Começaram a
transferência do Sistema de Transporte de Gás da Ukraina - GTS (¹)
Economichna Pravda (Verdade Econômica), 26.04.2013
Serhii Liamets
Complicado era decidir. Tema do Sistema de Transporte de Gás (GTS) é o mais
politizado na Ukraina de hoje.
E, no entanto eles o fizeram. Talvez, esperar mais não era possível. O
atual governo da Ukraina resolveu dá-lo à Rússia.
O projeto correspondente está registrado no Conselho Superior, no dia
26.04.2013.
Agora, quando o último bastião da consciência foi superado, tudo seguirá o
mesmo caminho. Consideração do projeto de lei - protestos da oposição para
aparências - distribuição de saquinhos com dinheiro - rostos saciados e
deputados satisfeitos - grande maioria "a favor" - o GTS passa para Rússia
através do mecanismo de consórcio e concessões pelas dívidas, mais em troca de
desconto.
A data da publicação do projeto de lei - 26 de abril - não foi escolhida
por acaso - é a sexta-feira anterior a semana da Páscoa (Segundo o calendário
Juliano este ano a Páscoa é no dia 5 de maio -OK). Na próxima semana, por cerca
de dez dias quase todo país entra em férias. A ressonante notícia sobre a
concordância do governo em entregar a GTS "resolve-se" conforme as leis do
gênero.
Isso acontecerá apenas porque qualquer notícia negativa "vive" uma semana.
Depois , em princípio, ela não afeta ninguém. Mesmo que isto seja como o
assassinato de Kennedy. Ou seja, o governo deliberadamente empregou um
ardil-tecnologia. No entanto, não pela primeira vez.
Eventos relacionados? Tomada da TVi e silêncio da oposição (TVi era o único
canal de televisão pró Ukraina - OK). Tudo indica, agora é evidente, que
exatamente a este acontecimento coincide o assenhoreamento do canal TVi.
Passaram-se algumas horas da publicação da "Verdade Ukrainiana" da mais
ressonante notícia dos últimos três anos (A transferência da GTS), e o novo
diretor da TVi Artem Shevchenko sentado, conta sobre os planos futuros do canal.
Nisso o tema da entrega do GTS não foi ao ar no noticiário da noite! Este é o
elemento chave de seu assenhoreamento.
Tal nossa política foi sentida desde o primeiro dia. Na foto o
"investidor" do canal Oleksandr Altman e o novo diretor Artem
Shevchenko.
Para aqueles que não estão em curso. É muito provável que alguns senhores,
em benefício de vice-primeiro-ministro Serhii Arbuzov a alguns dias atrás
apossaram-se do controle do único canal oposicionista do país - TVi
Por que Arbuzov? Bem, talvez, nem seja ele. Talvez seja "encenação sob
Arbuzov" Mas o próprio processo de captura foi formalizado tão grosseiramente e
às avessas, que surge exatamente este nome. Há também um renque de pequenos
detalhes, os quais sugerem esta suposição. Por exemplo, sobre os funcionários do
canal "derramam" dinheiro. E os comentaristas de Arbuzov, com todas as forças
desejam elevar o encantamento a TVi como conflito corporativo. Como se fosse
desentendimento entre Kniazhytskyi e Kahalovskyi, e não há nada a
comentar.
Também essa visão promove Mykola Kniazhytskyi, e a chamada oposição
ukrainiana. Onde estão os manifestantes do partido "Liberdade" e "Bloco
Klychko"? Cadê "maidan" (praça onde ocorriam os protestos da Revolução Laranja -
OK) devido o fato de fechamento do último canal dissonante do ponto de vista
oficial do poder?
Vice-primeiro-ministro Serhii Arbuzov (no centro).
A posição do Partido "Pátria" (Yulia Tymoshenko) ao qual aderiu a "Frente
de Mudanças" (Yatseniuk) - é, em geral, uma canção. Kniazhytskyi (anteriormente
diretor do canal TVi) é deputado pelo partido "Pátria" e, portanto, tem
imunidade a ataque dos "seus". No primeiro dia da captação do canal, veio o
aliado de Arsenii Yatseniuk (líder do Partido Pátria") - Andrii Pyshnyi. Olhou,
olhou e foi embora, reação da "Pátria" não houve. Talvez, também, com toda sua
alma sustentam a versão do conflito corporativo.
Igualmente, o Partido "Pátria" não emitiu nenhum parecer sobre o projeto
referente à privatização do GTS. Embora para isto há, pelo menos, uma razão
significativa. O projeto de lei foi submetido ao Comitê da Política Econômica,
dirigida por Andrii Ivanchuk que é o mais próximo amigo de Yatseniuk.
Comentários sobre o projeto de lei não expressaram nem Yatseniuk, nem
Ivanchuk, nem Pyshnyi. Talvez, haja necessidade de aconselhar-se com
alguém.
Andrii Ivanchuk e Arsenii Yatseniuk diante de colegas.
Estranho, mas nada disseram também do partido "Liberdade". Pedimos a eles
sua opinião, mas nos responderam algo como: "nossa posição anunciaremos amanhã".
Aos partidários do "UDAR" de Klychko nem perguntamos. Aqui farão o que o "Papa"
mandar, sem variante. Bem, é claro, o campeão mundial de boxe será,
oficialmente, oposição. Ele é um homem de princípio, não é controlado por
ninguém.
Haverá oposição na Ukraina? A resposta para esta pergunta já a muito é
conhecida. Mas no assunto de importância como a entrega do GTS para Rússia,
poderiam pelo menos, em prol da decência, dizer alguma coisa.
O que acontecerá a seguir
É fácil prever. O Partido das Regiões e o Partido Comunista
votarão "sim". Diante dos deputados, anteriormente aparecerão pessoas com
saquinhos recheados. Serão pessoas do Arbuzov - ele costuma "regar" os
parlamentares com dinheiro, eles o adoram por isso. Para maior confiança na
vitória - a votação é sempre importante, e é necessário o apoio de muitos
deputados - pagarão a alguns "traidores". Encontrar-se-ão deputados que têm
pontos de vista diferentes, do ponto de vista oficial da oposição. Tal é a sua
posição humana. Pode, afinal, o deputado ter sua própria opinião?
A oposição, provavelmente, tentará bloquear a tribuna - apesar
de ter prometido não fazer mais isso. Em todo caso, ela será "contra", ou não
votará.
É natural, haverão comícios, vovozinhas com lágrimas nos
olhos. Caminhada à Administração Presidencial, ao Gabinete de Ministros:
"Chega!", "Prezados amigos!", "Vergonha!" - Bem, toda essa
retórica.
Os líderes da oposição precisarão "lutar"
novamente.
Klychko usando camiseta branca, Yatseniuk com megafone,
leituras públicas de carta aberta de Yulia Tymoshenko da prisão. Talvez até ovos
e tomates voarão sobre os deputados "traidores". Este cenário até 18 de maio,
quando o Conselho se reunirá. A votação procederá pelos risonhos regionais,
comunistas satisfeitos e os vira-casacas, que rapidamente apertarão os devidos
botões. E, depois disso - também questões previsíveis. Primeiro - criação
do consórcio com a Rússia. Segundo - criação de uma empresa mista com a
Rússia, que irá controlar o "tubo" (GTS) e muitos outros ativos.
(da esquerda para direita): Yurii Boiko, Ministro de
Energia e Indústria de Carvão da Ukraina; Olekssi Miller, presidente da
administração do "Gazprom"; Euhenii Bakulin, presidente do Conselho de
"Naftogaz" da Ukraina.
Terceiro - Transferência do GTS à Rússia de acordo com
o cenário da Bielorrússia, isto é, gratuitamente. Bielorrússia entregou seu
sistema em troca de um desconto no preço do gás. Ukraina deverá receber um
desconto e perdão de dívidas. Que dívidas? Lembremos como elas surgiram. Em 2012
o ministro da Energia intencionalmente não comprou a quantidade combinada de
gás. Como no ano anterior. Mas, em 2011 Rússia supostamente perdoou Ukraina. Já
em 2012 Rússia apresentou a penalidade - 7 (sete) bilhões de dólares. Mas, isso
não é tudo. Estão entrando novas penalidades. Em 2013, já pelo terceiro mês
(desde fevereiro) "Naftogaz" não compra gás da Rússia. O gás é comprado, através
da empresa do magnata Firtash, diretamente, através da bolsa de
valores.
Yurii Boiko e Dmytro Firtash (no centro).
Em paralelo, o gás vem da Europa Ocidental. Ou seja, nosso país
simplesmente não cumpre o contrato com a Rússia. E, de maneira atrevida
coloca-se sob penalidades. Assim, os russos receberão o nosso GTS sem precisar
pagar. E isto será através de mecanismo bastante astuto. E com o governo
ukrainiano eles criarão o consórcio para gerir o GTS.
Mas o projeto de lei estabelece mais um mecanismo - o aluguel. (GTS
necessita de consertos, reformas). E, quando o governo russo colocar no GTS
algumas centenas de milhões de dólares, terá direito de tomar a propriedade - de
graça ou por um valor irrisório.
Em qualquer caso GTS não será mais nossa. Isto, talvez, não seja problema -
mas, então, coloquem GTS numa venda aberta, por que construir um mecanismo de
entregá-la, gratuitamente, para Rússia?
Tal rendição flagrante de interesses nacionais precisa encobrir com algo.
Capa para isto já foi encontrada. Ukraina vai receber, dígamos o preço
"bielorusso" de gás - por exemplo, 165 dólares por mil metros cúbicos. E isto
será considerado como grande conquista de Yanukovych. Primeiro. Com ela, é
provável, ele irá às urnas em 2015. E, é claro, nos perdoarão as multas. As que
são desenhadas no ar, mas ainda sim... 7 bilhões de dólares.
Por tudo responderá... Stavytskyi?
O míope na situação com projeto de lei de entrega do GTS é o
ministro de energia Eduard Stavytskyi. Ele não se cansa de demonstrar a
capacidade de assumir pecados alheios. Também desta vez Stavytskyi assinou uma
nota explicativa para o projeto de lei sobre privatização do GTS.
Se sabia ele o que assinava? Acreditamos que sim. Mas isso não
o impediu. Pelo que nós o cumprimentamos.
1 - Este sistema transporta o gás russo para países
europeus.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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