Na
Ukraina, sob a supervisão das autoridades de segurança forma-se o exército de
lutadores de rua.
Tyzhden
(Semana), 22 de maio de 2013
Oleksandr
Mykhelson, Ruslana Velychko
O espancamento
em 18 de maio da jornalista do Canal 5, pelo capanga da "manifestação
antifascista" causou um grande escândalo político que se tornou uma
surpresa desagradável para o Partido das Regiões. Pelo menos, as fracas
"justificações dos partidários e do próprio ministro dos assuntos internos
confirmam o pensamento, que se as provocações foram planejadas pelo governo,
elas fugiram do script.
Esnobismo da matilha |
Enquanto
isso os acontecimentos que tiveram lugar simplesmente sob as paredes do
departamento da milícia, onde algumas dezenas de "svobodivtsiv" (do
Partido oposicionista Liberdade) atacavam o carro blindado com provocadores, e
depois foram atacados por um grupo de combatentes "antifascistas",
levantaram questões interessantes sobre o papel e lugar na política pátria dos
representantes das chamadas "subculturas da juventude".
Aqui há
dois fatos alarmantes. Primeiro. Os combatentes "carecas" no
último tempo são vistos regularmente em ações de força contra a oposição
política e simplesmente discordantes com algumas ações das autoridades.
Tornou-se exemplo clássico das últimas eleições parlamentares, quando
personagens característicos fingindo-se de jornalistas, bloqueavam e
interrompiam os trabalhos nos distritos eleitorais onde vencia a oposição.
Durante e após as eleições seus "préstimos" foram questionados.
Assim, personagens semelhantes atacaram em 8 de maio um comício de luto em
Dnipropetrovsk, onde um grupo de cidadãos tomou a iniciativa de homenagear, em
vez do Dia da Vitória (homenageado na Ukraina pelos ainda
simpatizantes da União Soviética - OK) o Dia de Luto como em toda
Europa. Como em 18 de maio em Kyiv, a milícia estava presente, mas não reagia à
violência.
Segundo. Os
combatentes, que em troca de tais serviços desagregam os próprios órgãos de
defesa, freqüentemente pertencem a organizações neonazistas ou neofascistas. E
verifica-se que o atual governo sob o slogan de "luta contra
nazistas" (nas pessoas de adversários políticos) pessoalmente fortalece
verdadeiros racistas.
"Mesmo
entre os seus não há misericórdia".
Como
asseguram os nossos co-interlocutores a partir das jovens não-formais
estruturas, antiga e tenaz luta entre a extrema-direita e seus oponentes de rua
"antifascistas" (também chamados "antifa") não impede
"trabalhar" junto a alguns membros das tendências opostas. Assim,
entre os combatentes, que lutaram em 18 de maio, supostamente apareceram
algumas pessoas que se diziam "antifa", e completamente apolíticas
como se fossem legítimos torcedores de futebol. Entre os últimos em primeiro
lugar "iluminaram-se" os assim chamados "koni" ("cavalos"
- do já extinto clube de futebol de Kyiv, chamado "Clube Central Esportivo
do Exército que surgiu em 1934 a exemplo do Clube de Moscou. Os torcedores eram
chamados "koni". Segundo a versão mais provável a base de treinamento
em Moscou ficava na base do exército de fronteira, o campo de futebol era o
campo de pastagem dos cavalos - OK).
Porém os
nossos co-interlocutores afirmam que recrutar para esta ação procuravam também
os combatentes das fileiras dos "Khokhliv" (Хохлів - nome pejorativo
dado pelos russos aos ukrainianos) conhecidos por seus pontos de vista ultradireitistas
de simpatizantes do "Dínamo" da capital.
No
entanto, dizem as fontes, que apesar de contradições ideológicas a maioria das
correntes informais professam práticas fascistas semelhantes. "Agora estas
culturas adquirem grande popularidade entre os jovens. Alguns vão porque é moda
e desejam posicionar-se como rapazes que podem resolver problemas. Outros
devido a seus problemas psicológicos, ou para entrar em contato com inimigos
ideológicos", - disse um dos interlocutores. - "Nestas estruturas os
rapazes envolvem-se desde os 13 anos".
De acordo
com as palavras dos experientes participantes das lutas de rua (que eles chamam
de "Makhachi"), somente em Kyiv nos registros da milícia são 5 mil
jovens envolvidos em "Clubes de luta" de diversos tipos. Estes podem
cruzar-se, ou não, com focos de fãs de futebol. Eles também podem ter mais ou
menos ideologia expressa, ou podem seguir apenas sinais exteriores de quaisquer
estruturas "ideológicas".
Os
membros mais jovens destas lutas são chamados "bona"; o total deles
"carne". Finalmente há a elite - "lutadores". Gerencia tudo
a "base" - destes, de fato, líderes ideológicos no significado
literal das palavras.
A luta
(peleja) não é apenas negócio, mas, em certo sentido, filosofia de vida desses
cidadãos. "Quando é simplesmente "makhachi" (lutas) entre
diversas "bases" para treinar, as "bases" transitam por
primeiro e contam cada patrulha, a distância do destacamento da milícia da
região, presença de câmeras, freqüência dos cidadãos na área. Tais
"makhachi", às vezes, acontecem, simplesmente durante o dia, ou no
intervalo do almoço. A organização de tais lutas é demonstração de
força..." contaram a este jornal na condição de anonimato os participantes
destes acontecimentos - "Estes rapazes - lutadores, que desde o início são
treinados para adquirir resistência e força. Mesmo entre os seus não se admite
piedade, enquanto a "base" não determina o final da luta que pode
continuar até o primeiro sangue, ou fratura.
Não é
apenas negócio
A
"base" controla tudo. Os rapazes vivem de suas contribuições (o
padrão é aproximadamente 50 UAH por semana (mais ou menos 5 USD), uma espécie
de contribuição sindical) e encomendas. Mesmo quando há encomendas as
contribuições não mudam. Mas a principal fonte de renda, dizem nossos
interlocutores - são exatamente encomendas.
Os tipos
das encomendas dependem do tipo da organização. Por exemplo, lutadores de
muitas organizações participam de lutas exibicionistas para as VIP pessoas
pátrias. Tais shows podem ser bem pagos, no entanto, insistem as fontes, com
seriedade e até a morte para diversão dos oligarcas, ninguém luta.
Outro
assunto - "projetos empresariais". Aqui pode acontecer de muitos
modos. O empresário pode "encomendar" seu concorrente. Sobre
assassinatos profissionais ainda não se cogita, afirmam nossos entrevistados.
Mas podem assustar, aleijar ou roubar a pessoa. A tarefa, freqüentemente, é
criar pressão psicológica. Qualquer cenário, no entanto, exige trabalho duro: o
"objeto" deve ser acompanhado, definidos seus contatos, caminhos de
locomoção, etc. Toda esta questão é paga em conformidade. O dinheiro, é claro,
recebe a "base", que em seguida distribui os honorários entre os
participantes. Às vezes pagam com a própria estrutura de negócios que é
arrebatada do dono anterior.
Entre
tais organizações em Kyiv, diz-se que existe um grupo especial de mulheres. Às
meninas é mais fácil atrair a vítima-homem para área desejada. Rapazes também, freqüentemente
perseguem pequenos negócios ou simplesmente quiosques no mercado - em outras
palavras ameaças, pequenas chantagens, violência. E, claro, participam de
"raid" (assaltos) a empresas em massa, e lutas, como regra, não
acontecem.
Curioso,
que o futebol também pode ser negócio, e não apenas para os lutadores de rua.
Às vezes, os fãs "com possibilidades" encomendam aos fanáticos acenar
com fogos de artifício. Também podem encomendar pequenas lutas. Finalmente,
podem encomendar a desclassificação devido ao comportamento dos fanáticos.
Certamente, os verdadeiros fanáticos sua equipe não desacreditarão.
Encomendas
"da rua" não acontecem
Finalmente
o "negócio" é político. Como afirmam nossos entrevistados, aqui
novamente depende do tipo da organização. Existem ideologicamente focadas
organizações em determinadas estruturas políticas, ou aquelas que servem a um
ou outro partido. Por exemplo, a chamada C-14 é, na verdade uma ala juvenil do
Partido Liberdade. Ao mesmo tempo as forças políticas podem incluir lutadores
sem ideais. Estes freqüentadores de clubes esportivos são de diversos matizes.
Exatamente é assim Vadym "Rumun" Titushko o que bateu em Olga
Snitsarchuk. Semelhantes "heróis" atraem partidos completamente
contrários - digamos, é sabido, como as mesmas pessoas em épocas diferentes
protegiam o Partido das Regiões (situação) e o Partido UDAR do Klychko
(oposição).
Estando
numa organização ideológica significa aumentar o risco já considerável sem
isso, para sua saúde e vida. E o risco não é somente seu, como garante um de
nossos interlocutores. O cruel espancamento em 15 de maio do irmão de Yevhen
"Vortex" Karas, um dos líderes já mencionado C-14, absolutamente não
foi engano (sobre o que declarava Karas): as vítimas não foram confundidas,
simplesmente os inimigos do nacionalista desforraram-se sobre algumas ações de
seu irmão.
Sobre
encomenda política tudo pode saber apenas a "base". Normalmente 60%
do pagamento vem antes da ação, restante - depois. "No entanto, ninguém
vai buscar o dinheiro em grupo como comentavam depois de 18 de maio", -
diz o nosso interlocutor.
Claramente
estipula-se o cenário. As fontes questionadas por este jornal insistem que os
contratantes dos "antifascistas" do Partido das Regiões não
estabeleceram nas ações de 18 de maio a tarefa de ataque a jornalistas.
"Caso contrário não aconteceria sem fraturas", - considera um dos
interlocutores.
"Sem
dúvida, acontecem iniciativas próprias, por exemplo, quando alguém está bêbado
e "remove" alguém no bar, mas por tais iniciativas a base não
responde. E, nesses casos, ninguém negocia sobre alívio da pena - exceto se o
culpado trabalhava nas agências de aplicação da lei." - conta o
interlocutor. "Ocupam-se com tais casos o SBU (Serviço de Segurança da
Ukraina), não os mentecaptos" - acrescenta ele.
No dia
das eleições aos "grupos móveis" pagavam 500 UAH (mais ou menos 50
USD) para um lutador. Para garantir a quantidade trabalhava até a
"carne" e "bona". A proteção do Congresso do Partido das
Regiões onde, em sua maioria estavam presentes os "khokhly", custou
aproximadamente 1000 UAH (100 USD). Não tão grande pagamento, dizem os
participantes, mas também o trabalho era sem complicações (principalmente porque os oposicionistas a
este governo são mais educados e mais pacíficos que a máfia no poder. Mas o
medo pelos malfeitos parece ser grande - OK).
Simultaneamente,
nas encomendas políticas, afirmam as fontes, o contratante pode negociar pela
não interferência da milícia. Claro, além daquelas exceções, quando, pelo
contrário, os conflitos com a polícia fazem parte do plano. Nesses casos,
tentam proteger os verdadeiros lutadores. "Para lutadores de rua, com
"Berkut" (unidade da polícia para fins especiais a nível regional
- OK) utiliza-se o princípio das antigas legiões de guerra romanas.
Isto é, "carne" fica na frente. Os lutadores do meio pressionam a
"carne" para que não recue. A última linha cobre a retaguarda, mas,
se necessário passa à frente e faz um anel", - disseram-nos.
"Socialmente
próximos?"
Nos
tempos de Stalin na terminologia dos funcionários dos órgãos punitivos eram
chamados de criminosos "comuns" - para diferenciar dos políticos. Com
eles eram possíveis os contatos e cooperação, e usá-los contra os opositores
políticos do regime.
Nossos
interlocutores estão convencidos: na Ukraina atual a milícia, de um ou outro
modo controla todos os informais "clubes de luta". Em toda parte há
"ratos" suficientes. A convivência com os órgãos de proteção da lei acontece
assim: os protetores da ordem fecham os olhos a certos crimes dos
"protegidos" (especialmente quando se trata de ataques a minorias),
mas em contrapartida eles devem executar estas ou aquelas encomendas.
O quanto
neste caso (a
briga que aconteceu paralelamente a manifestação em Kyiv em 18 de maio) pode-se
falar sobre afinidade ideológica da milícia e criminosos é difícil dizer.
Sabe-se que o investigador que procedeu ao depoimento da jornalista Olga
Snitsarchuk (a jornalista que apanhou prá valer só porque estava fotografando
uma briga entre alguns oposicionistas e membros do grupo criminoso -OK),
por algum motivo perguntava, se ela não compartilha idéias de Bandera (Bandera foi
líder da Organização dos Nacionalistas Ukrainianos contra o domínio russo e
fascista, mas foi acusado pelos russos e seus atuais "filhotes" de
fascista porque não ajudou o povo "irmão" contra a invasão alemã. Os
nacionalistas ukrainianos proclamaram a independência do Estado Ukrainiano no
mesmo dia da chegada dos alemães, mas não obtiveram sucesso - OK).
Isto pode-se explicar com o desejo da milícia, de provar que Olga não estava na
manifestação desempenhando suas obrigações profissionais e, portanto, o ataque
a ela qualificar como vandalismo.
Segue um
triste exemplo da ação desses criminosos protegidos pelo governo ukrainiano.
O
ativista de Kyiv foi espancado por causa do idioma ukrainiano.
Ukrainska
Pravda (Verdade Ukrainiana, 26.05.2013
O
ativista do "Hostynnei Dvir" Yevhen Parfanov (Hostynnei Dvir é uma construção que data
de 1809. Atualmente ali funcionam lojas, bares e uma biblioteca dedicada às
construções de arquitetura. O governo tem planos de reconstrução para fazer aí
um centro comercial. Muitos ativistas, especialmente da organização
"Proteja Velho Kyiv" e "Direito a cidade" iniciaram ações
de protesto. Eles ocuparam parte do prédio que permanecia fechada e realizam aí
eventos criativos e culturais - OK). No sábado pela manhã atacaram
um ativista porque ele conversava no idioma ukrainiano. Ele conta no vídeo como
aconteceu. Aproximadamente às 5 horas da manhã, próximo da loja
"Silpo" na rua Hnat Yura ele falava no celular, com um amigo, na
língua ukrainiana, quando aproximaram-se 6 pessoas de constituição atlética,
com cerca de 25 anos de idade. Apenas disseram: - "O que, um
nacionalista?" - "Sim", eu respondi e fui atingido no rosto,
contou o rapaz sobre o início do conflito.
De acordo
com Parfanov um batia, enquanto os outros ficaram em volta acobertando.
As fotos
são de Tamara Shevchuk que visitou Yevhen no hospital e escreveu no Facebook
que os médicos diagnosticaram duas fissuras no crânio, concussão cerebral,
mandíbula quebrada, corte na mão, não vê com o olho esquerdo.
Assim
agem os protegidos do governo!
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: A.Oliynik
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