Tyzhden (Semana), 04.01.2012
Yurii Raukhel
O governo russo está chocado com os protestos da oposição e age reflexivamente e situacionalmente. Sobre isso testemunham as próximas mudanças, que afetarão o sistema político propostas na mensagem anual do presidente Medvedev para Assembléia Federal.
É muito difícil resistir à realização de um paralelo histórico com o maior manifesto imperial sobre a melhoria do sistema estatal, proclamado em 17 de outubro de 1905 e conhecido como o Manifesto de Outubro. Nele estavam determinados os direitos civis fundamentais e as liberdades. O czar precisou de tal passo. Na verdade, o texto do documento foi escrito pelo conde Serhii Witte, para acalmar a onda de protestos e greves.
A comunidade liberal recebeu com alegria o manifesto, reproduzido no quadro "17 de outubro de 1905" pelo grande pintor russo Ilya Repin. No entanto, tão arrebatado entusismo não vivenciam todos. O futuro presidente do Partido da Liberdade Popular Pavel Miliukov em Moscou, na sessão do Círculo Literário expressou-se surpreendentemente: "Nada mudou, a guerra continua". Naqueles tempos surgiu a popular sátira: "O czar ficou com medo, lançou um manifesto: aos mortos - liberdade, aos vivos - prisão!"
Se continuar o estabelecimento do paralelismo, então o choque do governo russo não deve sobrestar. Bem como as alterações propostas para a reforma política. O apresentado, pelo presidente, projeto de lei para simplificar o registro dos partidos políticos e as próximas eleições de governadores, que seriam acompanhadas com controle atencioso do presidente, são as mesmas promessas que foram declaradas no manifesto czarista.
No calor dos protestos e concessões prometidas pelo governo, como dizem, para concordar, o judiciário continua a perseguição a oponentes políticos. O político da esquerda Sergei Udaltsov, imediatamente após ser liberado da prisão, viu-se atrás das grades devido a nova acusação. E isto, apesar da greve de fome que ele anunciou, e precária saúde. Na sessão de julgamento sentiu-se mal, precisaram chamar auxílio médico. No entanto, isso não impediu que a juíza Burovka o condenasse a 10 dias de prísão administrativa. Lugar para consideração não há. Pelo contrário é preciso preparar-se para mais complexa e mais forte pressão.
O problema principal do governo agora são as eleições presidenciais de março de 2012. E aqui é necessária não apenas uma vitória, mas a vitória de Putin no primeiro turno. O segundo turno é mortal por muitas razões. Primeiro, entre as etapas eleitorais a tendência dos protestos pode ganhar impulsos consideráveis, respectivamente a vitória no segundo turno pode tornar-se problemática, dado que as oportunidades de falseamento e fraudes escasseam. O slogan "Nenhum voto para Putin!" poderá materializar-se. Em segundo lugar, vitória difícil com pouca vantagem no segundo turno colocará em dúvida a legitimidade de Putin-presidente e elimina o questionamento sobre um possível segundo mandato. Em terceiro lugar, e este é o argumento mais importante e mais perigoso para o governo, porque a burocracia receberá testemunho de fraqueza da vertical do governo e de todo regime.
O último complica-se para governo porque é muito perceptível a divisão do "estabishment". A união entre os chekistas, tecnocratas e avançada nomenclatura ficou bastante abalada. Até certo ponto pode-se falar sobre ruptura entre segundos e terceiros com os primeiros. Prova disto é a adesão do ex-ministro das finanças, Alexei Kudrin aos manifestantes na avenida Sakharov. Assim como após o manifesto do czar, continua o ativo processo de criação do Partido Liberal direitista - o porta voz dos interesses de grandes e médias empresas, introduzida nomenclatura e parte da burocracia regional, descontente com o centralismo de Moscou. A divisão, por enquanto não acumulou necessária profundidade à crise, mas sua tendência de crescimento é claramente visível. Durante e após a revolução de 1905 o maior perigo para autoridade czarista foram, antes de tudo os cadetes e o assim chamado Bloco Progressivo da Duma do Estado, assim como agora nós observamos essa tendência.
Ao mesmo tempo, com essa força política que rapidamente se forma, Putin e companhia tentarão negociações, para resolver dois problemas: encontrar uma maneira de continuar sua vida política e, assim, permanecer no poder e garantir a integridade pessoal e financeira, se for levado a abandonar o poder.
Hoje é difícil prever o que acontecerá pela frente. Na equação da vida política russa surgem fatos inesperados. E não foi pouco que Putin e seu clã causaram, então entrar em acordo não será fácil. Antes de tudo, com o aumento dos protestos ninguém terá desejo de associar-se com o odioso governante. E traiçoeiro, ao qual, devido a hábitos chekistas, confiar é muito perigoso.
Outro problema. Muita pilhagem. Não poucas pessoas respeitadas nos círculos de negócios foram ofendidas, e alguns como Khodorkovskyi e Lebedev foram aprisionados. Claro, todos eles vão querer recuperar o que, traiçoeiramente, lhes levaram, daí a complexidade das negociações. Compromisso é quase impossível.
O terceiro problema já é de caráter pessoal. De alguma forma é possível afastar-se do poder, a não ser, é claro, se não depuserem, capturando Kremlin. No entanto aonde se esconder da possível ordem internacional, emitida pelo novo governo sob a pressão das massas. O destino de Mubarak, Gadafi, enfim, Yulia Tymoshenko, num sistema lírico é improvável que se realize. Ao czar Nicolau II teria sido mais fácil. Se fosse mais inteligente, renunciasse em tempo e silenciosamente fosse para junto de seus parentes próximos na Dinamarca, em último caso, para os mais distantes na Inglaterra. Mas pensava que a nação temente a Deus era simpática a ele, e todos os tumultos eram ações de estrangeiros e agentes de estados centrais.
Por isso, o clã do Putin compreende, que encontra-se num beco sem saída e deve agarrar-se ao poder de qualquer modo, mesmo adotando métodos criminosos. Em relação a Rússia esperam-se tempos muito difíceis. Somente que sejam sem sangrentos domingos.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Yurii Raukhel
O governo russo está chocado com os protestos da oposição e age reflexivamente e situacionalmente. Sobre isso testemunham as próximas mudanças, que afetarão o sistema político propostas na mensagem anual do presidente Medvedev para Assembléia Federal.
É muito difícil resistir à realização de um paralelo histórico com o maior manifesto imperial sobre a melhoria do sistema estatal, proclamado em 17 de outubro de 1905 e conhecido como o Manifesto de Outubro. Nele estavam determinados os direitos civis fundamentais e as liberdades. O czar precisou de tal passo. Na verdade, o texto do documento foi escrito pelo conde Serhii Witte, para acalmar a onda de protestos e greves.
A comunidade liberal recebeu com alegria o manifesto, reproduzido no quadro "17 de outubro de 1905" pelo grande pintor russo Ilya Repin. No entanto, tão arrebatado entusismo não vivenciam todos. O futuro presidente do Partido da Liberdade Popular Pavel Miliukov em Moscou, na sessão do Círculo Literário expressou-se surpreendentemente: "Nada mudou, a guerra continua". Naqueles tempos surgiu a popular sátira: "O czar ficou com medo, lançou um manifesto: aos mortos - liberdade, aos vivos - prisão!"
Se continuar o estabelecimento do paralelismo, então o choque do governo russo não deve sobrestar. Bem como as alterações propostas para a reforma política. O apresentado, pelo presidente, projeto de lei para simplificar o registro dos partidos políticos e as próximas eleições de governadores, que seriam acompanhadas com controle atencioso do presidente, são as mesmas promessas que foram declaradas no manifesto czarista.
No calor dos protestos e concessões prometidas pelo governo, como dizem, para concordar, o judiciário continua a perseguição a oponentes políticos. O político da esquerda Sergei Udaltsov, imediatamente após ser liberado da prisão, viu-se atrás das grades devido a nova acusação. E isto, apesar da greve de fome que ele anunciou, e precária saúde. Na sessão de julgamento sentiu-se mal, precisaram chamar auxílio médico. No entanto, isso não impediu que a juíza Burovka o condenasse a 10 dias de prísão administrativa. Lugar para consideração não há. Pelo contrário é preciso preparar-se para mais complexa e mais forte pressão.
O problema principal do governo agora são as eleições presidenciais de março de 2012. E aqui é necessária não apenas uma vitória, mas a vitória de Putin no primeiro turno. O segundo turno é mortal por muitas razões. Primeiro, entre as etapas eleitorais a tendência dos protestos pode ganhar impulsos consideráveis, respectivamente a vitória no segundo turno pode tornar-se problemática, dado que as oportunidades de falseamento e fraudes escasseam. O slogan "Nenhum voto para Putin!" poderá materializar-se. Em segundo lugar, vitória difícil com pouca vantagem no segundo turno colocará em dúvida a legitimidade de Putin-presidente e elimina o questionamento sobre um possível segundo mandato. Em terceiro lugar, e este é o argumento mais importante e mais perigoso para o governo, porque a burocracia receberá testemunho de fraqueza da vertical do governo e de todo regime.
O último complica-se para governo porque é muito perceptível a divisão do "estabishment". A união entre os chekistas, tecnocratas e avançada nomenclatura ficou bastante abalada. Até certo ponto pode-se falar sobre ruptura entre segundos e terceiros com os primeiros. Prova disto é a adesão do ex-ministro das finanças, Alexei Kudrin aos manifestantes na avenida Sakharov. Assim como após o manifesto do czar, continua o ativo processo de criação do Partido Liberal direitista - o porta voz dos interesses de grandes e médias empresas, introduzida nomenclatura e parte da burocracia regional, descontente com o centralismo de Moscou. A divisão, por enquanto não acumulou necessária profundidade à crise, mas sua tendência de crescimento é claramente visível. Durante e após a revolução de 1905 o maior perigo para autoridade czarista foram, antes de tudo os cadetes e o assim chamado Bloco Progressivo da Duma do Estado, assim como agora nós observamos essa tendência.
Ao mesmo tempo, com essa força política que rapidamente se forma, Putin e companhia tentarão negociações, para resolver dois problemas: encontrar uma maneira de continuar sua vida política e, assim, permanecer no poder e garantir a integridade pessoal e financeira, se for levado a abandonar o poder.
Hoje é difícil prever o que acontecerá pela frente. Na equação da vida política russa surgem fatos inesperados. E não foi pouco que Putin e seu clã causaram, então entrar em acordo não será fácil. Antes de tudo, com o aumento dos protestos ninguém terá desejo de associar-se com o odioso governante. E traiçoeiro, ao qual, devido a hábitos chekistas, confiar é muito perigoso.
Outro problema. Muita pilhagem. Não poucas pessoas respeitadas nos círculos de negócios foram ofendidas, e alguns como Khodorkovskyi e Lebedev foram aprisionados. Claro, todos eles vão querer recuperar o que, traiçoeiramente, lhes levaram, daí a complexidade das negociações. Compromisso é quase impossível.
O terceiro problema já é de caráter pessoal. De alguma forma é possível afastar-se do poder, a não ser, é claro, se não depuserem, capturando Kremlin. No entanto aonde se esconder da possível ordem internacional, emitida pelo novo governo sob a pressão das massas. O destino de Mubarak, Gadafi, enfim, Yulia Tymoshenko, num sistema lírico é improvável que se realize. Ao czar Nicolau II teria sido mais fácil. Se fosse mais inteligente, renunciasse em tempo e silenciosamente fosse para junto de seus parentes próximos na Dinamarca, em último caso, para os mais distantes na Inglaterra. Mas pensava que a nação temente a Deus era simpática a ele, e todos os tumultos eram ações de estrangeiros e agentes de estados centrais.
Por isso, o clã do Putin compreende, que encontra-se num beco sem saída e deve agarrar-se ao poder de qualquer modo, mesmo adotando métodos criminosos. Em relação a Rússia esperam-se tempos muito difíceis. Somente que sejam sem sangrentos domingos.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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