segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SEGUNDO FIASCO DE YANUKOVYCH EM YALTA

Yanukovych viaja para Reunião em Yalta e encontra Putin com cara de poucos amigos. O ex-chefe da KGB deve ter-lhe dado um bom puxão de orelha. Os comunistas gostam de "lealdade" ao partido e, Yanukovych gosta de dinheiro. Quem paga mais, leva. O comunismo não gosta de pagar.
 
O Cossaco.
 
 
Segundo fiasco de Yanukovych em Yalta
Tyzhden (Semana), 13.07.2012
Heorhyi Hryshchenko

 
Dia 12 de julho houve o encontro de Putin e Yanukovych que, no contexto do claro isolamento do último pelo Ocidente, provavelmente, era visto pela Bankova como possibilidade de demonstrar que o impasse que o presidente criou para si e para o país, na realidade não é assim tão prejudicial. Mas tudo aconteceu ao contrário do esperado.

Yanukovych, que parecia se considerar ofendido pelos europeus por, supostamente não ter sido tratado como "igual", estava esperando provar que com a Rússia isso seria possível. Em vez disso foi deliberadamente humilhado por Putin.

Primeiro, Putin "atrasou-se" por mais de quatro horas, indo ao encontro de motociclistas, aos quais recomendou recordar a "cidade de glória russa" - Sevastopol (Sevastopol é capital da República Autônoma da Criméia, Ukraina - OK). Este atraso demonstrou a Yanukovych o nível real de "igualdade". Putin, mesmo com seus governadores, é mais pontual.


 
O encontro em si não trouxe resultados significativos. Apesar da tentativa de Yanukovych de salvar as aparências com declaração de assinaturas de "mais de dez acordos", os documentos eram secundários ou declarações de intenções. Por exemplo: assinatura do protocolo que altera o acordo relativo à cooperação em certificação de pessoal científico e pedagógico de maior qualificação, de 21.06.2002; memorando de cooperação no combate ao terrorismo e cooperação na Antártida, acordo de cooperação para prevenção de situações extraordinárias, incêndios e liquidação de seus efeitos em locais habitados nos quais situam-se objetos da frota do Mar Megro, cooperação na busca e salvamento nos desastres aéreos. Em segundo lugar, para qualquer das áreas mais problemáticas nas relações bilaterais não houve nenhum acordo benéfico para Ukraina. Volodymyr Putin e Viktor Yanukovych assinaram uma declaração conjunta sobre a delimitação marítima nos mares Azov e Negro, e o estreito de Kerch. Mas, de acordo com Putin, "o senso do documento assinado é equipar nossos colegas para trazer esta obra a bom termo com a assinatura do acordo". E nada mais. "As partes consideram importante a realização de delimitação marítima no Azov, Mar Negro e no Estreito de Kerch, no espírito da vizinhança, amizade e parceria estratégica, tendo em conta os interesses legítimos de ambos os países, - diz um comunicado conjunto.



Os prazos não são especificados. Mas o interesse russo é precavido, como a rejeição do ukrainiano por Yanukovych. O documento enfatiza a intenção de assegurar a cooperação no espaço aquático Azov-Kerch, incluíndo o funcionamento estável e desenvolvimento do canal Kerch-Yenikalskyi... criando russo-ukrainiana corporação. Em substituição, Moscou está pronta para reconhecer a soberania de Kyiv sobre a ilha de Tuzla que, é ukrainiana... sem o tal reconhecimento.

Bem entendido, um formal porém não lembrado, apesar de completamente visíveis momentos do encontro de Yalta, foi a recente demora da maioria governamental do Parlamento na aprovação do decreto da lei do idioma. Na véspera das negociações foi que justamente ele era considerado como um argumento chave do lado ukrainiano "Kharkiv-2" (o Kharkiv-1 acordo sob o qual Yanukovych concordou com a permanência da frota russa até 2042, no Mar Negro, em troca de baixo preço do gás, que na realidade nunca houve. O lado ukrainiano, infelizmente, entrega todas as suas posições graciosamente, em detrimento da nação ukrainiana - OK). No entanto, esta operação não foi aprovada, pelo menos por agora.

O presidente russo repetiu a Yanukovych que, embora ninguém arraste Ukraina à União Aduaneira, a adesão a esta organização é desejável e expressou sua opinião: "quanto mais tarde alguém entra em alguma organização, mais difícil, (em geral impossível) alterar os documentos legais para satisfazer os interesses de um novo membro.

Recebendo resistência também da direção leste em política externa, Viktor Yanukovych repetia, como um mantra que: "a política de integração européia continua a ser prioridade constante da política externa da Ukraina", embora os passos reais nas relações com UE não confirmaram isto. Portanto o impasse, no qual caiu Yanukovych, torna-se cada vez mais evidente, externamente e dentro da Ukraina. E, cada tentativa seguinte para provar o contrário, dá o efeito oposto.
 
 
ENTREVISTA DE VOLODYMYR OHREZKO
EX-MINISTRO DE YUSHCHENKO PARA A
BBC UKRAINA
 
 
O ex-ministro dos Assuntos do Exterior da Ukraina, Volodymyr Ohrezko (Foto), considera este acordo contra produtivo e que Ukraina renuncia aos seus interesses. "Eu sou contra a idéia de co-gestão do canal. É o mesmo que criar uma corporação para gerenciar o sistema de transporte ukrainiano de gás. Esta é nossa propriedade, mas de alguma forma ela deve ser gerenciada por mais alguém? Isto é um disparate absoluto, é aquilo que não poderia ser. Vamos, neste caso para equilibrar, gerir em conjunto uma propriedade russa em seu território", - disse o ex-ministro.

BBC Ukraina: As negociações sobre o uso do estreito de Kerch duraram anos, mas nenhum governo conduziu à sua conclusão. Talvez, a opção aprovada pelos presidentes Putin e Yanukovych, finalmente torne-se a saída do impasse?

Volodymyr Ohrezko: O compromisso ou uma saída deste impasse pode ser encontrado facilmente e rapidamente, se houver vontade política dos dois lados. Infelizmente, constatamos que, do lado russo durante muitos anos, nós não esta vontade política.

Há o Mar de Azov, onde Ukraina limita-se com a Rússia. Há o canal Kerch-Yenikalskyi com saída para o Mar Negro. E há o direito internacional e uma convenção especial do direito marítimo internacional, onde tudo está escrito até a última vírgula e último centímetro. Tomem isto por exemplo, no Mar de Azov, no Estreito e no Mar Negro, realizem os cálculos, transfiram ao mapa, e passem a linha - e coloquem o ponto final.

De acordo com relações normais entre estados esse trabalho levaria uns seis meses, após o que deverá ser assinado formalmente e ponto final.

Mas neste caso, a questão é outra - desta maneira adia-se ao máximo as normas legais internacionais entre os dois países. Porque as fronteiras não reguladas - são relações internacionais não reguladas.

Aliás, temos a mesma situação na demarcação da fronteira terrestre entre a Ukraina e a Russia, porque a Rússia não quer que, finalmente, que haja uma integração normal de fronteiras.

A regulação de fronteiras é uma das condições da União Européia no contexto da concessão da Ukraina dos direitos ao regime de isenção de vistos.

Ou seja, para este problema deve haver um olhar - são simplesmente cartas de troca, através das quais Ukraina pode ser mantida em rédeas curtas.

BBC Ukraina: Ainda assim, se você olhar para a essência dos acordos dos presidentes - se afetam elas os interesses da Ukraina?

Volodymyr Ohryzko: Se de acordo com a essência, então isto é, como dizem, "vender o ar". Kerch-Estreito Yenikalskyi é ukrainiano, de acordo com as normas do direito internacional. A ilha de Tuzla também.

Agora nos dizem: nós concordamos com as propostas da Ukraina. Então está bem, mas isto é posição internacional legal, e não quaisquer exigências ukrainianas! Isso é o que realmente surgiu com a desagregação da União Soviética.

E agora, ao anunciar o consentimento às proposições da Ukraina, nós dizem: mas por este acordo, nós, em primeiro lugar, navegaremos em seu canal de graça e, em segundo lugar, nós vamos compartilhar com vocês a administração do canal. Isso me lembra a situação quando um vizinho chega na casa de outro e diz: esta é sua cozinha e mantimentos, mas aqui vamos juntos preparar ovos fritos e comê-los.

BBC Ukraina: Quando o senhor dirigia o Ministério dos Assuntos do Exterior e participava das negociações - no que insistia o lado ukrainiano?

Volodymyr Ohrezko: Nós insistimos no direito internacional. Então, com a liderança anterior da Ukraina, nós estabelecemos com êxito a linha divisória no Mar de Azov. O lado russo entendeu que outra posição nós não teríamos e que todos estão determinados seguir o direito internacional. E nós conseguimos, rapidamente, realizar a delimitação.

Quanto ao canal Kerch-Yenikalskyi a posição russa foi inflexível. Eles disseram que, enquanto o litígio com o canal não for resolvido, eles não concordarão com as finalizações dos procedimentos no mar de Azov. A Rússia colocou as questões em um único pacote.

Agora é a mesma situação. Só que eles "amarraram" o pacote a tal ponto, que a conversa agora é para gestão comum de uma propriedade ukrainiana. O governo ukrainiano faz concessões, que eu considero contraproducentes.

Kerch - Yenikaslskyi canal.
Canal Kerch-Yenikalskyi - é artificialmente aprofundada a área do Estreito de Kerch. Este é o único caminho para grandes navios que passam pelo estreito. Para os pequenos há duas outras vias, ambas na zona russa do Estreito de Kerch.

A navegação no canal é realizada por pilotos ukrainianos do empreendimento estatal "Delta-piloto". Pela sua condição técnica atende o porto marítimo de Kerch. Estima-se que o benefício financeiro para a Ukraina seja de aproximadamente 150 - 180 milhões de USD no ano.


Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
Imagens: Tyzhden

Nenhum comentário:

Postar um comentário