terça-feira, 4 de junho de 2013

GAZPROM RECUA



Tyzhden (Semana), 13.05.2013
Alla Lazareva

A Comissão Européia que investiga o monopólio do gigante energético russo e as condições do mercado mundial, parece, que obriga Moscou a frear um pouco suas ambições.



Depois do início da ressonante investigação em setembro do ano passado, de Bruxelas contra os esquemas monopolistas da Gazprom nos países da UE, os russos começaram tomar medidas, conforme exige a legislação européia, para separar o transporte de gás, da venda. Nas negociações com a China, que Kremlin longamente aproveitava como principal elemento de pressão sobre UE, Gazprom também foi obrigado baixar o tom. Até a conclusão dos trabalhos da comissão especial antitruste ainda está longe, mas segundo evidências circunstanciais os países da Europa Central têm boas chances de reduzir a sua dependência energética da Rússia. Bruxelas não é muito generosa nos comentários sobre a investigação do monopolista da FR nos países da Europa Central e Oriental. "Até agora não foi estabelecido qualquer comunicado oficial, - informou a este jornal o serviço de imprensa da Comissão Européia. - Nós aguardamos resultados intermediários não antes do verão, mas ainda não se sabe, se adquirirão eles o estado de informação pública."

Embora muitos sintomas no comportamento da burocracia européia com os especialistas da indústria do gás russo dão a possibilidade de fazer as primeiras, limitadas, suposições. "A investigação contra o Gazprom começou em setembro. E nós vimos, que já em novembro - dezembro os russos foram forçados a fazer concessões no preço a um ou outro país, - diz Noell Lenoir, jornalista parisiense, especialista em economia internacional.
Como terminará este episódio, nós não sabemos, mas é muito provável, que os países europeus brevemente terão que desistir de acordos bilaterais com Gazprom, os quais ajustam em busca da felicidade tranqüila por trás das costas dos outros. Tal prática já se esgotou. A falta de uma prática energética comum para UE - é benefício apenas para as "grandes baleias", como Alemanha ou a Itália e preços políticos para outros - poloneses, lituanos, estonianos..."

No entanto, as mudanças no mercado energético europeu puxam, talvez, não a justiça dos trabalhadores individuais da caneta e não a clarividência da classe política, mas a lógica da economia mundial. O desenvolvimento da indústria consideravelmente mais barata, que o natural, o gás de xisto promete aos americanos reduzir rapidamente os custos de produção e alcançar os preços do final de produção da China, e também fazer concorrência a Rússia comprometendo suas exportações de combustível. Percebendo essa perspectiva, Pequim não se apressa na construção do novo gasoduto da Rússia, ainda sob os preços esperados por Moscou.

O gás liquefeito e energias renováveis estão se tornando perigosos "concorrentes" para Gazprom no mercado europeu tanto é que da prevalência de Putin dos primeiros dias da investigação não sobrou nem rastro: Rússia rapidinho transferiu seu escritório europeu de Luxemburgo para Suíça (mais longe da UE), proclamou a separação da logística de transporte da venda de gás aos consumidores (tudo conforme exigem as leis européias), reduziu os preços para Polônia e prometeu desconto de 4,7 bilhões de dólares aos clientes da UE no conjunto...

E isso não é tudo. Discursando na Conferência Internacional em Paris, para a Proteção da Concorrência, em fevereiro o Comissário Europeu de respectivas questões, o espanhol Joaquim Almunia orgulhosamente anunciou: "Hoje nos investigamos as atividades do consórcio "Gazprom" nos países da Europa Central e Oriental. Logo saberemos se realmente esta empresa pratica preços políticos? Se ficar provado que a denúncia que veio da Lituânia e conduziu à necessidade da investigação não é infundada, haverá necessidade de exigir mudanças. Porque tal prática prejudica os interesses de integração de novos Estados-Membros".

Se há dois anos não se podia nem imaginar que UE discutisse a possibilidade de baixar o preço do gás, hoje tais discussões acontecem não só entre os especialistas, mas também no nível político.
O laço entre o preço do gás e o preço do petróleo surgiu por razões históricas - explicou Luke Baccarin, diretor de análise das estruturas Energy Fund Sadvisors. Em 1970-1980 o gás vinha à Europa do Mar do Norte, Rússia e África. Na época a preocupação era o desenvolvimento do mercado que ainda não existia. O gás devia substituir o petróleo que dominava o mercado das fontes de energia. Assim, às empresas como a Gaz de France, Eni da Itália, Ruhrgas da Alemanha, era importante que o novo produto, o qual eles compravam no exterior, tivesse parâmetros competitivos. Eles precisaram convencer os produtores para substituir o óleo lubrificante e os resíduos de petróleo que eles aproveitavam, por gás. De modo a evitar o aumento dos custos do processo de produção. Então surgiram 90% dos preços do petróleo. Se olhar para a lógica que hoje protegem os russos, então eles dizem: "Nós investimos nas jazidas da Sibéria pesados recursos financeiros, construímos milhares de quilômetros de gasodutos. Por isso os consumidores ocidentais devem celebrar contratos para 15, 20, 30 anos, para que nossos investimentos sejam rentáveis".

E assim funciona ininterruptamente por três décadas o mercado europeu do gás. Com uma importante observação: o gás natural liquefeito ajuda completar o que falta, se o inverno for muito rigoroso. Se há cinco anos atrás, eles não excediam 5%, hoje respondem por cerca de um terço do mercado da gás na Europa.

De acordo com Luke Baccarin da Energy Fund Sadvisors, se Gazprom e outros operadores de repente parassem de determinar o preço do gás pelo preço do petróleo, mudanças instantâneas entre compradores e vendedores de gás natural não haveria, porque o setor do varejo rapidamente responderia com elevação também. "Vale a pena considerar se há futuro em contratos de longo prazo? - reflete o especialista.
Hoje, ao comprador europeu nada impede comprar gás somente nos pequenos mercados. Mas este somente desenvolve-se bem lá onde há produção e consumo como nos EUA e Grã-Bretanha, não na Europa continental, onde o gás liquefeito vem da África. Os debates sobre o melhor sistema de indexação, continuam".

A investigação da Comissão Européia contra o Gazprom, se não for tolhida com obstáculos burocráticos dos inúmeros "lobby" pró Rússia dos quais não há escassez na Bélgica, Alemanha, Itália e França, podem contribuir para três mudanças importantes no mercado de combustíveis fósseis. Primeiro, quase certamente será reconhecido e condenado o uso político de preços, de acordo com os quais a pequena vizinha da Rússia, Lituânia, paga por 1.000m³ 90 euros a mais, que Alemanha. O precedente, apesar de não ter mecanismos diretos de ação para países fora da UE, abre interessantes perspectivas para organização do mercado mundial da energia. A segunda mudança possível - abolição da proibição da venda de gás excedente que existe exclusivamente para os membros do antigo bloco soviético, mas nunca foi praticada em relação aos clientes ocidentais. Se Gazprom renunciar também desta posição, então poderemos esperar a criação real, flexível e comum de um sistema energético europeu de ajuda mútua. Terceira chance - esta separação dos preços de gás e petróleo, o qual esperam não somente Lituânia e Polônia apoiadores ativos da idéia, mas também países como a França, onde o preço do gás natural no varejo para os consumidores forma o governo, não deixando aos grandes distribuidores renda mais ou menos confortável na venda.

A Comissão de Controle da UE trabalha sem espalhafato. Não desejando perder os mercados europeus lucrativos, também silenciosamente, passo a passo retrocede Rússia. Brevemente saberemos, até que ponto.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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