domingo, 6 de janeiro de 2013

CRISTO NASCEU !

A Igreja Oriental Ortodoxa adota o calendário Juliano e comemora o nascimento de Jesus em 7 de janeiro, do nosso calendário Gregoriano.
A todos os ucranianos que seguem o rito da Igreja Ortodoxa, os votos de um Feliz Natal !
 
Os Editores
 



Antigas tradições natalinas na Ukraina
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 06.01.2013
Oksana Harina

Sobre tradições e celebrações na Ukraina lembra Lessya Shparovska, de 92 anos.

"O Natal podemos chamar de mãe de todos os dias santificados. Se Cristo não tivesse nascido como homem e não fosse batizado, - o que aconteceu na Epifania, e não fosse crucificado, - daí a Páscoa, e não mandasse o Espírito Santo, - que cria o Pentecostes. Portanto, a partir do Natal de Cristo surgiram todas estas festividades, como correntes natalinas, todas de uma fonte. E, não apenas por esta razão poderia este santo dia ocupar o primeiro lugar, mas também porque, o acontecimento deste dia - é o mais notável de todos os eventos.

São João Crisóstomo

Por que, lembrando a infância, a primeira menção é o Natal? Porque, provavelmente, nessas horas nós nos sentíamos felizes - diz a nonagésima senhora de Lviv (Ukraina Ocidental) Lessya Shparovska. - O Natal vinha à cidade junto com os estandes de feira com baratos pães de mel e enfeites de Natal, que já no início de dezembro colocavam na Praça do Mercado. Mas o que fazia sentir a aproximação dos dias santificados (7 - 8 - 9 de janeiro), era quando mamãe pegava o bloco de anotações e fazia a lista de compras: "Passas amarelas, nozes, amêndoas, chocolatinhos... " Tudo isto mamãe comprava no Comércio Nacional, e depois retirava da velha cômoda, velhos papéis amarelados pelo tempo, e longamente lia as anotações da vovó. No entanto, assava "a olho", e assim me ensinou. Dos homens exigia-se comprar no mercado apenas o peixe e o vinho. Os proprietários das lojas ofereciam aos clientes descontos pré-natalinos ou um presentinho, que podiam ser toalhas ou lenços, ou toalhas de cozinha.

Desde cedo, no dia seis, as crianças andavam quase que na ponta dos pés, para não perturbar o silêncio festivo. O que mais temiam é que a primeira pessoa que viesse à casa fosse mulher, porque isto não prometia nada de bom. Por isso, nosso zelador, que gostava de um cálice de vodka, já cedinho nos trazia o feno, que mamãe colocava na mesa sob a toalha festiva, e também no chão. As crianças maiores teciam "aranhas" da palha, para decoração natalina.

Em nossa casa também, além do pinheirinho, já em moda, colocavam "didukh", que é um feixe de trigo que simboliza boa colheita, riqueza, espírito imortal dos antepassados, iniciador da primeira geração, vida espiritual dos ukrainianos, proteção da família. "didukh" - espírito de um avô ou o espírito dos velhos, isto é, de todos os precursores. Este é um rito antigo e é evidente com que honra e respeito os nossos antepassados homenageavam sua genealogia.

Da cozinha vinham fragrâncias surpreendentes. Papai era chamado para provar a bebida temperada com mel. As crianças moíam o açucar para polvilhar os doces.

O dia findava rapidamente. Mamãe cobria a mesa com uma toalha branca e colocava o pão festivo, e alho em todoos os quatro cantos. Quando aparecia a primeira estrela no céu, papai pegava um prato com pão bento e mel e ia até a mamãe. Eles se cumprimentavam, cada um desejava felicidades ao outro e beijavam-se. Depois dirigiam-se a nós, que nesta altura tinhamos lágrimas nos olhos... Íamos todos para a mesa, rezávamos e iniciávamos a nossa Santa Ceia. O primeiro e mais importante prato era "kutya", (trigo em grão cozido e temperado com mel e uvas passas). Seguiam-se borshch (sopa de beterraba), varenekê (pastéis cozidos com diversos recheios, panquecas, charutos...

Entre os diversos pratos meu irmão pegava a Bíblia e lia pequenos trechos sobre o nascimento de Jesus. Mas eu não conseguia esperar o final do jantar para ir à sala e acender as luzinhas da árvore de Natal, antes não podia - era quaresma.

Papai começava a cantar as canções natalinas. Primeiro: - "Deus Eterno" e depois as outras... Hoje, no centro, cantam geralmente os estudantes, a mocidade. Antigamente os adultoos íam de casa em casa para cantar e o dinheiro que recebiam era revertido para igreja e escola, ou outras necessidades nacionais.

Entre tudo os pais sonhavam em voz alta por uma boa sorte para todos os filhos, netos e Ukraina natal. Era assim todos os anos, e que seja assim para sempre.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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