Putin 3: perspectivas
do império eurasiano
Natsionalistychnyi portal (Portal nacionalista), 23.05.2012
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Oleksandr Salizhenko
Ainda antes do início da campanha presidencial na Rússia, no domínio da informação e esfera política, foi iniciado um intenso debate das perspectivas da construção da União Eurasiana, como projeto principal de política externa no território pós-soviético depois do colapso da União Soviética e o fim da "Guerra Fria".
Além de uma série de declarações dos dirigentes russos sobre "vantagens geopolíticas da união confederal" e "interesse pragmático de todos os países da região na união", este tema foi predominante na maioria das conferências de estudo que foram realizadas, neste período, nas universidades russas. Ou seja, o conceito de construção da união eurasiana foi tema fundamental não apenas entre as elites políticas russas, como ativamente foi fixado em círculos científicos.
Porque, como sabemos, se há um discurso constante e respectiva atualização, então, com o tempo realizar-se-á a implementação das idéias propagadas.
Na verdade, que a integração política do espaço eurasiano tornar-se-á a principal direção da política externa do presidente Vladimir Putin emergia de seus artigos "Novo projeto integracional para Eurasia - futuro que nasce hoje" e "Rússia e o mundo em mudança".
Claro que um olhar mais realista mostra que os artigos não foram escritos por Putin após longa e cuidadosa análise da situação geopolítica no mundo, mas por especialistas de política externa e participação ativa dos ideólogos do Eurasionismo. Particularmente o lider do movimento Alexandr Dugin que repetidamente consultava o alto comando russo e o partido "Rússia Unida", durante a conferência internacional "Geopolítica do mundo multipolar" que, simbolicamente, foi realizada no dia da publicação de um dos artigos de Vladimir Putin, inadvertidamente deixou escapar que era o natural partícipe do artigo.
Os defensores da Eurasia fixam suas esperanças na presidência de Putin que, em sua opinião, é a personificação ideal de um lider político e com o auxílio do qual o projeto de multipolaridade ocupará um nível mais elevado de debate internacional.
Realmente, já no dia de sua inauguração Putin deu
um passo claro nesse sentido e assinou o decreto sobre as medidas relativas à
execução da política externa da Federação Russa, no qual se reforça a política
aprofundada de integração do espaço euroasiático. Os radicais russos já
apelidaram esse decreto como ato de proclamação do novo império continental
eurasiano. Mas os analistas políticos e os especialistas imediatamente se
focaram no debate das posições chaves de materiais, as prognosticadas ações da
política externa e potenciais modelos de comportamento.
No entanto, muitas vezes durante esta análise ignora-se a base filosófica e ideológica do próprio eurasionismo, e seus ideais geopolíticos, objetivos e métodos, visões para o sistema de relações mútuas com outros participantes nas relações internacionais.
Base
ideológica
Se durante os dois primeiros períodos da presidência de Putin, e seu primeiro -ministro, o restabelecimento da situação imperial ocorria como complemento, - agora para condução de tal política é preparada uma completa base teórica. Teorias existentes de relações internacionais não se encaixam nos limites da política de reimperialização da Rússia, por isso decidiu-se criar uma teoria alternativa.
Se durante os dois primeiros períodos da presidência de Putin, e seu primeiro -ministro, o restabelecimento da situação imperial ocorria como complemento, - agora para condução de tal política é preparada uma completa base teórica. Teorias existentes de relações internacionais não se encaixam nos limites da política de reimperialização da Rússia, por isso decidiu-se criar uma teoria alternativa.
Em sua base foram colocados pontos de vista dos clássicos do Eurasionismo - Trumbetskoy, Savitskiy e outros, - que recebeu o nome de multipolaridade. Nos círculos acadêmicos, esta teoria foi consolidada em uma série de conferências acadêmicas internacionais, publicação de livros e coleções diversas sobre o assunto.
Deve notar-se, que a utilização do conceito do Eurasionismo nas atuais relações internacionais não é acidental. Porque a abordagem é muito conveniente ao Kremlin conquanto na sua base prevê-se a condução de uma política agressiva para o indivíduo, assim como para países inteiros, e também o nivelamento dos direitos políticos tradicionais e liberdades cidadãs.
Na verdade, a restauração do status imperial da Rússia, e na atual interpretação - aquisição do pólo geopolítico, é a aquisição principal dos teóricos russos. Sua posição imperial os eurasianos justificam. Dizem eles, que EUA tem posição dominante na arena internacional. Isto, por sua vez, levou à criação de seu próprio conceito de multipolaridade, a qual se opõe à dominante polaridade do atlantismo.
Pela primeira vez a idéia de criação do projeto de
integração no espaço eurasiano declarou em 1994 o presidente de Cazaquistão
Nursultan Nezarbayev numa conferência em Moscou. Mas, imediatamente, ela não
foi levada a sério. No entanto, posteriormente, o lado russo avaliou suas linhas
principais, que não contradiziam, e em alguns pontos até continuavam a política
de Kremlin.
Então, os políticos e cientistas passaram da teorização para o tema da integração do espaço euroasiático - o ciclo ativo de sua construção. A proposição de Nazarbayev com muito sucesso inseriu-se na fórmula de Putin, o qual no início de seu primeiro mandato presidencial declarou, que "Rússia pode ser grande ou nenhuma".
Portanto, o projeto integrado do espaço euroasiático tem em sua base "filosofia da multipolaridade", que é claramente eclética e baseia-se numa série de princípios fundamentais: outra interpretação da pessoa, sociedade, país, civilização, política, etc.
Primeiro de tudo, de acordo com a teoria da multipolaridade, o mapa político mundial deve ser dividido em quatro zonas, quadripolarismo: Americano, Euro-Africano, Eurasia e Pacífico. Neste modelo teórico os eurasianos colocam Ukraina em sua esfera de influência. As zonas, por sua vez são divididas em subzonas, que correspondem à compreensão da civilização.
Estes polos em perspectiva devem representar
as metas civilizacionais. Cada zona deve ser exclusiva em seus valores
culturais, religiosos, políticos, econômicos e outros sistemas de
valores.
É necessário notar que, ao contrário das interpretações clássicas da civilizações, os eurasianos a tratam como um espaço grande, o qual em sua base tem um sistema comum, ou similar de valores. De fato, a civilizaçãoo - é o principal fator das relações internacionais, de acordo com o projeto russo de multipolaridade, ao contrário de outras teorias clássicas, onde o assunto principal da geopolítica são Estados Nacionais, sociedades democráticas e corporais transnacionais.
Um dos conceitos-chave, com o qual opera a "filosofia da
multipolaridade" é um maximalismo sociológico. Centra-se na existência de
sociedades radicalmente diferentes de pessoas que não podem ser comparadas a uma
amostra hipotética de "ideal" da sociedade ocidental. Então, o que vai ser bom
para algumas sociedades, nem sempre é assim para outras.
O olhar sobre a pessoa, suas características, direitos e lugar no
sistema político e na "filosofia da multipolaridade" também são distintos dos
estabelecidos. Por isso os eurasistas aproveitam conceitos antropológicos de
pluralismo, segundo os quais em cada comunidade e cultura particular existe
visão própria sobre a pessoa. Assim, os critérios comuns para uma pessoa da
civilização ocidental - direitos da pessoa, direitos naturais, etc. - não são
obrigatórios e orgânicos para representantes de outras civilizações.
Conclui-se que a inobservância ou violação desses direitos, além das comunidades da civilização ocidental não pode ser considerada como um fenômeno negativo.
Os eurasianos também negam, categoricamente, a existência de um
único sistema universal de valores para a maioria das pessoas do mundo. Eles
propõem um universalismo plural que nega a existência de valores universais e
normas únicas. Além disso os eurasianos consideram errônea a observância da
sequência clara das fases do desenvolvimento humano que é exigido para qualquer
comunidade.
Essa "filosofia" prevê uma série de outros conceitos teóricos polêmicos que são inerentes à teoria da política externa da Rússia atual. No entanto, todos eles não vamos comentar.
Putin 3 e os riscos para
Ukraina
Obviamente, o terceiro mandato presidencial de Vladimir Putin vai
caracterizar-se com evidente agressividade de princípios pragmáticos,
categóricos e expansionistas.
Na verdade, isso ficou claro já depois de sua posse, quando ele
recusou-se ostensivamente a participar da cimeira da OTAN e "Oito Grandes". O
boicote de Putin não é mais que uma visão clara dos EUA, pelo lado russo, da
política de "carregamento" que foi proclamada no tempo de Dmitry Medvedev.
Por sua vez, as autoridades ukrainianas devem esperar riscos
externos, que resolver-se-ão no aspecto sistemático, econômico, energético e
pressão política.
Por outro lado, a deterioração das relações entre dois "fraternos"
países percebem-se dos mesmos artigos do novo presidentee da Federação Russa e
de seu primeiro decreto, que lista os principais países parceiros - mas nem uma
palavra palavra sobre as futuras relações com Ukraina, sua importância e
necessidades.
Então, deve-se esperar, que o lado russo vai tentar por todos os
meios atrair o oficial Kyiv aos processos integracionais, aos territórios
pós-soviéticos.
Ao mesmo tempo para Ukraina, a participação na União Eurasiana,
CSTO (Organização do Tratado de Segurança Coletiva, e EEE (Espaço Econômico
Europeu ou União Aduaneira parece muito pouco atraente, e às vezes até perigosa.
Porque tal participação tem inúmeras desvantagens desproporcionais, já que todas
estruturas da Federação Russa tem uma base maior de recursos que estas
comunidade juntas.
Particularmente, Rússia tem uma área extremamente maior, mais
pessoas, maior estoque de recursos materiais. Rússia - o único país da Eurasia
que tem acesso ao oceano. Isto é, os componentes geopolíticos principais
encontram-se na realização da Rússia. Portanto, esta união terá um enorme
desequilíbrio e evidente dominação russa.
Além disso, o lado ukrainiano deve levar em conta que segundo a
avaliação de Freedom House, todos os países da União Eurasiana não são "livres".
Permanecem nas últimas posições no ranking de percepção da corrupção. Na
avaliação do Fórum Econômico Global de 2011-2012, estes países estão em último
lugar.
É também significativo que em todos os países da União Eurasiana
foram estabelecidos regimes políticos autoritários ou totalitários. Alguns
analistas políticos denominam a União Eurasiana - clube de países
ditatoriais.
Apesar de constantes apelos da liderança russa para os fatos que
beneficiariam economicamente Ukraina caso ela aderisse à União Eurasiana, de
acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas e Consultoria
Política, aderindo à União Aduaneira, Ukraina vai perder 0,5% no bem estar total
a médio prazo e 3,7% no longo prazo.
Por outro lado, o ideólogo do Eurasionismo, Dugin reconhece que "na
Rússia não há economia. Em qualquer país onde a principal fonte do orçamento é a
exportação de recursos naturais, a economia em si, no sentido pleno da palavra,
não existe".
Portanto, é evidente que os processos de integração, os quais agora ativamente Rússia pretende executar, são necessários primeiramente a seus interessess nacionais e à manutenção do status de "Império Eurasiano".
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
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Fonte da imagem: http://www.ukrnationalism.org.ua/publications/?n=2464
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