Ukrainska
Pravda (Verdade Ukrainiana), 26.07.2013
Blog
de Roman Kravetz
A Igreja Ortodoxa
Russa (ROC) tornou-se "agência" usada para elevar o ranking dos
políticos.
Na semana passada o chefe da Igreja Ortodoxa Russa Kirill, do
Patriarcado de Moscou, no domingo, após a prédica da Catedral de Kazan, na
Praça Vermelha em Moscou, compartilhou a sua opinião sobre a legalização do
casamento gay na Europa. "Este é um sintoma apocalíptico muito perigoso, e
nós devemos fazer tudo para que nos espaços da Rússia este pecado nunca seja
legalmente aprovado pelo estado, porque isto significa que a nação parte pelo
caminho de auto-destruição", - declarou o patriarca.
Evidente, senhor-padre está certo. Aqui não pode haver
dúvidas. No entanto, gostaria de acrescentar algo.
Francamente, vejo sinais desse fenômeno não apenas na
legalização do casamento gay. Também é aproximação do fim quando as pessoas são
convidadas para não vir à oração, ou quando peregrinos não são admitidos na
igreja porque lá os mais importantes rezam.
Por esta lógica, diante de Deus, as pessoas não são iguais.
Como dizia o jornalista alemão Kurt Tukhlya: "A igreja
abençoa o que é incapaz de resistir". Nestas palavras há uma gota de
verdade.
Ao tema da bênção: neste final de semana ele se espalhará de
Kyiv, por assim dizer, à toda terra da Rus (¹).
Pois 27 e 28 de julho acontecerá a comemoração de 1.025 anos
do batismo da Rus. E então, como é que poderia ser uma celebração simples! De
fato, neste ano o Batismo da Rus absolutamente merece o título de uma
verdadeira festa, para a qual desconhecemos o custo.
De acordo com as palavras do presidente da Administração da
cidade de Kyiv (²) Oleksandr Popov, com os recursos destinados apenas para Kyiv
colocam mosaicos retratando cenas do batismo da Rus na base da coluna de
Magdeburg, restauram a Colina de Volodymyr, algumas igrejas ortodoxas, outros.
O que exatamente Popov entende por "outros" - o
autor não sabe.
A determinação deste santificado como "festa",
confirma o fato de que no Khryshchatek (³) dentro das previsões das
comemorações realizar-se-á quase um "Music Festival".
No sábado para um grande concerto na praça serão definidas
duas cenas. Numa delas será executada música coral espiritual, incluindo
apresentação do coral cossaco de Kuban (os cossacos de Kuban já se russificaram
- OK). Outra cena será equipada para realização de grupos vocais atuais.
A atenção das autoridades enfatiza a importância do feriado.
Não tenho dúvidas que todo o establishment ukrainiano no
sábado e domingo virá expiar seus e da nação pecados. Talvez, também, seus
pecados perante o país.
A lista de convidados merece um artigo separado. Então
brevemente sobre o principal: para o 1.025º aniversário do Batismo da Rus vem o
presidente da FR Vladimir Putin e o patriarca ortodoxo russo Kirill.
Segundo informações, deverão vir mais 5 presidentes e 9
patriarcas.
Em particular chegarão os presidentes da Rússia, Moldávia e
Sérvia...
A estrela, é claro, será Kirill. Não é porque ele é o chefe
da ROC MP (Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou), mas porque, o
patriarca virá para Kyiv não de avião ou carro - mas de trem... Um blindado
especial de 5 vagões.
Com tal trem antigamente viajava não qualquer pessoa - mas o
próprio Joseph Stalin! No sábado haverá um Te-Deum na Colina de Volodymyr com a
participação dos "trunfos" deste mundo. Mas chegar até lá nem todos
poderão. Para o Te-Deum deixarão passar apenas os que tiverem convite.
Pela primeira vez nos 1.025 anos os padres fazem inovação - a
igreja não recomenda ir na Colina de Volodymyr sem convite. Os mesmos foram
distribuídos pelas paróquias ortodoxas da cidade de Kyiv. Sobre isso declarou o
porta-voz da Igreja Ortodoxa Ukrainiana o arcipreste Georgy Kovalenko:
"Para o Monastério da Lavra - vá, mas para Colina de Volodymyr assista
televisão ou escute o rádio!" - orienta os crentes Kovalenko em sua
própria página no Facebook
Anteriormente já foi apresentada uma dessas inovações, quando
na Páscoa não permitiram a entrada das pessoas à Igreja, porque lá rezava o
Presidente Yanukovych. E parece que esta não foi a última inovação.
No geral, penso, que será divertido: é um tal de "riso e
pecado".
Mas de qualquer forma, o 1025º aniversário do Batismo da Rus
pouco lembra um feriado cristão.
Ele lembra mais um encontro banal de alguns países,
simplesmente com orações, nas quais os políticos deverão participar "pró
forma".
A igreja tornou-se um "escritório" de propaganda,
que serve para elevação da classificação de algumas pessoas.
Banal farisaísmo, hipocrisia e básicas manifestações de
consciência misturados com medo.
Batismo da Rus - oportunidade para vinda do Patriarca Kirill
para Ukraina, e para Yanukovych reunir-se com Putin.
Mas, é necessário ostentação! Para tais pessoas ela é tão
necessária quanto o ar.
E não importa, que de tais viagens o desejo das pessoas em
frequentar a igreja apenas diminui.
(1) Oleksandr Popov é a pessoa que administra Kyiv desde o
afastamento/desistência do último prefeito Leonid Chernovetskyi em 05.02.2011.
O governo falou em eleições para prefeito e vereadores mas, como a simpatia
popular está inclinada para oposição, agora fala-se em eleições somente em
2015.
(2) O primeiro nome da Ukraina era Rus. Rússia
denominava-se Moskóvia e seus habitantes, moscovitas. No século XVIII (1721)
Móskovia declarou-se Império Russo e seus habitantes moscovitas - russos.
Assim, foi roubado de herdeiros legítimos de "Kyivska Rus" -
ukrainianos, o nome histórico Rus. (Kyivska vem de Kyiv, cidade já bastante importante
na Europa).
(3) Khryshchatyk é o nome da principal rua de Kyiv.
Sobre as comemorações
Batismo da Rus
O processo de adoção e difusão do cristianismo na Kyivska
Rus.
O batismo dos cidadãos de Kyiv ocorreu no ano de 988, no rio
Pochayni, um afluente do Dnipró, e também em outras cidades, pelo
príncipe Volodymyr que trouxe o cristianismo de Bisâncio para Ukraina. É
comemorado no dia 28 de julho.
Atualmente, na Ukraina, a Igreja Ortodoxa divide-se em:
Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Kyiv e Igreja Ortodoxa do Patriarcado de
Moscou.
O Te-Deum na colina de São Volodymyr, sob os auspícios da
Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Kyiv, no domingo (28.07) foi realizada para o
povo ukrainiano, e no sábado (27.07), sob os auspícios da Igreja Ortodoxa do
Patriarcado de Moscou - para funcionários altamente conceituados, disse o
Patriarca de Kyiv Filaret.
Ele também pediu orações para Ukraina tornar-se membro da
União Européia como, em seu tempo fez o príncipe Volodymyr, tornando a Grande
Rus parte da Europa.
Comemorações no Khryshchatyk
As comemorações no Khryshchateyk, programadas pelo governo,
"louvaram a Cristo" sob cerveja, cachaça e alusões ao
"apodrecido catolicismo".
O discurso de propaganda que soava dos alto-falantes era
aproximadamente assim: "A cultura ocidental vangloria-se com modelos de
topo, gangsteres e dinheiro. E com o que podemos nós, eslavos nos gabar?
Somente com Cristo!" E sua essência conduzia a: O ocidente silenciosamente
apodrece, na Rússia, Ukraina e Bielorrússia a situação está um pouco melhor e
nós devemos nos abster do caminho errado para cultura ocidental.
"Em algures isso já houve. 30-35 anos atrás. Sobre o
Ocidente decadente, em particular" - ouvia-se entre o público.
Esperando pela música as pessoas se distraíam: Os homens de
40, encalhados na Perestroika de Gorbachev inundavam-se com cerveja. As
meninas, de salto alto e curtíssimos shorts ou saias desfilavam entre a
multidão. Alguns jogavam cartas sentados no asfalto. Quando no palco adentrou o
grupo "Sky", sobre religião todos esqueceram. Para o alto
levantaram-se os punhos, alguns saudavam com a garrafa de cachaça.
Seguiram-se outros grupos musicais, muita bebida alcoólica e
discursos sobre religião ortodoxa e escolhas civilizacionais que a ninguém
interessavam mas foram tolerados apenas como um mal necessário que precisava
suportar para ouvir seus artistas favoritos.
A ação lembrou mais um festival de rock comum do que um
concerto dedicado ao Batismo da Rus.
Tradução e pesquisa: Oksana Kowaltschuk
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