segunda-feira, 10 de junho de 2013

EXPANSÃO CHINESA AMEAÇA A RÚSSIA



No papel de irmão mais novo. Com o quê a expansão chinesa ameaça a Rússia.

Tyzhden (Semana), 29.04.1913
Viktor Shatrov

A expansão chinesa no Extremo Oriente russo cria problemas demográficos e de segurança para Kremlin.

 

Em 22 de março o novo líder chinês Xi Jimping fez sua primeira (após a eleição à Assembléia Popular Nacional da China) visita ao exterior - para Moscou. Essa atenção da "Celestial" às relações com Federação Russa está condicionada à necessidade de recursos energéticos para economia chinesa, que cresce, bem como o desejo de expandir sua influência no Extremo Oriente russo. Sendo que o segundo motivo, pela sua importância não faz concessões ao primeiro. 

Retorno para "terras perdidas"

Para China, com seus 1,3 bilhões de habitantes as extensões orientais desabitadas da Federação Russa, com vastos recursos naturais é vista como uma das prioridades da expansão demográfica e econômica. A política de controle da natalidade, realizada na China nos anos 1980 - 1990, no início do século XXI, já não observa-se com tanta severidade, e o crescimento demográfico estimula a pressão demográfica no interior da "Celestial" e ativa a saída de sua população ao exterior.

Atualmente, na Rússia, de acordo com informações extra-oficiais, vivem de 3,5 a 18 milhões de chineses e todos os anos eles aumentam em 500 mil (embora, de acordo com o censo de 2010 contavam-se apenas 28 mil). Ainda em 2006 o vice-diretor do Serviço Federal de Migração da FR Viacheslav Postavnin, num lapso deixou escapar que potencialmente, 200 milhões de chineses estão prontos para transferir-se à FR.

Em atuais manuais escolares, editados em Pequim, o Extremo Oriente e Sibéria (até a região de Tomsk, inclusive esta província) denominam como "terras temporariamente perdidas". O "aliado fiel" de Moscou, Mao Zedong em 1964 apresentou pretensões a 1,5 milhões de quilômetros quadrados do território da URSS, declarando, que "Rússia anexou Boli (Khabarovsk) e Haushenvey (Vladivostok) e também Kamchatka, e que China não acordou com Rússia esta questão". Em 1969 a questão chegou ao derramamento de sangue pela ilha Damanskyi e 10 anos depois a nova liderança chinesa encabeçada pelo pragmático Deng Xiaoping apresentou a iniciativa de criação de uma frente unida, universal, de luta contra URSS. Gerações inteiras de chineses foram educadas com hostilidade à URSS e russos. Até agora, nenhum dirigente da China ou do Partido Comunista chinês desmentiu as declarações de Mao Zedong em relação às pretensões do território russo.

Pesquisadores chineses em Hohuan e Van Chzhotszyon não sem orgulho alegam, que a única maneira de resolver a maioria dos problemas da "Celestial" é "expansão demográfica" e a qualquer país do mundo ameaça uma catástrofe nacional, quando pelo menos 10% de chineses imigrarem a ele. Os dados oficiais quanto a seus planos Pequim não se esforça para esconder, no entanto, incorpora-os imperceptivelmente, sem alarde.

Intercâmbio desigual de mercadorias com a China faz da Rússia sua semicolônia.

Ainda em 1988, o principal jornal da Administração Política do Exército Popular de Libertação "Tszefantszyun Bao", escreveu: "O controle efetivo exercido por um longo período sobre área estratégica além dos limites geográficos resulta em transferência de fronteiras geográficas". Exatamente tal estratégia de expansão pacífica no Extremo Oriente segue na prática a liderança chinesa. Durante a demarcação em 2005, China já deslocou, em parte, as fronteiras com a Rússia, acrescentando a si uma área de 337 km² na região do rio Amur. De fato, isto foi uma entrega voluntária dos interesses de Kremlin na região, na época quando "Celestial" conseguiu mais uma vitória depois de receber, em 1941, a ilha Damanskyi.

Semicolônia de matérias-primas

Em setembro de 2009 foi aprovado o "Programa de Cooperação entre as regiões do Extremo Oriente, Sibéria Oriental da FR e Nordeste da China (2009-2018)", pelo seu caráter colonial. Praticamente todos os projetos planejados, associados com a extração de matérias primas, serão implementados no território da Rússia, enquanto o processamento e capacidades industriais realizar-se-ão na China.

Graças a esse documento apenas de acordo a transações oficiais de 2009 China recebeu em arrendamento acima de 500 hectares de terras fronteiriças do Extremo Oriente russo. Em particular, a província de Heilongjiang (nordeste da China) assinou um acordo com o governo da FR, de acordo com o qual recebeu o direito de uso de parte da terra para horticultura, cultivo de grãos, pecuária e posterior processamento de produtos agrícolas. Em geral, nos próximos 5-10 anos, está prevista a implementação de 158 projetos. Para implementá-los China pretende atrair mais de 10 mil unidades de técnicas agrícolas e mais de 50 mil especialistas. Além disso, Rússia entregou em locação a China 1 (um) milhão de hectares de floresta para abate. Quanta terra na região possuem informalmente os migrantes, não oficiais, da "Celestial", somente pode-se especular.

Os chineses há muito tempo começaram, por preços muito baixos, comprar terras agrícolas da Rússia, ignorando a sua venda a estrangeiros e usando as entidades jurídicas por meio de joint ventures com a participação de capital estrangeiro. Na prática, estas terras passam por exploração implacável e processamento de uma enorme massa de produtos químicos, resultando em produtos cultivados com eles perigosos para a saúde. 

Os solos gradualmente esgotam-se e tornam-se improdutivos

Ativamente penetra o capital chinês também para o mercado de recursos energéticos. Assim os bancos da "Celestial" forneceram a "Rosneft" 6 bilhões de dólares para comprar "Yuganskneftegaz", filial básica da Yukos. 
Em 2005 China recebeu parte do projeto "Sakhalin-3", e depois por 3,5 bilhões de dólares adquiriu "Udmurtneft". Uma de suas empresas (CNPC) conquistou 49%, em comum com "Rosneft" da empresa "Vostok - Enerdzhy" que já ganhou o leilão para o desenvolvimento de dois campos de gás na região de Irkutsk.
Em termos econômicos, Rússia para China é fonte de matérias-primas baratas e mercado de produtos acabados. Rússia exporta para China grandes quantidades por preços baixos eletricidade, gás e petróleo. Intercâmbio desigual de mercadorias provenientes da China torna a FR uma semicolônia de fato. A cada ano o volume do comércio bilateral aumenta rapidamente. Quando em 2002 o volume de negócios de Moscou com Pequim totalizou 20 bilhões de USD, em 2012 chegou a 87,5 bilhões. A "Celestial" ficou em primeiro lugar entre os parceiros comerciais da Rússia à frente da Holanda (82,7 bilhões de USD) e Alemanha (73,9 bilhões de USD). No entanto, a participação do investimento chinês na Rússia - apenas 0,9% do índice geral - e no Extremo Oriente ainda menos - 0,7%. Isso indica que os chineses consideram sua vizinha do norte apenas como apêndice de matérias-primas e mercado de saída de produtos baratos.

Ao mesmo tempo China é um país altamente militarizado, ela aumenta anualmente o seu orçamento militar. Em 2011 ele cresceu a um recorde de 143 bilhões de USD (sua parte oculta, de acordo com especialistas, pode constituir ainda de 30-40% do total), o que é duas vezes mais do que o custo do exército da FR. Pelos gastos com a defesa "Celestial" ocupa o segundo lugar no mundo depois dos Estados Unidos. O Exército de Libertação Popular da China tem 2,25 milhões de pessoas e no caso de hostilidades pode mobilizar até 208 milhões. China, regularmente realiza o treinamento praticando operações ofensivas com transporte de tropas para uma distância de 2.000km.

É significativo, que ao longo das fronteiras com a Rússia na China constroem estradas largas sobre base de concreto, capaz de suportar a locomoção de um grande número de veículos blindados e tropas. De fato, o caminho ao longo da fronteira russa foi construído segundo o princípio de linha da frente.

Kremlin, de tempos em tempos, dirige sua atenção para o Extremo Oriente. Assim, em agosto do ano passado o primeiro-ministro Dmitry Medvedev declarou publicamente que a região deve ser protegida da expansão progressiva dos estrangeiros e se opôs à criação pelos migrantes de enclaves na Rússia. No entanto, na realidade, o governo da FR cria condições favoráveis para colonização pacífica destas suas regiões, pelos chineses. Aos oligarcas russos é mais fácil atrair a mão de obra barata da "Celestial" do que criar condições favoráveis para  colonização pacífica destas suas regiões, pelos chineses. Aos oligarcas russos é mais fácil atrair a mão de obra barata da "Celestial" do que criar condições normais de trabalho para população local. Até mesmo o prefeito de Vladivostok declara oficialmente a necessidade de entregar metade de sua cidade em arrendamento à China por 75 anos, recebendo enormes quantias de dinheiro para o orçamento local.

Mas tal política pode resultar em perda do Extremo Oriente pela Rússia no médio prazo. Nas relações com a China a Rússia, pouco a pouco, assume a si um insólito papel de "irmão mais novo". Não há passos reais e eficazes para reduzir essa dependência e alterar o estado das relações bilaterais, por parte de sua liderança.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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