O tribunal não aceitou a petição de Lutsenko para afastar o juiz Vovk, contra o qual foi aberto inquérito em assunto criminal. Também há a questão de quebra de juramento do juiz Vovk, segundo Lutsenko. Os procuradores concluíram que o inquérito contra o juiz não atrapalha o caso Lutsenko.
O advogado de Lutsenko, Oleksii Bahanets, acha que qualquer que seja a decisão... haverá motivo para dúvidas.
Como o juiz também está sendo acusado criminalmente, Lutsenko diz ao juiz: "O senhor precisa condenar Lutsenko, caso contrário, o aprisionado será o senhor!" e, novamente pede o Tribunal de Jurados. "E, como o senhor está 100% dependente dessa questão criminal, penso que isto me dá o direito de me dirigir não ao senhor... mas aos mandantes":
"Senhor Presidente Yanukovych, com todos seus plenos poderes não sou eu, mas o senhor, teme a mim e a Tymoshenko".
"No dia da Constituição eu vi, senhor Yanukovych, sua soberba e satisfação no encontro com os jornalistas (1). Para o senhor, isto parece ser bom. O senhor - único dono da Ukraina... seus amigos - autoridades criminais com sangue nas mãos - seus inimigos políticos, donos de suas vidas, estão engaiolados. No Maydan - silêncio... (2) Mas, senhor Yanukovych, é apenas aparência de estabilidade. Guarde minhas palavras. Sua política: ‘para mim, caviar; aos inimigos, prisão; à nação, ataúde’ não terminará bem!"
E, intrigado, pergunta: "Por que o computador do Pecherskyi Tribunal continuamente determina exatamente este juiz?"
Lutsenko desmente a declaração dos governantes que os processos criminais contra a oposição estão enquadrados na luta contra corrupção: "Eu nego categoricamente esta afirmação, baseando-me nos materiais de minha investigação e investigações de meus colegas", disse ele. A seguir relacionou alguns, dentre muitos, delitos de partidários do presidente:
"A atual justiça restabeleceu o caso contra Melnechenko, o que o acusa, automaticamente, de gravações ilegais, e coloca uma cruz no processo contra Kuchma... fica entendido que a justiça é seletiva (3). O caso Piskun que, contra lei, fechou o processo contra Melnechenko, e agora, que o processo foi declarado fechado contra lei, é reaberto. Sentará no banco dos réus o deputado regionalista Piskun? Porque a mim me incriminam por ter dado prosseguimento ilegal num assunto de pesquisa operacional".
"Aprisionarão os ex-ministros do interior Bilokin e Tsusko? Foi demonstrado por centenas de cartas sobre contagem de estágio de seus subordinados, palavra por palavra, vírgula por vírgula, análogos à única carta que assinei eu".
"Não aprisionarão o amigo do Partido das Regiões Chernovetskyi (prefeito) pela pilhagem de Lviv?"
"Não responderá Stelmakh (ex-presidente do Banco Nacional da Ukraina) que roubou dezenas de bilhões?"
"Os ukrainianos sabem que os ‘regionais’ não irão contra os seus. Para eles, o governo de Yanukovych elaborou uma nova lei. O corpo submerso no Partido das Regiões - não é submetido a nenhuma lei. Arquimedes vira-se no caixão. Mas a lei do Yanukovych é somente para os amigos do atual governo", acrescentou ex-ministro.
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(1) Yanukovych escolheu seis jornalistas a dedo, aqueles que não lhe fazem nenhuma crítica, e lhes mostrou parte de sua luxuosa residência (parte porque a área é bem maior, mas Yanukovych diz que não é dele só que estão surgindo novas e riquíssimas construções, e muitos comentários). No ano passado ele disse aos jornalistas que os convidaria, eles ficaram cobrando, mas só um grupinho foi convidado.
Jornalistas (escolhidos a dedo) visitam a residência do presidente da Ucrânia |
Veja mais fotos clicando no link: http://www.pravda.com.ua/articles/2011/06/28/6338987/ - O.K.)
(2) Maydan significa praça. Referência a Maydan é referência à Revolução Laranja, que em 2004 ocupou a Praça da Independência, em Kyiv (por vários dias, sob a neve), em protesto às eleições fraudadas que deram como certa a eleição de Yanukovych para Presidência. Houve o 3º turno e Yanukovych perdeu. Infelizmente se elegeu, com algumas fraudezinhas, em 2010. - O.K.)
(3) Aqui a referência é ao assassinato do jornalista Gongadze, que denunciava todas as arbitrariedades do ex-presidente Kuchma, e que teria sido assassinado por ordem dele. O caso foi chocante porque não encontraram a cabeça da vítima. A pouco tempo teria sido encontrada, mas a mãe não acredita e lamenta não ter condições para promover a perícia no exterior. O caso rola a mais de dez anos e nada se decide - O.K.)
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik
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