euro integrador Yanukovych ganhou reputação mundial de um homem que diz uma coisa e faz outra.
O presidente conseguiu não apenas brigar com a Europa, USA, mas não conseguiu construir pontes com a Rússia, para a qual, até então inclinava-se. Em particular, não realizou seu compromisso que prometia gás barato, apesar de fazer várias concessões a Kremlin. Então, no Ano Novo as pessoas novamente vivenciarão o que será escrito em seus recibos comunais (contas a pagar).
Em 2011 Yanukovych continuou usurpar o poder. Em particular, definitivamente subjugou a si, os tribunais. Isto é claramente visível nas decisões políticas dos tribunais Pecherskyi, Shevchenkivskyi, Apelação, Corte Suprema e Constitucional. O último não hesitou, em um curto período, em uma questão aprovar duas soluções mutuamente exclusivas. O "mais justo" Constitucional agradou o governo no branqueamento de Kuchma [1], e, contrariando a Lei Básica deu direito ao Gabinete Ministerial (Azarov) o ajuste de benefícios sociais (pensões). Nos últimos dias do ano, com pressão administrativa e intrigas políticas nos bastidores, Yanukovych estendeu sua influência também sobre o Supremo Tribunal.
Em 2011 o presidente afirmou-se como pessoa vingativa. Colocou na prisão os principais oponentes políticos Yulia Tymoshenko e Yurii Lutsenko. Os processos sobre os líderes "Laranja" [2], que lembram lutas sem regras, chocaram o mundo democrático. Nem a ex-Primeira Ministra, nem ao ex-Ministro do Interior essas pressões não alquebraram. Da prisão a líder da "Batkivshchyna" escreveu para Bankova "Carta ao Ditador". Nela endereçou a Yanukovych estas palavras: "Ao senhor apenas parece, que é forte e influente, e na frente lhe espera uma gestão sem nuvens para longos anos. Não acredite nestes prognósticos. Porque mais alguns erros fatais - e o senhor será abandonado por todos, inclusive Chechetov".
A prisão e condenação da Tymoshenko tiveram um impacto negativo na unidade das fileiras oposicionistas. Revelou-se, que não há outro líder carismático, ao redor do qual agrupar-se-iam os oposicionistas ao poder. Não há, então não há força contrária que seguraria o presidente dentro da lei. Alguns deputados pularam para "aeródromos de reserva", alguns simplesmente saíram. Outros foram desmoralizados pelo governo que domou-os com "chicote" ou "pão de mel".
O estilo do comportamento de Yanukovych com a oposição não se encaixa na imagem de dirigente de país civilizado. Enfim, nem de pessoa que se posiciona como pessoa profundamente religiosa. Como chefe de Estado Yanukovych não fez nada para compreensão intercofessional. Evitando atenção a outras, abertamente declara benevolência a Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Moscou e, ao freqüente visitante de Moscou, Patriarca Curil, recebe quase todos os trimestres.
No ranking das liberdades civis, durante 2011, Ukraina (leia-se, poder) caiu em 12 pontos e ocupou lugar entre as "não democracias" e regimes autoritários. Essa regressão é visível a olhos vistos. Na Ukraina tornou-se problemático realizar um comício, comparecer a uma sessão do tribunal, receber cuidados médicos na prisão...
No governo Yanukovych criaram-se obstáculos para a imprensa livre. Os canais centrais estão subjugados a oligarcas, mantêm o nariz na direção do vento. Renasceu a censura. Num conhecido jornal da capital os jornalistas se rebelaram, porque segundo determinação de altos funcionários da administração presidencial, das colunas preparadas para impressão, retiravam materiais que lançavam sombra nos responsáveis por altos gabinetes... A jornalista de um importante canal puniram depois que ele perguntou ao presidente sobre um seu subordinado. Mesmo os assobios (vaias) antipresidenciais na abertura dos estádios de Kyiv e Lviv (euro 2012) os dedicados censores excluíram da TV...
Na Ukraina alargam-se as metástases do nepotismo, subserviência. Praticamente em todos altos cargos estratégicos o presidente colocou seus conterrâneos, parentes próximos, pessoas com reputação duvidosa. O passe para chefia freqüentemente não é a qualificação ou entendimento de altos negócios ou qualidades morais, mas é suficiente ter a certidão de nascimento de Donetsk, Makiivka ou Enakiev. Como ironicamente observam na pequena pátria (local de nascimento) do presidente, que até para conseguir emprego de foguista, precisa ter o registro no Partido das Regiões.
A despeito do slogan eleitoral "melhoria de vida a partir de hoje", sob Yanukovych os padrões de vida pioraram. Em apoio às camadas mais pobres da população, do orçamento do Estado alocam menos recursos que para manutenção de funcionários, especialmente para aparelho presidencial. Violação de direitos adquiridos sentiram os pensionistas, liquidatários do acidente de Chernobyl, antigos afegães, estudantes e educadores (professores do ensino fundamental e médio. A denominação "professor" é usada somente para os professores universitários. - OK). O país foi envolvido em protestos, para contê-los foram utilizados todos os destacamentos do exército, equipados até os dentes, os quais não guerreavam com bandidos armados, mas com pacíficas vovozinhas.
O governo preocupa-se não com os seus cidadãos pacíficos, mas com "líderes". Às pessoas que cercam o cabeça do país, assim chamada família, foram criadas condições ainda mais favoráveis para ainda maior aquisição de bens. Eles têm direito prioritário para adquirir empresas estatais. Assim a maioria das empresas energéticas passou à propriedade do conhecido magnata de futebol.
Não se destaca pela modéstia o próprio Yanukovych. A imprensa tem provas documentais do seu excessivo luxo - centenas de hectares de caça privada, fechados com altas cercas e valas profundas. Bem como acomodações de luxo com acessórios dourados e candelabros de cristal, campos de golfe, recintos para animais exóticos, piscinas, saunas, cais com barcos. E tudo - com guarda paramilitar. E, como não mencionar os helicópteros presidenciais, cujo preço é superior que dos chefes de países bem posicionados economicamente. Falar o que! - nosso presidente toma água somente de além mar...
Em 2011 nós observamos uma imitação de reformas. É difícil citá-las como mudanças estruturais com conseqüências positivas. A estatística estatal manipula as cifras da inflação. O cabelo fica em pé das transformações humanitárias de Tabachnek (1º Ministro). Cresce o ataque a língua oficial. Rola a corrupção. Os jovens riquinhos, filhos de deputados, juízes, promotores, em seus potentes e luxuosos carrões importados mutilam e matam as pessoas - e permanecem em liberdade...
Como sucesso de seu reinado Yanukovych considera as preparações para Euro 2012. Alegrar-se especialmente não há motivos. As construções dos estádios consumiram enormes somas do orçamento do governo, não fundos privados conforme a promessa. Os fluxos financeiros necessários às empreitadas, foram parar nas mãos de pessoas próximas ao presidente. Os serviços não foram contratados através de concorrência pública. Houve muitos rumores na imprensa sobre recebimento de grandes quantias. Essas notícias não são infundadas - muitos construtores dos estádios receberam em envelopes fechados, o que significa sem pagamento de impostos. Em última análise não há porque jactar-se com as conquistas para Euro-2012, quando a maioria das equipes ocidentais recusou-se participar - estão com medo da nossa realidade...
O novo ano eleitoral (Parlamento) promete aumento de paixões políticas. E esperança. Os ukrainianos têm oportunidade de mudar suas vidas para melhor - se escolherem outro governo, mais responsável.
[1] Leonid Danylovych Kuchma - presidente da Ukraina de 19.07.1994 a 23.01.2005, suspeito de ter dado ordem, ou ter sido conivente com quem a deu, de assassinar o jornalista Gongadze, o qual denunciava as falcatruas governamentais. O crime chocou sobremaneira porque o jornalista era uma pessoa conceituada e pela brutalidade. O corpo foi encontrado sem a cabeça, sobre a qual nunca ofereceram provas convincentes.
[2] Revolução Laranja - assim chamada devido a cor do candidato derrotado, Yushchenko, ser laranja. Eram muitas as evidências de que as eleições foram fraudadas. Cerca de 250 mil pessoas tomaram parte nas manifestações iniciais. Alguns dizem que foram 500 mil. As manifestações iniciaram em 22.11.2004 e continuaram até 03.12.2004 quando o Supremo Tribunal determinou o 3º turno que realizou-se em 25.12.2004, com a vitória de Viktor Yushchenko, que assumiu o governo em 23.01.2005.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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