Carta da Yulia Tymoshenko da Colônia
Kachanivska
Tyzhden (Semana), 24,04.2012
Recebemos de nossas fontes o texto da carta da Y. Tymoshenko da Colônia Kachanivska, na qual ela fala sobre os acontecimentos do dia 20 de abril do corrente ano.
"Na sexta-feira, 20.04, após o término dos trabalhos deram-me a conclusão dos médicos alemães, professores P. Haas e K.N. Aynhoupl, os quais afirmaram que eu não poderei melhorar minha condição de saúde nessa clínica que propôs o governo ukrainiano.
A causa não está nos médicos. Eu acredito nos médicos ukrainianos e os respeito profundamente. Sei em que condições eles trabalham. O motivo também não está no equipamento do hospital - corresponde aos padrões. O motivo está na situação de constante violência e achincalhe, que me organizou o atual presidente da Ukraina.
Após receber as conclusões dos médicos alemães eu comuniquei, por escrito, o chefe da Colônia, e pessoalmente ao promotor e Vice-Ministro da Saúde de Kharkiv, que até o encontro com meu protetor, eu não posso ser transferida ao hospital. Nós concordamos que a tranferência ao hospital realizar-se-ia na segunda-feira após a comunicação com Serhii Vlasenko (advogado).
Mas cerca de 21 horas, da cela onde eu estava retiraram minha vizinha, e após algum tempo entraram três homens de estatura encorpada. Eles se aproximaram da minha cama, jogaram sobre mim um lençol e começaram me puxar da cama, usando força bruta. De dor e desespero eu, como podia, tentava defender-me, mas, recebi um forte soco na barriga. Torceram minhas mãos e meus pés, me levantaram e puxaram no lençol para rua. Eu pensei que chegaram os últimos momentos da minha vida. De insuportável dor nas costas e medo, comecei gritar e pedir socorro, mas nenhuma ajuda eu recebi. Num dado momento, devido a terrível dor, eu desmaiei e voltei à vida somente no quarto de hospital. Em estado de extremo estresse eu me recusei a falar com todos até o encontro com meu protetor. No dia seguinte eu renunciei ao alimento. Mas o encontro com o meu protetor não aconteceu. Agora eu penso, que desesperança e impotência sentem as pessoas hoje, quando confrontam-se com a violência do poder em todas as suas manifestações. Quando começaram a usar contra mim a força física bruta, eu imaginei todo o desespero daquelas pessoas indefesas, nas quais batem com brutalidade bestial, e às vezes os servos do povo de uniforme, matam, em inúmeras prisões, durante os inqueritos nos isoladores, dentro de detenção, delegacias de polícia, áreas no subsolo do atual Serviço de Segurança da Ukraina, SBU-NKVD. Quando em quatro paredes fechadas, em total isolamento do mundo, te barbarizam os açougueiros com rosto contorcido de raiva e quando você não sabe se isto é o final de sua vida ou não - é exatamente nesses momentos torna-se especialmente claro, que país nós construimos em 20 anos de independência e que nós não temos o direito de deixá-lo nesta forma desumana aos nossos filhos.
Eu parei de me alimentar no dia 20 de abril com um único propósito, para chamar a atenção do mundo democrático e ao que está acontecendo na Ukraina. E a questão não está no destino dos atuais presos políticos; nós estamos prontos ao nosso caminho, com firmeza e dignidade, seja ele qual for. O problema é outro - na compreensão imediata, que o presidente da Ukraina obrigatoriamente e com pedantismo constrói na grande e européia Ukraina um grande campo de concentração, de violência e arbitrariedades, os quais completam-se com um enriquecimento sem precedentes da famíliia governante e do seu ambiente através da apropriação de recursos públicos. É preciso reconhecer imediatamente esta trágica situação e pará-la o quanto antes usando todos os meios ukrainianos de possibilidades e influências internacionais. Se o tempo for perdido, nós teremos Libia ou Siria no centro da Europa, e então será tarde demais para apagar o fogo.
Eu apelo ao mundo democrático e a todas as forças saudáveis na Ukraina para começar, imediatamente, agir e trabalhar em conjunto para eliminar esta ameaça à comunidade européia. Sim, eliminar, porque o tratamento conservador da situação já é impossível.
O plano, que proponho, consiste em dois pontos: primeiro, iniciar a investigação pública internacional de todos os negócios corruptos do Yanukovych, e de seus amigos próximos, onde houveram transações financeiras internacionais e registros de propriedades obtidas ilegalmente nos territórios de outros países.
Eu peço publicamente a todas as pessoas honestas: jornalistas, líderes de movimentos sociais, funcionários públicos, agências policiais e outras pessoas interessadas enviar para mim materiais de investigações jornalisticas, e outras, que claramente demonstrem a natureza internacional de caráter criminal da elite governante da Ukraina. Eu apelarei publicamente aos governos oficiais daqueles países, em cuja jurisdição realizaram-se os crimes de corrupção de nossos governantes, pedindo para conduzir investigação imparcial e independente desses crimes e levar à responsabilidade os culpados. Precisa começar a Grande Limpeza do País agora.
Em segundo lugar, devemos fazer todos os esforços para, sem revoluções, pacificamente, eliminar o regime autoritário, com todas as suas metástases, nas eleições parlamentares. Em tempo próximo eu anúncio um apelo a todos os cidadãos da Ukraina, com explicação como isto poderá ser feito, de acordo com o meu ponto de vista. Se nas eleições legislativas da nação ukrainiana impedirem o afastamento desse governo, isto significa que haverá necessidade de levantar uma nova revolução pacífica. Mas o que rigorosamente não pode ser feito - sim, é ser um rebanho silencioso, levado ao abate. E vocês não permitirão humilhar assim Ukraina, eu sei...
Sua Yulia Tymoshenko".
Observação: Muitos jornais da Ukraina (acredito que todos) trouxeram a notícia de Tymoshenko ter sido agredida fisicamente. O governo nega, diz que apenas foi levada a força. Houve deputado dizendo que Tymoshenko sozinha deu soco em sua barriga. Nina Karpachova, encarregada do Parlamento dos direitos da pessoa visitou Tymoshenko e declarou que as marcas roxas realmente existem. A marca na barriga, na boca do estômago, é bem grande, segundo o advogado. Alguns deputados provinciais de Lviv, já iniciaram greve de fome em apoio a Tymoshenko. Em Kyiv também já estão se preparando para greve de fome. O pessoal da UE observa, atônito.
Tradução e complemento: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Fonte da fotos: Jornal Ukrainska Pravda (Verdade Ucraniana).
Tyzhden (Semana), 24,04.2012
Recebemos de nossas fontes o texto da carta da Y. Tymoshenko da Colônia Kachanivska, na qual ela fala sobre os acontecimentos do dia 20 de abril do corrente ano.
"Na sexta-feira, 20.04, após o término dos trabalhos deram-me a conclusão dos médicos alemães, professores P. Haas e K.N. Aynhoupl, os quais afirmaram que eu não poderei melhorar minha condição de saúde nessa clínica que propôs o governo ukrainiano.
A causa não está nos médicos. Eu acredito nos médicos ukrainianos e os respeito profundamente. Sei em que condições eles trabalham. O motivo também não está no equipamento do hospital - corresponde aos padrões. O motivo está na situação de constante violência e achincalhe, que me organizou o atual presidente da Ukraina.
Após receber as conclusões dos médicos alemães eu comuniquei, por escrito, o chefe da Colônia, e pessoalmente ao promotor e Vice-Ministro da Saúde de Kharkiv, que até o encontro com meu protetor, eu não posso ser transferida ao hospital. Nós concordamos que a tranferência ao hospital realizar-se-ia na segunda-feira após a comunicação com Serhii Vlasenko (advogado).
Mas cerca de 21 horas, da cela onde eu estava retiraram minha vizinha, e após algum tempo entraram três homens de estatura encorpada. Eles se aproximaram da minha cama, jogaram sobre mim um lençol e começaram me puxar da cama, usando força bruta. De dor e desespero eu, como podia, tentava defender-me, mas, recebi um forte soco na barriga. Torceram minhas mãos e meus pés, me levantaram e puxaram no lençol para rua. Eu pensei que chegaram os últimos momentos da minha vida. De insuportável dor nas costas e medo, comecei gritar e pedir socorro, mas nenhuma ajuda eu recebi. Num dado momento, devido a terrível dor, eu desmaiei e voltei à vida somente no quarto de hospital. Em estado de extremo estresse eu me recusei a falar com todos até o encontro com meu protetor. No dia seguinte eu renunciei ao alimento. Mas o encontro com o meu protetor não aconteceu. Agora eu penso, que desesperança e impotência sentem as pessoas hoje, quando confrontam-se com a violência do poder em todas as suas manifestações. Quando começaram a usar contra mim a força física bruta, eu imaginei todo o desespero daquelas pessoas indefesas, nas quais batem com brutalidade bestial, e às vezes os servos do povo de uniforme, matam, em inúmeras prisões, durante os inqueritos nos isoladores, dentro de detenção, delegacias de polícia, áreas no subsolo do atual Serviço de Segurança da Ukraina, SBU-NKVD. Quando em quatro paredes fechadas, em total isolamento do mundo, te barbarizam os açougueiros com rosto contorcido de raiva e quando você não sabe se isto é o final de sua vida ou não - é exatamente nesses momentos torna-se especialmente claro, que país nós construimos em 20 anos de independência e que nós não temos o direito de deixá-lo nesta forma desumana aos nossos filhos.
Eu parei de me alimentar no dia 20 de abril com um único propósito, para chamar a atenção do mundo democrático e ao que está acontecendo na Ukraina. E a questão não está no destino dos atuais presos políticos; nós estamos prontos ao nosso caminho, com firmeza e dignidade, seja ele qual for. O problema é outro - na compreensão imediata, que o presidente da Ukraina obrigatoriamente e com pedantismo constrói na grande e européia Ukraina um grande campo de concentração, de violência e arbitrariedades, os quais completam-se com um enriquecimento sem precedentes da famíliia governante e do seu ambiente através da apropriação de recursos públicos. É preciso reconhecer imediatamente esta trágica situação e pará-la o quanto antes usando todos os meios ukrainianos de possibilidades e influências internacionais. Se o tempo for perdido, nós teremos Libia ou Siria no centro da Europa, e então será tarde demais para apagar o fogo.
Eu apelo ao mundo democrático e a todas as forças saudáveis na Ukraina para começar, imediatamente, agir e trabalhar em conjunto para eliminar esta ameaça à comunidade européia. Sim, eliminar, porque o tratamento conservador da situação já é impossível.
O plano, que proponho, consiste em dois pontos: primeiro, iniciar a investigação pública internacional de todos os negócios corruptos do Yanukovych, e de seus amigos próximos, onde houveram transações financeiras internacionais e registros de propriedades obtidas ilegalmente nos territórios de outros países.
Eu peço publicamente a todas as pessoas honestas: jornalistas, líderes de movimentos sociais, funcionários públicos, agências policiais e outras pessoas interessadas enviar para mim materiais de investigações jornalisticas, e outras, que claramente demonstrem a natureza internacional de caráter criminal da elite governante da Ukraina. Eu apelarei publicamente aos governos oficiais daqueles países, em cuja jurisdição realizaram-se os crimes de corrupção de nossos governantes, pedindo para conduzir investigação imparcial e independente desses crimes e levar à responsabilidade os culpados. Precisa começar a Grande Limpeza do País agora.
Em segundo lugar, devemos fazer todos os esforços para, sem revoluções, pacificamente, eliminar o regime autoritário, com todas as suas metástases, nas eleições parlamentares. Em tempo próximo eu anúncio um apelo a todos os cidadãos da Ukraina, com explicação como isto poderá ser feito, de acordo com o meu ponto de vista. Se nas eleições legislativas da nação ukrainiana impedirem o afastamento desse governo, isto significa que haverá necessidade de levantar uma nova revolução pacífica. Mas o que rigorosamente não pode ser feito - sim, é ser um rebanho silencioso, levado ao abate. E vocês não permitirão humilhar assim Ukraina, eu sei...
Sua Yulia Tymoshenko".
Observação: Muitos jornais da Ukraina (acredito que todos) trouxeram a notícia de Tymoshenko ter sido agredida fisicamente. O governo nega, diz que apenas foi levada a força. Houve deputado dizendo que Tymoshenko sozinha deu soco em sua barriga. Nina Karpachova, encarregada do Parlamento dos direitos da pessoa visitou Tymoshenko e declarou que as marcas roxas realmente existem. A marca na barriga, na boca do estômago, é bem grande, segundo o advogado. Alguns deputados provinciais de Lviv, já iniciaram greve de fome em apoio a Tymoshenko. Em Kyiv também já estão se preparando para greve de fome. O pessoal da UE observa, atônito.
AS FOTOS DA AGRESSÃO
Tradução e complemento: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Fonte da fotos: Jornal Ukrainska Pravda (Verdade Ucraniana).
Parece que o senhor Yanukovych é candidato a ''Kadhafi do leste''. Espero que ele não atraia sobre a Ucrânia, a mesma destruição que Kadhafi atraiu sobre a Líbia.
ResponderExcluirUma coisa é certa; muita gente, como é o meu caso, nunca tinha ouvido falar de Yulia Timoshenko, e depois disto, ficaram a saber muita coisa sobre ela e sobre a Ucrânia.
Este post é muito útil. Parabéns!