sábado, 1 de junho de 2013

MATILHA ATERRORIZA A UCRÂNIA



Na Ukraina, sob a supervisão das autoridades de segurança forma-se o exército de lutadores de rua.

Tyzhden (Semana), 22 de maio de 2013
Oleksandr Mykhelson, Ruslana Velychko

O espancamento em 18 de maio da jornalista do Canal 5, pelo capanga da "manifestação antifascista" causou um grande escândalo político que se tornou uma surpresa desagradável para o Partido das Regiões. Pelo menos, as fracas "justificações dos partidários e do próprio ministro dos assuntos internos confirmam o pensamento, que se as provocações foram planejadas pelo governo, elas fugiram do script.


Esnobismo da matilha


Enquanto isso os acontecimentos que tiveram lugar simplesmente sob as paredes do departamento da milícia, onde algumas dezenas de "svobodivtsiv" (do Partido oposicionista Liberdade) atacavam o carro blindado com provocadores, e depois foram atacados por um grupo de combatentes "antifascistas", levantaram questões interessantes sobre o papel e lugar na política pátria dos representantes das chamadas "subculturas da juventude".

Aqui há dois fatos alarmantes. Primeiro. Os combatentes "carecas" no último tempo são vistos regularmente em ações de força contra a oposição política e simplesmente discordantes com algumas ações das autoridades. Tornou-se exemplo clássico das últimas eleições parlamentares, quando personagens característicos fingindo-se de jornalistas, bloqueavam e interrompiam os trabalhos nos distritos eleitorais onde vencia a oposição. Durante e após as eleições seus "préstimos" foram questionados. Assim, personagens semelhantes atacaram em 8 de maio um comício de luto em Dnipropetrovsk, onde um grupo de cidadãos tomou a iniciativa de homenagear, em vez do Dia da Vitória (homenageado na Ukraina pelos ainda simpatizantes da União Soviética - OK) o Dia de Luto como em toda Europa. Como em 18 de maio em Kyiv, a milícia estava presente, mas não reagia à violência.
Segundo. Os combatentes, que em troca de tais serviços desagregam os próprios órgãos de defesa, freqüentemente pertencem a organizações neonazistas ou neofascistas. E verifica-se que o atual governo sob o slogan de "luta contra nazistas" (nas pessoas de adversários políticos) pessoalmente fortalece verdadeiros racistas.

"Mesmo entre os seus não há misericórdia".

Como asseguram os nossos co-interlocutores a partir das jovens não-formais estruturas, antiga e tenaz luta entre a extrema-direita e seus oponentes de rua "antifascistas" (também chamados "antifa") não impede "trabalhar" junto a alguns membros das tendências opostas. Assim, entre os combatentes, que lutaram em 18 de maio, supostamente apareceram algumas pessoas que se diziam "antifa", e completamente apolíticas como se fossem legítimos torcedores de futebol. Entre os últimos em primeiro lugar "iluminaram-se" os assim chamados "koni" ("cavalos" - do já extinto clube de futebol de Kyiv, chamado "Clube Central Esportivo do Exército que surgiu em 1934 a exemplo do Clube de Moscou. Os torcedores eram chamados "koni". Segundo a versão mais provável a base de treinamento em Moscou ficava na base do exército de fronteira, o campo de futebol era o campo de pastagem dos cavalos - OK).
Porém os nossos co-interlocutores afirmam que recrutar para esta ação procuravam também os combatentes das fileiras dos "Khokhliv" (Хохлів - nome pejorativo dado pelos russos aos ukrainianos) conhecidos por seus pontos de vista ultradireitistas de simpatizantes do "Dínamo" da capital.

No entanto, dizem as fontes, que apesar de contradições ideológicas a maioria das correntes informais professam práticas fascistas semelhantes. "Agora estas culturas adquirem grande popularidade entre os jovens. Alguns vão porque é moda e desejam posicionar-se como rapazes que podem resolver problemas. Outros devido a seus problemas psicológicos, ou para entrar em contato com inimigos ideológicos", - disse um dos interlocutores. - "Nestas estruturas os rapazes envolvem-se desde os 13 anos".

De acordo com as palavras dos experientes participantes das lutas de rua (que eles chamam de "Makhachi"), somente em Kyiv nos registros da milícia são 5 mil jovens envolvidos em "Clubes de luta" de diversos tipos. Estes podem cruzar-se, ou não, com focos de fãs de futebol. Eles também podem ter mais ou menos ideologia expressa, ou podem seguir apenas sinais exteriores de quaisquer estruturas "ideológicas".

Os membros mais jovens destas lutas são chamados "bona"; o total deles "carne". Finalmente há a elite - "lutadores". Gerencia tudo a "base" - destes, de fato, líderes ideológicos no significado literal das palavras.

A luta (peleja) não é apenas negócio, mas, em certo sentido, filosofia de vida desses cidadãos. "Quando é simplesmente "makhachi" (lutas) entre diversas "bases" para treinar, as "bases" transitam por primeiro e contam cada patrulha, a distância do destacamento da milícia da região, presença de câmeras, freqüência dos cidadãos na área. Tais "makhachi", às vezes, acontecem, simplesmente durante o dia, ou no intervalo do almoço. A organização de tais lutas é demonstração de força..." contaram a este jornal na condição de anonimato os participantes destes acontecimentos - "Estes rapazes - lutadores, que desde o início são treinados para adquirir resistência e força. Mesmo entre os seus não se admite piedade, enquanto a "base" não determina o final da luta que pode continuar até o primeiro sangue, ou fratura.

Não é apenas negócio

A "base" controla tudo. Os rapazes vivem de suas contribuições (o padrão é aproximadamente 50 UAH por semana (mais ou menos 5 USD), uma espécie de contribuição sindical) e encomendas. Mesmo quando há encomendas as contribuições não mudam. Mas a principal fonte de renda, dizem nossos interlocutores - são exatamente encomendas.

Os tipos das encomendas dependem do tipo da organização. Por exemplo, lutadores de muitas organizações participam de lutas exibicionistas para as VIP pessoas pátrias. Tais shows podem ser bem pagos, no entanto, insistem as fontes, com seriedade e até a morte para diversão dos oligarcas, ninguém luta.

Outro assunto - "projetos empresariais". Aqui pode acontecer de muitos modos. O empresário pode "encomendar" seu concorrente. Sobre assassinatos profissionais ainda não se cogita, afirmam nossos entrevistados. Mas podem assustar, aleijar ou roubar a pessoa. A tarefa, freqüentemente, é criar pressão psicológica. Qualquer cenário, no entanto, exige trabalho duro: o "objeto" deve ser acompanhado, definidos seus contatos, caminhos de locomoção, etc. Toda esta questão é paga em conformidade. O dinheiro, é claro, recebe a "base", que em seguida distribui os honorários entre os participantes. Às vezes pagam com a própria estrutura de negócios que é arrebatada do dono anterior.

Entre tais organizações em Kyiv, diz-se que existe um grupo especial de mulheres. Às meninas é mais fácil atrair a vítima-homem para área desejada. Rapazes também, freqüentemente perseguem pequenos negócios ou simplesmente quiosques no mercado - em outras palavras ameaças, pequenas chantagens, violência. E, claro, participam de "raid" (assaltos) a empresas em massa, e lutas, como regra, não acontecem.

Curioso, que o futebol também pode ser negócio, e não apenas para os lutadores de rua. Às vezes, os fãs "com possibilidades" encomendam aos fanáticos acenar com fogos de artifício. Também podem encomendar pequenas lutas. Finalmente, podem encomendar a desclassificação devido ao comportamento dos fanáticos. Certamente, os verdadeiros fanáticos sua equipe não desacreditarão.

Encomendas "da rua" não acontecem

Finalmente o "negócio" é político. Como afirmam nossos entrevistados, aqui novamente depende do tipo da organização. Existem ideologicamente focadas organizações em determinadas estruturas políticas, ou aquelas que servem a um ou outro partido. Por exemplo, a chamada C-14 é, na verdade uma ala juvenil do Partido Liberdade. Ao mesmo tempo as forças políticas podem incluir lutadores sem ideais. Estes freqüentadores de clubes esportivos são de diversos matizes. Exatamente é assim Vadym "Rumun" Titushko o que bateu em Olga Snitsarchuk. Semelhantes "heróis" atraem partidos completamente contrários - digamos, é sabido, como as mesmas pessoas em épocas diferentes protegiam o Partido das Regiões (situação) e o Partido UDAR do Klychko (oposição).

Estando numa organização ideológica significa aumentar o risco já considerável sem isso, para sua saúde e vida. E o risco não é somente seu, como garante um de nossos interlocutores. O cruel espancamento em 15 de maio do irmão de Yevhen "Vortex" Karas, um dos líderes já mencionado C-14, absolutamente não foi engano (sobre o que declarava Karas): as vítimas não foram confundidas, simplesmente os inimigos do nacionalista desforraram-se sobre algumas ações de seu irmão.

Sobre encomenda política tudo pode saber apenas a "base". Normalmente 60% do pagamento vem antes da ação, restante - depois. "No entanto, ninguém vai buscar o dinheiro em grupo como comentavam depois de 18 de maio", - diz o nosso interlocutor.

Claramente estipula-se o cenário. As fontes questionadas por este jornal insistem que os contratantes dos "antifascistas" do Partido das Regiões não estabeleceram nas ações de 18 de maio a tarefa de ataque a jornalistas. "Caso contrário não aconteceria sem fraturas", - considera um dos interlocutores.

"Sem dúvida, acontecem iniciativas próprias, por exemplo, quando alguém está bêbado e "remove" alguém no bar, mas por tais iniciativas a base não responde. E, nesses casos, ninguém negocia sobre alívio da pena - exceto se o culpado trabalhava nas agências de aplicação da lei." - conta o interlocutor. "Ocupam-se com tais casos o SBU (Serviço de Segurança da Ukraina), não os mentecaptos" - acrescenta ele.

No dia das eleições aos "grupos móveis" pagavam 500 UAH (mais ou menos 50 USD) para um lutador. Para garantir a quantidade trabalhava até a "carne" e "bona". A proteção do Congresso do Partido das Regiões onde, em sua maioria estavam presentes os "khokhly", custou aproximadamente 1000 UAH (100 USD). Não tão grande pagamento, dizem os participantes, mas também o trabalho era sem complicações (principalmente porque os oposicionistas a este governo são mais educados e mais pacíficos que a máfia no poder. Mas o medo pelos malfeitos parece ser grande - OK).

Simultaneamente, nas encomendas políticas, afirmam as fontes, o contratante pode negociar pela não interferência da milícia. Claro, além daquelas exceções, quando, pelo contrário, os conflitos com a polícia fazem parte do plano. Nesses casos, tentam proteger os verdadeiros lutadores. "Para lutadores de rua, com "Berkut" (unidade da polícia para fins especiais a nível regional - OK) utiliza-se o princípio das antigas legiões de guerra romanas. Isto é, "carne" fica na frente. Os lutadores do meio pressionam a "carne" para que não recue. A última linha cobre a retaguarda, mas, se necessário passa à frente e faz um anel", - disseram-nos.

"Socialmente próximos?"

Nos tempos de Stalin na terminologia dos funcionários dos órgãos punitivos eram chamados de criminosos "comuns" - para diferenciar dos políticos. Com eles eram possíveis os contatos e cooperação, e usá-los contra os opositores políticos do regime.

Nossos interlocutores estão convencidos: na Ukraina atual a milícia, de um ou outro modo controla todos os informais "clubes de luta". Em toda parte há "ratos" suficientes. A convivência com os órgãos de proteção da lei acontece assim: os protetores da ordem fecham os olhos a certos crimes dos "protegidos" (especialmente quando se trata de ataques a minorias), mas em contrapartida eles devem executar estas ou aquelas encomendas.

O quanto neste caso (a briga que aconteceu paralelamente a manifestação em Kyiv em 18 de maio) pode-se falar sobre afinidade ideológica da milícia e criminosos é difícil dizer. Sabe-se que o investigador que procedeu ao depoimento da jornalista Olga Snitsarchuk (a jornalista que apanhou prá valer só porque estava fotografando uma briga entre alguns oposicionistas e membros do grupo criminoso -OK), por algum motivo perguntava, se ela não compartilha idéias de Bandera (Bandera foi líder da Organização dos Nacionalistas Ukrainianos contra o domínio russo e fascista, mas foi acusado pelos russos e seus atuais "filhotes" de fascista porque não ajudou o povo "irmão" contra a invasão alemã. Os nacionalistas ukrainianos proclamaram a independência do Estado Ukrainiano no mesmo dia da chegada dos alemães, mas não obtiveram sucesso - OK). Isto pode-se explicar com o desejo da milícia, de provar que Olga não estava na manifestação desempenhando suas obrigações profissionais e, portanto, o ataque a ela qualificar como vandalismo.


Segue um triste exemplo da ação desses criminosos protegidos pelo governo ukrainiano.

 Євген Парфьонов. Фото з Facebook Тамари Шевчук

O ativista de Kyiv foi espancado por causa do idioma ukrainiano.

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana, 26.05.2013

Євген Парфьонов. Фото з Facebook Тамари Шевчук

O ativista do "Hostynnei Dvir" Yevhen Parfanov (Hostynnei Dvir é uma construção que data de 1809. Atualmente ali funcionam lojas, bares e uma biblioteca dedicada às construções de arquitetura. O governo tem planos de reconstrução para fazer aí um centro comercial. Muitos ativistas, especialmente da organização "Proteja Velho Kyiv" e "Direito a cidade" iniciaram ações de protesto. Eles ocuparam parte do prédio que permanecia fechada e realizam aí eventos criativos e culturais - OK). No sábado pela manhã atacaram um ativista porque ele conversava no idioma ukrainiano. Ele conta no vídeo como aconteceu. Aproximadamente às 5 horas da manhã, próximo da loja "Silpo" na rua Hnat Yura ele falava no celular, com um amigo, na língua ukrainiana, quando aproximaram-se 6 pessoas de constituição atlética, com cerca de 25 anos de idade. Apenas disseram: - "O que, um nacionalista?" - "Sim", eu respondi e fui atingido no rosto, contou o rapaz sobre o início do conflito.
De acordo com Parfanov um batia, enquanto os outros ficaram em volta acobertando.
As fotos são de Tamara Shevchuk que visitou Yevhen no hospital e escreveu no Facebook que os médicos diagnosticaram duas fissuras no crânio, concussão cerebral, mandíbula quebrada, corte na mão, não vê com o olho esquerdo.
Assim agem os protegidos do governo!



Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: A.Oliynik




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