quarta-feira, 11 de abril de 2012

ÊXODO NA UCRÂNIA

Os ukrainianos fogem para o exterior!
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 15.03.2012
Natalia Druzhbliak
Os especialistas temem a possibilidade de, na Ukraina, ficarem apenas os pensionistas, os aposentados e os viciados em álcool.

"Minha fonte é do Ministério do Exterior: durante os últimos seis meses de Ukraina saíram tantas pessoas, quanto nos últimos quatro anos anteriores. Os números exatos estão sob o grifo "secreto", mas a questão foi discutida em alto nível. A reação do presidente foi uma reunião de emergência com as forças de segurança: Procurador Geral, Chefia do Sistema Fiscal, Ministério do Interior e Serviço de Segurança. A ordem foi para impossibilitar a saída de dinheiro para o exterior. "As pessoas podem ir", - escreveu em sua página no Facebook o blogueiro e jornalista Konstantin Usov".

"Em termos de otimização de custos - isto é um super esquema. Algures li, que para que funcionem as empresas exportadoras e os que servem às necessidades pessoais dos oligarcas, - são necessários apenas 500 mil trabalhadores. E mesmo esses, parece que para o nosso governo é mais seguro trazer do exterior. O estrangeiro que trabalha em turnos, não conta com aposentadoria e não pode participar nas votações, é um empregado perfeito", - escreve o jornalista.

Alguns temem que com o tempo poderão fechar as fronteiras. À lista dos que "não podem sair" entram os indesejados do "regime" - de acordo com o cenário da Bielorrússia onde o oposicionista Anatoly Lebedko não deixaram sair, e Oleksandr Dobrovolsky retiraram do trem, quando ele retornava da Lituânia. Há o risco de que na Ukraina permanecerão as "vovozinhas, os aposentados e a força parda de alcoólicos, necessária para trabalhar nas fábricas". "Eles (as autoridades) inicialmente proibirão a saída aos "devedores" (àqueles que devem aos bancos ou Serviço de Habitação, aos que devem pagar a multa de trânsito, em seguida aos "anteriormente condenados" e, finalmente, começarão condenar todos que suspeitarem com a intenção de fugir para longe daqui - sugere um ativo participante da duscussão. - "Nosso" juiz Kireev (o juiz que condenou Tymoshenko - OK) há em cada Tribunal Distrital, e os demais juízes, em quem não tropeçar, - é o juiz Vovk (o que condenou Lutsenko - OK).

De acordo com a Comissão de Estatística Estatal da Ukraina, em 2011 atravessaram a fronteira 19.773.143 ukrainianos. Somente 90 mil em assuntos profissionais. Um milhão e meio como turistas. Os demais (17 milhões) escolheram a variável "viagem particular". Líderes no número de visitas foram: Rússia (a fronteira com Ukraina foi atravessada quase cinco milhões de vezes), Polônia (mais de 5 milhões), Moldávia (mais de dois milhões), Hungria (um milhão e 700 mil) e Bielorrússia (meio milhão). O "abrigo" tradicional dos migrantes - USA - 21,5 mil ukrainianos, Canadá - 5,5 mil, Itália, onde frequentemente vão trabalhar - mais de 130 mil, Portugal - 12,5 mil.

À Ukraina em 2011 entraram 21.415.296 estrangeiros - um milhão e meio mais que saíram. Russos - mais de 9 milhões, moldavos - 4 milhões, bielorrussos - 2,6 milhões, poloneses - 1,7 milhões, israelenses - 1,2 milhões.

Segundo a estatística, Ukraina está entre os dez países do mundo - lideres de migração. De acordo com várias estimativas, para residência permanente, em 20 anos de independência, deixaram Ukraina 6,6 milhões de ukrainianos. Os "espaços vazios" foram preenchidos com 5 milhões. De acordo com o Banco Mundial "Migração e remessas de dinheiro" em 2011, as massas dirigiram-se para: Rússia, Polônia, USA, Cazaquistão, Israel, Alemanha, Moldovia, Itália, Bielorrússia e Espanha. À Ukraina vieram da Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Moldávia, Azerbaijão, Geórgia, Armênia, Tajiquistão e Quirguistão. Em 2010 os migrantes enviaram para Ukraina aproximadamente 5,862 bilhões de dólares. Tal quantia aproxima-se a três parcelas do empréstimo do FMI, ou receitas que os exportadores esperam receber pelos grãos comercializados durante o ano todo! A maior parte é enviada pelos trabalhadores ukrainianos da Rússia 1,429 bilhões. Dos EUA 460,1 milhões, depois Alemanhã 308,3 milhões, Grécia 251,5 milhões, Chipre 249,4 milhões, e outros países europeus. A tendência geral, é que Ukraina recebe 25 vezes mais dinheiro, do que sai do país. Mas, se os trabalhadores ukrainianos no estrangeiro levarem seus familiares não precisarão mais subvencionar a economia pátria. É justamente nisto que os "de cima" não estão interessados.

"No meu curso havia 100 alunos. Mais de 30 foram para o exterior em busca de uma vida melhor, - disse a esta jornalista um dos graduados de uma universidade de Lviv. Alguns fugiram para os EUA aproveitando-se do programa Work & Travel - outros estão a quatro anos "visitando" parentes. Nem o bacharelado conseguiram. O visto estudantes conseguem sem problemas. Os americanos pensam com lógica - se a pessoa pagou pelos estudos por três anos, não há risco. Ela retornará para obter o diploma".

Recentemente Olena Stanko, 67 anos, recebeu o visto para o Canadá. Ela viajará para ver a filha e os netos que não vê a dez anos. Por várias vezes lhe negaram a saída. Sua filha tem cidadania canadense, mas na pátria, até agora, "participa" nas eleições e "paga" pelos serviços comunitários. Quantas dessas "almas mortas" contam-se na Ukraina, não sabe nem o Ministério do Exterior, nem a Comissão de Estatística Estatal, nem a Guarda de Fronteiras...

"O governo informa que as taxas de emprego da população são mais elevadas que as taxas européias. A taxa de desemprego na Ukraina chega a 8%, na zona do Euro - 10,3% - diz um dos principais especialistas do Centro Razumkov Pavlo Rozenko. -Mas esta ocupação não cumpre a tarefa principal - as pessoas não se sentem seguras, não conseguem alimentar a família com seus rendimentos. Grande parte de pessoas que trabalham, são pobres. É por isso que surgem as tendências de migração negativa - os ukrainianos não veem perspectivas, não podem realizar o seu potencial. O mercado de trabalho está aberto. Não existem barreiras para sair, se o empregado é altamente qualificado, instruído, sabe algumas línguas estrangeiras. Exatamente estes saem".

"A maioria quer ir aos EUA, Canadá e outros países de língua inglesa. Fazer isso oficialmente é difícil. Mais fácil é a imigração para UE: Alemanha, Holanda, Dinamarca. Lá funcionam diversos programas que estimulam a afluência de certas especialidades profissionais. Surgiram possibilidades de imigração legal para Polônia e República Checa. Sua juventude parte para o Ocidente, especialmente Grã Bretanha, porque estes países são obrigados a incluir especialistas estrangeiros, especialmente médicos - diz a gerente do Oeste Anastácia Bielova. A nós telefonam muitas pessoas interessadas, mas nem todas tem condições. A emigração é um processo longo e caro. Há necessidade de juntar muitos documentos, traduzi-los, confirmá-los e mais as despesas para a passagem. Com mais frequência as pessoas vão para o trabalho e lá permanecem. 70% de nossos clientes que viajaram para trabalhar, voltam já com o convite. Legalizam aqui os novos vistos e vão novamente. Em seguida recebem autorização para residência permanente. A maioria das pessoas saem da região Oeste e Central da Ukraina.

Enquanto isso...

Neste ano participará da loteria do Green Card um número record de ukrainianos - 853 mil. Mais que nós sonham em ir aos EUA apenas os cidadãos da Nigéria (1,36 milhões) e Gana (854 mil).

Na Páscoa ganham dinheiro no estrangeiro
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 22.03.2012
Ivan Farion

Os ukrainianos em massa viajam para cuidar os pomares poloneses.

Região Ivano-Frankivsk.
Nas aldeias da Halychyna, durante o último mês e meio diminuiu a quantidade de gente jovem. No final de fevereiro, quando enfraqueceu o frio, eles foram em massa para Polônia, para trabalhar. Até a Páscoa eles esperam trazer para casa algumas centenas de dólares. O total não é muito mas servirá para gastos sazonais emergenciais, compras de Páscoa, sementes, fertilizantes, combustível, que serão necessários para o cultivo de pomares parentais.

Em seu país, conseguir tal dinheiro não há possibilidades...

O casal jovem Myroslava e Sviatoslav vivem numa aldeia do distrito de Rohatensk. Sviatoslav trabalhava numa empresa agrícola local, mas pagar o prometido "milhar com acréscimos" esqueciam por 3-4 meses, até agora não recebeu pelo mês de novembro. A esposa não encontrou trabalho, então empenhou-se em sua própria chacrinha.

Devido a conhecidos receberam convite de um agricultor de Wroclaw (Polônia) - para trabalhos na fazenda frutífera. Apesar de ainda 15° nagativos, viajaram. Visto feito com antecedência custou 100 USD. Passagem para um lado - 50 USD). O motorista privado concordou em receber na volta. Para roupas de trabalho, calçados, comida para viagem, cartão de operador móvel polonês e presente para o "chefe", mais meia centena de "verdes".

O proprietário os recebeu cordialmente. A primavera chegando precisa ter pressa. Nos depósitos de frutas serviço não falta. Portanto encomendou a um conhecido motorista-agente 30 trabalhadores ukrainianos. Instalou-os em seu hotel caseiro de dois andares. Renovado, com aquecimento, chuveiro, TV e acesso gratuito a Internet. Para preparar-lhes comida contratou uma ukrainiana de Lviv, que três vezes por dia preparava os solicitados pratos ukrainianos.

Pelo conforto proporcionado, o proprietário pediu devoção.

Os trabalhadores levantam às 6 horas. Após a refeição matinal as mulheres trabalham com as frutas congeladas desde outono. Separam as prejudicadas e as boas pesam e distribuem em cestinhas de papel. As frutas são despachadas para Minsk, Moscou e até Sibéria.

Os homens, no trator, podam as árvores frutíferas. O patrão diz que não devem apressar-se - o importante é fazer bem feito, com consciência. Quotas não são estabelecidas. As meninas juntam os galhos, que um pequeno trator tritura e espalha e que servirão de adubo. Já as raízes das macieiras aproveitam para aquecer caldeiras, elas proporcionam uma excelente brasa. Nada se perde.

O trabalho nos pomares vai até 18 - 19 horas. Então o comércio local fecha às 20 horas para atender alguma necessidade dos trabalhadores. No comércio entendem bem a língua ukrainiana, alguns até falam.

As relações dos poloneses com trabalhadores ukrainianos são pragmáticas. Bom trabalhador - bom tratamento. Quem passar do horário do almoço, pode ouvir uma "boa palavrinha". Depois do trabalho pode-se brincar ou conversar sobre política, preferencialmente a ukrainiana, ela é mais - "interessante".

Os poloneses pagam de 6 a 8 "zloty" por hora, o que dará até 100 USD por semana. Os ukrainianos procuram não gastar no exterior, economizam em tudo, até comunicam-se pela Internet para não gastar com telefone. Pelas seis semanas o trabalhador trará para casa no máximo, 400 "verdinhas", mas por isso também agradece.

- Se ficasse sentado todo esse tempo em casa - nada conseguiria, - diz Sviatoslav. - E, em acréscimo, aprendi muita coisa útil. Quando voltar à minha aldeia, na véspera dos dias santificados, ainda terei tempo para organizar o meu pomar, o meu canteiro de frutos - produzirá muito melhor.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

Um comentário:

  1. Retrato de um povo nobre, corajoso, desbravador e de ombridade. Os quais não merecem o Governo que têm.

    Amigo, Sr. Anatoli, é muito triste observar essas informações, as quais tem nos dado uma idéia da atual calamidade político-econômica da Ucrânia. É muito triste mesmo.

    Faço subir minhas orações a Deus, pedindo a ele uma solução a esse país de gente tão magnífica, porém oprimida, pelo nefasto comuno-socialismo.

    Deus abençoe a Ucrânia e a livre de todos os seus opressores. Amém!

    ResponderExcluir