São necessários: Ukraina e União Européia um ao
outro?
Tyzhden (Semana), 26.04.2012
Leonidas Donskis, deputado da UE, lituano. Filósofo, cientista e comentarista político, analista social.
"É melhor ser o elo mais fraco da UE e OTAN do que "estrela" dos satélites russos.
O título de minha coluna dificilmente prepara o leitor para outro assunto qualquer, exceto pura retórica. Ukraina precisa da UE? Muito simples: certamente, sim. Em seguida, a próxima pergunta: em caso afirmativo, então quanto Ukraina é necessária a UE? Hoje a União Européia precisa da Ukraina mais do que nunca.
Lembro, como um conhecido político russo, ensaísta e comentarista Andrei Piontkovskiy certa vez comentou sobre adesão da Ukraina a OTAN e à UE como uma oportunidade existencial para o Ocidente. Nos talk shows da TV lituana, onde eu era o apresentador, ele claramente deu a compreender que, a entrada da Ukraina na UE poderia mudar a Rússia para sempre.
De fato, ele argumentou que tal passo poderia curar em definitivo a FR de sua obsessão de discussões políticas e rivalidade civilizacional com Europa Ocidental e América do Norte, principalmente Estados Unidos. Rússia não pode ser um jogador global e adversário do Ocidente sem Ukraina como um país satélite ou, em melhor caso um parceiro estratégico. Além disso, a adesão do Estado ukrainiano ao mundo ocidental forçaria a FR posicionar-se em um caminho análogo.
Podemos dizer que a adesão da Ukraina à UE e a OTAN poderia muito bem assinalar uma mudança fundamental na política mundial. Tal evento marcaria o início de uma nova era na Europa Oriental e final da fase bizantina na história da Rússia.
Dada a ambição e clareza de seus comentários, Piontkovskiy não levou em conta, em minha opinião, um aspecto chave. Quanto mais a Ukraina tornar-se pró-russa, mais forte será o argumento da FR de Putin como possível alternativa à UE. A única condição, que torna possível essa fantasia geopolítica, - é a presença da Ukraina em uma ou outra forma, até em aliança econômica e política antieuropéia liderada pela Rússia.
Se esse cenário falhar, a Rússia deverá procurar possibilidades de aproximação com o Ocidente, até mesmo reconciliaçãoo com a Polônia e os Estados Bálticos. A Ukraina neste caso, será incluída à categoria de elo mais fraco da UE e OTAN, com a qual lhe é indispensável encontrar compromisso.
Não penso que tal estado iria prejudicar as ambições políticas e regionais da Ukraina, porquanto é mil vezes melhor ser elo mais fraco da UE e OTAN, que "estrela" do mundo dos satélites russos.
Para Rússia é particularmente importante o fato, que ela, neste caso, pode permanecer na encruzilhada. Ela terá que decidir, se vai se unir a Ukraina na união de novos países democráticos europeus, graças ao que seria, senão um membro, então, pelo menos um parceiro estratégico da UE e EUA, ou continuar tentando manter os mais desmoronados e tirânicos países como a Bielorrússia ou Ásia Central. Com o desenvolvimento do primeiro cenário o mundo poderia se tornar mais seguro e previsível.
Mas chega de geopolítica e segurança. Ukraina ganharia significativamente no Estado de Direito, na democracia, nos valores e direitos. A UE, de modo algum pode ser vista como um potencial doador e promissor investidor. Igualmente importante é o fato de que a UE estabelece o padrão de avaliação na política. Permanece a esperança, que ela ajudaria a Ukraina recuperar-se de justiça seletiva, para não mencionar a corrupção.
Eu não sonho ou irresponsavelmente proponho imagens inatingíveis. Na Lituânia vimos o quanto é possível adotar a visão européia da democracia liberal, proteção aos direitos da pessoa e conceitos modernos de moral e política. Para ser honesto, ainda temos muito a fazer para alcançar o nível de transparência e proteção aos direitos humanos que existem nos países do norte europeu. Nós não somos melhores que outras nações, as quais por dezenas de anos foram isoladas da Europa. Portanto, como uma aliança política de democracia e valores a UE propõe um modelo melhor de defesa dos direitos da pessooa e políticas democráticas.
O que não é menos importante, UE também se beneficiaria consideravelmente com a entrada da Ukraina. Esta, sempre foi e é, apesar de algumas tendências negativas na política, líder indiscutível do programa da Parceria Oriental da UE. Ela, afinal deve conduzir o país à parceria estratégica com UE, o que pode acelerar e incentivar a mudança política na Rússia pois determinará a política ukrainiana no futuro próximo. Quanto a UE tal passo significaria não menos que o triunfo da democracia na Europa.
Nenhum outro país se pode igualar com Ukraina no papel de ponte entre Europa Oriental e Central. Se ela escolher claramente a UE e a OTAN como um valor político e o principal objetivo, isso pode se tornar um ponto de viragem na história da Europa Oriental. Neste caso um dos maiores dos seus Estados-Membros determinará a política européia com dezenas de anos de antecedência e fortalecera em muito a posição da Polônia e dos países bálticos e europeus.
Com uma impressionante herança multicultural a Ukraina pode pavimentar o caminho à liberdade e vida européia para outros países. Algo me diz, que isto colocará fim ao cisma da Europa e graves consequências da II Guerra Mundial.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Tyzhden (Semana), 26.04.2012
Leonidas Donskis, deputado da UE, lituano. Filósofo, cientista e comentarista político, analista social.
"É melhor ser o elo mais fraco da UE e OTAN do que "estrela" dos satélites russos.
O título de minha coluna dificilmente prepara o leitor para outro assunto qualquer, exceto pura retórica. Ukraina precisa da UE? Muito simples: certamente, sim. Em seguida, a próxima pergunta: em caso afirmativo, então quanto Ukraina é necessária a UE? Hoje a União Européia precisa da Ukraina mais do que nunca.
Lembro, como um conhecido político russo, ensaísta e comentarista Andrei Piontkovskiy certa vez comentou sobre adesão da Ukraina a OTAN e à UE como uma oportunidade existencial para o Ocidente. Nos talk shows da TV lituana, onde eu era o apresentador, ele claramente deu a compreender que, a entrada da Ukraina na UE poderia mudar a Rússia para sempre.
De fato, ele argumentou que tal passo poderia curar em definitivo a FR de sua obsessão de discussões políticas e rivalidade civilizacional com Europa Ocidental e América do Norte, principalmente Estados Unidos. Rússia não pode ser um jogador global e adversário do Ocidente sem Ukraina como um país satélite ou, em melhor caso um parceiro estratégico. Além disso, a adesão do Estado ukrainiano ao mundo ocidental forçaria a FR posicionar-se em um caminho análogo.
Podemos dizer que a adesão da Ukraina à UE e a OTAN poderia muito bem assinalar uma mudança fundamental na política mundial. Tal evento marcaria o início de uma nova era na Europa Oriental e final da fase bizantina na história da Rússia.
Dada a ambição e clareza de seus comentários, Piontkovskiy não levou em conta, em minha opinião, um aspecto chave. Quanto mais a Ukraina tornar-se pró-russa, mais forte será o argumento da FR de Putin como possível alternativa à UE. A única condição, que torna possível essa fantasia geopolítica, - é a presença da Ukraina em uma ou outra forma, até em aliança econômica e política antieuropéia liderada pela Rússia.
Se esse cenário falhar, a Rússia deverá procurar possibilidades de aproximação com o Ocidente, até mesmo reconciliaçãoo com a Polônia e os Estados Bálticos. A Ukraina neste caso, será incluída à categoria de elo mais fraco da UE e OTAN, com a qual lhe é indispensável encontrar compromisso.
Não penso que tal estado iria prejudicar as ambições políticas e regionais da Ukraina, porquanto é mil vezes melhor ser elo mais fraco da UE e OTAN, que "estrela" do mundo dos satélites russos.
Para Rússia é particularmente importante o fato, que ela, neste caso, pode permanecer na encruzilhada. Ela terá que decidir, se vai se unir a Ukraina na união de novos países democráticos europeus, graças ao que seria, senão um membro, então, pelo menos um parceiro estratégico da UE e EUA, ou continuar tentando manter os mais desmoronados e tirânicos países como a Bielorrússia ou Ásia Central. Com o desenvolvimento do primeiro cenário o mundo poderia se tornar mais seguro e previsível.
Mas chega de geopolítica e segurança. Ukraina ganharia significativamente no Estado de Direito, na democracia, nos valores e direitos. A UE, de modo algum pode ser vista como um potencial doador e promissor investidor. Igualmente importante é o fato de que a UE estabelece o padrão de avaliação na política. Permanece a esperança, que ela ajudaria a Ukraina recuperar-se de justiça seletiva, para não mencionar a corrupção.
Eu não sonho ou irresponsavelmente proponho imagens inatingíveis. Na Lituânia vimos o quanto é possível adotar a visão européia da democracia liberal, proteção aos direitos da pessoa e conceitos modernos de moral e política. Para ser honesto, ainda temos muito a fazer para alcançar o nível de transparência e proteção aos direitos humanos que existem nos países do norte europeu. Nós não somos melhores que outras nações, as quais por dezenas de anos foram isoladas da Europa. Portanto, como uma aliança política de democracia e valores a UE propõe um modelo melhor de defesa dos direitos da pessooa e políticas democráticas.
O que não é menos importante, UE também se beneficiaria consideravelmente com a entrada da Ukraina. Esta, sempre foi e é, apesar de algumas tendências negativas na política, líder indiscutível do programa da Parceria Oriental da UE. Ela, afinal deve conduzir o país à parceria estratégica com UE, o que pode acelerar e incentivar a mudança política na Rússia pois determinará a política ukrainiana no futuro próximo. Quanto a UE tal passo significaria não menos que o triunfo da democracia na Europa.
Nenhum outro país se pode igualar com Ukraina no papel de ponte entre Europa Oriental e Central. Se ela escolher claramente a UE e a OTAN como um valor político e o principal objetivo, isso pode se tornar um ponto de viragem na história da Europa Oriental. Neste caso um dos maiores dos seus Estados-Membros determinará a política européia com dezenas de anos de antecedência e fortalecera em muito a posição da Polônia e dos países bálticos e europeus.
Com uma impressionante herança multicultural a Ukraina pode pavimentar o caminho à liberdade e vida européia para outros países. Algo me diz, que isto colocará fim ao cisma da Europa e graves consequências da II Guerra Mundial.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Que isso aconteça já!
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