"Naquele dia em Prypiat havia dois
casamentos..."
Vyssokyi Zamok (Castelo Alto), 26.04.2013
Vyssokyi Zamok (Castelo Alto), 26.04.2013
Natália Druzhliak
O coronel da milícia Anatoli Talalai, em 1980-1983 chefiava o Departamento
dos Assuntos do Interior do município de Prypiat. A tragédia de escala global
desenrolou-se diante de seus olhos. Quando explodiu o quarto reator Anatoli
Talalai permaneceu em Preypiat, enquanto não evacuou o último residente. Lá, ele
perdeu a saúde.
Quando o reator explodiu, os moradores acorreram para ver o "assustador
fogo de artifício". A coluna de fogo atingiu 300 metros de altura, e apagar as
chamas conseguiram apenas no oitavo dia. Será possível que não pensavam nas
consequências?
O reator "ribombou" com tanta força, que despertou todos os habitantes de
Prypiat (94 quilômetros de Kyiv, próximo a fronteira da Bielorrússia). Porquanto
85% dos moradores trabalhavam na usina, cada um correu para dentro do reator em
que trabalhava. Ao quarto reator também apressou-se a equipe de construção
(cerca de 250 pessoas). Sobre a segurança ninguém pensava. Quando retiravam,
manualmente, os queimados, as pessoas decidiam que eles se envenenaram com
monóxido de carbono. Reconsideraram, quando começaram perceber que a pele
enegrecia e sangue começou a sair pelo nariz, boca, olhos (forte dose de
radiação mata as células vermelhas e o sangue, perdendo a capacidade de
coagulação jorra como água da torneira). As ambulâncias começaram levar os
afetados ao hospital. Após algumas horas de radiação ficaram impressionados não
apenas os observadores da explosão, mas também toda equipe médica.
Até o meio dia do dia posterior vítimas de doenças da radiação já eram
muitos moradores de Prypiat. Todos eles morreram dentro dos próximos quatro
meses. No relatório do Presidente da Comissão do governo da URSS, Borys
Shcherbyna sobre isso - nem uma palavra. Gorbachov, falando na TV, somente
depois de 20 dias informou que morreram 7 pessoas e 290 ficaram feridas. Do
hospital precisaram dispensar todos os doentes, porque não havia onde colocar as
vítimas da explosão de Chernobyl!
- As pessoas não entendiam o que estava acontecendo?
- Sobre o incêndio na Usina Nuclear de Chernobyl falavam, mas pensavam que
o apagariam rapidamente. Pânico semeavam certas pessoas. O superior da Clínica
Médica-Sanitária Volodymyr Pecherytsia sozinho tomou a decisão de distribuir
comprimidos de iodeto de potássio nas escolas e jardins de infância (os
comprimidos eram grandes, nem toda criança conseguia engoli-lo). O primeiro
secretário do Comitê do Partido de Prypiat Aleksandr Haman propôs destituir o
médico do cargo por arbitrariedade, porque sua decisão provocou pânico.
-Para eliminação das consequências de Chernobyl enviavam como prá
guerra...
-O coronel Oleksii Mishchuk, comandante de parte das tropas de Kyiv,
contava, como depois de uma semana da explosão lhe telefonaram da sede do
exército e deram todas as instruções - mandar para reator nuclear para 10 dias,
centenas de soldados e dois oficiais. Ele exigiu ordens escritas. A o que lhe
responderam: "E isto é o quê? Este ´´e o dispositivo. Dê a ordem, mas não liste
nomes!" E assim ele fez. Ele listou apenas os nomes dos dois oficiais, centenas
de soldados foram como incógnitos. O coronel, por seis vezes mandou uma centena
de soldados para eliminação dos efeitos da explosão do quarto reator. E eles,
com pá e vassouras limpavam o telhado da terceira unidade, dos detritos. Depois
de dois meses começaram a ficar doentes. Os médicos diagnosticavam diferentes
graus de doenças de radiação, mas nos documentos escreviam outras doenças. Os
soldados eram demitidos do serviço prematuramente e enviados para casa. Depois
veio a ordem do estado-maior: "Comandante Mishchuk e seus oficiais enviar para
aposentadoria, soldados para casa" Nenhum recebeu atestado em mãos que
participou da liquidação da catástrofe. Quando, posteriormente, dirigiam-se com
queixas a várias instâncias: promotores de justiça, tribunais, eles eram
enviados ao Ministério do Interior. Resposta - tal unidade militar não existe,
os arquivos não foram preservados.
Os pilotos dos helicópteros, que cobriam o reator com estanho, chumbo e
areia, e o inundavam com água e concreto, trabalhavam sem proteção. Estes
pilotos, em seguida, foram envolvidos no desvio de água de Prypiat e outros
rios, do ar e do solo para análise e pesquisa. Os que trabalhavam com buldôzer,
motoristas e massas de pessoas de diversas profissões, trabalhavam sem nenhuma
proteção. Metade deles morreu devido a doenças da radiação. Metade - de
leucemia...
Depois da tragédia de Hiroshima e Nagasaki passaram-se 66 anos, mas até
agora nascem crianças e animais com defeitos físicos característicos das doenças
de radiação. As explosões no quarto bloco, segundo o nível de contaminação
radioativa equivale a 100 Hiroshimas! O diretor do Instituto de Óptica Física,
Professor Orestes Vlokh disse certa vez que na parte inferior do destruído
quarto bloco de energia permaneceram quase 200 toneladas de combustível nuclear.
A reação em cadeia não controlada possivelmente, ainda pode estar em curso.
Porque o elemento químico, cessando na condução de calor, não cessa sua
radioatividade. Será que os representantes do poder não sabem disso, se atrasam
a construção do novo sarcófago?
- Mas o quê você se preocupa com eles? Se novamente houver problemas,
fugirão para exterior. Prefeito e primeiro secretário do município de Prypiat,
sabendo da explosão às 03:00 horas, pessoalmente, nos próprios carros, às 06:00
horas da manhã levaram sua família para Kyiv. Aos seus vice avisaram, que
"afastavam-se por uma horinha ou duas", para pessoalmente relatar aos chefes
sobre o acidente, e obter instruções sobre como proceder. Mais tarde, convocaram
para Kyiv os carros da frota municipal e voltaram para Prypiat. Nas primeiras
horas críticas estavam ausentes! "Liquidava" as consequências da catástrofe o
vice-prefeito - contador por formação. Entre outros fugitivos matutinos estava o
chefe da ATP (Empresa de transporte rodoviário). Como saiu da cidade no sábado
pela manhã, nem neste dia, nem no dia seguinte, ninguém o viu.
- As pessoas comuns permaneciam, porque não tinham informações
confiáveis sobre a situação?
- E a quem falavam? Naquele dia, em Prypiat comemoravam dois casamentos. No
rádio havia música o dia todo. No programa informativo "Chas" (Tempo) sobre o
acidente nada foi dito. A Central Telefônica Automática foi desligada. A cidade
foi cercada, foi ordenado não liberar ninguém. Na reunião geral do Partido
Comunista e Administração Geral da Empresa Atômica de Chernobyl, que aconteceu
no dia 11.05.1986, depois dos oradores estatais usou da palavra o "não
planejado" trabalhador comum Tribushchenko. Ele perguntou aos dirigentes da
cidade, à chefia da usina nuclear, ao secretário do Comitê Regional do Partido:
"Por ordem de quem as esposas, filhos e pais foram mantidos por vários dias na
cidade infectada? Por que os entendidos tiveram medo de dizer a verdade?"
Ninguém dos presentes respondeu.
- Evacuação iniciaram 30 de abril.
- Mentiras! 38 mil moradores - aonde tantas pessoas alojar, como alimentar?
(Mas não era a União Soviética que provia a todas as necessidades de sua
população? - OK). O vice-presidente do Conselho de Ministros da Ukraina, Borys
Shcherbyna insistia em que as pessoas fossem evacuadas não depois de 30 de
abril. A evacuação real começou apenas no dia 3 de maio. Em 1 de maio tangeram
as pessoas ao Kryshchatyk (principal rua de Kyiv) para comemorações, Gorbachov
insistiu. Sherbytskyi levou ao pódio seu neto para mostrar que não havia
radiação na Ukraina. Ninguém sabia para onde levar as pessoas. No dia 2 de maio
chegou a Kyiv uma delegação de Moscou - Sylayev, vice-presidente do Conselho de
Ministros da URSS, Ryzhkov, presidente do Soviete Supremo da URSS, Lihachov,
secretário do PCUS. O presidente de Planejamento do Estado da Ukraina. Masol
levou-os a Chernobyl (note bem, não para Preypiat, local do quarto reator).
Lihachov insistiu na evacuação da população da cidade - primeiro as crianças.
Propunha-se levá-las a 30 quilômetros de Prypiat. No sábado, 3 de maio, os
funcionários ocupavam-se com a procura de transportes. No domingo ...
descansavam. Tudo isto está registrado no diário do presidente do Conselho de
Ministros da Ukraina Oleksandr Liashko, uma das pessoas de confiança de
Shcherbytskyi. Interessante: anotações nos dias 26 e 27 de abril não há. "Mas
nós não sabíamos, ninguém nos chamou na casa de campo", - justificava-se. Que
mentira! Para quê, num sistema comuno - kadebista rígido - não informassem
Shcherbytskyi? Outra questão, é que os dirigentes ukrainianos sem Moscou não
tinham direito de tomar providências - informar as pessoas, ou tomar
medidas.
A Gorbachov e Shcherbytskyi relataram o acidente, mas não contaram toda a
verdade. Em 28 de abril Shcherbytskyi convocou o chefe do Comitê Estadual de
Radiologia da Ukraina e perguntou qual a dose de radiação permitida para o ser
humano. O outro respondeu: "Uma vez - 5 milliroentgen". Shcherbytskyi franziu a
testa: "Você responde por suas palavras? Você sabe, o que lhe acontecerá, se der
informações falsas?" O interrogado acenou com a cabeça. "Então por que eles
dizem, que uma dose de 50-100 milliroentgen por hora, é segura!". "Mentem, -
disse o estudioso. - Única 5, no ano - 40-50 (e não aguentam todos). Se for
superior - doenças de radiação vem", Shcherbytskyi ligou para Moscou e começou a
xingar alguém pelo telefone.
- Os meios de comunicação da Europa anunciavam sobre a radiação da
Ukraina, mas o governo soviético - silenciava...
- Na novela de Alla Yaroshenska "Chernobyl. Grande mentira" publicado um
trecho de documento com grifo "Completamente secreto" - transcrição da reunião
do Politburo - Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética de
29.04.1986. Esta foi a primeira reunião, na qual se abordou a questão de
Chernobyl. Estavam presentes todos os membros do Politburo. Primeiro decidiam
que informações dar. Gromyko propôs para dar informações aos países irmãos,
Washington e Londres - até certo ponto, e aos embaixadores soviéticos -
explicações correspondentes. E isto - pessoa, compara as consequências de
Chernobyl com "consequências de pequenas guerras"! "É razoável dar três
informações: para nossa população, para os países socialistas, também para
Europa, EUA e Canadá. À Polônia podemos enviar uma pessoa" - manifestou-se
Ryzhkov. "É importante destacar na informação que explosão nuclear não houve,
mas houve apenas um vazamento de radiação em resultado da avaria", - acrescentou
Zimianin. A "verdade" foi colocada apenas aos "sacerdotes". A "plebe" convenciam
que "à saúde das pessoas nada ameaça", - escreve Yaroshenska.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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