Antin Drahan
LEMBRAM COMO BRAMIU O TERROR
Na memória recente de milhões de pessoas da escravizada Ukraina havia três vezes amaldiçoado o faminto ano de 1933. Ainda não foram esquecidas as pessoas inchadas de fome e milhares de outros de pele e osso vagando nas ruas e estradas. Os funcionários dos cemitérios não venciam enterrá-los. Contam que vinham nas casas buscar o cadáver do pai, com sinais de morte pela fome, e para não ter que voltar um ou dois dias depois levavam também os já inchados, mas ainda vivos a mãe e os filhos. Porque quem começava inchar não tinha mais salvação. E, que auxílio poderia receber numa aldeia onde até as cascas das árvores já estavam roídas...
Tudo isso ainda permanecia na memória da população ukrainiana quando nos anos 1936-1937-1938 sobreveio mais uma terrível prostração de terror bolchevique. Na realidade ninguém sabia nem o dia, nem a hora, quando até sua casa viria o "corvo negro", o carro preto e fechado da NKVD, no qual desapareciam para sempre, milhões de pessoas. O "corvo negro" chegava na casa do trabalhador comum, trabalhador do "kolkhoz", ou ainda de assim chamadas pessoas da "inteligência", frequentemente à noite. Os agentes da NKVD realizavam uma busca ou não, ordenando aprontar-se para sair. Era última vez que os familiares viam seu ente querido. Todos os aprisionados o eram sob alegação de serem "inimigos da nação". O motivo imediato do aprisionamento do suspeito - e suspeitos, naqueles tempos de opressão stalinista eram dezenas de milhões - podia ser um cartão de parentes da Polônia ou outro país, às vezes encontrado durante a busca, uma cruzinha ou um missal. Em muitas ocasiões aprisionavam devido à denúncia sem nenhum fundamento.
LEMBRAM COMO BRAMIU O TERROR
Na memória recente de milhões de pessoas da escravizada Ukraina havia três vezes amaldiçoado o faminto ano de 1933. Ainda não foram esquecidas as pessoas inchadas de fome e milhares de outros de pele e osso vagando nas ruas e estradas. Os funcionários dos cemitérios não venciam enterrá-los. Contam que vinham nas casas buscar o cadáver do pai, com sinais de morte pela fome, e para não ter que voltar um ou dois dias depois levavam também os já inchados, mas ainda vivos a mãe e os filhos. Porque quem começava inchar não tinha mais salvação. E, que auxílio poderia receber numa aldeia onde até as cascas das árvores já estavam roídas...
Tudo isso ainda permanecia na memória da população ukrainiana quando nos anos 1936-1937-1938 sobreveio mais uma terrível prostração de terror bolchevique. Na realidade ninguém sabia nem o dia, nem a hora, quando até sua casa viria o "corvo negro", o carro preto e fechado da NKVD, no qual desapareciam para sempre, milhões de pessoas. O "corvo negro" chegava na casa do trabalhador comum, trabalhador do "kolkhoz", ou ainda de assim chamadas pessoas da "inteligência", frequentemente à noite. Os agentes da NKVD realizavam uma busca ou não, ordenando aprontar-se para sair. Era última vez que os familiares viam seu ente querido. Todos os aprisionados o eram sob alegação de serem "inimigos da nação". O motivo imediato do aprisionamento do suspeito - e suspeitos, naqueles tempos de opressão stalinista eram dezenas de milhões - podia ser um cartão de parentes da Polônia ou outro país, às vezes encontrado durante a busca, uma cruzinha ou um missal. Em muitas ocasiões aprisionavam devido à denúncia sem nenhum fundamento.
foto 4:
Médicos estrangeiros estabelecem o modo do assassinato.
Essa terrível onda de aprisionamento durou até a explosão da II Guerra Mundial e, dificilmente deixou na Ukraina uma família que não contribuísse com uma vítima ao terror bolchevique. As prisões estavam transbordando de condenados sem julgamento, acusados de "inimigos da nação" porque a sanguinária cúpula de ditadores do Kremlin, encabeçada pelo tirano Stalin, condenou a nação inteira como "inimiga da nação". Ao mesmo tempo ninguém dos aprisionados não só não sentia nenhuma culpa, bem como não poderia tê-la contra tão bárbaro regime. Eram em sua maioria simples trabalhadores, cujo ideal era um só: poder viver e criar seus filhos. Por este ideal entregaram toda sua dedicação, suando camisa nas fazendas coletivas ou fábricas de propriedade estatal. Alguns dos infelizes foram aprisionados sob a alegação de sabotagem, porque a porca da fazenda coletiva não pariu o número de porquinhos previstos no demente plano qüinqüenal de Stalin; outros porque morreu o cavalo da fazenda coletiva. Porém, a maioria foi aprisionada sem nenhum motivo declarado.
Após esses aprisionamentos em massa os familiares tentavam ajudar os seus de alguma forma. Em desespero tentavam conseguir justiça para eles mas, no sistema vigente até esta busca era considerada crime. Durante dias inteiros rondavam os muros das prisões, dirigiam-se à administração da NKVD e, na sua ingenuidade escreviam até para Stalin pedindo-lhe que ajudasse encontrar e libertar seus familiares. Mas, para 99% respondiam que os aprisionados foram condenados como "Inimigos da nação" e enviados para distante degredo "Sem direito a correspondência". Quase dez mil desses "inimigos da nação" foram encontrados com mãos amarradas atrás e crânio perfurado, nas sepulturas coletivas em Vinnytsia".
TESTEMUNHO DE FAMILIARES
Ao pavoroso extermínio da nação ao qual se permitiu o poder dos ocupantes comunistas de Moscou na Província de Vinnytsia, nos anos de 1936-1939, e que constitui somente fragmentos do contínuo "holokost" ou extermínio da nação que aquela ocupação, em diversas formas, continuamente, pratica na Ukraina até os dias de hoje opõem-se os depoimentos claros e coerentes de familiares das vítimas daquele terror: esposos, pais, mães, irmãos e irmãs, e que foram declarados perante a comissão das escavações das sepulturas. Apresentamos alguns desses depoimentos.
OLEKSANDRA PRUSAK, da aldeia Verkhivtsi, região de Bars'k:
Meu marido Ivan Prusak, nascido em 1898, até 1937 trabalhava na fazenda coletiva de Verkhivtsi. Até 1929 ele era proprietário, tinha aproximadamente 6 hectares de terra e três vacas. Em 1929 foi obrigado a entregar seus bens para a coletivização. Até 1937 nunca foi aprisionado ou suspeito de quaisquer crimes. Em seis de abril de 1937, durante os trabalhos no campo foi pego pelos milicianos e levado à NKVD em Baru. Não consegui saber os motivos de sua prisão. Perguntei para Kyiv e Moscou e de lá recebi resposta - procurar informações na NKVD de Vinnytsia. Para minhas indagações em Vinnytsia em 1938 recebi informação que meu marido foi exilado por 10 anos na Sibéria, sem direito a correspondência. Quanto tempo meu marido ficou em Vinnytsia não sei dizer.
Hoje, no antigo local da NKVD (pomar frutífero) eu reconheci o casaco de meu marido. Erro não pode haver - reconheci-o pelos remendos que eu mesma fiz. Por isso penso que o seu corpo também está enterrado neste local. Simultaneamente com meu marido, em nossa aldeia, foram aprisionadas mais onze pessoas cuja sorte até agora é desconhecida." Vinnytsia, 29 de julho de 1943.
foto 5: Comissão internacional médico-forense no local de
valas escavadas em Vinnytsia
MARIA MADII, da aldeia de Verkhivtsi, região de Bars'k, testemunhou:
"Meu marido Ivan Madii
anteriormente ao "rozkurluliania" (Ato do governo soviético de tomar a terra de
quem possuía um pouco mais e doá-la a quem tinha menos - OK) trabalhava por
conta própria em seus dois hectares de terra. Durante o "rozkurkuliania" nós
recebemos mais um pouco de terra. Depois fomos obrigados entregar tudo para
fazenda coletiva. Em abril de 1937, à noite, a milícia pegou meu marido em casa
e mandou-o para Baru. Motivos do aprisionamento não forneceram. Quando fomos
buscar notícias em Vinnytsia, a mim e a minha filha disseram que ele foi exilado
por dez anos.
Hoje, no antigo local da NKVD eu reconheci, com precisão, o casaco do meu esposo". Vinnytsia, 29 de junho de 1943.
AGAFIA USOVA, da aldeia Tofelivka, região de Chulensk:
"Em primeiro de janeiro de 1938 meu marido, Mykola Usov, à tardinha retornava do trabalho quando foi aprisionado na rua por quatro agentes da NKVD e mandado para Chulensk. Simultaneamente foram levadas mais sete pessoas de nossa aldeia. Após efetuarem a prisão vieram agentes da NKVD até a nossa casa e reviraram tudo no seu interior. Demonstraram especial atenção para correspondência de meu esposo, mas também procuraram armas. Como resposta sobre o motivo da prisão disseram que meu marido estava sendo acusado de atuação criminosa. Não forneceram nenhuma prova ou evidência e não deram atenção às minhas perguntas. E, até com brutalidade, declararam que eu mesma devia imaginar a impossibilidade da libertação de meu esposo. Passado meio ano, minhha casa foi invadida pelos agentes da NKVD que vieram pegar as roupas de meu esposo.
Em Chulensk meu esposo ficou apenas um dia, foi levado para Haisyn. Com sorte consegui saber que em fevereiro de 1938 ele foi transferido para Bratslav, depois para Vinnytsia. Em março de 1938 fui para Vinnytsia e procurei a NKVD. Dali fui expulsa e disseram-me que nada sabiam a respeito de meu esposo. Então eu acreditei que meu esposo foi exilado para Sibéria. Aqui, na repartição da NKVD achei alguns objetoss seus e peças de roupa: casaco, saquinho de pão, duas camisetas e duas camisas. Agora estou convencida que meu esposo faz parte dos liquidados animalescamente". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
MARIA ANTONIUK, da aldeia Polovi-Berlyntsi, região Murovano - Kyrylivtsi.
"Em 20 de junho de 1938 a NKVD aprisionou meu marido, trabalhador da fazenda coletiva Stepan Antoniuk, com 46 anos de idade. Ele foi levado a noite, diretamente da cama e transportado para Kopai-Horod, onde permaneceu por seis dias. Para onde foi levado depois, não sei dizer. Simultaneamente foi aprisionado outro trabalhador da fazenda coletiva, Statnek, que na repartição da NKVD teria dito que ambos eram espiões. Após isto, durante seis meses não tivemos notícias sobre nossos maridos. Então, com a esposa de Statnek escrevemos para Moscou. Transcorrido um mês fomos chamadas para Kopai-Horod, para NKVD, para nós nos inteirarmos do assunto dos "inimigos da nação" aos quais pertenciam nossos maridos. Foi nos dito que eles foram exilados para Sibéria por dez anos, onde deveriam trabalhar na exploração da madeira. Isto é o que foi dito. Tenho certeza absoluta que, nem meu marido nem Statnek não tinham culpa, nunca se ocuparam com assuntos políticos.
Nas sepulturas coletivas, no local da NKVD em Vinnytsia, hoje encontrei a camisa de meu esposo que reconheci com convicção porque fui eu que a costurei. Agora eu sei que meu marido não foi enviado para Sibéria, mas foi fuzilado em Vinnytsia". Vinnytsia, 2 de julho de 1943.
HALYNA HRUSHKIVSKA, da aldeia Horodnytsi, região Nemerivskyi.
"Em outubro de 1937 meu pai, trabalhador da fazenda coletiva, Petro Hrushkivskyi com 65 anos, foi aprisionado pelos agentes da NKVD em Bratslav. À minha mãe declararam que ele era "inimigo da nação". Eu tenho certeza que meu pai, que nunca frequentou escola, nunca se ocupou de política. Duas semanas papai permaneceu em Bratslav, depois foi levado para Vinnytsia. Minha mãe ia, diariamente, até o NKVD de Bratslav saber notícias até ser informada da transferência. Em Vinnytsia nós não tínhamos coragem de procurar notícias. Desde o dia da prisão nada mais soubemos. E também nada foi informado sobre outras dez pessoas da nossa aldeia aprisionadas concomitantemente com papai.
Eu li nos jornais sobre a abertura das sepulturas coletivas em Vinnytsia e soube que uma vizinha achou aqui peças de roupa do marido. Por isso eu vim aqui e no local da NKVD, entre os objetos encontrei o gorro de meu pai. Ele era grande e eu o reformei, portanto pude reconhecê-lo com precisão. Agora eu sei que meu pai foi morto pela NKVD". Vinnytsia, 03 de julho de 1943.
NADIA HONCHAR, da aldeia Stupievke, da região Murano-Kyrylivskyi:
"Em dezembro de 1937 dois agentes da NKVD fizeram uma busca em minha casa. Procuravam armas e documentação sobre atuação criminosa. Não achando nada aprisionaram meu esposo Paulo Honchar, 30 anos, e mandaram num veículo de carga para a NKVD de Baru. Os motivos do aprisionemento não me falaram, nem para meu marido. Naqueles dias eu estava doente e não podia, pessoalmente, averiguar onde estava meu marido. Duas semanas depois meu pai foi até Baru. Na prisão foi informado que meu marido já tinha sido mandado para Nova Terra. Quando isso aconteceu e onde ficava essa Nova Terra não esclareceram. Após transcorrido um mês eu procurei saber sobre meu marido e recebi as mesmas informações que foram dadas a meu pai.
Devo dizer que até a presente data eu pensava que meu marido encontrava-se exilado na Sibéria desde 1938. Hoje, no local da NKVD, encontrei partes das roupas de meu esposo e também seu casaco que reconheci pelos remendos que eu mesma costurei. Agora estou convencida que entre os assassinados está meu marido". Vinnytsia, 05 de junho de 1943.
Hoje, no antigo local da NKVD eu reconheci, com precisão, o casaco do meu esposo". Vinnytsia, 29 de junho de 1943.
AGAFIA USOVA, da aldeia Tofelivka, região de Chulensk:
"Em primeiro de janeiro de 1938 meu marido, Mykola Usov, à tardinha retornava do trabalho quando foi aprisionado na rua por quatro agentes da NKVD e mandado para Chulensk. Simultaneamente foram levadas mais sete pessoas de nossa aldeia. Após efetuarem a prisão vieram agentes da NKVD até a nossa casa e reviraram tudo no seu interior. Demonstraram especial atenção para correspondência de meu esposo, mas também procuraram armas. Como resposta sobre o motivo da prisão disseram que meu marido estava sendo acusado de atuação criminosa. Não forneceram nenhuma prova ou evidência e não deram atenção às minhas perguntas. E, até com brutalidade, declararam que eu mesma devia imaginar a impossibilidade da libertação de meu esposo. Passado meio ano, minhha casa foi invadida pelos agentes da NKVD que vieram pegar as roupas de meu esposo.
Em Chulensk meu esposo ficou apenas um dia, foi levado para Haisyn. Com sorte consegui saber que em fevereiro de 1938 ele foi transferido para Bratslav, depois para Vinnytsia. Em março de 1938 fui para Vinnytsia e procurei a NKVD. Dali fui expulsa e disseram-me que nada sabiam a respeito de meu esposo. Então eu acreditei que meu esposo foi exilado para Sibéria. Aqui, na repartição da NKVD achei alguns objetoss seus e peças de roupa: casaco, saquinho de pão, duas camisetas e duas camisas. Agora estou convencida que meu esposo faz parte dos liquidados animalescamente". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
MARIA ANTONIUK, da aldeia Polovi-Berlyntsi, região Murovano - Kyrylivtsi.
"Em 20 de junho de 1938 a NKVD aprisionou meu marido, trabalhador da fazenda coletiva Stepan Antoniuk, com 46 anos de idade. Ele foi levado a noite, diretamente da cama e transportado para Kopai-Horod, onde permaneceu por seis dias. Para onde foi levado depois, não sei dizer. Simultaneamente foi aprisionado outro trabalhador da fazenda coletiva, Statnek, que na repartição da NKVD teria dito que ambos eram espiões. Após isto, durante seis meses não tivemos notícias sobre nossos maridos. Então, com a esposa de Statnek escrevemos para Moscou. Transcorrido um mês fomos chamadas para Kopai-Horod, para NKVD, para nós nos inteirarmos do assunto dos "inimigos da nação" aos quais pertenciam nossos maridos. Foi nos dito que eles foram exilados para Sibéria por dez anos, onde deveriam trabalhar na exploração da madeira. Isto é o que foi dito. Tenho certeza absoluta que, nem meu marido nem Statnek não tinham culpa, nunca se ocuparam com assuntos políticos.
Nas sepulturas coletivas, no local da NKVD em Vinnytsia, hoje encontrei a camisa de meu esposo que reconheci com convicção porque fui eu que a costurei. Agora eu sei que meu marido não foi enviado para Sibéria, mas foi fuzilado em Vinnytsia". Vinnytsia, 2 de julho de 1943.
HALYNA HRUSHKIVSKA, da aldeia Horodnytsi, região Nemerivskyi.
"Em outubro de 1937 meu pai, trabalhador da fazenda coletiva, Petro Hrushkivskyi com 65 anos, foi aprisionado pelos agentes da NKVD em Bratslav. À minha mãe declararam que ele era "inimigo da nação". Eu tenho certeza que meu pai, que nunca frequentou escola, nunca se ocupou de política. Duas semanas papai permaneceu em Bratslav, depois foi levado para Vinnytsia. Minha mãe ia, diariamente, até o NKVD de Bratslav saber notícias até ser informada da transferência. Em Vinnytsia nós não tínhamos coragem de procurar notícias. Desde o dia da prisão nada mais soubemos. E também nada foi informado sobre outras dez pessoas da nossa aldeia aprisionadas concomitantemente com papai.
Eu li nos jornais sobre a abertura das sepulturas coletivas em Vinnytsia e soube que uma vizinha achou aqui peças de roupa do marido. Por isso eu vim aqui e no local da NKVD, entre os objetos encontrei o gorro de meu pai. Ele era grande e eu o reformei, portanto pude reconhecê-lo com precisão. Agora eu sei que meu pai foi morto pela NKVD". Vinnytsia, 03 de julho de 1943.
NADIA HONCHAR, da aldeia Stupievke, da região Murano-Kyrylivskyi:
"Em dezembro de 1937 dois agentes da NKVD fizeram uma busca em minha casa. Procuravam armas e documentação sobre atuação criminosa. Não achando nada aprisionaram meu esposo Paulo Honchar, 30 anos, e mandaram num veículo de carga para a NKVD de Baru. Os motivos do aprisionemento não me falaram, nem para meu marido. Naqueles dias eu estava doente e não podia, pessoalmente, averiguar onde estava meu marido. Duas semanas depois meu pai foi até Baru. Na prisão foi informado que meu marido já tinha sido mandado para Nova Terra. Quando isso aconteceu e onde ficava essa Nova Terra não esclareceram. Após transcorrido um mês eu procurei saber sobre meu marido e recebi as mesmas informações que foram dadas a meu pai.
Devo dizer que até a presente data eu pensava que meu marido encontrava-se exilado na Sibéria desde 1938. Hoje, no local da NKVD, encontrei partes das roupas de meu esposo e também seu casaco que reconheci pelos remendos que eu mesma costurei. Agora estou convencida que entre os assassinados está meu marido". Vinnytsia, 05 de junho de 1943.
Foto 6: Procuram parentes entre os cadáveres
desenterrados.
HANNA HODOVANETs, da aldeia de Mykhailivka, região Murovano -Kyrylivskyi:
Em 3 de janeiro de 1938 meu marido Kassian Hodovanets, nascido em 1886, durante o serviço na estação de Kopai-Horod foi aprisionado pelo membro da "silrada" (associação da aldeia) e pelo miliciano de serviço na estação. Pegaram seu passaporte (identidade) e mandaram-no, primeiramente para Mykhailivka e, finalmente, em 3 de março de 1938 - para Vinnytsia. Tudo isso eu fiquei sabendo de diversos conhecidos que, acidentalmente, foram testemunhas do aprisionamento.
Posteriormente meu filho Vassel, conversando com um trabalhador da fazenda coletiva de Mykhailivka, soube que o mesmo foi chamado para interrogatório sobre meu marido em Murovano-Kyrylivtsi, perante representantes da NKVD para região. Perguntaram se meu esposo rezava e por que em nossa casa havia tantos ícones. Revelou-se que esses fatos e também que meu esposo não compareceu ao trabalho em dia santificado constituíram o motivo de seu aprisionamento. No final de abril de 1938 eu fui informada no órgão da NKVD de Vinnytsia que meu esposo fora enviado para exílio distante, sem direito a correspondência. Algum tempo depois dirigi-me ao promotor da província e dele recebi as mesmas informações. Então escrevi uma carta ao próprio Stalin pedindo para libertarem meu marido. Em 3 de maio de 1938 recebi do promotor Geral da SSSR, Vyshynskyi, o comunicado de libertação. Mas, meu marido não voltou.
Em 24 de junho de 1943, entre as roupas desenterradas no território da NKVD eu reconheci sua camisa, que eu mesma costurei, paletó com bolsos azuis que eu preguei e uma bota com ferradura especial na parte posterior que encomendei ao ferreiro em Kopai-Horod. Estes objetos eu mandei ao meu marido na prisão. Agora eu penso que ele nunca foi exilado, nem libertado. Foi assassinado em Vinnytsia". Vinnytsia, 8 de julho de 1943.
HANNA HODOVANETs, da aldeia de Mykhailivka, região Murovano -Kyrylivskyi:
Em 3 de janeiro de 1938 meu marido Kassian Hodovanets, nascido em 1886, durante o serviço na estação de Kopai-Horod foi aprisionado pelo membro da "silrada" (associação da aldeia) e pelo miliciano de serviço na estação. Pegaram seu passaporte (identidade) e mandaram-no, primeiramente para Mykhailivka e, finalmente, em 3 de março de 1938 - para Vinnytsia. Tudo isso eu fiquei sabendo de diversos conhecidos que, acidentalmente, foram testemunhas do aprisionamento.
Posteriormente meu filho Vassel, conversando com um trabalhador da fazenda coletiva de Mykhailivka, soube que o mesmo foi chamado para interrogatório sobre meu marido em Murovano-Kyrylivtsi, perante representantes da NKVD para região. Perguntaram se meu esposo rezava e por que em nossa casa havia tantos ícones. Revelou-se que esses fatos e também que meu esposo não compareceu ao trabalho em dia santificado constituíram o motivo de seu aprisionamento. No final de abril de 1938 eu fui informada no órgão da NKVD de Vinnytsia que meu esposo fora enviado para exílio distante, sem direito a correspondência. Algum tempo depois dirigi-me ao promotor da província e dele recebi as mesmas informações. Então escrevi uma carta ao próprio Stalin pedindo para libertarem meu marido. Em 3 de maio de 1938 recebi do promotor Geral da SSSR, Vyshynskyi, o comunicado de libertação. Mas, meu marido não voltou.
Em 24 de junho de 1943, entre as roupas desenterradas no território da NKVD eu reconheci sua camisa, que eu mesma costurei, paletó com bolsos azuis que eu preguei e uma bota com ferradura especial na parte posterior que encomendei ao ferreiro em Kopai-Horod. Estes objetos eu mandei ao meu marido na prisão. Agora eu penso que ele nunca foi exilado, nem libertado. Foi assassinado em Vinnytsia". Vinnytsia, 8 de julho de 1943.
IAVDOKHA IAVNYCH, da aldeia Voznivtsi - região de Stanislavchyk:
Em 6 de janeiro de 1937, após uma busca sem resultados, os agentes da NKVD, e com a presença de dois entendidos (Pessoas que acompanhavam os agentes da NKVD por ocasião das buscas, como testemunhas para a relação dos bens, etc. - OK) aprisionaram meu marido, Vassyl Yavnych. Na ocasião ele tinhha 40 anos e era trabalhador da fazenda coletiva. Somente depois fiquei sabendo que o consideraram culpado devido a correspondência com parentes que residem em Halychyna (Ukraina Ocidental). Meu marido era natural da Ukraina Ocidental, da aldeia Lysok, dos arredores de Zhedachiv. Em Stanislavchuk ficou apenas alguns dias, depois foi levado para Vinnytsia. Quando, após um mês fui até a prisão da cidade de Vinnytsia, disseram-me que meu esposo foi sentenciado para 10 anos de exílio, sem direito a correspondência, e que já foi enviado ao local determinado. Escrevi várias vezes para Moscou em nome de Stalin, Kahanovych e outros dirigentes e recebi de todos a mesma resposta que meu marido foi condenado a 10 anos de exílio. Hoje, 20 de julho de 1943 eu reconheci no antigo pomar da NKVD o paletó de meu marido pela originalidade dos botões. Penso que meu esposo não foi exilado, mas jaz aqui, entre os assassinados". Vinnytsia, 20 de julho de 1943.
OLENA OLKHIVSKA, de Vinnytsia:
"Em novembro de 1937 a NKVD aprisionou, em casa, meu marido Petro Olkhivskyi. Ele era ukrainiano e trabalhava na fabricação de pão. No dia da prisão fizeram uma busca em nossa casa e levaram todos os seus documentos. Posteriormente fui várias vezes até a prisão da NKVD mas nunca pude entrar. Após uma semana fui até a prisão municipal para a qual meu esposo foi transferido, mas lá também não foi permitida minha entrada. Somente depois de um mês tive a sorte de deixar para ser entregue um paletó e botas de feltro, mas vê-lo pessoalmente não permitiram. Então me comunicaram que ele foi enviado para o longínquo Norte, por 10 anos, sem direito a correspondência. A acusação de "inimigo da nação" foi o motivo da prisão. De verdade meu marido nunca dedicou-se a política. Talvez tenho sido denunciado por uma judia, colega de trabalho, com a qual ele discutiu certa vez.
Quando começaram abrir as sepulturas eu ia lá todos os dias e, num cadáver eu reconheci o casaco preto, botas, duas calças e uma camisa. Eu estava presente quando os cadáveres eram retirados da sepultura. Depois, nesse mesmo cadáver eu reconheci meu esposo pelo dedo mínimo torto na mão direita. Portanto não pode haver nenhuma dúvida". Vinnytsia, 01.07.1943.
foto 7: Mulheres reconhecem seus
maridos.
KATYRYNA HORLEVSKA, de Zhmyrynka:
"Entre os objetos resgatados no antigo pomar da NKVD eu reconheci pertences de meu esposo: uma camisa bordada e casaco de lã com gola de pele. Meu marido Dmytro Horlevskyi, nascido em 1888, ukrainiano, era maquinista na estrada de ferro. Foi preso no dia 13 de maio de 1938 em Zhmerenka. Recebendo a convocação para comparecer a NKVD foi até lá e não mais retornou. No dia seguinte, em nossa residência a NKVD fez busca mas nada levou. A alegação que motivou a prisão foi que ele era "inimigo da nação". Na verdade, de política ele nunca se ocupou. Três meses antes da prisão até recebeu prêmio pela boa manutenção de sua locomotiva.. Depois de duas semanas foi transferido de Zhmerenka para Vinnytsia. Cada duas semanas eu ia para Vinnytsia. Levava alguma coisa para meu marido mas nunca consegui conversar com ele. Certa vez, quando eu novamente fui para Vinnytsia, me falaram que meu esposo foi transferido para Kyiv. Fui até lá. Para as indagações sobre meu marido responderam-me que ele nunca esteve em Kyiv mas foi mandado para Sibéria, sem direito a correspondência. Agora eu estou convencida que entre os assassinados no antigo território da NKVD está também meu esposo.
Pouco antes de 1º de maio de 1937, em Zhmerenka, repentinamente foram aprisionados 60 homens, todos trabalhadores ferroviários, com idade de 37 a 50 anos. Sobre eles, nunca mais ninguém soube". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
KATYRYNA HORLEVSKA, de Zhmyrynka:
"Entre os objetos resgatados no antigo pomar da NKVD eu reconheci pertences de meu esposo: uma camisa bordada e casaco de lã com gola de pele. Meu marido Dmytro Horlevskyi, nascido em 1888, ukrainiano, era maquinista na estrada de ferro. Foi preso no dia 13 de maio de 1938 em Zhmerenka. Recebendo a convocação para comparecer a NKVD foi até lá e não mais retornou. No dia seguinte, em nossa residência a NKVD fez busca mas nada levou. A alegação que motivou a prisão foi que ele era "inimigo da nação". Na verdade, de política ele nunca se ocupou. Três meses antes da prisão até recebeu prêmio pela boa manutenção de sua locomotiva.. Depois de duas semanas foi transferido de Zhmerenka para Vinnytsia. Cada duas semanas eu ia para Vinnytsia. Levava alguma coisa para meu marido mas nunca consegui conversar com ele. Certa vez, quando eu novamente fui para Vinnytsia, me falaram que meu esposo foi transferido para Kyiv. Fui até lá. Para as indagações sobre meu marido responderam-me que ele nunca esteve em Kyiv mas foi mandado para Sibéria, sem direito a correspondência. Agora eu estou convencida que entre os assassinados no antigo território da NKVD está também meu esposo.
Pouco antes de 1º de maio de 1937, em Zhmerenka, repentinamente foram aprisionados 60 homens, todos trabalhadores ferroviários, com idade de 37 a 50 anos. Sobre eles, nunca mais ninguém soube". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
SOLOVYIOVA. de Zhetkivtsi:
"Meu esposo, ukrainiano, devido a problemas de saúde, foi obrigado a deixar o emprego de professor e trabalhava na filial do banco estatal em Zhetkivtsi. Estava com 47 anos quando, em 17 de abril de 1938, no trabalho foi aprisionado. Isto aconteceu às 12h30min, e já às 14h foi levado de trem para Vinnytsia e colocado na prisão da NKVD. Quando no terceiro dia cheguei em Vinnytsia, fui informada que meu marido foi transferido para prisão municipal. No entanto, na prisão municipal eu não consegui nenhuma notícia. Ver meu marido ou enviar algo para ele eu não consegui. Em 5 de maio de 1938, soube que meu marido foi enviado para o distante Norte, para dez anos, sem direito a correspondência. Desde aquele tempo nunca mais tive notícias sobre meu marido. Imediatamente após a prisão, em nossa habitação fizeram uma busca e levaram a espingarda de caça de meu marido, um pouco de prata que eu guardava para obturação dos dentes e uma cruz de mesa. Decorridos dois anos da prisão eu recebi ordem da NKVD para entregar toda sua roupa porque ele era - "inimigo da nação".
Meu marido nunca se ocupou de política. Sua prisão surpreendeu a todos na aldeia. Eu penso que sua prisão deu-se pelo seguinte fato: em nosso prédio veio residir um promotor, de sobrenome Felhd. Ele estava muito interessado em ocupar o prédio inteiro. A mais ou menos oito dias antes da prisão do meu esposo, este promotor pediu no banco um empréstimo de 2.000 karbovantsiv (moeda em uso) para que sua esposa pudesse ir à casa de campo. Com base nas normas bancárias meu esposo não pôde conceder o empréstimo. Penso que este fato motivou a prisão.
O jornal "Novidades de Vinnytsia" publicou uma nota sobre um lenço com monograma "A.C." Lendo esta nota eu reconheci o lenço de meu marido e cogito que ele nunca foi enviado para degredo, mas está aqui - entre os assassinados". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
ODARKA BILETSKA, da aldeia Sherovska.
"Meu marido, padre Leonid Biletskyi, 35 anos, foi aprisionado em 24 de setembro de 1937. Em nossa casa, a noite, promoveram a busca e confiscaram a vestimenta litúrgica, livros, banheirinha de batismo e documentos. Meu marido concluiu o Seminário em Volem e era, até 1935 pároco da aldeia Pelevy. Em 1935 a igreja em Pelevy foi fechada e meu marido foi obrigado a abandonar a aldeia. Mudamos para minha aldeia natal Hreblia, onde meu esposo trabalhava cortando lenha. Quando vieram buscá-lo, sobre o motivo não me disseram nenhuma palavra, somente um agente da NKVD gritou: "Ei você, cachorro, você já viveu muito tempo".
Inicialmente meu marido ficou na prisão junto à milícia da aldeia Sherovska, após duas semanas foi transferido para Vinnytsia para a prisão da NKVD. Quando eu quis entregar-lhe alguns objetos, só aceitaram dois lenços e uma toalha. Nem quando ele esteve preso junto a milícia, nem na prisão de Vinnytsia conversar com ele não permitiram. Quando, mais ou menos depois de um mês eu fui a Vinnytsia, soube que meu marido foi mandado para degredo. Não deram pormenores. Eu fiz um pedido para Moscou e, após meio ano fui informada através da NKVD, que meu marido foi mandado para o distante Norte, por dez anos, sem direito a correspondência.
Lendo no jornal sobre as sepulturas coletivas em Vinnytsia, eu vim até aqui para procurar roupas do meu esposo. Encontrei uma vestimenta castanho escura que eu mesma costurei e da qual até hoje possuo retalhos. Penso que meu esposo não foi degredado, mas assassinado". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
8ª foto: Reconhecem os torturados
pelas roupas e objetos encontrados em sepulturas
coletivas.
ANTONIA, de Sherovska Hreblia:
Meu marido, de nacionalidade ukrainiana, motorista-tratorista em nossa aldeia, foi aprisionado em 26 de março de 1938 durante trabalho no campo e colocado na prisão junto a milícia. Imediatamente foi realizada uma busca em nossa casa, durante a qual foram levados apenas os documentos pessoais de meu esposo. À minha pergunta sobre o motivo da prisão, responderam-me que meus irmãos Savitski, que residiam na mesma aldeia, mantinham correspondência com o exterior. Meus irmãos nunca mantiveram correspondência com o exterior. Eles foram presos ainda em novembro de 1937 e mandados para degredo. Nós recebíamos suas notícias de Mongólia.
Meu marido ficou um mês e meio na prisão local e depois foi enviado para Vinnytsia. Quando ele estava na prisão local eu o via frequentemente, através da cerca, mas não podia conversar nem entregar-lhe nenhum objeto. Quando fui para Vinnytsia saber notícias, disseram-me que ele já tinha sido enviado para o degredo. Em resposta ao meu requerimento, após dois anos, recebi a resposta que meu marido foi enviado para o longinquo Norte, por dez anos, sem direito a correspondência. O real motivo de sua prisão eu desconheço, porém sei que ele nunca se interessou pela política. Pelo jornal eu soube das escavações das sepulturas e vim aqui. Eu encontrei a camisa que eu mesma bordei e posteriormente remendei. Nesta camisa eu reconheci, com precisão, a camisa de meu marido. Penso que meu esposo já não está entre os vivos, ele também foi assassinado". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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ANTONIA, de Sherovska Hreblia:
Meu marido, de nacionalidade ukrainiana, motorista-tratorista em nossa aldeia, foi aprisionado em 26 de março de 1938 durante trabalho no campo e colocado na prisão junto a milícia. Imediatamente foi realizada uma busca em nossa casa, durante a qual foram levados apenas os documentos pessoais de meu esposo. À minha pergunta sobre o motivo da prisão, responderam-me que meus irmãos Savitski, que residiam na mesma aldeia, mantinham correspondência com o exterior. Meus irmãos nunca mantiveram correspondência com o exterior. Eles foram presos ainda em novembro de 1937 e mandados para degredo. Nós recebíamos suas notícias de Mongólia.
Meu marido ficou um mês e meio na prisão local e depois foi enviado para Vinnytsia. Quando ele estava na prisão local eu o via frequentemente, através da cerca, mas não podia conversar nem entregar-lhe nenhum objeto. Quando fui para Vinnytsia saber notícias, disseram-me que ele já tinha sido enviado para o degredo. Em resposta ao meu requerimento, após dois anos, recebi a resposta que meu marido foi enviado para o longinquo Norte, por dez anos, sem direito a correspondência. O real motivo de sua prisão eu desconheço, porém sei que ele nunca se interessou pela política. Pelo jornal eu soube das escavações das sepulturas e vim aqui. Eu encontrei a camisa que eu mesma bordei e posteriormente remendei. Nesta camisa eu reconheci, com precisão, a camisa de meu marido. Penso que meu esposo já não está entre os vivos, ele também foi assassinado". Vinnytsia, 1º de julho de 1943.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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