Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana),
09.08.2013
Oleksandr Solonhko
Recentemente a sociedade ukrainiana foi agitada por uma série
de ataques informativos contra o seu país.
Os mais dolorosos e ressonantes foram as inúmeras declarações
e ações dos círculos chauvinistas poloneses com a meta de desacreditar Ukraina em
nível internacional. Como escândalo foi marcado o apelo do chamado "grupo
148" (¹) que pretendia na designação do mais vergonhoso acontecimento da
história da Ukraina desacreditar nosso país ainda mais.
Antes que se aquietasse a onda informativa, o espaço
midiático chocou Ukraina com o início da guerra econômica por parte da Federação
Russa. O Serviço de Inspeção Alimentar, nos produtos ukrainianos, supostamente
encontrou substâncias ilegais. O golpe foi direcionado à Empresa Roshen, cujos
produtos (chocolates) supostamente mostravam "benzopyren". Seguiu-se
uma série de novidades decepcionantes para o proprietário da empresa Petró
Poroshenko. A produção começou a ser analisada na Bielorrússia, o trânsito para
Rússia, através da Bielorrússia cessou. Em seguida, pelos chocolates de
Poroshenko interessaram-se as autoridades competentes de Cazaquistão, Moldávia,
Tajiquistão.
Os bielorrussos também caçaram o certificado emitido aos
vinhos "Legenda Inkermana", de produção ukrainiana.
Além disso, a partir de 1º de julho ao "Interpipe"
de Viktor Pinchuk foram negadas as quotas livres de imposto na colocação da
produção aos países da União Aduaneira (Rússia, Cazaquistão, Bielorrússia).
Como resultado, estarão sujeitos ao imposto de 18,9 - 19,9%.
Assim começou a guerra econômica da vez contra Ukraina.
O centro de influência não é difícil definir - é, certamente,
Moscou. Fato significativo é que nas ações citadas foram usadas apologias quase
soviéticas, criadas sob o nome de União Aduaneira, ou países, que mesmo não
sendo seus sócios, mas não podem ou não querem livrar-se da influência de Moscou.
Então, este fato deve ser marcado não como guerra da União
Aduaneira com Ukraina, em cujos abraços estamos sendo desesperadamente
empurrados por diversas forças. No entanto, é necessário observar, que o
principal e único centro que produz decisões e sua realização no âmbito da
associação - é o Kremlin.
Portanto, tudo isso é manifestação do interesse da Rússia e
executa-se apenas para satisfação dos desejos e necessidades do regime de
Putin. A diferença do descrito modelo consiste apenas no fato de que Moscou
anexa à guerra econômica contra Ukraina seus satélites, os quais, de fato, não
têm escolha.
Desde o início é necessário prestar atenção ao fato, de que
isto não é pela boa vizinhança, não é como irmãos. Então o que devemos esperar
no caso de, à já mencionada organização nos empurrarem a força? Seguramente,
nada de bom.
Surge a pergunta: qual a relação entre os eventos em torno
das relações ukrainiano-poloneses e outros ataques ideológicos, com matizes
históricos de um lado - e os golpes comerciais-econômicos do lado da União
Aduaneira e aliados do outro?
A resposta é simples e óbvia - são medidas sistemáticas
para desacreditar Ukraina, a nível internacional, em todas as formas possíveis,
que visam frustrar a assinatura do Acordo de Associação entre Ukraina e União
Européia no outono deste ano. Essa questão é uma daquelas que mais se ouvem
na Ukraina nos últimos meses, e até anos.
Então, orando em Kyiv pelo "mundo russo no mundo
todo" e assustando os ukrainianos, aliás, como sempre, - Putin voltou a
Moscou e lançou com mais poder o volante de represálias econômicas contra Kyiv.
Volante, já preparado a tempo começava agir.
Perda de negócios do "rei de Chocolate" e
enfraquecimento de seu lobby não criará consequências sérias ao governo,
"Família" e outros grupos influentes, porquanto, as perdas de
Poroshenko não lhes causarão prejuízo - em oposição ao impacto sobre as
empresas ou outros ramos que constituem um interesse direto de Yanukovych, sua
comitiva pessoal e outros adeptos do regime, os quais recebem super-lucros
graças a atual ordem social formada na Ukraina.
Isto quer dizer, que Moscou agora demonstra abertamente, o
que pode acontecer com objetos de interesse econômico direto da mais faminta
"Família" ukrainiana no caso em que Yanukovych não se atenha às
condições de Putin.
O ataque a Roshen pode-se considerar como demonstração de
força e possibilidades para aplicação de danos econômicos irreparáveis. Neste
caso, deram a Kyiv a possibilidade de observar, quais as possibilidades para
pressão econômica tem Kremlin e seus subordinados. E, se Yanukovych e Co.
não mudarem o comportamento, haverá mais e pior. Isto é fato (²).
As empresas de Poroshenko podem ser destruídas na Ukraina sem
quaisquer envolvimento das forças e recursos de fora. Além disso, tudo isto se
faz de acordo com decisões aceitas no nível estatal.
Moscou tentará, desesperadamente, impedir o acordo de
Associação usando para isto absolutamente todos os métodos disponíveis. Por
conseguinte, o nível de agressão vai crescer e adquirir legitimidade com
auxílio da participação das instituições de outros países. Sob as últimas
deve-se entender não apenas aquelas que entram na órbita do Kremlin - mas,
digamos, os neutros, o que será mais difícil para os associarmos à zona de
influência da União Aduaneira. Nós entramos não apenas na fase ativa, mas
hiperativa fase de guerra econômica e a onda de tais ataques somente vai
aumentar.
É completamente lógico, que num futuro próximo podemos
esperar a eclosão de uma série de escândalos diplomáticos. Não devemos esquecer
que ultimamente não cessam provocações chauvinistas antiukrainianas por alguns
círculos da Polônia. Provavelmente haverá mais ataques, talvez mais agressivos.
Isto é, a onda de agressões crescerá em todas as frentes possíveis.
Agora o tempo, que restou até a assinatura do Acordo, começa
a ser reduzido a semanas. Durante este curto período, o lado russo deve queimar
todas as pontes entre Ukraina e Europa, mas preservar sua própria face. Pois no
fundo, do ponto de vista da não justificada parceria e apoio mútuo à agressão,
que irá aumentar, será difícil explicar a Kyiv - porque pode ser benéfica a
aproximação com o tema da política externa, a qual não trabalha para
fortalecimento das relações mútuas, mas ativamente ocupa-se com a destruição da
fraca economia ukrainiana e descredito de Kyiv aos olhos da comunidade mundial.
Caso contrário, Putin queimará as pontes também entre Ukraina
e Rússia.
Também não se deve esquecer, que é improvável que o presidente
russo possa contar com o fato de que aqueles, em cujas mãos agora encontra-se a
maior parte do dinheiro que conseguiram retirar da Ukraina, simplesmente
permitirão a Moscou enfiar a mão neste bolso, que continua a alimentá-los
saborosa e satisfatoriamente. Isto até pode tornar-se um obstáculo
intransponível para o estabelecimento da direta hegemonia política e econômica
de Kremlin na Ukraina.
Como se comportará o poder na Ukraina?
Permanece aberta uma pergunta interessante. Como, em tal
situação se comportará o governo ukrainiano? Porque estes processos são de
caráter demasiado agressivo, para não reagir a eles.
Os acontecimentos dos últimos anos demonstraram claramente a
posição do regime Yanukovych, incluindo questões semelhantes - é impotência na política
externa e autodestruição.
A única exceção a essa regra é o quão duro o regime luta
contra o seu próprio povo, como sistematicamente esvazia os bolsos dos
ukrainianos, retira seus direitos fundamentais, castiga pelas exigências
legais, persegue, reprime e, ao mesmo tempo não se esquece de culpar, de todos
os pecados mortais, a oposição. Como dizem, a partir das ruínas - ao fascismo.
Aqui você não dialoga, as ações e decisões são duras, sistemáticas, sua
implementação é operacional, inquestionável.
É difícil acreditar que o lado ukrainiano se decidirá por
ações ativas em resposta, que defenderá os interesses do Estado a nível
internacional, que vai recorrer a organismos internacionais, que chamará a
atenção da UE para sanções econômicas politicamente motivadas. Não haverá
vontade nem para suportar dignamente o golpe, para tomar medidas adequadas em
resposta.
Falando a verdade, Kyiv tem poucas alavancagens de impacto
econômico sobre Moscou oficial, especialmente aquelas que poderiam ser
elementos de dissuasão eficaz para tais ataques agressivos. No entanto elas
existem. Ukraina pode levantar a questão do trânsito de gás russo através
do seu território, especialmente a discrepância proporcional para o preço do
trânsito que Ukraina paga pela obtenção do gás russo.
As conseqüências econômicas de tais ações, as quais podem
marcar atrasos no trânsito, e portanto, o interesse europeu na solução da
situação e medidas adequadas, podem causar perdas significativas, que em Moscou
compreendem espetacularmente. Compreendem também que Europa não estará em
êxtase.
E, no caso de posição correta de Kyiv, expressa em efetivas
ações preventivas do Ministério das Relações Exteriores ukrainianas, Europa vai
culpar Moscou.
Entenderão, portanto, que Ukraina é o sujeito, não o objeto
da política internacional, capaz de proteger efetivamente o interesse público,
os interesses de sua nação. Deste modo, na próxima vez terão que pensar duas
vezes antes de cometer algo parecido.
No entanto, o regime Yanukovych, de todas as formas possíveis
e impossíveis, demonstra a incapacidade e falta de vontade para lutar e usar
praticamente a única oportunidade para realização de pelo menos um efetivo
curso na política exterior durante seu mandato.
Já soou a declaração de que Ukraina não vai tomar medidas de
ação para a meta de estimular Rússia a cessação da escalada. E, em qualquer
caso, mesmo em caso contrário, fica a pergunta da motivação. E ela será
diferente daquela que deve nortear o estadista - não estrutura predatória de
nível nacional.
Para cumprir os requisitos estabelecidos pela Ukraina, como
condição para assinatura do Acordo da Associação, durante a próxima sessão do
Parlamento ainda precisarão ser aprovadas as leis correspondentes.
Aqui haverá surpresas pois mesmo dentro do Partido das
Regiões (governista) têm grupos de influência que buscam romper esse acordo,
apesar da posição de eurointegração declarada pelo governo. Para não mencionar
outras organizações e grupos, que realizarão "atividades
subversivas", não apenas no parlamento.
Então, o outono parlamentar de 2013 na Ukraina promete ser
agitado.
Possíveis conseqüências
Recentemente passou na rede uma tese de autor desconhecido, e
que foi colocada na boca de Putin. Ela dizia:
"Se vocês não entrarem para União Aduaneira, nós lhes
causaremos muito mal, mas se vocês entrarem, então - será ainda pior."
Soa irônico, mas é realista e responde à concepção geral de
relações na mencionada relação. Com efeito, a adaptação dos países que entram
para União Aduaneira, certamente reorienta suas economias para servir aos
interesses do Kremlin, o que na Ukraina até agora ainda sequer conseguiram
erradicar, como legado da ocupação soviética.
Então a conclusão é óbvia - terá que haver escolha.
Ou a defesa de interesses públicos - que significará perdas e
aumento de tensões, mas, no futuro, garantirá o desenvolvimento progressivo e
severas limitações à influência de Moscou.
Ou voltar atrás, rasgar o Acordo e pôr fim a integração européia
- o que garantirá um curto enfraquecimento da pressão econômica, mas no futuro
garante a perda real de independência política, não mencionando a econômica.
E quanto ao debate sobre a escolha do vetor de integração da
Ukraina, então para aqueles que desejam a direção ocidental européia e, para
aqueles que querem aproximação com a Rússia é válido lembrar: em qualquer dos
casos a política do Estado deve ser pró-ukrainiana. E com a existência de
possibilidades é necessário implementar medidas para realização da concepção do
centrismo ukrainiano.
Isto deve proporcionar possibilidades para afirmar-se como
sujeito de plenos direitos da política internacional, colocar e ditar suas
exigências em determinados assuntos, atingir objetivos concretos e elevar o prestígio
do país na arena internacional.
No entanto, nem a Yanukovych, nem a seu meio, isso não
interessa.
(1) "Grupo 148" - assim denominado grupo de 148
deputados do Partido das Regiões e Partido Comunista que encaminhou ao
Parlamento polonês o pedido para reconhecer como genocídio a ação dos
ukrainianos contra os poloneses em Volyn-Ukraina durante a II Guerra Mundial.
Fato descrito nos artigos anteriores.
(2) As empresas de Poroshenko não foram escolhidas para o
golpe demonstrativo por acaso. Poroshenko é um grande empresário ukrainiano que
embora não se coloque frontalmente contra o governo é de oposição. Inclusive
era um dos indicados à prefeitura de Kyiv, cujas eleições foram suspensas,
possivelmente até 2015. Então, os oligarcas ukrainianos, da "Família"
Yanukovych foram alertados e, por enquanto, preservados. Vários países já
verificaram que não há nenhuma substância prejudicial nos chocolates.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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