Escassez da moeda é uma séria ameaça para a independência
da Ukraina.
Tyzhden (Semana), 11.03.2013
Volodymyr Lanovyi
Este ano Ukraina não tem moeda em quantidade necessária para satisfazer as obrigações estrangeiras. Nós não temos o dinheiro necessário para pagar, de acordo com a programação, as dívidas externas.
Tyzhden (Semana), 11.03.2013
Volodymyr Lanovyi
Este ano Ukraina não tem moeda em quantidade necessária para satisfazer as obrigações estrangeiras. Nós não temos o dinheiro necessário para pagar, de acordo com a programação, as dívidas externas.
Não há dólares suficientes para apoiar a demanda doméstica. Do mesmo modo não há quaisquer evidências que sugiram que o saldo de pagamentos de 2013 pode ser levantado com um menor deficit que no ano passado. Com esta falta de moeda nós somos vulneráveis à pressão da Rússia, que exige a nossa entrada na União Aduaneira. Todos compreendem que isto é uma séria ameaça à nossa independência, e em perspectiva aos direitos soberanos de entrada em relações internacionais. E o país que não tem entrada direta às relações internacionais, não é um Estado de acordo com as normas do direito internacional. E terá que resolver todas as questões através de outro país..
O segundo componente da nossa vulnerabilidade - é que "Naftogaz da Ukraina" permanece insolvente e sua insolvência apoia-se no aumento do capital do mercado de títulos públicos. Há credores interessados, aos quais estes títulos são necessários, já que no caso de falência do Naftogaz, que inevitavelmente se aproxima, seus ativos podem caber àqueles que concentram em suas mãos os papéis. Sabemos que nesta direção ativamente trabalham os bancos russos. Depois da passagem do sistema ukrainiano do transporte de gás às mãos do Gazprom, nós esteremos impossibilitados de conduzir qualquer diálogo com eles sobre o preço do gás natural e da remuneração russa pelos serviços de seu transporte pelo nosso território.
Diminuem rapidamente as reservas de ouro do Banco Nacional da Ukraina: no ano passado elas eram de USD 25 bilhões. Principalmente em abril de 2011 Mykola Azarov (Primeiro Ministro) gabava-se com o máximo de 38,5 bilhões de USD. Mas ele não especificava que eram ingressos de crédito. Alie-se a isto a estrutura desconhecida das reservas internacionais. Com a última publicação dos dados em 2008, na forma líquida havia apenas 0,5 bilhões de USD de reservas internacionais, mais 15 bilhões - em outra moeda livremente conversível, o restante - na forma de títulos. Porquanto o Banco Nacional, desde então vendeu, principalmente, dólares e não títulos, então não há nenhuma razão para supor que a estrutura das reservas internacionais melhorou. Assim, podemos supor que, atualmente, há no máximo, em moeda livremente conversível, mais da metade de todas as reservas.
Não pode haver taxa de câmbio artificialmente inventada e apoiada pelo Banco Nacional. Mas até mesmo todas as reservas representam apenas 90% das dívidas externas baratas. Se compararmos a parte líquida das reservas internacionais do Banco Nacional, as quais eu estimo em 12 - 13 bilhões de USD com os pagamentos da dívida externa que o Estado deve assumir até 2014 e, além disso, cerca de 10 bilhões de USD que a população compra anualmente, então podemos ver, que até para estas primeiras necessidades não há liquidez suficiente. Três meses atrás as agências internacionais reconheciam Ukraina como país que se encontra em estado a beira da falência.
Quais as principais razões da diminuição de nossas reservas externas? Primeira - está acontecendo aumento do déficit em conta corrente em ritmo veloz: em 2009 ele estava em 1,75 bilhões de USD, e de acordo com os resultados de 2012 - 14 bilhões de USD. Nós já superamos o nível da crise de 2008. Segunda razão - retomada pelos bancos ukrainianos de créditos do exterior, que foram concedidos a eles nos turbulentos anos 2005 - 2007. Grandes somas vinham para Ukraina, até as instituições financeiras decidiram que podiam aqui trabalhar com seriedade, e compravam nossos bancos a preços inflacionados. Agora eles perceberam o seu erro e retornam o dinheiro do mercado ukrainiano às estruturas maternas. Anualmente deduzem 2 -3 bilhões de USD. Começando em 2008, eles já devolveram 13 bilhões de USD. E isto é um sinal muito ruím. Quando no Banco Nacional declaram que reduzem a dependência do dólar e citam como exemplo, que o endividamento das instituições ukrainianas diminuiu em 13 bilhões de USD, então eu quero dizer que eles existem para ter dívidas, e não para devolvê-los. Pelo contrário, é necessário que os bancos expandam a base de crédito, atividades operacionais, investimentos, e não reduções. Isto é, aqui como sempre, parece positivo, aquilo que é realmente negativo.
Mais um motivo - a desconfiança dos cidadãos à "hryvnia" (moeda nacional) e do sistema bancário do Estado, evidenciado pelo fato, que atualmente os ukrainianos resgatam acima de 10 bilhões de divisas. Quando haverá confiança? Somente quando não houver obstáculos para livre conversão da "hryvnia" para dólar e vice-versa. Sem quaisquer restrições e condições. Exemplo, aos bancos conceder empréstimos em dólares. Quaisquer restrições impostas em relação ao dólar, levam ao fato da descrença à moeda nacional e compram a estrangeira.
O que é preciso fazer para resolver o problema nas condições atuais? É indispensável alterar as regras, procedimentos, políticas em seus diversos componentes. Não proibir empréstimos em dólares, no entanto os bancos devem assumir os riscos cambiais, implementar seguros adequados às operações. Não pode haver taxa de câmbio artificialmente inventada e apoiada pelo Banco Nacional. Se as pessoas compram mais dólares que vendem, então a moeda está barata. Afinal, se a taxa de câmbio do dólar no país tiver um valor de mercado equilibrado, comprarão menos.
Mas a questão, é claro, é da política econômica e financeira do Estado. Não pode haver meios para cálculos de câmbio, se temos dívidas e o governo assume novamente o déficit orçamentário. Uma tarefa importante também é a importação de gás russo e melhorias da situação financeira do Naftogaz. É necessário deixar de subsidiar os preços de gás para os consumidores industriais. Afinal, enquanto nós artificialmente rolarmos quantidades extras de combustível manteremos, por conta de todo o país, por exemplo, 2 - 3 mil trabalhadores da indústria química. Isto só retarda a economia. Nós precisamos criar um ambiente de negócios pelo qual as empresas estrangeiras venham para Ukraina, e não fujam. Aqui existirão filiais das mesmas estrangeiras, que produzirão os mesmos bens que agora importamos, o que aumentará a demanda pela moeda. Além disso, apenas um ambiente favorável para o empreendedorismo pode estimular as exportações de produtos elaborados na Ukraina, produtos com alto valor agregado, o que irá aumentar o fluxo da moeda.
O que acontecerá este ano? Eu tenho a impressão que o governo vai pelo caminho da deflação. Eles não conseguirão recursos nem no mercado externo, nem no interno. Pelo menos não antes de maio ou junho, quando ocorre o pico de pagamentos externos.
Tradução: Oksana Kowaltschuk