sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MIXÓRDIAS NA UCRÂNIA

O que Europa diz à Ukraina, para o juiz Vovk - "não tem a menor importância..."
Vyssokyi Zamok (Castelo Alto), 31.01.2012
Ivan Farion


Juiz Vovk
Apesar da Resolução da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que exige a libertação da prisão de ex-membros do governo ukrainiano, o juiz Vovk novamente se recusou libertar da prisão o ex-ministro do Interior Yuriy Lutsenko. Chamou tal medida "não fundamentada".

O advogado, ex-Vice-Procurador Geral Oleksiy Bahanets indicou três razões: conclusão do interrogatório às testemunhas, resultados recentes de exames médicos com recomendações para o necessário tratamento e, ainda, a Resolução da PACE.

O advogado Ihor Fomin lembrou que Ukraina é um país sócio do Conselho Europeu, portanto as decisões da PACE devem ser, obrigatoriamente acatadas.

A esposa [de Lutsenko], Irena, que tem o estatuto de defensora de seu marido, disse:

"Meritíssimo, o senhor é juiz com anos de experiência. Por favor, diga, por que Landyk, que arrasta uma mulher pelo cabelo, pelo salão do restaurante, pode ser justificado? [1]. Por que o filho de Demishkan, que admitiu ter amarrado uma bateria [de automóvel] em seu parceiro e afogou-o, pode ser justificado? [2]. Por que os policiais que, pode ser inadvertidamente, matam pessoas, são justificados? Por que os assassinos sádicos a nossa justiça absolve e liberta?... Peço-lhe alterar a medida preventiva. Peço-lhe encarecidamente, meritíssimo. Meu marido - não é um criminoso".

Depois dessas palavras Irena não conteve o choro e saiu da sala. Porém o juiz permaneceu imperturbável e recusou-se a libertar Lutsenko da prisão na qual está desde 26.12.2010. Segundo ele, na realização da justiça observa-se apenas a lei, e nenhuma intervenção, nem mesmo a PACE poderá induzi-lo a uma tomada de decisão não baseada na lei.




Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana) 31.01.2012

[1] No dia 19.01.2012 Roman Landyk (o caso já foi comentado neste blog - é o rapaz que arrastou uma moça pelo cabelo no restaurante) foi condenado condicionalmente e dispensado diretamente da sala do tribunal. Ele é filho do escandaloso deputado "regional" Volodymyr Landyk.

Nota do Editor: Leia a notícia e assista as cenas de brutalidade e estupidez do fascinora pelo video clicando no link a seguir:  http://noticiasdaucrania.blogspot.com/2011/08/dignidade-contra-arbitrariedade.html

Se Roman Landyk não bater em ninguém nos próximos dois anos, estará completamente livre.

O problema no restaurante surgiu porque a moça não correspondeu ao flerte de Landyk. Detalhe: em casa havia uma esposa grávida. Posteriormente, no tribunal, Landyk afirmou que tinha o direito de arrastá-la e até quebrar-lhe as pernas.


É assim que se comportam os filhos "majores", dos partidários do presidente. Sabem que não lhes acontecerá nada.


[2] O Tribunal condenou condicionalmente o filho do deputado das Regiões (partido do Presidente), o qual "imprudentemente" matou uma pessoa.

O filho do deputado "regional" Volodymyr Demishkan (correligionário e amigo do presidente), Serhiy, que foi acusado na organização, sequestro e brutal assassinato, recebeu apenas uma pena condicional.

Preso, Demishkan totalmente admitiu sua culpa e mostrou onde estava o cadáver, mas recebeu apenas uma pena condicional.

Cúmplices de assassinato - Serhiy Levchenko e Oleksandr Kudrin - receberam 5 e 7 anos de prisão real, respectivamente.

A investigação judicial foi realizada em condições tais que dela não souberam os parentes da vítima Vasyl Krevozub e, portanto, não tiveram possibilidade de apelação, disse o representante da família Andriy Mamalyha.

"Esta sentença não é para Demishkan, é para o sistema judicial. Ela vai entrar nos anais do sistema judicial e da promotoria", - acrescentou Mamalyha.

O crime aconteceu em novembro de 2007, quando, em Kyiv foi sequestrado Vasyl Kryvozub, 62 anos, diretor da companhia aérea "Krunk", veterano da guerra do Afeganistão.

Mais tarde verificou-se que Kryvozub foi sequestrado por seu parceiro de negócios - filho do deputado Demishkan, Serhiy Demishkan, com ajuda de seu compadre Serhiy Levchenko e o amigo comum Oleksandr Kudrin.

A empresa tomava aviões sob locação e depois os sublocava.

Krevozub decidiu rescindir o contrato. Ele não tinha possibilidade de saldar uma dívida e recusou-se entregar um avião quase de graça.

Esta foi a causa do assassinato segundo a versão da investigação.


Avakov diz que o processo penal não vai quebrá-lo espiritualmente

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana, 12.01.2012
Tyzhden (Semana), 01.02.2012

Avakov
O presidente do partido Batkivshchyna de Kharkiv, quer conhecer a acusação da Procuradoria contra sua pessoa. Para isto ele encarregou seu advogado, já que encontra-se no estrangeiro. Ele declara que não tem ilusões quanto aos órgãos da justiça, mas pretende seguir os procedimentos corretos.

Arsen Avakov diz que a questão criminal para ele tanto era esperada quanto surpreendente. E, deve-se ao fato do governo ter visto que a oposição em Kharkiv aumentou bastante. Já o partido considera a questão de Avakov como terror político relacionado com o fato da transferência da Tymoshenko para colônia penal de Kharkiv.

"Além disso, deste modo o governo tenta enfraquecer a coordenação do partido em Kharkiv, onde Avakov tem grande apoio e onde lhe tomaram, ilegalmente, a vitória nas eleições para prefeito".

A oposição pede a Interpol não procurar Avakov. Pede que a Interpol recuse às autoridades policiais da Ukraina na investigação e detenção do ex-governador de Kharkiv Arsen Avakov, devido à perseguição política.

"Arsen Avakov, como Yulia Tymoshenko, Yuriy Lutsenko, Valeriy Ivashchenko, Bohdan Danylyshen e Yevhen Korniychuk foram acusados pelo notório artigo 365 do Código Penal da Ukraina - pelo abuso de poder. Este artigo foi herdado da antiga legislação da União Soviética. Não é específico e dá possibilidades para avaliações puramente políticas sob o prisma de processo criminal. É usado pelas autoridades atuais, ukrainianas, para realizar repressões contra os opositores políticos" - diz a carta a Interpol.

A oposição lembrou também que a motivação política de perseguição criminal pelo regime de Yanukovych já é reconhecida pelo governo dos EUA e países da União Européia, instituições internacionais e organizações de direitos humanos.

Arsen Avakov está fora do país, mas declara que o governo pressiona através de sua esposa e filho.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik


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