segunda-feira, 19 de agosto de 2013

RÚSSIA INICIOU GUERRA COMERCIAL CONTRA A UCRÂNIA


Economichna Pravda (Verdade econômica), 12.08.2013
Mykola Polovetskyi
 
Viktor Yanukovych (E) e Putin (D)
 
Já por duas semanas fervem as notícias sobre a proibição do fornecimento dos produtos "Roshen" para Rússia. Revelou-se que este não é o principal problema dos produtores ukrainianos. Os russos começaram o uso maciço de mecanismos ocultos de discriminação de produtos ukrainianos. Isto é feito implicitamente - através da utilização de procedimentos administrativos, sem declaração de guerra.
 
No final de julho dezenas de empresas ukrainianas começaram experimentar dificuldades no processamento de exportação de seus produtos para Rússia. "Começaram nos observar, realizar pesquisas adicionais," - disse o representante de uma das empresas afetadas.
 
Nossa fonte no Serviço de Alfândega da Ukraina informou que não sabia nada sobre essas dificuldades. Mas as fontes da "Verdade Econômica" no Serviço Aduaneiro Federal da Rússia compartilharam conosco informações interessantes. Segundo eles, cerca de 40 empresas ukrainianas aparecem no banco de dados do Serviço Aduaneiro Federal da FR como arriscadas Em uma das declarações consta que, de acordo com o perfil de risco russo, em nossas empresas foram identificados problemas na fase de registro da declaração. Isto significa que a partir de agora, todos os carregamentos de empresas "suspeitas" poderão passar por uma revisão cuidadosa, mesmo se houver apenas um suspeito.
 
Importante! Cair no rol de empresas de risco não ameaça com proibição de importação da produção, pela Rússia, como aconteceu com "Rochen". No entanto, garante várias experiências desagradáveis durante o desembaraço aduaneiro, como abertura de vagões ou caminhões, completa descarga de mercadorias, completa verificação de todas as características, nova pesagem, carregar novamente, e muito mais.
 
Assim os russos, por qualquer erro dos fornecedores ukrainianos podem recusar-se ao desembaraço aduaneiro. Ou, no mínimo provocar atrasos na entrega, surgindo daí ameaças de rompimento de contratos e penalidades.
 
Infelizmente, o Ministério da Economia não nos forneceu nenhum comentário sobre esta situação. Embora seja fácil de supor que, nesse caso, é extremamente difícil utilizar os procedimentos da OMC para proteger os fabricantes ukrainianos. Pois, basicamente, não há nada de ilegal nos procedimentos formais descritos.
 
(Caminhões parados)
 
A "Verdade Econômica" dirigiu-se à maioria das companhias citadas. Pelo telefone nós recebemos alguns comentários informais que confirmaram a nossa informação. Resposta aberta nós recebemos apenas na seção de titânio do "Group DF" de Dmytró Firtash. Porém muitos outros grupos de exportadores ukrainianos foram incluídos, desde fabricantes de máquinas aos fabricantes de produtos de confeitaria. "Crimea TITAN" por muitos anos participa com êxito no mercado russo, participando com cerca de 30% no mercado de dióxido de titânio neste país. Rússia não produz dióxido de titânio, portanto, não há problema real de proteção aos produtores nacionais. A produção de "Criméia TITAN" e a documentação aduaneira que a acompanha cumpre todas as normas e requisitos necessários da legislação da FR e Ukraina. Esperamos que ao final do teste, "Crimea TITAN" seja excluído da base do Serviço Aduaneiro Federal da Rússia", - disse o chefe do comércio de titânio Business Group DF Oleksandr Votyntsev.
 
Componente político
 
Poucos na Ukraina acreditam que a "guerra do queijo" ou "guerra do chocolate" é desencadeada por produtos de baixa qualidade. Sim, nossos fabricantes usam óleo de palma e vários substitutos. Mas os russos, com certeza, fazem o mesmo. Portanto, a resposta à atividade dos russos deve ser procurada na arena política. A ação dos russos não se restringe a determinados ramos. Sujeito ao bloqueio  de, por exemplo, metal e acessórios, sob a categoria de "risco" seriam todas as empresas que trabalham no mesmo ramo.
 
(Yanukovych esfregando o olho)
 
Observe, que a lista dos russos não inclui produtos, cuja composição, supostamente, inclui óleo de palma ou benzopireno (produto cancerígeno). Então estudamos a lista de "risco" em termos de proprietários. Verificou-se que a maioria das empresas pertence a pessoas bastante famosas e, de alguma forma próximas ao atual governo: Petró Poroshenko, Dmytró Firtash, Igor Kolomoiskyi, Serhii Tihipko, Yurii Ivanhushchenko, irmãos Kliuiev, Kostiantyn Zhevaho, Bóris Kolesnikov, Igor Eremeiev, outros.
 
Então cogita-se de alguns "pontos negros", enviados para pessoas muito influentes antes da decisão sobre a assinatura do Acordo da Associação UE-Ukraina, previsto para novembro deste ano, em Vilnius.
Fatos interessantes: dados alfandegários russos mostram que empresas ukrainianas foram incluídas na lista de risco em 12 de julho - ou seja, muito antes da visita de Putin a Ukraina por ocasião do Batismo da Rus.
 
(Bandeira da Ucrânia)
 
Mas as sanções contra empresas ukrainianas começaram em 24-25 de julho - isto é dois dias antes da visita de Putin.
Não se exclui que o início deste perfil de risco, foi a permanência de Putin no encontro com Yanukovych, de apenas 15 minutos e sua rápida partida para uma "mesa redonda" com Medvedchuk (¹) - tudo isso são pontos de uma mesma cadeia. Mas isso ainda é apenas especulação.
Quando e em que condições cessarão as sanções contra os produtos ukrainianos, ainda não se sabe. A alfândega russa não respondeu a esta pergunta.
 
(1) Medvedchuk - político ukrainiano. Idealizador do movimento "Escolha ukrainiana" ou "Escolha civilizacional". Entre outros assuntos ele defende a entrada da Ukraina à União Aduaneira, o estatuto oficial da língua russa. Ele desenvolve ativa propaganda de suas idéias e pessoalmente paga pelos custos, segundo diz.

Putin batizou a filha do Medvedchuk.
 
Путін приїхав на круглий стіл Медведчука. Фото Олега Царьова
 
Putin, no dia 27 de julho, quando da visita a Ukraina, após 15 minutos com Yanukovych compareceu a uma conferência organizada por Medvedchuk, denominada "Conferência de valores Ortodoxo-eslavos - base da escolha civilizacional da Ukraina". Participaram desta reunião, além de Putin, Sergei Glazyev assessor do presidente russo, dirigentes de instituições científicas da Ukraina e da Rússia, peritos e especialistas comunitários e culturais, representantes de organizações comunitárias e mídia. Assunto: se à sociedade ukrainiana as autoridades européias impõem "valores europeus" os ukrainianos devem levantar-se pela preservação e fortalecimento das orientações seculares ortodoxo-eslavas, princípios e tradições.
Putin, nesta reunião declarou que, considerando a atual concorrência nos mercados mundiais, a Ukraina sem a Rússia não verá progresso.
 
Pesquisa e tradução: Oksana Kowaltschuk

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