Esta reportagem mostra o modus operandi do comunismo e suas repercussões para os países que decidem fazer acordos políticos, comerciais ou econômicos com países comunistas como a Rússia. Esses países imaginam que, com tais acordos, irão viver um paraíso e acabam descobrindo que ingressaram no verdadeiro inferno cujo ferrolho da porta só se abre pelo lado de fora.
A Ucrânia que se acautele com os acenos do urso russo e fuja de seu abraço que é sempre mortal. Ou já esqueceram o holodomor?
O Cossaco.
Tyzhden (Semana), 27.09.2011
Oleksandr Leonov
Segundo sabedoria popular, o tolo aprende com seus erros, o inteligente - com erros de estranhos. Isto também é característica de países - e a situação dos países da União Aduaneira (UA), é um testemunho expressivo ao convite insistente da Rússia a Ukraina.
Bielorrússia em exportação
Parece que Bielorrússia voltou ao início de 1990: quase desapareceram do mercado as lingüiças e há filas enormes para compra de carne, enquanto o valor dessas mercadorias no mercado, para cidadãos comuns, agora é inacessível.
O preço das lingüiças apenas durante uma semana de setembro quase dobrou. Em compensação, a desvalorização do rublo bielorrusso causou um aumento considerável na popularidade de produtos alimentares da Bielorrússia aos consumidores russos. Na verdade, apenas um mil rublos russos pode-se trocar por 300 mil rublos bielorrussos e comprar 6kg de um bom pedaço de lombo de porco.
Na mídia bielorrussa agora o tema principal são as histórias sobre os carregamentos russos em áreas de fronteira. A situação tornou-se de tal gravidade, que na república vizinha já foram constatados inúmeros casos de "corpo a corpo" em supermercados, entre russos e bielorrussos. Adquiriu ressonância especial o conflito que ocorreu em Mstyslau na fila do leite, onde os compradores russos não permitiram, de maneira grosseira e abusiva, a uma moradora local adquirir um litro de leite.
Na Bielorrússia, o mercado de alimentos era estritamente regulado por medidas administrativas. Para o consumo doméstico os produtos deveriam ser vendidos pelo chamado preço social, e as exportações, principalmente para Rússia, restritos. Atualmente, dentro dos limites da União Aduaneira as mercadorias devem ser deslocados sem restrições. E isto significa, que a economia russa por ser mais forte, como um aspirador, suga os recursos de seus "aliados".
Até os representantes das autoridades da Bielorrússia reconhecem que os produtos alimentares são massivamente exportados para Rússia. Recentemente, o vice-ministro da Agricultura Vasyl Pavlovskyi observou que o monitoramento dos técnicos mostrou que 70% do comércio fronteiriço na Rússia recai sobre os produtos bielorrussos lácteos e carnes. O presidente do centro de controle Oleksandr Yakobsen reclamou, que "limites e barreiras não há, e com os produtos exporta-se o orçamento do país, porque a produção de carne e leite na Bielorrússia é subvencionada pelo orçamento".
Como conseqüência do agravamento da balança comercial da Bielorrússia rapidamente processa-se a lavagem da moeda estrangeira. Apenas em três meses os bancos bielorrussos observaram uma queda de 1 bilhão de USD nas contas dos cidadãos, - exatamente assim explodiu o "pânico da moeda". Seguiram-se as primeiras notícias de uma possível troca forçada para investidores, em rublos bielorrussos. As situações não conseguiram subjugar, mas a troca da moeda ocorre somente com a apresentação do passaporte e em grau muito limitado.
As exportações de mercadorias russas vêm aumentando, enquanto as importações da Bielorrússia, em geral, vêm diminuindo não apenas na Federação Russa, mas também nos países da UE, que impuseram sanções sobre as principais empresas da república orientadas para exportação. Rússia não se apressa comprar bens industriais da Bielorrússia, o que piora o balanço de pagamentos - no momento que os cidadãos russos compram produtos, o que contribui para sua escassez e aumenta o pânico entre a população. Isto causa influência negativa na economia da qual Bielorrússia controla cada vez partes menores. O presidente Lukashenka já prometeu a Gazprom não só a metade das ações do Byeltranshaz, que atualmente é propriedade do país [1] e ações de outras empresas especialmente de indústria petrolífera. Provavelmente com ações das empresas será pago o empréstimo de USD 3 bilhões, que Lukashenka pediu aos russos para superar a crise.
É claro, Bielorrússia tinha um modelo econômico muito específico, que começou rachar nas emendas ainda no final do ano passado. No entanto, acontecem processos semelhantes com outro membro da UA, apesar de que a estrutura da economia, e sua força é significativamente diferente do modelo bielorrusso.
Decolagem travada
Hoje, Cazaquistão é forçado recorrer a técnicas semelhantes a Bielorrússia: congelar os preços de mercadorias socialmente importantes, introduzir o controle governamental de preços. Para regular a situação no mercado consumidor de Cazaquistão foi preciso criar uma comissão de preços liderada pelo Vice-Primeiro-Ministro Umirzaka Shukeeva. A situação é realmente complicada, pelo menos, incomum para um Cazaquistão próspero. Sim, praticamente dobrou o preço do açúcar, o preço do trigo sarraceno subiu 2,5 vezes, carne bovina 40%, de carneiro 33%, enquanto o poder de compra real da população diminuiu drasticamente. O aumento dos preços de alimentos básicos e serviços comunais afeta, em primeiro lugar, os bolsos dos grupos de baixa renda: aposentados, estudantes e pequenas empresas.
Os especialistas e funcionários do governo do Cazaquistão relacionam as dificuldades econômicas com a entrada do país na União Aduaneira. Como até a mídia russa observa, os empresários russos da iniciativa privada compram o trigo cultivado no Cazaquistão, embalam em invólucro russo e vendem ao Cazaquistão como produto russo duas vezes mais caro. O mesmo, pensam as autoridades, os russos fizeram com os preços dos combustíveis que já são incomensuráveis em relação a renda dos cazaques. O presidente do Cazaquistão já recebeu uma série de apelos e cartas abertas de pessoas de destaque da população. Políticos e representantes da mídia exigem denunciar o acordo sobre adesão do país à União Aduaneira. Os autores não indicam somente as perdas que sofre o país com a participação na associação, mas ameaçam com demissão a liderança do país, incluindo o presidente. E isto num país que ostentava crescimento econômico estável e decentes padrões sociais, podia atrair investimentos estrangeiros e com otimismo olhar para o futuro. No entanto, concordando na amizade com a Rússia, nas condições russas, Cazaquistão restringiu as oportunidades para decolagens futuras.
Os resultados da Associação
Na Bielorrússia, e em Cazaquistão os especialistas prevêem ações de protestos, os quais ameaçam com explosão social. Além disso, é importante notar mais dois problemas fundamentais, sobre os quais falam abertamente já na própria Rússia, e que podem tornar-se atuais também para Ukraina.
Em primeiro lugar, o assunto é as iniciadas guerras comerciais da UA contra vizinhos e separadamente a exclusão de alguns produtos do assim chamado distante exterior. Talvez tal procedimento permita, por algum tempo garantir certo crescimento industrial e informar sobre alcances imediatos da UA. No entanto, tal abordagem coloca uma grande cruz nos planos de modernização do todos os participantes da União Aduaneira. Porque é difícil argumentar, que os computadores, eletrônica, russos etc., diferenciam seus produtos dos produtos japoneses, europeus ou americanos análogos. Então UA pode simplesmente conservar o atraso tecnológico em relação a todos os países avançados do mundo, mas ele fará esta diferença literalmente intransponível. Assim, garante para sempre a prescrição de seus membros no chamado gueto "terceiro mundo".
Em segundo lugar, o desastre da UA pode tornar-se um tsunami de contravenções fronteiriças. E esse problema vai prejudicar tanto os países quanto os consumidores comuns. De acordo com o Serviço de Fronteiras FSB (Rússia) 43% do contrabando é detido na fronteira com o Cazaquistão. As conseqüências do desaparecimento dessa fronteira, ninguém prevê. E aqui surge uma série de desafios sérios. Isto é extremamente baixa qualidade do contrabando, que afetará a segurança dos cidadãos. É também grande quantidade, que prejudicará a produção nos países da UA. O que fazer com isso - por enquanto ninguém sabe.
Portanto, Ukraina tem a chance de estudar minuciosamente a experiência dos participantes da UA, para fazer as devidas conclusões e não importar problemas desnecessários - quando seus já estão sobrando.
[1] Como já constou num artigo anterior, Lukashenka já negociou com a Rússia as ações de Byeltranshaz, em troca de um crédito de USD 10 bilhões a 15 anos, construção de uma usina nuclear no território bielorrusso e o preço do gás no mesmo valor de Yamalo-Nenetz, local onde é explorado, preço que já foi negociado com a Rússia anteriormente e, segundo promessas de Putin entrará em vigor agora porque Lukashenka ameaçou não entrar na UA.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
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