quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

PEQUIM PROPÕE A MOSCOU CRIAR UMA OTAN EURASIANA?

Tyzhden (Semana), 10.02.2012
Viktor Kaspruk

Recentemente, o órgão oficial do Bureau Político do Comitê Central do PCC o jornal "Diário do Povo" publicou um artigo intitulado "China e Rússia devem criar uma aliança euroasiática". Parece que os especialistas estão sinceramente preocupados com a escalada de tensão, que acontece agora em torno do Irã. Grandes suspeitas em Pequim causa a nova estratégia dos EUA, a qual é ameaça ao regime comunista.

É importante notar que, apesar da cautela de Moscou em relação a China, as relações da Rússia com China melhoraram significativamente no tempo do reinado de Putin. A votação sincrônica no Conselho de Segurança da ONU da Rússia e China - é apenas parte do projeto da aliança dos dois países que discordam categoricamente com a dominação dos Estados Unidos na política mundial.

Hoje Pequim tenta apressar Moscou na questão de futura sincronização em ações conjuntas no cenário internacional. E, de fato, propõe uma gama de associações geopolíticas, econômicas, históricas e fatores culturais, que permitiriam, do ponto de vista do alto comando chinês, ativamente, resistir à hegemonia americana no mundo. Nos últimos 20 anos o ex-presidente da Rússia Boris Yeltsin e o presidente/premier Vladimir Putin executavam uma política na direção chinesa norteada pelo pragmatismo e raciocínio ideológico. O que resultou na convergência gradual e melhoria de relações com a China.

A "Parceria Estratégica" foi anunciada por Boris Yeltsin e ex-presidente da China Jiang Zemin, em 1996. Mas, quando Putin chegou ao poder em 2000, então, apesar de que a cooperção econômica e política dos dois países expandia-se, Moscou esquivava-se da formalização de aliança, para não aprofundar a sempre crescente irritação dos Estados Unidos devido a aproximação russo-chinesa.

Entretanto, a atitude de Moscou para com a China é necessário examinar através do prisma visto pela Rússia como unicamente seu o papel eurasiano e as tentativas do Kremlin dominar o espaço Euroasiático, ao qual, por algum motivo já incluiu Ukraina. Ocupando grandes territórios no espaço geográfico entre Europa e Ásia, Rússia constantemente vivencia a dualidade de sua identidade.

Após as tentativas de realização de reformas pró-ocidentais no tempo de Mikhail Gorbachev e Bóris Yeltsin, a reversão durante Putin à doutrina da Eurásia novamente aproxima Rússia à herança asiática do período mongol e descobertas formas de despotismo asiático.

No entanto, se em um curto período dos anos cinquenta, de aliança soviético-chinesa, a União Soviética considerava-se "irmão mais velho", então na recente aliança o papel semelhante à Rússia dificilmente dar-se-á. E isso em Moscou reconhecem maravilhosamente. Além disso, a bom tempo em Pequim compreendem: se China brigar com Washington então automaticamente ficarão prejudicadas as relações com os aliados e amigos dos Estados Unidos, que hoje compõem quase todo o mundo atual desenvolvido. Até recentemente os analistas chineses diretamente indicavam que os Estados Unidos para China era o país mais importante, e Rússia para eles ocupava o segundo lugar.

Hoje os chineses afirmam, que dentro da situação, que se apresenta atualmente, a meta dos americanos é a conquista do mundo. E Eurásia em tal situação será "o principal campo de ação". Diante de nossos olhos (de acordo com o pensamento de Pequim) Washington sitia e isola China e Rússia - eles são "o seu último objetivo estratégico".

Segundo o pensamento de especialistas chineses, em Moscou não prestam muita atenção a fatos que acontecem. Apesar de que esforçam-se "opor-se à força militar dos EUA, direcionada contra o Irã", vendendo para Irã e Siria aviões de combate e mísseis. Ocorre que, nesta situação, os dois países tem interesses comuns e, portanto, "devem juntos conter as ações dos EUA de pressão sobre os países mais fracos, e também restringir suas ambições estratégicas na criação do império."

Parece que a nova estrtégia militar dos EUA tornou-se a alavanca geopolítica que começou deslocar mais a política chinesa em direção a Moscou. No entanto, entusiasmo que os chineses esperavam da Rússia, ainda não se constata. A iniciativa de Pequim claramente não se dá na hora certa. Kremlin não se prepara à aliança com a China, assumir o papel de "irmão mais novo". E seus "planos chineses" têm outros objetivos estratégicos.

Para os russos, a cooperação com a China no domínio geopolítico é importante para que não haja conflitos abertos com os EUA e em geral com o Ocidente e que force Washington e seus aliados a concordar com o mundo multipolar.

É exatamente neste sentido que Rússia deseja contar com China. Porque a multipolaridade, pensam em Moscou, trará para Rússia a restauração do status de superpotência e a possibilidade de dominação completa no espaço pós-soviético.

A estratégia russa consiste em envolver a China em confronto com os EUA, mantendo-se de lado. A nova estratégia militar dos Estados Unidos, que se tornou resposta dos americanos à modernização militar chinesa, hoje é a melhor resposta para os planos da Rússia.

Atualmente a resposta estratégica chinesa aos Estados Unidos vai formar as futuras relações EUA-China. Possivelmente, os chineses se adiantaram, e o artigo no jornal "Diário do Povo" "China e Rússia devem criar uma aliança euroasiática" é uma versão infeliz para tal resposta.

A possibilidade de conflito no Estreito de Taiwan tem sido dominante nas relações EUA-China, mas, além disso, há uma série de relações estratégicas que são refletidas nas posições militares dos dois países. Assim, as obrigações internacionais dos Estados Unidos exigem apoiar a superioridade qualitativa e quantitativa das forças americanas.

Ao mesmo tempo China aumenta sua capacidade armada de acordo com suas ambições globais e aquisição de superioridade militar sobre os seus rivais regionais - Índia, Coreia do Sul e Japão.

Não podemos excluir, que na proposição chinesa à Rússia está contido um velado desejo de Pequim para criar uma aliança militar que poderia representar concorrência a OTAN. Algo como uma aliança de defesa militar Eurasiana (ADME). Para onde será muito fácil a Moscou envolver os países da Ásia Central, que faziam parte da antiga União Soviética, o Cazaquistão e a Bielorrússia.

Com Ukraina a questão é vista em uma perspectiva ligeiramente diferente. Especialmente com o inventado regime dos "yanukovychis" para bloquear à Ukraina o caminho a OTAN, facilmente poderá ser trocado e domesticado, pelo Partido das Regiões no Parlamento, quando o assunto surgir sobre aliança de defesa militar eurasiana. É possível que os "yanukovychi" decidam - à ADME aos ukrainianos pode. No entanto é possível um outro passo do lado russo: se Ukraina não concordar por quaisquer razões participar da aliança de defesa militar eurasiana, então Moscou, para Ukraina, Bielorrússia e Moldávia é capaz de propor uma outra alternativa, algo parecido ao novo pacto de Varsóvia para países da parte européia da ex-URSS. Fantasias políticas Putin tem suficiente.

A possível união militar Rússia x China, sem dúvida mudaria significativamente a situação geopolítica do mundo. Em primeiro lugar a situação do Extremo Oriente e da Ásia Central. Visto que aqui de fato e imediatamente mudaria o equilíbrio do poder que existia por décadas. Primeiramente sentiriam países como Japão, Coréia do Sul e Índia. Porque, se antes eles se sentiam seguros, com a formação de uma tal aliança, perante eles, surgiria o problema de ingresso à aliança de defesa militar eurasiana, ou oposição às forças unidas e predominantes da Rússia e China.

Teoricamente com a formação da ADME surgiria a oportunidade de oposição aos EUA e bloco de países da OTAN em outras regiões. Em primeiro lugar na África, ou até na América Latina. Em termos de apoio aos países que se declaram de oposição aos EUA e da criação eventual de bases militares da ADME, poderá resultar a formação de um mundo bipolar e nova "guerra fria". No entanto, no caminho para tal desenvolvimento surge a questão da possibilidade de criar uma aliança militar forte.

Primeiro de tudo, além do estabelecimento formal de uma união assim, o que é possível num futuro próximo, surge a pergunta - o quanto as metas de cada um desses parceiros coincidem com as metas do outro. E aqui, já por antecedência evidencia-se conflito interno. Visto que cada um dos parceiros se vê como lider, julgando-se (e não sem base) com certas vantagens: Rússia em termos de exclusivas tecnologias residuais, e China em termos de velocidade de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, vendo um ao outro apenas como um apêndice secundário para si.

Tais diferenças imediatamente levarão a um confronto, mesmo com a formação de uma aliança militar. E mais adiante, com essas diferenças, facilmente poderá se aproveitar qualquer um dos jogadores de fora, incluíndo os países da OTAN e os EUA.

Mas há ainda mais um obstáculo fundamental muito grave para abertura de uma forte aliança russo-chinesa. Porque a China, como bem sabe a grande parte de sua elite política, tornar-se-á muito vulnerável se EUA e países europeus aplicarem contra ela quaisquer (mesmo leves) sanções econômicas. Então o "castelinho de cartas" da economia chinesa entrará em colapso dentro de poucos anos. A recuperação exigirá décadas de esforço extraordinário.

Do mesmo modo o "castelinho de cartas" do novo império russo facilmente entra em colapso se as sanções forem direcionadas sobre o gás e em geral de fornecimentos energéticos. E também sanções contra a elite russa, como congelamento ou eliminação de suas participações financeiras mantidas em bancos ocidentais. Exatamente essa é a ameaça mais séria que levará ao conflito de elites russas e desestabilização ou destruição do regime de Putin.

Além disso, os locais vulneráveis da Rússia e China são tão óbvios que nem sequer precisa confronto sério. Basta em algum lugar, no nível diplomático "vazar" um plano de ações futurass quanto a um ou outro oponente ocidental que, no curto prazo pode levar a suspensão de projetos de oposição aos países do mundo civilizado.

Não é exclusivo que, aproximado de tal cenário pode desdobrar-se o próximo confronto, o qual resultará em salvaguarda de interesses comerciais próprios das elitess da Rússia e da China. Por conseguinte, a criação da OTAN Eurasiana permanece em aberto. Existe uma grande diferença em assustar o mundo com um confronto mundial, ou abertamente caminhar para ele. Porque arriscando-se por tal confronto, pode-se perder muito, muito.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

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