Yanukovych viaja para Reunião em Yalta e encontra Putin com cara de poucos amigos. O ex-chefe da KGB deve ter-lhe dado um bom puxão de orelha. Os comunistas gostam de "lealdade" ao partido e, Yanukovych gosta de dinheiro. Quem paga mais, leva. O comunismo não gosta de pagar.
O Cossaco.
Segundo fiasco de Yanukovych em
Yalta
Tyzhden (Semana), 13.07.2012
Heorhyi Hryshchenko
Tyzhden (Semana), 13.07.2012
Heorhyi Hryshchenko
Dia 12 de julho houve o
encontro de Putin e Yanukovych que, no contexto do claro isolamento do último
pelo Ocidente, provavelmente, era visto pela Bankova como possibilidade de
demonstrar que o impasse que o presidente criou para si e para o país, na
realidade não é assim tão prejudicial. Mas tudo aconteceu ao contrário do
esperado.
Yanukovych, que parecia se considerar ofendido pelos europeus
por, supostamente não ter sido tratado como "igual", estava esperando provar que
com a Rússia isso seria possível. Em vez disso foi deliberadamente humilhado por
Putin.
Primeiro, Putin "atrasou-se" por mais de quatro horas, indo ao
encontro de motociclistas, aos quais recomendou recordar a "cidade de glória
russa" - Sevastopol (Sevastopol é capital da República Autônoma da Criméia,
Ukraina - OK). Este atraso demonstrou a Yanukovych o nível real de "igualdade".
Putin, mesmo com seus governadores, é mais pontual.
O encontro em si não
trouxe resultados significativos. Apesar da tentativa de Yanukovych de salvar as
aparências com declaração de assinaturas de "mais de dez acordos", os documentos
eram secundários ou declarações de intenções. Por exemplo: assinatura do
protocolo que altera o acordo relativo à cooperação em certificação de pessoal
científico e pedagógico de maior qualificação, de 21.06.2002; memorando de
cooperação no combate ao terrorismo e cooperação na Antártida, acordo de
cooperação para prevenção de situações extraordinárias, incêndios e liquidação
de seus efeitos em locais habitados nos quais situam-se objetos da frota do Mar
Megro, cooperação na busca e salvamento nos desastres aéreos. Em segundo lugar,
para qualquer das áreas mais problemáticas nas relações bilaterais não houve nenhum acordo
benéfico para Ukraina. Volodymyr Putin e Viktor Yanukovych assinaram
uma declaração conjunta sobre a delimitação marítima nos mares Azov e Negro, e o
estreito de Kerch. Mas, de acordo com Putin, "o senso do documento assinado é
equipar nossos colegas para trazer esta obra a bom termo com a assinatura do
acordo". E nada mais. "As partes consideram importante a realização de
delimitação marítima no Azov, Mar Negro e no Estreito de Kerch, no espírito da
vizinhança, amizade e parceria estratégica, tendo em conta os interesses
legítimos de ambos os países, - diz um comunicado conjunto.
Os prazos
não são especificados. Mas o interesse russo é precavido, como a rejeição do
ukrainiano por Yanukovych. O documento enfatiza a intenção de assegurar a
cooperação no espaço aquático Azov-Kerch, incluíndo o funcionamento estável e
desenvolvimento do canal Kerch-Yenikalskyi... criando russo-ukrainiana
corporação. Em substituição, Moscou está pronta para reconhecer a soberania de
Kyiv sobre a ilha de Tuzla que, é ukrainiana... sem o tal
reconhecimento.
Bem entendido, um formal porém não lembrado, apesar de
completamente visíveis momentos do encontro de Yalta, foi a recente demora da
maioria governamental do Parlamento na aprovação do decreto da lei do idioma. Na
véspera das negociações foi que justamente ele era considerado como um argumento
chave do lado ukrainiano "Kharkiv-2" (o Kharkiv-1 acordo sob o qual Yanukovych
concordou com a permanência da frota russa até 2042, no Mar Negro, em troca de
baixo preço do gás, que na realidade nunca houve. O lado ukrainiano,
infelizmente, entrega todas as suas posições graciosamente, em detrimento da
nação ukrainiana - OK). No entanto, esta operação não foi aprovada, pelo menos
por agora.
O presidente russo repetiu a Yanukovych que, embora ninguém
arraste Ukraina à União Aduaneira, a adesão a esta organização é desejável
e expressou sua opinião: "quanto mais tarde alguém entra em alguma organização,
mais difícil, (em geral impossível) alterar os documentos legais para satisfazer
os interesses de um novo membro.
Recebendo resistência também da direção
leste em política externa, Viktor Yanukovych repetia, como um mantra que: "a
política de integração européia continua a ser prioridade constante da política
externa da Ukraina", embora os passos reais nas relações com UE não
confirmaram isto. Portanto o impasse, no qual caiu Yanukovych, torna-se cada vez mais
evidente, externamente e dentro da Ukraina. E, cada tentativa seguinte para
provar o contrário, dá o efeito oposto.
ENTREVISTA DE VOLODYMYR OHREZKO
EX-MINISTRO DE YUSHCHENKO PARA A
BBC UKRAINA
O ex-ministro dos Assuntos do Exterior da Ukraina, Volodymyr Ohrezko (Foto), considera este acordo contra produtivo e que Ukraina renuncia aos seus interesses. "Eu sou contra a idéia de co-gestão do canal. É o mesmo que criar uma corporação para gerenciar o sistema de transporte ukrainiano de gás. Esta é nossa propriedade, mas de alguma forma ela deve ser gerenciada por mais alguém? Isto é um disparate absoluto, é aquilo que não poderia ser. Vamos, neste caso para equilibrar, gerir em conjunto uma propriedade russa em seu território", - disse o ex-ministro.
BBC Ukraina: As negociações sobre o uso do estreito de
Kerch duraram anos, mas nenhum governo conduziu à sua conclusão. Talvez, a opção
aprovada pelos presidentes Putin e Yanukovych, finalmente torne-se a saída do
impasse?
Volodymyr Ohrezko: O compromisso ou uma saída deste
impasse pode ser encontrado facilmente e rapidamente, se houver vontade política
dos dois lados. Infelizmente, constatamos que, do lado russo durante muitos
anos, nós não esta vontade política.
Há o Mar de Azov, onde
Ukraina limita-se com a Rússia. Há o canal Kerch-Yenikalskyi com saída para o
Mar Negro. E há o direito internacional e uma convenção especial do direito
marítimo internacional, onde tudo está escrito até a última vírgula e último
centímetro. Tomem isto por exemplo, no Mar de Azov, no Estreito e no Mar Negro,
realizem os cálculos, transfiram ao mapa, e passem a linha - e coloquem o ponto
final.
De acordo com relações normais entre estados esse trabalho
levaria uns seis meses, após o que deverá ser assinado formalmente e ponto
final.
Mas neste caso, a questão é outra - desta maneira adia-se ao
máximo as normas legais internacionais entre os dois países. Porque as
fronteiras não reguladas - são relações internacionais não
reguladas.
Aliás, temos a mesma situação na demarcação da fronteira
terrestre entre a Ukraina e a Russia, porque a Rússia não quer que, finalmente, que haja
uma integração normal de fronteiras.
A regulação de fronteiras é uma das
condições da União Européia no contexto da concessão da Ukraina dos direitos ao
regime de isenção de vistos.
Ou seja, para este problema deve haver um
olhar - são simplesmente cartas de troca, através das quais Ukraina pode ser
mantida em rédeas curtas.
BBC Ukraina: Ainda assim, se
você olhar para a essência dos acordos dos presidentes - se afetam elas os
interesses da Ukraina?
Volodymyr Ohryzko: Se de acordo com a essência, então isto é, como dizem, "vender o ar". Kerch-Estreito Yenikalskyi é ukrainiano, de acordo com as normas do direito internacional. A ilha de Tuzla também.
Agora nos dizem: nós concordamos com as propostas
da Ukraina. Então está bem, mas isto é posição internacional legal, e não
quaisquer exigências ukrainianas! Isso é o que realmente surgiu com a
desagregação da União Soviética.
E agora, ao anunciar o consentimento às
proposições da Ukraina, nós dizem: mas por este acordo, nós, em primeiro lugar,
navegaremos em seu canal de graça e, em segundo lugar, nós vamos compartilhar
com vocês a administração do canal. Isso me lembra a situação quando um vizinho
chega na casa de outro e diz: esta é sua cozinha e mantimentos, mas aqui vamos
juntos preparar ovos fritos e comê-los.
BBC Ukraina:
Quando o senhor dirigia o Ministério dos Assuntos do Exterior e participava das
negociações - no que insistia o lado ukrainiano?
Volodymyr Ohrezko: Nós insistimos no direito internacional. Então, com a liderança anterior da Ukraina, nós estabelecemos com êxito a linha divisória no Mar de Azov. O lado russo entendeu que outra posição nós não teríamos e que todos estão determinados seguir o direito internacional. E nós conseguimos, rapidamente, realizar a delimitação.
Quanto ao canal Kerch-Yenikalskyi
a posição russa foi inflexível. Eles disseram que, enquanto o litígio com o
canal não for resolvido, eles não concordarão com as finalizações dos
procedimentos no mar de Azov. A Rússia colocou as questões em um único
pacote.
Agora é a mesma situação. Só que eles "amarraram" o pacote a tal
ponto, que a conversa agora é para gestão comum de uma propriedade ukrainiana. O
governo ukrainiano faz concessões, que eu considero
contraproducentes.
Kerch - Yenikaslskyi
canal.
Canal Kerch-Yenikalskyi - é
artificialmente aprofundada a área do Estreito de Kerch. Este é o único caminho
para grandes navios que passam pelo estreito. Para os pequenos há duas outras
vias, ambas na zona russa do Estreito de Kerch.
A navegação no canal
é realizada por pilotos ukrainianos do empreendimento estatal "Delta-piloto". Pela sua
condição técnica atende o porto marítimo de Kerch. Estima-se que o benefício financeiro para a
Ukraina seja de aproximadamente 150 - 180 milhões de USD no ano.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Imagens: Tyzhden
Nenhum comentário:
Postar um comentário